COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
TERCEIRO BIMESTRE
AULA 21 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS
ARISTÓTELES DE ESTAGIRA (Prof. José Antônio
Brazão. )
PARTE 1 (BIOGRAFIA BÁSICA DE ARISTÓTELES):
Aristóteles viveu no século IV antes de Cristo
(a.C.), foi filósofo, cientista, pesquisador, homem culto. Filho de Nicômaco,
médico do rei macedônico. ou seja,
conviveu com o rei e os nobres. Em sua juventude, foi estudar com Platão (plato,
grego, o “de ombros largos”, mesma raiz de omoplata [escápula], apelido de
Arístocles, nome um pouco parecido com o de Aristóteles, mas que não é este). A
escola de Platão era chamada de ACADEMIA (em homenagem a um herói chamado
Academus).
Mas o que tem haver o pensamento de
Aristóteles e o de Platão conosco, ainda hoje? Para que estudá-los? Tratando de
Aristóteles, tocar-se-á, aqui e ali, no pensamento de Platão. Para começar,
aproveitemos o nome da escola de Platão, ainda HOJE, muito presente na
sociedade ocidental (sociedade influenciada muito pela cultura europeia e que
fica, em boa parte, a Oeste do mundo) e, dentro desta, no Brasil. Fala-se,
hoje, de: ACADEMIA DE LETRAS, ACADEMIA DE GINÁSTICA, ACADEMIA DE POLÍCIA,
ACADEMIA DE MÚSICA, entre outras muitas academias! Usa-se, inclusive, o termo
ACADÊMICOS para se referir aos estudantes de faculdades e universidades! Tem
até escola de samba, em São Paulo, que se chama ACADÊMICOS DO TATUAPÉ!
Um dos maiores filósofos da antiguidade. Em
sua juventude foi discípulo de Platão, em Atenas, na Academia. Em razão de seu
interesse pelos estudos e pela leitura assídua, Platão apelidou-o "O
Leitor". Após a morte de seu mestre, Aristóteles tentou ocupar a vaga de
diretor da Academia, porém perdeu-a para Espeusipo, sobrinho de Platão. Viajou
por vários lugares. Casou-se, enviuvou e tornou-se a casar-se tempos depois.
Foi tutor de Alexandre Magno, filho do rei Filipe, na Macedônia. De retorno a
Atenas, fundou uma escola filosófica à qual deu o nome de LICEU, em honra ao
deus Apolo Lício. Apolo é o deus do Sol, da luz. Os discípulos de Aristóteles
eram conhecidos como peripatéticos, isto é, "passeadores", em razão
de terem aulas passeando pelos jardins do Liceu. Vejam: Goiânia tem uma escola
pública chamada LICEU, em homenagem ao Liceu de Aristóteles.
Boa parte de sua vida Aristóteles passou-a em
Atenas, dedicando-se ao ensino. Quando Alexandre morreu e os gregos começaram a
se rebelar contra o domínio macedônico, Aristóteles fugiu para a ilha de
Cálcis, onde havia terras por ele herdadas, evitando que fosse julgado e preso,
como fôra antes dele Sócrates. Tempos depois, veio a falecer ali. Algumas obras
de Aristóteles: Política, Metafísica, Física, Órganon, dentre outras,
tratando de assuntos os mais diversos. Aristóteles opõe-se à teoria das Ideias,
de Platão, não acreditando na existência de formas eternas pré-existentes em um
mundo hiperfísico (Mundo das Ideias ou Inteligível). Para ele, as ideias são
formadas a partir da ligação estabelecida na mente entre as informações
fornecidas pelos cinco sentidos. Nada há na mente que antes não tenha passado
pelos sentidos. Aprender, portanto, não é lembrar. Aprender demanda percepção
do mundo e apreensão de conteúdos através dos sentidos, particularmente o da
visão e da audição. O aprendizado, para Aristóteles, deve ser algo sistemático,
ordenado, supõe memorização e compreensão, não uma reminiscência de algo que a
alma já tenha contemplado em outro mundo.
No âmbito da física, Aristóteles interessou-se
pela compreensão do movimento. De acordo com ele, o movimento seria a passagem
da potência ao ato, isto é, da possibilidade de vir a ser para a realização em
ato do ser. Por exemplo: uma semente seria uma árvore em potência, pois carrega
consigo a possibilidade de vir a ser uma árvore, necessitando, para tanto, de
solo adequado e de água. A árvore seria, por sua vez, a realização da potência
existente na semente.
PARTE 2 (ARISTÓTELES EM POEMA):
ARISTÓTELES (Prof. José Antônio Brazão.)
Em Atenas, uma nova escola Platão fundou
Da filosofia e das verdadeiras ciências o
conhecimento
Nova maneira de encarar se disseminou,
Abrindo de grandes discípulos, por séculos, o
entendimento.
Destacando-se entre todos, na Academia, entre
eles,
Um macedônico discípulo apareceu,
Nobre intelectual, filho de médico da corte,
Aristóteles,
O Leitor por Platão apelidado, o nome era seu.
Tendo muito lido e por imenso empenho se
destacando,
Aristóteles homem extremamente culto se
tornou,
Do mestre Platão, um mundo das Ideias não
aceitando,
Nem ideais, uma filosofia muito própria
fundou.
Em seus livros, condensou-se o aristotélico
conhecimento:
Política, Ética,
Física, Metafísica, do mundo e da natureza,
Pois por muitos temas interessou-se seu filosófico pensamento
E sobre todos eles escreveu e, no Liceu,
ensinou com saber e destreza.
Ideias grandes teve o estagirita,
Por estudos muitos contidas no pensamento,
Do mundo seria mais rica pepita,
De aurífera grandeza, o conhecimento.
Sabendo de Empédocles as sentenças,
Aristóteles concordou que por quatro
elementares
Princípios são feitas as coisas terrenas:
Terra, água, ar e fogo, esteios basilares.
Conforme reflexões do agrigentino,
Arqués unidas por força do Amor
E desarticuladas pelo Ódio,
Um unificador, o outro desagregador.
Para dar à linguagem fundamentação,
Criou Aristóteles o raciocínio silogismo:
De duas premissas tirando a conclusão,
Na lei geral o caso particular necessaríssimo.
Do que são os céus feitos,
Perguntava-se o peripatético,
De modo a serem tão perfeitos,
Senão do éter puro, arquetípico?
Do aristotélico éter a tese, há tempos,
descartada,
Hoje, de cósmicas ondas gravitacionais o
requinte,
Na união espaço-tempo, a hipótese comprovada
De um germânico cientista do século vinte.
Mas para Aristóteles e seu tempo um universo
geocêntrico
Era, por conta do senso comum, uma imensa
certeza,
Composto de planetares círculos concêntricos,
De cósmica harmonia e extrema beleza.
Sobre a queda dos graves corpos refletindo
Na sublunar, terrena, realidade,
O mais pesado ao chão primeiro acaba indo
Eis algo do que cria ser a mais pura verdade.
Matutando da ética o humano destino,
Acerca do que seria a virtude
Concluiu ser esta do meio o caminho,
Como a temperança, no correto alimentar
atitude.
PARTE 3 (A TEORIA DAS QUATRO CAUSAS DE
ARISTÓTELES):
A TEORIA DAS QUATRO CAUSAS DE ARISTÓTELES: (Prof. José Antônio Brazão.)
Do movimento Aristóteles
Ao estudo se lança.
Movimentos são devires:
Transformação, deslocamento, mudança.
Movimento é passagem
Da potência ao ato
Nele há fatores que agem
Até tornar-se um fato.
Potência é possibilidade
Que tudo tem de vir a ser.
Ato é o tornar realidade,
Fazendo a potência acontecer.
Quatro causas fundamentais
Fazem o movimento dos seres no plano terrenal,
Provocando-lhes mudanças essenciais.
São elas material, formal, eficiente e final.
Material é a matéria de um ser,
Formal é a forma dada por homem ou natureza,
Eficiente é aquela que faz acontecer,
Final é a razão, o objetivo de toda essa proeza.
Uma estátua feita de pedra
Tem nesta sua causa material,
Tendo o escultor na mente a forma,
Sendo ele causa eficiente visando a causa
final.
Árvore é feita de matéria da terra,
Sua forma, internalizada na semente,
Teve nas condições naturais causa eficiente,
Tornar-se frondosa e/ou frutífera seu fim
inerente.
No caso da natureza,
A forma contida na semente foi a maneira
Que ela encontrou, com fineza,
Para distinguir jequitibá de pitangueira.
A madeira-matéria do carvalho
É transformada na forma de mesa
Na mente do marceneiro, cujo eficiente
trabalho
Tem por uma causa final o altar da igreja.
Mais causas finais a mesa poderia ter:
Numa bela sala de jantar vir a servir,
Em salas com professor e estudantes a debater
Ou suporte para vasos de plantas a florir.
Outras matérias podem a mesa compor:
Metal, pedra, plástico, outras e até vidro.
Conforme deseje o fator
Que venha a tê-la feito e polido.
A forma de mesa pode ser
Quadrada, retangular, circular, oval
Da básica geometria o saber
Matemático fundamental.
A eficiência do trabalho de quem faz
Transporá a forma na matéria
Conforme o fim-objetivo sagaz,
Tornando-a sólida e não etérea.
A eficiência da chuva na natureza,
Faz a semente brotar e crescer com fulgor,
Caindo na terra, faz despontar a beleza
Que tem do pé de maracujá a flor.
No geocêntrico universo, no mundo sublunar,
As quatro causas do movimento,
Ao tudo, aqui, pôr em devir, modificar,
Expõem sua força e seu acento.
Devir de que falava o efésio Heráclito:
Tudo em movimento se encontra,
Como a imagem de bélico conflito
Que a reis com seus súditos remonta.
Chauí as quatro causas analisando,
Descobriu não terem o mesmo valor,
Aristóteles, as hierarquizando,
Relações sociais a nelas transpor.
Menos é a eficiente valiosa,
Junto com a causa material,
Sendo a formal prestigiosa
Junto com a causa final.
Material e eficiente causas
São ao corpo externas,
Formal e final, frutos de mentais pausas,
São ao humano intelecto internas.
Na antiga Grécia escravista,
Havia senhores com muitos escravos
A realizar os afazeres da vida
Tirando daqueles desta os agravos.
Senhores podiam dedicar-se à política,
A assistências às tragédias e comédias do
teatro,
Intelectuais à filosofia, à poesia e à
escrita.
E certos políticos? Em estátuas, seu retrato.
Nas atividades técnicas e de fabricação
Senhores e filhos não iam se aventurar:
Eram de escravos e cidadãos de baixa condição.
Mas no governo e na teoria tempo tinham para
adentrar.
Por milênios, melhor explicação do mundo
representou,
No Ocidente, a das quatro causas teoria.
No entender da sublunar realidade perdurou,
Na filosofia, na física e na ciência.
No geocêntrico mundo aristotélico
Dois mundos havia: o supralunar,
Dos astros, claro e belo, etérico,
E a Terra, no centro, sublunar.
O éter é pura e cristalina substância,
A preencher as formas e a composição
Da Lua, de planetas e estrelas a essência,
Incapazes de sofrer falhas ou imperfeição.
Do geocêntrico do mundo sistema
Platão e Eudoxo já tinham dado conta,
Mas foi o aristotélico esquema
Que marcou pensadores e até poetas de ponta.
Aprimorado foi por Cláudio Ptolomeu,
A mostrar a cêntrica Terra e sua redondeza,
No Almagesto, por finos cálculos que conheceu
De Euclides e matemáticos de esperteza.
De Dante a Comédia Divina,
A ir do Inferno profundo aos céus fecundos,
Aos portugueses, de Camões, que Tétis ensina,
Ao ir da celestial realidade ao terreno mundo.
Com a moderna natural filosofia,
De Copérnico a Isaac Newton,
Que novas leis da natura descobriria,
A teoria das quatro causas perdeu o tom.
Aristóteles, sem dúvida,
Foi brilhante filósofo e cientista,
Deixando rica herança legada
Para o mundo à plena vista.
REFERÊNCIAS SIMPLES:
CHAUÍ, Marilena. O que é Ideologia?
2.ed. São Paulo, Brasiliense, 2008. (Primeiros Passos, 13.)
Livros didáticos: (1) Filosofando: Introdução à Filosofia.
(Martins e Arruda) (2) Convite à Filosofia. (M. Chauí). (3) Iniciação
à Filosofia. (M. Chauí)
DIÁLOGO INTERDISCIPLINAR: Filosofia –
Sociologia – História.
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