COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
SEGUNDO BIMESTRE
AULA 17 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DOS
SEGUNDOS ANOS:
O POVOAMENTO DE GOIÁS E
AS CORRENTES MIGRATÓRIAS:
Habilidades
*Entender a cronologia do processo de
povoamento no território goiano.
*Compreender a população indígena no período
colonial.
*Identificar aspectos Político-Administrativo
do Estado de Goiás.
*Compreender a formação das famílias e o
desenvolvimento das Oligarquias em Goiás.
*Compreender a população indígena no período
colonial.
*Entender a formação das comunidades
quilombolas em Goiás.
*Identificar a simplicidade da arquitetura
colonial da cidade de Goiás.
O POVOAMENTO DE GOIÁS – ASPECTOS GERAIS HISTÓRICOS
(Prof. José Antônio Brazão.):
Goiás, havia muitos
séculos, era habitado por indígenas provindos de tribos que, segundo muitos
estudiosos creem, desceram da América do Norte, advindas da Ásia por meio do
Estreito de Bering (entre o Alaska e norte da Rússia).
Por volta dos séculos
XVII e XVIII, com a colonização que já vinha ocorrendo no Brasil, a presença
cada vez mais acentuada dos chamados bandeirantes, provenientes de São Paulo
(uma das capitanias existentes no Brasil sob a direção da Coroa Portuguesa).
[Ver Apostila do Comando de Ensino da Polícia Militar de Goiás sobre a Cultura
Goiana, do segundo bimestre, do primeiro ano.]
À presença de indígenas
somou-se a presença de portugueses (brancos) e negros escravizados trazidos da
África – fatos de grande importância para a formação social, histórica e
cultural do Brasil e, particularmente, de Goiás. Essa soma de raças e povos
traria a riqueza da miscigenação (mistura) goiana, bem como de sua cultura, até
mesmo de sua alimentação tradicional. Até mesmo festas religiosas, em
diferentes partes do Estado de Goiás, carregam consigo marcas profundas dessa
presença de raças e povos. Em Catalão, por exemplo, as Congadas, nascidas com
escravos negros, são anuais. Etc.
A busca do ouro seria
vital e, por conta de sua descoberta, arraiais, vilas e cidadezinhas viriam a
ser formadas, como Corumbá de Goiás, Pirenópolis e Goiás (antiga Vila Boa). Com
o ouro, Goiás se tornaria capitania e teria a sede de seu Governo na Cidade de
Goiás.
De acordo com o site do
Governo de Goiás: “O nome do Estado tem origem na denominação da tribo indígena
‘guaiás’ [índios goyazes] que, por corruptela, se tornou Goiás. Vem do
termo tupi ‘gwaya’, que quer dizer ‘indivíduo igual, gente semelhante, da mesma
raça’.” (GOVERNO
DE GOIÁS. História. Disponível em: < https://www.goias.gov.br/conheca-goias/historia.html > Acesso em 20/05/2023.)
Os dois bandeirantes que
marcaram decisivamente a história da formação de Goiás foram Bartolomeu Bueno
da Silva, o pai, apelidado Anhanguera, e o filho, de mesmo nome e com mesmo
apelido herdado do pai.
Os dois Bartolomeus não
foram os primeiros – a busca de minerais, principalmente ouro, pedras
preciosas, índios para escravizar e terras a desbravar foram muito comuns
antes. Mas foram o pai e o filho citados – os Anhanguera – que deixariam marcas
em Goiás.
Ainda de acordo com o
site do Governo de Goiás: “A Bandeira [do Anhanguera filho] saiu de São Paulo
em 3 de julho de 1722. O caminho já não era tão difícil como nos primeiros
tempos. Três anos depois, os bandeirantes voltaram triunfantes a São Paulo,
divulgando a descoberta de cinco córregos auríferos, minas tão ricas quanto as
de Cuiabá, com ótimo clima e fácil comunicação.” (GOVERNO DE GOIÁS. Op. Cit.)
Nova expedição surgiria,
exploratória: Bartolomeu Bueno da Silva, filho, superintendente das minas; João
Leite da Silva Ortiz, guarda-mor. A expedição ocuparia a região do Rio
Vermelho, onde surgiria o arraial de Sant’Ana (depois, Vila Boa e, mais
adiante: Cidade de Goiás). [Resumo] (Idem.)
Ouro – uns 50 anos em
Goiás. Decadência. Tipo de mineração mais comum: ouro de aluvião, “isto é, das
margens dos rios, e a técnica empregada era rudimentar” (Idem, ibidem).
1749: Goiás, capitania,
livre de São Paulo.
Decadência do ouro –
dificuldades. A riqueza não viria mais com tal facilidade. A sociedade goiana
voltou-se para o setor rural, com uma agricultura e uma pecuária de
subsistência (plantar produtos e criar animais para alimentação própria).
Processo gradual de
independência, a partir de 1822: gradual. Juntas administrativas e “disputas
pelo poder entre os grupos locais” (fazendeiros e agropecuaristas,
principalmente) (Idem, ibidem). Vale lembrar a constituição do CORONELISMO em
Goiás.
De acordo com Frederico
Oliveira da Paixão e Margot Riemann Costa e Silva:
“ Segundo Campos (1983), o Coronelismo no Estado de Goiás
diferenciou-se de outras regiões pela situação de isolamento geográfico,
político, social, econômico e de comunicação do estado com o centro hegemônico
do poder nacional. Não havia interesse federal na intervenção e/ou interação
com esta região, a qual se mantinha baseada unicamente na pecuária de corte
após a fase aurífera. Devido a este isolamento o Estado de Goiás se tornou
ambiente propício à formação de uma engrenagem política, comum no Brasil na
“República Velha”, chamada de Política dos Coronéis. Os coronéis eram
fazendeiros, grandes proprietários de terras, que detinham o poder econômico,
social, político e militar da região. Eram apoiados e envolvidos na política
estadual e até federal, em contrapartida, garantiam apoio eleitoral aos
candidatos indicados pelos governantes por força do voto de cabresto, estes por
sua vez, davam “carta branca” (total liberdade) a estes fazendeiros em seus
domínios. A manutenção do poder baseava-se na adequada manipulação do orçamento
e pela reprodução do atraso, assim, mantinha-se a população em situação de
dependência frente os chefes políticos, além de evitar-se fiscalizações e
intervenções federais que pusessem em risco o poder local.” (DA PAIXÃO, Frederico Oliveira e COSTA E SILVA, Margot
Riemann. A
FORMAÇÃO HISTÓRICA DO TERRITÓRIO GOIANO E A POLÍTICA CORONELÍSTICA.
Disponível em: < https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/estudos/article/viewFile/2913/1783
> Acesso em 20/05/2023.) (grifo meu)
Década de 1930, com Pedro
Ludovico Teixeira, interventor-governador definido por Getúlio Vargas para
Goiás, contando com o apoio deste, deu andamento à mudança da capital da Cidade
de Goiás para Goiânia.
1940: Crescimento rápido
– fatores: “a construção de Goiânia, o desbravamento do mato grosso goiano, e a
campanha nacional “Marcha para o Oeste”, que culmina na década de
50 com a construção de Brasília, e imprimem um ritmo acelerado ao progresso de
Goiás.” (GOVERNO DE GOIÁS. Texto citado, ver acima.)
Para esclarecer, a
“Marcha para o Oeste” foi um esforço do governo federal, que tinha, então,
capital na cidade do Rio de Janeiro, e que incentivou o aumento populacional e
o adentramento, cada vez maior, de brasileiros em direção ao interior do país,
o que culminaria, de fato, com a construção de Brasília e a mudança da capital
brasileira para o centro do país, na década de 1950, por meio do Presidente Juscelino
Kubitschek .
Década de 1960: desenvolvimento
– Goiás: “grande exportador de commodities agropecuárias [produtos
agrícolas e carne], com destaque para o rápido processo de industrialização.
Hoje, está inserido no comércio nacional, aprofundando e
diversificando, a cada dia, suas relações com os grandes centros comerciais.”
(GOVERNO DE GOIÁS. Texto citado, ver acima.)
Décadas de 1970 e 1980
adiante: modernização agrícola. Mais desenvolvimento. Expansão. Exportações.
Conexões com a indústria do Estado. Vale lembrar que Goiás tem indústrias de
laticínios, frigoríficos aprimorados, indústrias de alimentos os mais diversos,
tudo ligado ao setor agrícola e à pecuária. Há outras indústrias também, como
as químicas.
Agricultura – impulso ao
setor agroindustrial. Setor público: “essencial para a estruturação dessas
atividades no território goiano. As culturas priorizadas foram, principalmente,
a soja, o milho e, mais recentemente, a cana-de-açúcar. Tais culturas foram
selecionadas devido ao seu maior potencial exportador e maior encadeamento com
a indústria.” (GOVERNO DE GOIÁS. Idem, ibidem.)
1988: Goiás desmembrado –
Estado de Goiás e Estado de Tocantins. Por força de políticos junto ao
Congresso Nacional Brasileiro.
Década de 1990:
diversificação do setor industrial – “crescimento de atividades do setor de
fabricação de produtos químicos, farmacêuticos, veículos automotores e produção
de etanol. Fator responsável pela atração desse capital foram os programas de
incentivos fiscais estaduais implementados a partir da década de 1980.” (GOV.
DE GOIÁS. Idem, ibidem.)
Dinamismo econômico.
Redistribuição populacional territorial – êxodo rural. Novas formas de
produção, intensivas (uso de máquinas e produção mais rápida, em menos tempo e
com qualidade).
Êxodo rural: “As cidades
que receberam a maior parte desses migrantes do campo foram a capital, Goiânia,
as cidades da região do Entorno de Brasília, como Luziânia e Formosa,
e as cidades próximas às regiões que desenvolveram o agronegócio, como Rio
Verde, Jataí, Cristalina e Catalão.”
(GOVERNO DE GOIÁS. Idem, ibidem.) A ida para cidades grandes evidencia-se pela
possibilidade de conseguir emprego, buscar tratamento de saúde, possibilidade
de melhoria de vida, acesso maior à educação, ao lazer, entre outras coisas
disponíveis em cidades e, mais ainda, em cidades grandes. A vontade de querer
crescer, com um emprego melhor, com certeza, foi e é um fator impulsionador do
desejo de mudança de muita gente.
“Goiás também se tornou um local de alto fluxo migratório
nas últimas décadas, sendo considerado um dos Estados com maior fluxo
migratório líquido do país. As principais razões para esse alto fluxo
migratório são a localização estratégica, que interliga praticamente todo o
país por eixos rodoviários, o dinamismo econômico e também a proximidade com a
capital federal, Brasília.” (GOVERNO DE GOIÁS. Idem, ibidem.)
De fato, a qualidade de
muitas estradas goianas, em que trafegam milhares e milhares de veículos
automotores por dia, é boa. Nas últimas décadas, a obtenção de recursos
federais tem ajudado na construção e manutenção dessas estradas. É claro, em
alguns lugares se fazem necessárias melhoras. Mas os passos tem sido dados. Com
as estradas, o tráfego de mercadorias, inclusive, veio a se tornar cada vez
maior, entre os séculos XIX e XX, em Goiás. Goiás já teve também uma rede de
vias férreas! Perto da Estação Rodoviária de Goiânia, há, por exemplo, a antiga
estação de trens, os quais percorriam diferentes regiões do Estado. Com o
passar do tempo, porém, as vias férreas, em Goiás e em outros lugares do Brasil,
viriam a dar lugar às rodovias asfaltadas e estradas de chão que ainda há, ou
seja, ao setor rodoviário, com estradas sob a jurisdição do Governo de Goiás
(GOs) e aquelas que estão sob a jurisdição federal (BRs), por onde circulam
milhares de pessoas e mercadorias diariamente.
No
que diz respeito às TELECOMUNICAÇÕES EM GOIÁS, trataremos delas em uma aula
posterior. Para dar uma pequena informação, o site do Governo de Goiás fala da
Matutina Meiapontense. Vejamos:
“Oito anos após a formação de um Brasil
independente, em 1830, o intelectual e comerciante de Goiás, Joaquim Alves de
Oliveira, financiou a compra de um maquinário tipográfico importado da
Inglaterra com o objetivo de levar para antigo Arraial de Meia Ponte (atual
Cidade de Pirenópolis) o primeiro jornal de todo o Centro-Oeste brasileiro: A
Matutina Meiapontense. O periódico circulou por quatro anos (1830-1834) e era
distribuído, além de Goiás, para Mato Grosso e Minas Gerais. A Matutina
funcionou também como o primeiro Diário Oficial do Estado, imprimindo as atas
das sessões das câmaras legislativas de Goiás, e narrou o principal
acontecimento do Brasil na época: a abdicação do imperador D. Pedro I, em abril
de 1831. Durante os quatro anos de circulação, A Matutina Meiapontense,
noticiava os fatos daquela época, mas também recebia várias correspondências
dos seus leitores, estimulando, pela primeira vez, a interação mediada por um
veículo de comunicação e se tornando o maior símbolo da modernidade em Goiás.”
(GOVERNO DE
GOIÁS. História. Disponível em: < https://www.goias.gov.br/conheca-goias/historia.html > Acesso em 20/05/2023.)
Sem sombra de dúvida,
qualquer desenvolvimento, seja ele econômico, cultural, científico, industrial
ou outro, em Goiás e em quaisquer estados do Brasil, depende, necessariamente,
de boas comunicações. Tema de estudo posterior.
REFERÊNCIAS:
DA PAIXÃO, Frederico Oliveira e COSTA E
SILVA, Margot Riemann. A FORMAÇÃO HISTÓRICA DO TERRITÓRIO GOIANO
E A POLÍTICA CORONELÍSTICA. Disponível em: < https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/estudos/article/viewFile/2913/1783
> Acesso em 20/05/2023.
GOVERNO DE GOIÁS. História. Disponível em: < https://www.goias.gov.br/conheca-goias/historia.html >
Acesso em 20/05/2023.
ROMEIRO,
Julieta et alii. Diálogo Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São Paulo, Moderna, 2020. (Seis volumes.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário