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ESTADO DE
GOIÁS SECRETARIA
DE SEGURANÇA PÚBLICA SECRETARIA
DE ESTADO DA EDUCAÇÃO COMANDO
DE ENSINO DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS |
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TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS
CULTURA GOIANA
Primeira Série do Ensino Médio
Segundo Bimestre
Tenente Marcus
Vinícius Jorge Batista
Coordenador –
Comando de Ensino
Amélia Cardoso de
Almeida
CEPMG Hugo de
Carvalho Ramos
Gisélia Santos
Pereira Carmo
CEPMG Arlindo Costa
João Guilherme da
Trindade Curado
CEPMG Comendador
Christóvam de Oliveira
Lúbia Lafaete
Rodrigues da Silva
CEPMG Nader Alves
dos Santos
Margareth Catima de
Queiroz
CEPMG Hugo de
Carvalho Ramos
Sheila Clarisa
Gonzaga
CEPMG Dr. César
Toledo
Tânia Maria de
Oliveira
CEPMG Dr. Cesar
Toledo
MATERIAL DE REFERÊNCIA
CULTURA GOIANA – ENSINO MÉDIO
Prezadas Professoras,
Prezados Professores,
A Comissão Cultura Goiana, designada
pelo Comando de Ensino dos Colégios Estaduais da Polícia Militar de Goiás (
CEPMG ), apresenta, de maneira geral, as temáticas e os conteúdos e a serem
abordados no componente curricular Cultura Goiana, que compõe os itinerários
formativos da Matriz Curricular do Ensino Médio dos CEPMG. Dentre os objetivos
destacam-se: a) possibilitar aos estudantes maior contato com as várias
manifestações culturais de Goiás, ressaltando aspectos sociais, políticos e
econômicos de cada um dos momentos de estudo e integrar os discentes ao
contexto em que vivem, incentivando o protagonismo juvenil mediante os
conhecimentos sobre o Estado em que moram.
Por ser Cultura Goiana um componente
em construção, o Comando de Ensino sentiu a necessidade de disponibilizar, além
do Plano de Ensino, uma diretriz com as temáticas e os conteúdos a serem
ministrados, a cada bimestre em cada série do Ensino Médio, no intuito de
proporcionar a manutenção do padrão de qualidade do Ensino nas Unidades do
CPMG. O material, ora em estruturação, é destinado a ser um suporte aos
docentes Para tanto, recorremos a autores e obras bastante conhecidos, assim
como artigos dissertações, teses, documentos e documentários disponíveis em
meio virtual, que possibilitam mais fácil acesso no atual contexto, mas que
traz aos docentes a necessidade de melhor adaptação didática para o Ensino
Médio, nossa área de atuação. Trata-se de um material referencial, ainda em
elaboração. Portanto, um ponto de partida para que num futuro próximo tenhamos
um material consistente, teórico e metodologicamente, voltado também para as
alunas e os alunos de todas as nossas Unidades do CEPMG.
Comissão Cultura Goiana
Disciplina: Cultura de Goiás
Carga horária semanal: 1 hora/aula
Carga horária bimestral: 10/horas aula
Série: 1ª
Eixo técnico: Goiás Colônia
Objetivos:
· Identificar como ocorreu a ocupação
de Goiás
· Conhecer o roteiro da viagem do
Anhanguera
· Analisar o processo de povoamento do território
goiano pelas Bandeiras
· Analisar as manifestações culturais
goianas no âmbito da formação de identidade cultural do sertão goiano
· Entender Goiás no Sistema Colonial:
Capitania
· Interpretar as funções da igreja no
período
· Conhecer o processo da mineração e
administração em Goiás no século XVII
· Entender a política fiscal nas minas:
o Quinto e o contrabando
· Investigar e conhecer a Procissão do
Fogaréu
Conteúdos:
1.
Povoamento de Goiás
1.1.
Bandeiras auríferas
1.2.
O Anhanguera (filho)
2.
Economia do ouro em Goiás
2.1.
A mineração goiana
2.2.
As minas e o contrabando
Aula 1:
Conteúdo: Povoamento de Goiás
Habilidade: (EM13CHS301)
Objetivo de aprendizagem: (EM13CHS301) Analisar e avaliar os impactos
econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de
recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e
escala de análise, considerando ao modo de vida das populações locais e o
compromisso com a sustentabilidade.
Sugestão de estratégia: o texto a seguir poderá ser usado como um ponto de
partida.
1.
Povoamento de Goiás
Sabemos que o processo de colonização e ocupação do território
brasileiro, se deu a partir do ano de 1532 com o início da atividade
canavieira. Sendo assim, os portugueses se ocuparam inicialmente com a ocupação
do nordeste, região que concentrava o plantio de cana voltado para a fabricação
e exportação de açúcar para o mercado europeu. Outras regiões do Brasil como o
centro-sul, sudeste e norte, ainda não tinham grande importância econômica para
os colonizadores. No caso da região sudeste a principal atividade desenvolvida
com o objetivo de obtenção de lucros era o apresamento e escravização de
indígenas.
Nesse sentido, segundo ( PALACÍM ; MORAES , 2006 ), o território de
Goiás já era percorrido pelas bandeiras quase que desde os primeiros tempos de
colonização. Entretanto , o povoamento das terras goianas , está relacionado ao
desenvolvimento da atividade mineradora , iniciada na colônia brasileira a
partir das últimas décadas do século XVIII : " É costume dizer que o
descobridor de Goiás foi Anhanguera. Isto não significa que ele fosse o
primeiro a chegar a Goiás, mas sim que ele foi o primeiro a vir a Goiás com a
intenção de se fixar aqui " ( PALACÍM ; MORAES , 2006 , p . 9 ). Não
somente Goiás , mas também outras regiões , entre as quais se destaca Minas
Gerais e Mato Grosso, cujo povoamento também está vinculado a exploração das
atividades mineradoras.
Aula 2:
Conteúdo: Bandeiras auríferas
Habilidade: (EM13CHS301)
Objetivo de aprendizagem: (EM13CHS301) Analisar e avaliar os impactos
econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de
recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e
escala de análise, considerando ao modo de vida das populações locais e o
compromisso com a sustentabilidade.
Sugestão de estratégia: o texto a seguir poderá ser usado como um ponto de
partida.
1.1
bandeiras auríferas
A atividade mineradora passou a ser desenvolvida a partir das expedições
exploradoras, conhecidas como entradas e bandeiras. As entradas eram expedições
organizadas pelas autoridades portuguesas, cujo objetivo era explorar o
interior do Brasil, procurar minas e apresar indígenas e escraviza-los. As
bandeiras eram expedições organizadas por particulares, oriundos principalmente
de São Paulo. Tais expedições poderiam sair em busca de indígenas, as chamadas
bandeiras de apresamento. Outras, as bandeiras de sertanismo de contrato,
tinham o objetivo de combater indígenas, considerados hostis aos colonizadores
também destruir os quilombos. E as bandeiras de prospecção, que
objetivavam procurar pedras preciosas:
Em 1690 descobriram-se as minas de ouro de Minas
Gerais. Aquele território até então povoado só por índios, assim como Goiás,
começou a cobrir-se de arraiais e de vilas: Vila Rica, Vila do Carmo, entre
outras. Em 1718, foram descobertas, muito mais para o interior, as minas de
Cuiabá, iniciando-se também o povoamento de Mato Grosso. Foi então que o
Anhanguera, paulista que tinha vivido em Minas Gerais, juntamente com outros
dois parentes, pediu licença ao rei para organizar uma bandeira que viesse a
Goiás buscar minas de ouro ( PALACÍM ; MORAES , 2006 , p . 9 ).
O Anhanguera mencionado acima, é
Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, que quando adolescente acompanhou seu pai,
o também Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera pai, numa expedição as terras
goianas. A expedição do Anhanguera pai, saiu de São Paulo no ano de 1682,
chegando até o território de Goiás, em busca de ouro, o que não foi encontrado
pela bandeira comandada por ele.
Aula 3:
Conteúdo: O Anhanguera(filho)
Habilidade: (EM13CHS301)
Objetivo de aprendizagem: (EM13CHS301) Analisar e avaliar os impactos
econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de
recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e
escala de análise, considerando ao modo de vida das populações locais e o
compromisso com a sustentabilidade.
Sugestão de estratégia: o texto a seguir poderá ser usado como um ponto de
partida.
1.2. O Anhanguera(filho)
Bartolomeu Bueno da Silva, o filho,
nasceu no ano de 1672, em Parnaíba, São Paulo. Faleceu no ano de 1740, na então
Vila de Goiás. Segundo ( GARCIA ; MENEZES , 2008 ), entre as várias bandeiras
que chegaram até o território goiano, a bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva,
o filho, foi a mais importante. Devido ao fato dele ter acompanhado seu pai em
uma expedição que teria encontrado pistas sobre a existência de ouro em solo
goiano. Aos 50 anos de idade, na ocasião em que solicitou junto as autoridades
portuguesas permissão para formar uma bandeira e retornar ao território goiano.
Seu objetivo era seguir a mesma rota feita pelo seu pai no passado.
A bandeira de Bartolomeu Bueno da
Silva, o filho, partiu em direção ao sertão no dia 3 de julho de 1722:
Essa bandeira passou três anos no sertão
de Goiás sem dar notícias ao governador da capitania de São Paulo. Em alguns momentos e você perdeu: às vezes se
distancia muito do roteiro anterior, outras vezes seus componentes se
desentendiam sobre as rotas que tinham que seguir. O fato é que demoraram muito
tempo para encontrar o ouro. Entretanto,
finalmente o encontrou para notícias de suas descobertas, e Bartolomeu, em
outubro de 1725, chegou de volta a São Paulo (GARCIA; MENEZES, 2008, p. 63).
Assim sendo, Bartolomeu Bueno da
Silva, o filho, conseguiu alcançar êxito. Era um bandeirante que dizia que
preferia morrer do que voltar à São Paulo fracassado. Após três anos, desde o
início de sua expedição, no dia 21 de outubro de 1725, voltou triunfante à
capitania de São Paulo. Informando que tinha descoberto cinco veios auríferos,
nas cabeceiras do rio Vermelho, futura cidade de Goiás. Considerados tão ricos
como os que existiam em Cuiabá, no Mato Grosso: " Poucos meses depois da
volta da bandeira, organizou-se em São Paulo, uma nova expedição para explorar
as minas. Bartolomeu Bueno, voltava com o título de superintendente das minas
" ( PALACÍM ; MORAES , 2006 , p . 11 ).
Nesse sentido, o processo de ocupação
e povoamento de Goiás iniciou-se a partir atividade mineradora. Com a bandeira
de Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, que como dissemos acima foi a mais
importante devido ao seu êxito no que diz respeito a descoberta do ouro nas
terras goianas: " Sob o signo do ouro iniciava-se a incorporação de Goiás
na História " ( PALACÍN , 2001 , p.22 ).
Aula 4:
Conteúdo: Economia do ouro em Goiás
Habilidade: (EM13CHS301)
Objetivo de aprendizagem: (EM13CHS301) Analisar e avaliar os impactos
econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de
recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e
escala de análise, considerando ao modo de vida das populações locais e o
compromisso com a sustentabilidade.
Sugestão de estratégia: O texto a seguir poderá ser usado como um ponto de partida.
2.
Economia de ouro em Goiás
Como é sabido, quando a notícia sobre
a descoberta de ouro em Goiás se espalhou, pessoas oriundas de diversas
regiões, inclusive da Europa vieram para o sertão goiano em busca de ouro.
Em poucos anos ocorreram grandes mudanças
no território goiano. Nas proximidades das minas surgiram os primeiros arraais
e os povoados. Santana, Barra, Ferreiro, Anta, Ouro Fino, Santa Rita, Meia
Ponte, Crixás, Pilar, Santa Luzia e Natividade foram os primeiros: " Logo
surgiram os primeiros caminhos, que se transformaram em estradas, unindo os
arraais e também ligando Goiás às Capitanias da Bahia, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, São Paulo e Mato Grosso " ( GARCIA ; MENEZES , 2008 , p . 69 ).
Era a conhecida corrida do ouro não somente em Goiás, mas também em Minas
Gerais e Mato Grosso.
No que diz respeito ao povoamento
determinado pela mineração de ouro, foi irregular, instável e sem nenhum
planejamento. Nos lugares onde era descoberto o ouro, surgia uma povoação e
muitas vezes quando o ouro daquele lugar se esgotava, os mineiros se mudavam
para outros lugares e logo o povoado desaparecia:
Nos vinte primeiros anos de
mineração, quase todo o território de Goiás foi percorrido e vasculhado pelas
bandeiras que, durante o tempo da seca, procuravam novos " descobertos
" de ouro. Mas só surgiram arraiais e se fixavam populações lá onde foi
achado ouro ( PALACIN ; MORAES , 2006 , p. 12 ).
Em diálogo com ( PALACÍN ; MORAES,
2006 ) e ( FREITAS, 2010 ), podemos dizer que a mineração foi a responsável
pelo povoamento do território goiano. E quando ocorre a exaustão dos veios
auríferos, portanto a decadência da atividade mineradora, a população goiana
decresceu.
Aula 5:
Conteúdo: A mineração goiana
Habilidade: (EM13CHS301)
Objetivo de aprendizagem: (EM13CHS301) Analisar e avaliar os impactos
econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de
recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e
escala de análise, considerando ao modo de vida das populações locais e o
compromisso com a sustentabilidade.
2.1
A mineração goiana
O tipo de mineração praticada em
Goiás foi a mais simples e rudimentar. Não foram contratados profissionais
técnicos para o exercício da mineração. No período colonial a forma como o ouro
deveria ser explorado era determinado de acordo com a localização do mesmo.
Podiam ser encontrados nos morros, nos leitos de rios e nos córregos:
Os morros eram perfurados, abrindo-se túneis, até chegar ao metal. Nos
rios e córregos, retirava-se o cascalho, que era levado com uma betéia¹
[bateia] [Notas de rodapé: na página final] para, só assim extrair o ouro.
Esse método ficou conhecido como mineração de cascalho – o mais usado em Goiás
(ARRAIAS; OLIVEIRA, 2011,p.55).
A mineração de cascalho, segundo ( PALACÍN
, 2001 ), poderia ser de veio de rio, de taboleiros ou de gupiara² . A
mineração de veio de rio, era a mais simples, a primeira que foi praticada no
território goiano, nos leitos de córregos e em pequenos rios. Como o cascalho
era pouco profundo, conhecido também como " cascalho virgem ",
possuindo assim muitos sedimentos de ouro: " bastava lavá-lo, agitando-o
na bateia, para que o ouro, mais pesado, ficasse sedimentado " ( 2001 ,
p.63 ). Em casos mais extremos, a correnteza dos rios poderia ser desviada com
a ajuda de barragens.
Os taboleiros ou gupiara, eram
terrenos planos, localizados às margens dos rios. Possuíam cascalhos mais
ralos, com pouca espessura: " Na história das minas, sua exploração foi
conhecida e praticada pouco depois da do leito dos rios. Faziam-se " catas
", perfurações cônicas, às vezes profundas para extrair o cascalho "
( PALACÍN , 2001 , p.64 ).
Segundo ( PALACIN , 2001 ), a
mineração de morro, era muito mais dispendiosa do que as outras modalidades de
mineração, pois era necessários conhecimentos técnicos a respeito da mineração.
Esta modalidade de mineração quase não foi praticada no território de Goiás.
Sendo portanto, a exploração superficial, conhecida como mineração de cascalho
a mais empregada no território de Goiás.
O ciclo do ouro em Goiás foi intenso, porém
breve. Cerca de 50 anos após a descoberta do ouro em Goiás, passou-se a
verificar a sua decadência.
A mineração em Goiás, não diferente de outras
atividades econômicas desenvolvidas no Brasil colonial e imperial, foi
realizada com mão de obra escrava.
No inicio da mineração, os indígenas eram
capturados e escravizados para trabalhar nas minas. Tempos depois o trabalho
passou a ser realizado por africanos escravizados: “Os escravos pretos
importados nesta qualidade da África, e seus descendentes constituíram de
início a maior parte da população das minas” (PALACÍN; MORAES, 2006, P. 31).
Tanto é que, ser rico, um minerador poderoso da capitania de Goiás, era
prerrogativa daqueles que tinham no mínimo 250 pessoas escravizadas. E muitos
mineiros possuíam até mais de 250 escravizados.
Aula 6
Conteúdo: As minas e o contrabando
Habilidade: (EM13CHS301)
Objetivo de Aprendizagem: (EM13CHS301) Analisar e avaliar os impactos
econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de
recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e
escala de análise, considerando ao modo de vida das populações locais e o
compromisso com a sustentabilidade.
Sugestão de estratégia: O texto a seguir pode ser usado como um ponto de
partida.
2.2
As minas e o contrabando
O território de Goiás até o ano de
1749, pertenceu à capitania de São Paulo. Devido ao seu crescimento
populacional e também sua importância econômica, a coroa portuguesa decidiu
elevar Goiás à categoria de capitania, portanto tornou-o independente de São
Paulo. Neste mesmo ano o primeiro governador de Goiás, Conde dos Arcos,
chegou a Vila Boa. O governador era a autoridade principal das capitanias:
“responsável pela administração e pela aplicação de leis. Comandava o exército,
composto de soldados e profissionais de cavalaria – os famosos dragões – e
pedestres” (PALACÍN; MORAES, 2006, p. 30). Inaugurado assim, a estrutura
administrativa da capitania de Goiás.
Segundo (PALACIN MORAES, 2006), de
acordo com o direito português, todos os produtos minerais encontrados nas
possessões portuguesas, eram considerados propriedade do rei. No entanto, como
o rei não intencionava realizar a exploração, mediante o pagamento do quinto,
um imposto correspondente à quinta parte da produção liquida dos minerais.
Nesse sentido, sempre que o rei
concedia permissão para que as bandeiras procurassem metais preciosos (como foi
o caso da permissão concedida ao bandeirante paulista Bartolomeu Bueno da
Silva, a filho). exigia que o quinto fosse pago. Esse direito não era discutido
por ninguém. Entretanto, muitos mineradores acreditavam burlavam tal direito,
mediante o contrabando.
O contrabando era a retirada do ouro
para outras capitanias, ou mesmo para outros países, sem o pagamento do quinto.
Mesmo não sendo possível precisar a quantidade de ouro contrabandeado na
capitania de Goiás, é sabido que ele foi muito alto: "Em Goiás, parece que
foi mais praticado no norte que no sul, possivelmente por ser menor a
vigilância naquelas regiões afastadas" (PALACIN: MORAES, 2006, p. 21).
Para evitar o contrabando, o imposto em
relação ao ouro em Goiás, entre os anos de 1736-1751, foi cobrado através da
capitação. Pensando que poderia ser mais fácil controlar o número de escravos
que cada minerador possuía do que o ouro extraído por eles, a Coroa portuguesa
determinou que o imposto seria pago por cabeça de escravos. O que significava
que o minerador pagava um imposto fixo de acordo com o número de escravos que
tivesse, independente da ocupação do escravo ou mesmo do que ele conseguia
produzir nas minas:
Depois foi abolido, pois os mineiros
reclamavam que era injusto que todos pagassem o mesmo: o dono de uma lavra
muito rica, em que o rendimento do escravo era alto, e o que trabalhava em uma
"data" pobre ou melo esgotada, que mal dava para pagar o custo do
escravo (PALACIN; MORAES, 2006, p. 21).
Segundo (PALACIN; MORAES, 2006),
quando o sistema de capitação foi abolido, o quinto propriamente dito voltou a
ser cobrado. O ouro em pó era pesado em pequenas balanças. E esse ouro em pó
funcionava como moeda na capitania de Goiás. Praticamente tudo na capitania era
comprado e vendido com ouro em pó. Para levar o ouro para fora da capitania, o
mineiro deveria levar o ouro para a casa de fundição. Havia duas casas de
fundição: uma em Vila Boa e outra em São Felix. Lá o ouro era fundido,
transformado em barras. Cada barra recebia um selo real. A parte que
correspondia ao quinto era retirada e a outra parte era devolvida ao
proprietário.
Devido à grande
quantidade de ouro contrabandeado, e também a falta de dados mais precisos a
respeito do quinto, é impossível precisar a quantidade de ouro extraída do
território de Goiás: "Mas suprindo os anos que faltam pelos dados
conhecidos, podemos afirmar que o quinto, nos 100 anos que vão até a
Independência, subiu aproximadamente a 20.000 kg, sendo portanto, a produção
declarada de 100.000 kg (PALACIN: MORAES, 2006, p. 22). Pode se dizer produção
de ouro foi subindo desde da descoberta dos velos auríferos até 1753, que foi o
ano mais elevado. A partir de então, a produção foi entrando em decadência até
quase desaparecer no ano de 1822.
Conforme
podemos observar a partir dos dados apresentados acima, a capitania de Goiás
foi considerada a segunda malar produtora de ouro do Brasil colonial, apesar de
ficar bem atrás da capitania de Minas Gerais, sua produção foi um pouco
superior à capitania de Mato Grosso.
Aula 7
Habilidade: (EM13CHS301)
Objetivo de aprendizagem: (EM13CHS301) Analisar e avaliar os impactos
econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de
recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e
escala de análise, considerando ao modo de vida das populações locais e o
compromisso com a sustentabilidade.
Sugestão estratégica: O texto a seguir poderá ser usado como ponto de partida.
2.3
O povoamento de Goiás e a decadência da mineração
Com a crise na produção
aurífera nas últimas décadas do século XVIII, a população goiana diminuiu e
também ruralizou-se. As importações e exportações diminuíram, afetando assim o
comércio. A população que migrou para a zona rural, passou a dedicar-se à
criação de gado ou a agricultura: "Nascia uma economia agrária, fechada,
de subsistência, produzindo apenas algum excedente para aquisição de gêneros
essenciais, como o sal, ferramentas, etc" (PALACIN; MORAES, 2006, p.79).
Um cenário marcado pela pobreza da sociedade goiana e que não altera-se com a
independência politica e jurídica do Brasil e a transformação da capitania em
província.
Assim
sendo, nas últimas décadas do século XVIII e inicio do século XIX, podemos
observar que a população goiana diminui e ruraliza-se com o esgotamento dos
velos auríferos no final do século XVIII: de uma população radicada quase
exclusivamente em centros urbanos-por pequenas que estas povoações fossem-,
passa-se a dispersão atomizada da população pelos campos (PALACIN, 1994,
p.150). Devido ao desenvolvimento da agropecuária já nas primeiras décadas do
século XIX, a população volta a crescer. Crescimento que acompanhado da
diminuição do número de pessoas escravizadas:
Paralelamente à decadência da
mineração, ocorreu o esfacelamento da instituição escrava. Nos primeiros tempos
de povoamento, pode-se avaliar uma relação de três escravos para um homem
livre, considerando-se como livres os mulatos e os forros. O censo de 1804
indicou que 3/5 da população goiana era constituída de homens livres. Note-se
que neste período, registrava-se a fase de transição da economia aurífera para
a agropecuária. (Palacin Moraes, 2006 p. 79)
Além da própria crise aurífera, contribuir para a diminuição do número de escravizados
e da população goiana como um todo, a partir das últimas décadas do século
XVIII, (PALACIN; MORAES, 2006) ressaltam que a diminuição do número de
escravizados na sociedade goiana, pode ser explicado também pela própria
conjuntura nacional brasileira. A partir das primeiras décadas do século XIX,
devido a pressões da Inglaterra pelo fim da escravidão no Brasil, os preços dos
escravos passaram a ser muito elevados. Diante desta alta dos preços, os
fazendeiros foram percebendo que contratar um trabalhador livre pagando baixos
salários seria mais lucrativo. Em paralelo a este cenário, surgiu também na
sociedade goiana pessoas com sentimentos humanitários de libertação dos negros
escravizados: "As causas desta diminuição foram morte natural, não
aquisição de novos escravos, exportação de mão-de-obra para as províncias
vizinhas e ainda a ação libertaria do fundo emancipatório goiano e das
sociedades abolicionistas goianas" (PALACIN; MORAES, 2006, p.80).
NOTAS DE RODAPÉ:
1.Batéia: Objeto parecido com uma
bacia, utilizada para separar o ouro do cascalho.
2.Gupiara: Trata-se de um cascalho
mais ralo, encontrado nas cristas dos morros.
Tabuleiro [taboleiro]: “[Brasil] Planaltos
quase no mesmo nível mas separados por escarpas.” (DICIO – Dicionário Online de
Português. Verbete: Tabuleiro. In: < https://www.dicio.com.br/tabuleiro/ > Acesso em
01/03/2023.)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ARRAIS, Cristiano Alencar; OLIVEIRA, Eliezer Cardoso de. História
de Goiás, 4º ou 5º ano do Ensino Fundamental. São Paulo: Scipione, 2011.
FREITAS, Lázara Alzira de. História de Goiás – do povoamento aos
trilhos do progresso. Goiânia: Kelps, 2010.
GARCIA, Leônidas Franco; MENEZES, Sônia Maria dos Santos. História
de Goiás, 4º ano ou 5º ano: Ensino Fundamental. São Paulo, Scipione, 2008.
MENEZES, Marco Antônio de. Goyaz urbano na primeira metade do
século XIX: imagens dos viajantes. In: Anais do XXIX Simpósio Nacional de
História, 2017.
MORAES, Maria Augusta de Sant’Anna; PALACIN, Luís. História de
Goiás. 6.ed. Goiânia: Ed. da UCG, 2006.
PALACÍN, Luís. O século do ouro em Goiás: 1722-1822, estrutura e
conjuntura numa capitania de minas. 4.ed. Goiânia Ed. da UCG, 1994.
INDICAÇÕES COMPLEMENTARES:
A MINERAÇÃO EM GOIÁS E O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO, 2010. In: < http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2014-01/a-mineracao-em-goias-e-o-desenvolvimento-do-estado.pdf > Acesso em [década de 2010].
A PROCISSÃO DO FOGARÉU NA CIDADE DE GOIÁS – IDENTIDADE, CULTURA E
TERRITÓRIO: O TURISMO E AS NOVAS TENDÊNCIAS, 2009. In: < https://revistas.ufg.br/bgg/article/view/18960/11177 > Acesso (novo) em 01 de março de 2023.
AS MULHERES OU OS SILÊNCIOS DA PROCISSÃO DO FOGARÉU, 2011. In: < file:///C:Users/User/Downloads/13395-Texto%20do%20artigo-62456-1-10-20110902.pdf > Acesso em [década de 2010].
CASTRO, José Luiz de. A Organização da Igreja Católica na Capitania de
Goiás (1726-1824). Goiânia-GO, UCG, 2006. In: < https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/113/o/CASTRO__Jos__Luiz_de._1998.pdf > Acesso (novo) em 01 de março de
2023.
POLONIAL, Juscelino. Terra do Anhanguera – História de Goiás. 3.ed.
Goiânia: Kelps/Leart, 2006.
SOUZA, Cibele de; CARNEIRO, Maria Esperança F. Retrospectiva Histórica
de Goiás – da colônia à atualidade. Goiânia: Cultura Goiana, 1996.
SILVA E SOUZA, Luiz Antônio da. O descobrimento da capitania de Goyaz.
Goiânia: Editora da UFG, 1967.
SALES, Gika V. F. Economia e Escravidão na capitania de Goiás.
Goiânia: Editora da UFG, 1992.
POLONIAL, Juscelino. Terra do Anhanguera – História de Goiás. 3.ed.
Goiânia: Kelps/Leart, 2006.
COMISSÃO CULTURA GOIANA
Tenente Marcus
Vinícius Jorge Batista
Coordenador –
Comando de Ensino
Amélia
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CEPMG
Hugo de Carvalho Ramos
Gisélia
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CEPMG
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João
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CEPMG
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Lúbia
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CEPMG
Nader Alves dos Santos
Margareth
Catima de Queiroz
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Sheila
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CEPMG
Dr. César Toledo
Tânia
Maria de Oliveira
CEPMG
Dr. Cesar Toledo
Contato:
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