COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
QUARTO BIMESTRE
AULA 38 DE TCH DOS PRIMEIROS ANOS:
AUGUSTE DE SAINT-HILAIRE E CHARLES DARWIN –
SÉCULO XIX (Prof. José Antônio Brazão.)
O que o francês Auguste
de Saint-Hilaire e o inglês Charles Darwin, do século XIX, tiveram em comum?
Primeiramente, o fato de
terem viajado pelo mundo e feito investigações e pesquisas científicas. Em meio
a essas viagens, o contato com o oceano, o mundo natural, povos de diferentes
tipos, costumes, falas e dialetos os mais diferentes, comidas agradáveis e não
tão agradáveis, a visão de cidades, reinos, vilas, fazendas, tribos e muitas
coisas ligadas ao meio ambiente (plantas, animais, insetos e outros seres
vivos), além de elementos geológicos (ilhas, montanhas, planícies e
continentes), a natureza exuberante, etc.
Em segundo lugar, a
oportunidade dada pelos governos de seus respectivos países. Claro que ambos
tinham muito boas condições econômicas. Saint-Hilaire era da nobreza
interiorana francesa. Darwin era filho de um rico proprietário inglês. Souberam
aproveitar as respectivas oportunidades e as seguiram.
Em terceiro e principal
lugar, ambos tinham um gosto profundo pelo CONHECIMENTO do mundo, foram grandes
leitores, estudiosos, amantes do aprendizado teórico e prático, pesquisadores e
escritores científicos exímios, tendo escrito milhares de páginas acerca do que
viram e aprenderam. O aprendizado os levou longe! E leva!
Outro ponto importante a
salientar: a coragem de ambos, aliada a uma vontade profunda de conhecer o
mundo natural. Com efeito, precisaram embrenhar-se em matas, contatar pessoas
desconhecidas, povos de culturas e valores muito diferentes dos europeus, riscos
de navegação, entre outros. O desejo do desconhecido, sem dúvida, contribuiu
para a superação de medos.
Vindo a Goiás,
Saint-Hilaire contribuiu significativamente para um esclarecimento maior acerca
da vida, dos costumes e até mesmo dos bens naturais disponíveis, existentes, em
Goiás naqueles tempos (século XIX). Darwin, por sua vez, impressões acerca do Brasil,
com base naquilo que viu e vivenciou.
Do Brasil e de Goiás,
Saint-Hilaire, por exemplo, fala de um costume daqueles tempos que, de certa
forma, ainda é comum em diferentes lugares, inclusive de Goiás, a queimada:
“Tão logo é queimada uma pastagem natural começam a
brotar no meio das cinzas algumas plantas raquíticas, geralmente felpudas, de
folhas sésseis e mal desenvolvidas, as quais não tardam a florescer. Por muito
tempo acreditei que essas plantas pertenciam a espécies diferentes, típicas das
queimadas (...). Durante a seca – época em que se ateia fogo aos campos – o
desenvolvimento da maioria das plantas fica de certa forma interrompido, e suas
hastes apresentam-se com aparência ressequida. Não obstante, deve acontecer ali
o mesmo que sucede em nosso clima; nesse período de repouso as raízes
provavelmente se enchem de seiva para alimentar novos rebentos. (SAINT-HILAIRE,
1819, p. 30).” (SAINT-HILAIRE. Citado por Raimundo Nonato Ribeiro Santana. In:
SANTANA, Raimundo Nonato Ribeiro. História e Natureza: mudanças ambientais no norte de Goiás em relatos de
cronistas e viajantes naturalistas no século XIX. Revista Espacialidades [online]. 2014, v. 7,
n. 1. ISSN 1984-817X. Disponível em: < https://periodicos.ufrn.br/espacialidades/article/download/17695/11559/56073 > Acesso em 10 de novembro de 2023. P.
204.)
O texto mostra bem como
era a natureza do cerrado e dos campos, elementos do clima de determinada época
do ano, bem como a relação, o modo de tratamento, do ser humano com o mundo
físico que o rodeava. Uma pequena amostra da riqueza do pensamento e das observações
de Auguste de Saint-Hilaire.
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