SECRETARIA DE SEGURANÇA
PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
PRIMEIRO BIMESTRE
AULA 02 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS
A HUMANIDADE E OS MITOS: (Professor José Antônio Brazão.)
(Usar MAPAS,
LIVROS DE ARTE e BANNERS da biblioteca da escola. Complemento.)
O ser humano destaca-se dos demais seres vivos em
razão de dispor de capacidades e habilidades como a imaginação, o raciocínio, a
memória histórica e a linguagem expressa por meio de
gestos e sinais visuais, da palavra falada e escrita, de símbolos. Somam-se a isto a cultura, a arte e a ciência
enquanto conjunto de diferentes saberes a respeito do mundo terrestre, do
universo e do próprio homem a respeito de si mesmo.
Vive-se hoje em um mundo altamente desenvolvido em
termos tecnológicos e econômicos, ainda que com problemas graves como a
continuação da forme, da pobreza e da miséria de bilhões de pessoas, além de
problemas ambientais, todos enraizados na história de exploração e devastação
dos últimos séculos. Em termos tecnológicos, exemplos podem ser citados: os
supercomputadores, os notebooks, telefones celulares de última geração,
radiotelescópios, vacinas, etc.
No entanto, nem sempre foi assim. Aliás, ainda hoje há
sociedades que têm culturas e modos de viver e produzir simples, com seus modos
próprios de explicar e de conviver entre si e com o mundo circundante. Dentre
essas sociedades, algumas tribos
indígenas do Brasil e de outras partes do mundo, aborígenes da Austrália,
algumas tribos africanas.
No início da história do homo sapiens, o convívio com a natureza era direto e impunha sérias
dificuldades de sobrevivência.
Vivendo em bandos, o ser humano tornou-se coletor e caçador, aprendeu, pouco a
pouco, a dominar a técnica do fogo, a fabricar armas e outros instrumentos a
partir da pedra lascada, depois polida, a agricultura e, a seguir, com o largo
domínio do uso do fogo, também aprendeu a lidar com metais. Com condições
melhores de vida em determinadas regiões e, principalmente, com o desenvolvimento
da agricultura, os seres humanos foram-se sedentarizando, isto é, fixando-se na
terra. As sociedades foram se ampliando e complexificando suas relações político-sociais.
Se, no começo, não havia distinção entre os membros
dos grupos humanos, com o passar do tempo e com a passagem do domínio de alguns
sobre os demais, as distinções foram ocorrendo, tanto economica quanto
politicamente. Dentro das sociedades, uma clara divisão do trabalho foi
surgindo: nas primeiras sociedades, entre o trabalho masculino e o feminino;
com o passar do tempo, entre os que comandam e os que cuidam do sustento da
sociedade, entre os que realizam um trabalho intelectual e os que cuidam do
trabalho braçal, entre os que cuidam do trabalho sagrado e os demais da tribo
ou da cidade (sociedade mais complexa).
Terras foram sendo tomadas e controladas por
determinados membros, que passaram a ocupar as melhores – chefes, militares
(generais ou o equivalente, por exemplo), sacerdotes,
etc. Uma maioria, destituída de bens próprios, passa a depender daqueles e a
trabalhar para eles. Os seres humanos aprenderam, através da guerra e de
dívidas, a escravizar os sobreviventes e até mesmo famílias.
A percepção do sagrado,
juntamente com a capacidade de simbolizar e de articular a linguagem, fez com
que os seres humanos fossem formando uma compreensão da realidade, passando a
crer na existência de forças, poderes e seres sobrenaturais que atuariam no
mundo. Não dispondo ainda de condições de explicar objetiva e cientificamente
os fenômenos – a filosofia e a ciência nasceriam bem depois –, os seres humanos
passaram a divinizar e a sacralizar a natureza e o cosmos.
Com o passar do tempo e com o desenvolvimento
econômico e político e o crescimento das populações, à medida em que as
sociedades foram se complexificando, foram sendo criados deuses, deusas e
outros seres divinos, em torno dos quais foram criados mitos e cultos os mais
diversos, sendo-lhes separados sacerdotes e locais especiais, próprios, para o
culto e a veneração.
É importante lembrar que a presença do sagrado e a
criação de mitos encontra-se em desde sociedades tribais até grandes cidades e impérios que foram se formando,
sofrendo acréscimos e perdas de seres divinos e/ou assimilação de outros povos
com os quais se fez contato. Um bom exemplo de assimilação de deuses
encontra-se no domínio romano da Grécia. Os romanos assimilaram muito da
cultura e até mesmo da religião dos gregos, tendo muitos deuses em comum com
eles, ainda que com nomes diferentes.
Mas o que são mitos? Mitos são relatos sagrados que contam o que se passou na
origem do mundo, das coisas e da humanidade, além de histórias e ações de seres
e forças sobrenaturais, deuses e deusas, que atuam na natureza, no universo e
na própria história humana. São também formas de explicar a realidade. Por
exemplo: 1) entre os hebreus (judeus), o mito da Torre de Babel, descrito no
livro bíblico do Gênesis, conta a história de homens e mulheres que formavam
uma sociedade que resolveu construir uma torre muito alta, a fim de alcançar os
céus, porém, vendo a presunção daquelas pessoas, Deus misturou suas línguas,
dificultando-lhes o entendimento uns dos outros, fazendo assim com que
acabassem por separar-se e desistirem da construção; 2) ainda entre os hebreus,
o relato bíblico de Adão e Eva
conta que Deus criou o homem (Adão) e o colocou no Paraíso, porém, estando
sozinho, Deus resolveu dar-lhe uma mulher, acabando por criar Eva a partir de
uma das costelas de Adão, simbolizando, com isto, que ambos têm a mesma
dignidade e o mesmo valor, sendo, inclusive, parte um do outro; 3) entre os
gregos antigos, a história do dilúvio enviado pelos deuses, dele sobrando
Deucalião e sua mulher, os quais, a mando dos deuses, pegando pedras e
jogando-as ao longo do caminho, delas nasceram, respectivamente, homens e
mulheres; 4) entre os hebreus antigos, também um mito do dilúvio, que conta a
história de um homem chamado Noé, que foi escolhido, com sua família, para
construir uma arca (enorme barco), na qual transportariam casais de animais de todas as espécies,
sendo todos salvos dentro da embarcação, no momento do dilúvio e, ao baixar das
águas, sendo responsáveis pela reconstituição das espécies vivas, tanto animais
quanto, no caso daquela família, da humanidade, após o dilúvio que havia durado
40 dias e 40 noites; 5) entre os indígenas brasileiros, o mito da mandioca, que
relata como surgiu esse alimento – conta que uma menina chamada Mani (ou Mandi)
morreu e foi enterrada na oca (cabana) da própria família, nascendo, tempos
depois, de seu túmulo, uma planta nova, desconhecida, com tubérculos (raízes)
grossos, que passaram a servir de alimento, daí mani-oca o nome dado àquela
planta, ou melhor, mandioca, que quer dizer casa de Mani; 6) o mito grego de
Pandora conta que Prometeu, para ajudar a humanidade, deu a esta uma fagulha do
fogo que ele havia roubado do Olimpo, que é a morada eterna dos deuses, os
quais, para se vingar do roubo e da manipulação do fogo pelos homens, prenderam
Prometeu numa alta montanha, acorrentando-o, e durante o dia, todos os dias,
vinha um abutre comer-lhe as entranhas, refeitas ao longo da noite, e para o
humano Epimeteu, irmão de Prometeu, deram uma mulher chamada Pandora (a que tem
todos os dons) com uma caixa que não poderia ser aberta, mas que a curiosidade
fez com que isto ocorresse, saindo dela todos os males, sobrando apenas, no
fundo, a esperança, fechada ali, em tempo, pelo casal. Este mito é uma
explicação para a origem e a existência dos males (doenças, sofrimentos, etc.)
no mundo. 7) Na busca de uma explicação para a existência dos males, os hebreus
continuam a história de Adão e Eva (Gênesis 2 – 3) contando que esta foi
tapeada pela serpente e induzida a comer um fruto que havia sido proibido por
Deus no Jardim do Édem, Eva ofereceu-o ao seu marido e, com isto, ambos
deixaram a inocência e foram expulsos do Paraíso, tendo que sofrer para lavrar
a terra, partejar e passar por outros males, e a serpente foi condenada a
rastejar-se pela terra e a comer o pó. 8) Os antigos gregos contavam que, certo
dia, Zeus, o rei dos deuses, teve uma terrível dor de cabeça e pediu que
Hefesto furasse-lhe a têmpora para eliminar a dor. Do furo na cabeça de Zeus
surgiu uma bela moça, Atenas, considerada por gregos e romanos (para estes é
Minerva) a deusa da sabedoria, das artes e até como guerreira.
Juntamente com os mitos, a criação de ritos e festas
anuais, a partir de calendários determinados, fruto do conhecimento do tempo
das estações e do movimento dos astros, principalmente do Sol e da Lua. Em
sociedades sedentárias maiores, como cidades e impérios, a construção de
templos e lugares sagrados específicos. Na Grécia, por exemplo, templos a Zeus,
Hera, Atenas, Apolo (Hélios), entre outros.
O culto aos seres divinos era fundamental para manter
o equilíbrio do universo, colheitas abundantes, supressão de secas, etc. O
trabalho dos sacerdotes tornou-se de grande importância para a vida das
sociedades. Em tribos indígenas e em outras sociedades, os sacerdotes chegaram
a ter até mesmo funções médicas, através do trabalho sagrado de expulsar forças
sobrenaturais negativas (maus espíritos), provocadoras de doenças. Muitos deles
tornaram-se conhecedores também de plantas e remédios, sem dúvida, trazendo,
com isto, contribuições para a medicina.
Entre os antigos hebreus, os sacerdotes eram
encarregados de verificar as feridas persistentes das pessoas. Em caso de lepra
detectada, as pessoas eram separadas do convívio social, só podendo ser
reintegradas após verificação e atestação daqueles homens.
Curiosamente, até hoje (século XXI) se fala de curas
através de bênçãos e da oração! Uma boa prova disto são sacerdotes (padres,
pastores evangélicos e outros) que se encarregam de trabalhos de oração de cura
e expulsão de espíritos malignos que estariam atuando nas pessoas.
No Egito, por exemplo, os faraós passaram a ter um
caráter divino, sendo responsáveis pelo cuidado da população. A religião fundamentava e
explicava a divisão social,
servindo de esteio ou base para as relações políticas. Na Índia, por exemplo,
até hoje, a divisão de castas
baseia-se nas crenças religiosas. A ideologia religiosa era e, neste caso, é
fundamental para manter o status quo
social! A hierarquia social refletia-se também na hierarquia celestial. Entre
os gregos, por exemplo, o rei dos deuses, o deus dos relâmpagos e de poder
descomunal, era Zeus. Junto dele, no Olimpo, outros deuses e, além destes,
deuses e deusas em todo o cosmos e no mundo natural, regendo todas as coisas
com seu poder. Entre os vikings, os deuses também tinham sua hierarquia, sendo
o soberano de Asgard o deus Odin. A seguir, os nomes de deuses gregos e romanos
e escandinavos, conforme a Enciclopédia Encarta (uma enciclopédia digital):
“Antigos
deuses romanos e gregos
Conforme o Império Romano se
expandia, assimilava os elementos culturais das terras que conquistava. Na
religião, este processo denominou-se interpretatio romana, interpretação
romana. Quando Roma conquistou a Grécia no século III a.C., os deuses e deusas
romanos fundiram-se com os da civilização grega. O quadro mostra os principais
deuses e deusas e suas atribuições nas mitologias grega e romana.”
NOME GREGO
|
NOME ROMANO
|
PAPEL NA MITOLOGIA
|
Afrodite
|
Vênus
|
Deusa da
beleza e do desejo sexual (na mitologia romana, deusa dos campos e jardins)
|
Apolo
|
Febo
|
Deus da
profecia, da medicina e da arte do arco e flecha (mitologia greco-romana
posterior: deus do Sol)
|
Ares
|
Marte
|
Deus da
guerra
|
Ártemis
|
Diana
|
Deusa da
caça (mitologia greco-romana posterior: deusa da Lua)
|
Asclépio
|
Esculápio
|
Deus da
medicina
|
Atena
|
Minerva
|
Deusa das
artes e ofícios, e da guerra; auxiliadora dos heróis (mitologia greco-romana
posterior: deusa da razão e da sabedoria)
|
Crono
|
Saturno
|
Deus do céu;
soberano dos titãs (mitologia romana: deus da agricultura)
|
Démeter
|
Ceres
|
Deusa dos
cereais
|
Dionísio
|
Baco
|
Deus do
vinho e da vegetação
|
Eros
|
Cupido
|
Deus do amor
|
Geia
|
Terra
|
Mãe Terra
|
Hefesto
|
Vulcano
|
Deus do
fogo; ferreiro dos deuses
|
Hera
|
Juno
|
Deusa do matrimônio
e da fertilidade; protetora das mulheres casadas; rainha dos deuses
|
Hermes
|
Mercúrio
|
Mensageiro
dos deuses; protetor dos viajantes, ladrões e mercadores
|
Héstia
|
Vesta
|
Guardiã do
lar
|
Hipnos
|
Sonho
|
Deus do
sonho
|
Hades
|
Plutão
|
Deus dos mundos
subterrâneos; senhor dos mortos
|
Posêidon
|
Netuno
|
Deus dos
mares e dos terremotos
|
Réia
|
Cibele
|
Esposa de
Crono/Saturno; deusa-mãe
|
Urano
|
Urano
|
Deus dos
céus; pai dos titãs
|
Zeus
|
Júpiter
|
Soberano dos
deuses olímpicos
|
Mitologia
escandinava
Odin
|
Pai da Humanidade, deus da guerra, da
sabedoria e da poesia.
|
Thor
|
Deus do trovão, dos raios e das
chuvas.
|
Frigg
|
Deusa do amor conjugal.
|
Freya
|
Deusa da fecundidade.
|
Frey
|
Deus da prosperidade.
|
Balder
|
Deus da luz, da justiça e da beleza.
|
Tyr
|
Deus da guerra e das leis.
|
Njord
|
Deus da fertilidade e dos oceanos.
|
Hel
|
Deusa dos mortos.
|
Heimdall
|
Guardião dos deuses.
|
Jord
|
Deusa da terra.
|
Hoder
|
Deus da obscuridade.
|
Valquírias
|
Virgens guerreiras que servem a Odin.
|
(Microsoft
® Encarta ® Encyclopedia 2002. © 1993-2001 Microsoft
Corporation.)
Muitos mitos foram criados em torno das forças
sobrenaturais e dos seres divinos (deusas e deuses) e serviram, durante muito
tempo, como forma de explicação e de compreensão do mundo terrestre e do mundo
cósmico, até mesmo das relações entre as pessoas. Os gregos diziam que o amor
entre duas pessoas é fruto da flecha de Cupido, filho de Afrodite, deusa do
amor. Conforme Hesíodo, em
seu livro poético Teogonia, a ação desse deus ocorre desde as origens do mundo,
quando este surgiu por uma separação dos elementos, a partir do Caos
primordial. Aliás, os gregos e os romanos tinham deuses e deusas para todas as
coisas, até para algum deus desconhecido. Tais divindades cuidavam da harmonia
do cosmos e da natureza, tendo em suas mãos até mesmo o destino de cada ser
humano. E havia festas em honra às divindades e muitos templos.
Entre os egípcios antigos, por exemplo, podem ser
encontrados templos magníficos, rica e detalhadamente construídos para adorar
suas divindades. Os egípcios eram também politeístas, ou seja, tinham muitos
deuses e deusas: Rá era o deus do Sol, Osíris o deus governante do mundo em que
habitavam os mortos, Ísis era uma deusa da fertilidade e da maternidade,
portanto fundamental para a agricultura e a procriação de seres humanos e
outros animais, Anúbis, o deus dos mortos, Hórus, filho de Osíris e Íris, o “deus
do céu, da luz e da bondade” (Encarta
Encyclopedia), Amon, outro deus ligado à fertilidade e que veio a ser
identificado, posteriormente, com o Sol (daí Amon-Rá), e muitas outras
divindades. Em honra ao deus Hórus, identificado com o falcão, até mesmo muitos
falcões foram sacrificados e mumificados. Até hoje encontram-se resquícios
desse culto em túmulos e sítios arqueológicos antigos do Egito.
Os egípcios levavam sua religião tão a sério que
começaram a identificar os faraós com divindades na Terra. Curiosamente, as
pirâmides, túmulos dos faraós falecidos, são verdadeiras obras de arte da
arquitetura e da engenharia egípcias. Dentro de cada pirâmide, em uma câmara ou
sala grande, ficava o sarcófago do faraó, a urna em que era colocado. O corpo
do faraó falecido era, antes de ser posto no sarcófago, embalsamado e
mumificado – ressecado e envolvido em faixas.
Antes de mumificar o faraó, suas vísceras (órgãos
internos) eram retiradas e colocadas em vasos chamados canupiais, ricamente
adornados e embelezados. E, ao redor do sarcófago, iam joias, vasos com comidas
(trigo, por exemplo), pedras preciosas, paredes artisticamente entalhadas e
pintadas, contendo desenhos do mundo do além, iam também papiros, enfim, tudo
que pudesse servir ao faraó em sua jornada no além-mundo e na eternidade. Eis
aqui uma grande preocupação com a vida no além. Curiosamente, o submundo em que
habitavam os mortos, para os gregos, era o Hades. No entanto, enquanto há uma
caminhada e uma preparação para as alegrias eternas entre os egípcios, no Hades
grego não há alegria, o que pode ser visto no livro A Odisséia, do poeta Homero, no relato em que Ulisses
(Odisseu) visita o Hades, em busca do vaticinador que lhes indicaria o caminho
de volta à ilha em que aquele habitava. No Hades, Odisseu também encontrou-se
com sua mãe, que havia falecido de desgosto por ter acreditado que o filho
desaparecido havia morrido.
Algo muito interessante de ser observado em muitos
mitos é o caráter cíclico dos
eventos que eles relatam, caráter este que aparece claramente nos ritos e nas
festas religiosas anuais celebradas pelos mais diversos povos, desde a
antiguidade até praticamente os dias atuais. Esse ciclo, de um modo geral, é
celebrado de ano em ano ou de tempos em tempos. A celebração dos ciclos da
natureza anda passo a passo com as celebrações religiosas. Na época da colheita
do trigo, na Grécia antiga, por exemplo, celebrava-se a Perséfone, deusa divina
cuja planta símbolo de seu renascimento é o trigo. Outro exemplo desse caráter
cíclico é o mito de Thor e Freya, deuses da mitologia escandinava, viking. Os
deuses têm uma hierarquia de poder,
como entre os homens.
De acordo com Jostein Gaarder, em seu livro O Mundo de Sofia, a deusa Freya foi
raptada pelos inimigos dos deuses de Asgard (reino dos deuses, algo parecido
com o Olimpo dos deuses gregos), os Trolls. Ela era a deusa responsável pela
primavera e pela fertilidade (ver no quadro acima), portanto fundamental para o
sustento dos seres humanos. Os trolls roubaram também o martelo de Thor, com o
qual este invocava as nuvens e os raios. O tempo em que Freya ficou na
fortaleza dos Trolls trouxe frio e inverno para as pessoas. Porém, sabendo de
um pretendido casamento do rei dos trolls com aquela deusa, Thor vestiu-se de
mulher e foi à festa. No momento em que os trolls apresentaram o martelo de
Thor como um troféu para os convidados, este invocou-o e com ele debelou os
trolls e libertou a deusa, tornando, assim, possível o retorno da primavera.
Este mito mostra claramente como os escandinavos explicavam os ciclos naturais
e, com eles, o culto aos deuses,
do qual estes também dependiam e que, de certo modo, os fortalecia. Era uma
troca: de um lado o culto humano aos deuses e, do outro, os favores oferecidos
por estes àqueles. Portanto, a garantia do retorno dos ciclos naturais dependia
do culto aos seres divinos.
Até hoje encontra-se a ideia de ciclo na religião. Um
bom exemplo disto é o ano litúrgico católico, durante o qual são celebrados e
revividos os principais acontecimentos das origens e dos fundamentos do
cristianismo, com várias festas distribuídas ao longo do ano. Tanto católicos
quanto outros cristãos celebram festas religiosas, revivendo os mistérios e os
valores contidos na vida do fundador, Jesus Cristo. O Natal e a Páscoa
são bons exemplos disto. Há celebrações, cantatas, orações, ceias e outras
cerimônias que se ligam a essas festas.
Outro ciclo é o do nascimento, da destruição ou morte
e do renascimento. Para os hindus, por exemplo, o universo está nas mãos de Shiva (o deus supremo), que
carrega em uma delas o tambor cujo som constitui o universo e, em outra, o fogo
de sua destruição, passando o cosmos pelo ciclo
da destruição e do renascimento eternos. E, dentro do hinduismo e do budismo,
a crença na reencarnação das almas, passando por um ciclo também de morte e
renascimento, para fins de aperfeiçoamento ou cumprimento do destino. A religião
kardecista, de cunho cristão, também trabalha com a tese da reencarnação, num
processo contínuo de evolução do espírito das pessoas.
É de grande importância salientar que os mitos
religiosos não são mentira ou historinhas inventadas, mas, para todos os que
neles criam e grupos que ainda creem, eles eram ou são verdade sagrada,
religiosa, que deve ser respeitada, celebrada e revivida no interior dos
rituais. Curiosamente, os ritos sagrados ou rituais são formas celebrativas,
profundamente simbólicas, de revivenciar o que aconteceu nos primórdios, no
momento em que os fatos sagrados estavam acontecendo: a origem do mundo, o
(re)nascimento de um deus ou deusa, a constituição do casamento entre homens e
mulheres (um exemplo disto: o relato da criação de Eva e sua entrega a Adão, em
Gênesis cap. 2, simbolizando a união entre homem e mulher), etc.
Em tribos indígenas e em outras sociedades, ainda, os
ritos ou rituais de passagem. Quando atingem a puberdade, os jovens e as jovens
passam por rituais de passagem da infância para a vida adulta, tendo que
experimentar provas até mesmo dolorosas e sacrifícios a fim de mostrarem que
são merecedores(as) do nome de adultos(as). Em muitos casos, tendo passado por
essas cerimônias, os jovens e as jovens, tornados adultos, podem até casar,
passam a fazer parte dos grupos de caças e têm determinadas responsabilidades
que até então não tinham diante da tribo.
Os mitos são ricos em termos de valores e ideias que
transmitem. Através de sua compreensão pode-se até mesmo adentrar no
significado daqueles valores para povos determinados, entender a constituição
das sociedades que os cultivam e recordam e penetrar, de certo modo, no modo
como encaram a vida.
E no mundo atual (século XXI), onde é possível
encontrar resquícios do mito, para além das religiões, na sociedade? Um
primeiro exemplo a citar poderia ser a criação de uma aura “sagrada”, de respeito e veneração, por pessoas famosas, que aparecem principalmente
na mídia, com destaque para o cinema e a televisão: atores, esportistas,
jornalistas, etc. Muitos dos mitos televisivos, por exemplo, têm um claro cunho
comercial – vender produtos propagandeados por aquelas pessoas. Curiosamente,
os meios visuais e áudio-visuais de mídia
(TV, cinema, revistas, jornais e outros) apresentam constantemente a imagem da
juventude, da beleza, da estética,
da prolongação da vida e de sua exuberância, formando a mentalidade das pessoas
a respeito desses temas e aumentando os gastos em sua manutenção e/ou em sua
busca, rendendo para as empresas de beleza, de cosméticos, de alimentos e
outras, anualmente, bilhões de dólares. Imagens de beleza e outras que tocam a psiqué das pessoas são criadas,
moldadas e até divinizadas, gerando expectativas e verdadeira veneração, por
trás das quais escondem-se interesses
econômicos e até mesmo políticos, de poder! Na Grécia antiga, o mito da derrota
do minotauro, morto por Teseu, simbolizava a derrota de Creta para os gregos!
Já naquele tempo, o mito retratando relações fortes de poder, um poder fundado
na força militar, capaz de sobrepujar os inimigos e dominá-los! E hoje? (Para
debate, discussão de ideias e tiragem de conclusões comuns.)
ATIVIDADES COMPLEMENTARES:
1ª) Filme (nova versão ou antiga versão remasterizada)
de FÚRIA DE TITÃS.
Referência: mitologia grega.
Solicitar um resumo,
de dez a vinte linhas, a respeito do conteúdo do filme. Se possível, e melhor,
passar folha digitada pronta, com as linhas definidas, para ganhar tempo e
qualidade. E/OU:
Preencher a ficha que está sendo repassada (FICHA DE ASSISTÊNCIA DE VÍDEO EM
FILOSOFIA). Ficha individual, de preferência.
FILMES E VÍDEOS RELACIONADOS AO TEMA:
(a) Fúria
de Titãs 1. (Já mencionado.)
(b) Fúria
de Titãs 2.
(c) Odisseia.
(Tem em vídeo e no Youtube.)
(d) Documentário
Cosmos, episódio 7 (A Espinha Dorsal da Noite), de Carl Sagan.
(e) O
Senhor dos Anéis 1, 2 e 3.
(f) Thor.
(g) Percy
Jackson e o Ladrão de Raios.
(h) O
Hobbit.
(i) Outros filmes e vídeos: pesquisar em
locadoras e na internet. Anotar!
2ª) Elaborar vídeo a respeito da mitologia
grega, no qual apareçam informações sobre as principais divindades gregas
antigas. Utilizar o Windows Movie Maker ou similar na plataforma Linux. E/OU:
3ª) Elaborar um cartaz, no
Windows Publisher, a respeito do conteúdo acima. Use todos os recursos
disponíveis nesse software para enriquecer o cartaz.
4ª) Montar, no Power
Point, 20 slides sobre o tema acima, apresentando aí diversas divindades,
cultos e templos a ele relacionados.
5ª) Elaborar uma REDAÇÃO sobre a
MITIFICAÇÃO DA CIÊNCIA hoje.
6ª) Elaborar uma TABELA
COMPARATIVA entre mitos, seus deuses e deusas, as características ou funções de
cada um(a) e a realidade histórica das sociedades que os criaram, sua vida
material e o desenvolvimento de suas forças produtivas. Professor(a):
pode usar o quadro da sala de aula e gizes coloridos. Estudantes: fazer
pesquisa, levantar informações e criar a tabela no caderno ou em folha separada
ou, talvez, em papel pardo. A seguir: apresentar para a turma toda.
CAÇA-PALAVRAS DO TEXTO A
HUMANIDADE E OS MITOS (Prof. José
Antônio.)
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As palavras se encontram na
vertical, na horizontal e na diagonal, da direita para a esquerda e vice-versa.