sábado, 26 de agosto de 2023

TERCEIRO BIMESTRE - AULA 24 DE TCH DOS SEGUNDOS ANOS: GOIÁS NA GUERRA DO PARAGUAI (1864 – 1870): (Professor José Antônio Brazão.)

 

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

TERCEIRO BIMESTRE

AULA 24 DE TCH DOS SEGUNDOS ANOS:

GOIÁS NA GUERRA DO PARAGUAI (1864 – 1870): (Professor José Antônio Brazão.)

A Guerra do Paraguai envolveu o Brasil, a Argentina e o Uruguai. O que a motivou? A invasão de terras e a busca do controle do Rio da Prata. Uma guerra, sem dúvida, tão abjeta (nojenta) e terrível quanto todas as guerras que já existiram, na qual o drama humano se expôs com toda força. O Paraguai, efetivamente, viria a ser derrotado, mas as consequências nefastas (terríveis) se fizeram presentes entre todos os países envolvidos, principalmente para as populações mais pobres, que viram-se numa situação de sofrimento extremo, de empobrecimento, de miséria, em uma expressão: de TRAGÉDIA.

No Período Imperial Brasileiro (1822 a 1889), um dos eventos de grande impacto, no II Império (Dom Pedro II), foi a Guerra do Paraguai (1864 a 1870). Uma verdadeira tragédia humana. Ocorrida entre 1864 e 1870, demorou além da conta, contribuindo para aumentar seus males. E o que contribuiu para que ela viesse a ocorrer?

Em 1864, o Brasil realizou uma intervenção no Uruguai, seu vizinho ao Sul, com a qual o Paraguai não concordou. Francisco Solano López, presidente e ditador paraguaio, mandou tropas para atacar um navio brasileiro no Rio da Prata. Tropas paraguaias também invadiram o Mato Grosso e o Sul do Brasil. Estava declarada e aberta a guerra.

Ao Brasil se uniram a Argentina e o Uruguai. O que se seguiu foram batalhas no Rio da Prata e em terra. O Almirante Barroso, pelo Brasil, venceu no rio. O Duque de Caxias e, na continuação, o Conde D’Eu, genro este de Dom Pedro II, junto com comandantes e exércitos uruguaios e argentinos, além do brasileiro, venceram o Paraguai em terra. Caxias, inclusive, com o exército, havia invadido o Paraguai a duras penas, mas chegando a conquistar até a capital paraguaia, Assunção.

Solano López, deixando um grupo de combatentes sobreviventes, mulheres e crianças para lutar por ele e pelo país, partiu em uma possível fuga. Contudo, o grupo de lutadores paraguaios foi atacado por brasileiros e dizimado. López foi alcançado e morto, com uma lança a atravessar sua barriga e, depois, um tiro, em 1870. Fim da guerra.

O saldo maldito da Guerra do Paraguai: cerca de quatrocentos mil mortos, sendo mais ou menos trezentos mil paraguaios (mais da metade da população), mais ou menos setenta mil brasileiros e mais ou menos trinta mil argentinos e uruguaios. Uma tragédia geral.

Muitas das mortes, inclusive, foram causadas não tanto por fogo ou armas inimigas, mas por doenças e penúrias sofridas durante a guerra, até mesmo a fome extrema. Do lado brasileiro, as doenças, como cólera e malária, mataram muitos soldados. Naquela época, com efeito, os tratamentos eram pouco eficazes para ferimentos expostos, amputações e outras complicações de saúde.

O texto abaixo mostra uma linha de tempo, ano a ano da guerra. Na sequência, a conclusão. Obs.: a participação de Goiás na guerra será estudada adiante, em outras aulas.

LINHA DE TEMPO DA GUERRA DO PARAGUAI G1 MUNDO 2014:

“Veja a cronologia da Guerra do Paraguai

País foi destruído e teve a população dizimada durante o conflito.
Entenda os principais fatos até a morte de Solano López.

Do G1, em São Paulo

Desenho dos uniformes utilizados pelos soldados durante a Guerra do Paraguai (Foto: Fundação Biblioteca Nacional)

 Maior conflito armado da América do Sul, a Guerra do Paraguai teve início há exatos 150 anos, em 13 de dezembro de 1864, e terminou somente com a morte do líder paraguaio Solano López, em 1º de março de 1870.

O país mobilizou quase toda sua população para a guerra, onde enfrentou o exército da Tríplice Aliança, formada por Brasil, Uruguai e Argentina. A luta estendeu-se por anos, apesar da superioridade econômica e demográfica dos países aliados.

Os motivos que levaram López a declarar guerra ao Brasil são controversos. No entanto, os estudiosos concordam que o conflito teve consequências que ainda não foram superadas pelo Paraguai. Além de perder parte de seu território, o país teve sua infraestrutura destruída e viu o extermínio da quase totalidade de sua população. Ainda hoje, o país encontra-se atrasado em relação ao desenvolvimento de seus vizinhos. Entenda o desenrolar da guerra, com um resumo dos principais fatos até a morte de Solano López:

Corpos de paraguaios mortos durante a guerra
empilhados no campo, em imagem de 1866
(Foto: Fundação Biblioteca Nacional)

Maio de 1864 - Brasil envia representante ao Uruguai, que vivia uma guerra civil, para discutir as ameaças sofridas por cidadãos brasileiros em território uruguaio. Os brasileiros que tinham fazendas no interior reclamavam que sofriam assaltos violentos.

18 de junho de 1864 - Enviados do Brasil, Argentina e Inglaterra se reúnem para mediar o fim da guerra civil no Uruguai, com representantes tanto do governo oficial, de Atanásio Aguirre, quanto do chefe da rebelião, Venâncio Flores. Não há acordo e a guerra civil continua.

Agosto de 1864 - Governo brasileiro ameça intervir militarmente no Uruguai, caso o governo não puna os responsáveis pela violência contra brasileiros no país. Em nota enviada a diplomatas brasileiros, governo do Paraguai protesta contra qualquer invasão do território do Uruguai. 

30 agosto de 1864 - Uruguai rompe relações diplomáticas com o Brasil.

12 de outubro de 1864 - Brasil invade o Uruguai.

12 de novembro de 1864 - Em retaliação à invasão brasileira ao Uruguai, Paraguai apreende o vapor brasileiro Marquês de Olinda.

13 de dezembro de 1864 - O líder paraguaio Solano López declara guerra ao Brasil.

27 e 28 de dezembro de 1864 - Exército paraguaio ataca o forte Coimbra, atualmente na região de Mato Grosso do Sul (veja ao lado reportagem do Globo Rural sobre a invasão das tropas paraguaias ao Brasil).

Janeiro de 1864 - Exército paraguaio invade Corumbá, Miranda e Dourados.

7 de janeiro de 1865 - Decreto nº 3.371, do Império do Brasil, cria os Corpos de Voluntários da Pátria. São prometidas recompensas para quem se voluntariar à luta.

21 de janeiro de 1865 - Decreto nº 3.383, do Império do Brasil, convoca a Guarda Nacional para se juntar ao Exército. Era composta por cerca de 440 mil homens, mas pouco mais de 40 mil participaram do combate. Na época, o alistamento na Guarda tinha a função de mostrar status social.

1º de maio de 1865 -  Assinatura do Tratado da Tríplice Aliança por Brasil, Argentina e Uruguai.

Junho de 1865 -  Exército paraguaio invade o Rio Grande do Sul e ocupa Uruguaiana.

11 de junho de 1865 - Batalha do Riachuelo, em que a Marinha paraguaia é derrotada pelas
forças aliadas.

18 de agosto de 1865 - Soldados paraguaios em Uruguaiana se rendem.

16 de abril de 1866 - Exército aliado na Argentina cruza o rio Paraná e invade o Paraguai,
onde inicia marcha rumo à fortaleza de Humaitá.

24 de maio de 1866 - Batalha de Tuiuti, que é considerada a mais importante e uma das mais sangrentas da guerra. O exército paraguaio atacou os soldados da Tríplice Aliança que seguiam para Humaitá. Apesar das inúmeras mortes, os aliados venceram.

12 de setembro de 1866 - López pede encontro com Bartolomeu Mitre, governante da Argentina. Os dois se reúnem, mas não há acordo para o fim da guerra.

22 de setembro de 1866 - Exército da Tríplice Aliança ataca fortaleza de Curupaiti, mas é
derrotado pelos paraguaios. Foi a maior derrota aliada.

6 de novembro de 1866 - Decreto nº 3.725-A, do Império do Brasil, liberta escravos que servissem no exército contra o Paraguai.

Abril e maio de 1867 - Tropas aliadas invadem o Paraguai rumo à fazenda Laguna, mas são atacadas pelos paraguaios e obrigadas a recuar. Episódio é conhecido como Retirada da Laguna.

Igreja de Humaitá destruída (Foto: Fundação
Biblioteca Nacional)

Julho de 1867 - Tropas brasileiras partem em direção a Humaitá, para atacar a fortaleza.

15 de agosto de 1867 - Esquadra do governo imperial segue pelo rio Paraguai e ultrapassa a
fortaleza de Curupaiti, mas não tenta passar por Humaitá. Permanece seis meses entre as duas fortalezas e, apesar de bombardeá-las, não consegue destruí-las.

3 de março de 1868 - López deixa a Fortaleza de Humaitá e arma quartel-general em San
Fernando, distante cerca de 10 quilômetros.

25 de julho de 1868 -Exército aliado toma posse da Fortaleza de Humaitá.

Dezembro de 1868 - Paraguaios são derrotados nas batalhas de Itororó, Avaí, e Lomas Valentinas, no que ficou conhecido por “dezembrada”.

1º de janeiro de 1869 - Tropas brasileiras invadem e saqueiam Assunção.

5 de maio de 1869 - Fundição de Ibicuí, onde eram feitas as armas do exército paraguaio, é
destruída.

16 de agosto de 1869 -  Batalha de Acosta-Ñu, em que 20 mil soldados da Tríplice Aliança
enfrentam e vencem as tropas formadas por 6 mil paraguaios, em sua maioria idosos e crianças. Em homenagem às vítimas, 16 de agosto se tornou o Dia das Crianças no Paraguai.

1º de março de 1870 -  Solano López é morto em Cerro Corá. O líder paraguaio foi ferido com um golpe de lança pelo brasileiro José Francisco Lacerda, o Chico Diabo, e foi atingido por um tiro de fuzil. A morte de López encerra a guerra.” (G1 MUNDO. Veja a cronologia da Guerra do Paraguai. Disponível em: < https://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/12/veja-cronologia-da-guerra-do-paraguai.html > Acesso em 26/08/2023.)

CONCLUSÃO:

A Guerra do Paraguai (1864 a 1870) foi um dos piores conflitos bélicos dos quais o Brasil já participou. Entre as consequências da guerra, seja para o Brasil, seja para os demais envolvidos, foram: perdas altíssimas de pessoas (cerca de quatrocentas mil), endividamento de guerra, por conta de dinheiro obtido com a Inglaterra, consequências econômicas e políticas.

Das consequências econômicas, os gastos imensos com a guerra (fora a corrupção, que, certamente, já havia), a destruição de terrenos e plantações, a perda considerável de mão de obra, entre outras. Das consequências políticas: o controle do Paraguai, por um tempo, pelo Brasil e pelos demais aliados; perdas de terras paraguaias para o Brasil e a Argentina; desgaste elevado de Dom Pedro II, imperador do Brasil; fortalecimento do Exército Brasileiro, que, em 1889, viria a declarar a República e a consequente saída da Família Real do Império; etc.

No que diz respeito à ação da Inglaterra, apesar dos empréstimos realizados (milhões de libras esterlinas), ela não teve ação de apoio ou de incentivo à Guerra do Paraguai, consenso atual entre historiadores.

O que pesou, na verdade, foi o que sempre moveu guerras no mundo: ambição, desejo de poder, desejo de domínio, mercados, escravização, conflitos de poder, o colonialismo, entre outras motivações similares a essas e a elas ligadas. No que diz respeito ao século XIX, vale lembrar de dois acontecimentos em curso nesse tempo: a Revolução Industrial, na Europa, e o neocolonialismo levado a diante por vários países e com graves consequências.

REFERÊNCIAS:

COMANDO DE ENSINO DA POLÍCIA MILITAR DE GOIÁS. Apostila de Cultura Goiana. Goiânia, [década de 2010].

G1 MUNDO. Veja a cronologia da Guerra do Paraguai. Disponível em: < https://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/12/veja-cronologia-da-guerra-do-paraguai.html > Acesso em 26/08/2023.

ROMEIRO, Julieta et alii. Diálogo, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São Paulo, 2020. (Seis volumes.)

 

Nenhum comentário: