domingo, 21 de maio de 2023

SEGUNDO BIMESTRE - AULA 17 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DOS SEGUNDOS ANOS: O POVOAMENTO DE GOIÁS E AS CORRENTES MIGRATÓRIAS (Prof. José Antônio Brazão.)

  

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica


SEGUNDO BIMESTRE

AULA 17 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DOS SEGUNDOS ANOS:

O POVOAMENTO DE GOIÁS E AS CORRENTES MIGRATÓRIAS:

Habilidades

*Entender a cronologia do processo de povoamento no território goiano.

*Compreender a população indígena no período colonial.

*Identificar aspectos Político-Administrativo do Estado de Goiás.

*Compreender a formação das famílias e o desenvolvimento das Oligarquias em Goiás.

*Compreender a população indígena no período colonial.

*Entender a formação das comunidades quilombolas em Goiás.

*Identificar a simplicidade da arquitetura colonial da cidade de Goiás.

O POVOAMENTO DE GOIÁS – ASPECTOS GERAIS HISTÓRICOS (Prof. José Antônio Brazão.):

Goiás, havia muitos séculos, era habitado por indígenas provindos de tribos que, segundo muitos estudiosos creem, desceram da América do Norte, advindas da Ásia por meio do Estreito de Bering (entre o Alaska e norte da Rússia).

Por volta dos séculos XVII e XVIII, com a colonização que já vinha ocorrendo no Brasil, a presença cada vez mais acentuada dos chamados bandeirantes, provenientes de São Paulo (uma das capitanias existentes no Brasil sob a direção da Coroa Portuguesa). [Ver Apostila do Comando de Ensino da Polícia Militar de Goiás sobre a Cultura Goiana, do segundo bimestre, do primeiro ano.]

À presença de indígenas somou-se a presença de portugueses (brancos) e negros escravizados trazidos da África – fatos de grande importância para a formação social, histórica e cultural do Brasil e, particularmente, de Goiás. Essa soma de raças e povos traria a riqueza da miscigenação (mistura) goiana, bem como de sua cultura, até mesmo de sua alimentação tradicional. Até mesmo festas religiosas, em diferentes partes do Estado de Goiás, carregam consigo marcas profundas dessa presença de raças e povos. Em Catalão, por exemplo, as Congadas, nascidas com escravos negros, são anuais. Etc.

A busca do ouro seria vital e, por conta de sua descoberta, arraiais, vilas e cidadezinhas viriam a ser formadas, como Corumbá de Goiás, Pirenópolis e Goiás (antiga Vila Boa). Com o ouro, Goiás se tornaria capitania e teria a sede de seu Governo na Cidade de Goiás.

De acordo com o site do Governo de Goiás: “O nome do Estado tem origem na denominação da tribo indígena ‘guaiás’ [índios goyazes] que, por corruptela, se tornou Goiás. Vem do termo tupi ‘gwaya’, que quer dizer ‘indivíduo igual, gente semelhante, da mesma raça’.” (GOVERNO DE GOIÁS. História. Disponível em: < https://www.goias.gov.br/conheca-goias/historia.html > Acesso em 20/05/2023.)

Os dois bandeirantes que marcaram decisivamente a história da formação de Goiás foram Bartolomeu Bueno da Silva, o pai, apelidado Anhanguera, e o filho, de mesmo nome e com mesmo apelido herdado do pai.

Os dois Bartolomeus não foram os primeiros – a busca de minerais, principalmente ouro, pedras preciosas, índios para escravizar e terras a desbravar foram muito comuns antes. Mas foram o pai e o filho citados – os Anhanguera – que deixariam marcas em Goiás.

Ainda de acordo com o site do Governo de Goiás: “A Bandeira [do Anhanguera filho] saiu de São Paulo em 3 de julho de 1722. O caminho já não era tão difícil como nos primeiros tempos. Três anos depois, os bandeirantes voltaram triunfantes a São Paulo, divulgando a descoberta de cinco córregos auríferos, minas tão ricas quanto as de Cuiabá, com ótimo clima e fácil comunicação.” (GOVERNO DE GOIÁS. Op. Cit.)

Nova expedição surgiria, exploratória: Bartolomeu Bueno da Silva, filho, superintendente das minas; João Leite da Silva Ortiz, guarda-mor. A expedição ocuparia a região do Rio Vermelho, onde surgiria o arraial de Sant’Ana (depois, Vila Boa e, mais adiante: Cidade de Goiás). [Resumo] (Idem.)

Ouro – uns 50 anos em Goiás. Decadência. Tipo de mineração mais comum: ouro de aluvião, “isto é, das margens dos rios, e a técnica empregada era rudimentar” (Idem, ibidem).

1749: Goiás, capitania, livre de São Paulo.

Decadência do ouro – dificuldades. A riqueza não viria mais com tal facilidade. A sociedade goiana voltou-se para o setor rural, com uma agricultura e uma pecuária de subsistência (plantar produtos e criar animais para alimentação própria).

Processo gradual de independência, a partir de 1822: gradual. Juntas administrativas e “disputas pelo poder entre os grupos locais” (fazendeiros e agropecuaristas, principalmente) (Idem, ibidem). Vale lembrar a constituição do CORONELISMO em Goiás.

De acordo com Frederico Oliveira da Paixão e Margot Riemann Costa e Silva:

“ Segundo Campos (1983), o Coronelismo no Estado de Goiás diferenciou-se de outras regiões pela situação de isolamento geográfico, político, social, econômico e de comunicação do estado com o centro hegemônico do poder nacional. Não havia interesse federal na intervenção e/ou interação com esta região, a qual se mantinha baseada unicamente na pecuária de corte após a fase aurífera. Devido a este isolamento o Estado de Goiás se tornou ambiente propício à formação de uma engrenagem política, comum no Brasil na “República Velha”, chamada de Política dos Coronéis. Os coronéis eram fazendeiros, grandes proprietários de terras, que detinham o poder econômico, social, político e militar da região. Eram apoiados e envolvidos na política estadual e até federal, em contrapartida, garantiam apoio eleitoral aos candidatos indicados pelos governantes por força do voto de cabresto, estes por sua vez, davam “carta branca” (total liberdade) a estes fazendeiros em seus domínios. A manutenção do poder baseava-se na adequada manipulação do orçamento e pela reprodução do atraso, assim, mantinha-se a população em situação de dependência frente os chefes políticos, além de evitar-se fiscalizações e intervenções federais que pusessem em risco o poder local.” (DA PAIXÃO, Frederico Oliveira e COSTA E SILVA, Margot Riemann. A FORMAÇÃO HISTÓRICA DO TERRITÓRIO GOIANO E A POLÍTICA CORONELÍSTICA. Disponível em: < https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/estudos/article/viewFile/2913/1783 > Acesso em 20/05/2023.) (grifo meu)

Década de 1930, com Pedro Ludovico Teixeira, interventor-governador definido por Getúlio Vargas para Goiás, contando com o apoio deste, deu andamento à mudança da capital da Cidade de Goiás para Goiânia.

1940: Crescimento rápido – fatores: “a construção de Goiânia, o desbravamento do mato grosso goiano, e a campanha nacional “Marcha para o Oeste”, que culmina na década de 50 com a construção de Brasília, e imprimem um ritmo acelerado ao progresso de Goiás.” (GOVERNO DE GOIÁS. Texto citado, ver acima.)

Para esclarecer, a “Marcha para o Oeste” foi um esforço do governo federal, que tinha, então, capital na cidade do Rio de Janeiro, e que incentivou o aumento populacional e o adentramento, cada vez maior, de brasileiros em direção ao interior do país, o que culminaria, de fato, com a construção de Brasília e a mudança da capital brasileira para o centro do país, na década de 1950, por meio do Presidente Juscelino Kubitschek .

Década de 1960: desenvolvimento – Goiás: “grande exportador de commodities agropecuárias [produtos agrícolas e carne], com destaque para o rápido processo de industrialização. Hoje, está inserido no comércio nacional, aprofundando e diversificando, a cada dia, suas relações com os grandes centros comerciais.” (GOVERNO DE GOIÁS. Texto citado, ver acima.)

Décadas de 1970 e 1980 adiante: modernização agrícola. Mais desenvolvimento. Expansão. Exportações. Conexões com a indústria do Estado. Vale lembrar que Goiás tem indústrias de laticínios, frigoríficos aprimorados, indústrias de alimentos os mais diversos, tudo ligado ao setor agrícola e à pecuária. Há outras indústrias também, como as químicas.

Agricultura – impulso ao setor agroindustrial. Setor público: “essencial para a estruturação dessas atividades no território goiano. As culturas priorizadas foram, principalmente, a soja, o milho e, mais recentemente, a cana-de-açúcar. Tais culturas foram selecionadas devido ao seu maior potencial exportador e maior encadeamento com a indústria.” (GOVERNO DE GOIÁS. Idem, ibidem.)

1988: Goiás desmembrado – Estado de Goiás e Estado de Tocantins. Por força de políticos junto ao Congresso Nacional Brasileiro.

Década de 1990: diversificação do setor industrial – “crescimento de atividades do setor de fabricação de produtos químicos, farmacêuticos, veículos automotores e produção de etanol. Fator responsável pela atração desse capital foram os programas de incentivos fiscais estaduais implementados a partir da década de 1980.” (GOV. DE GOIÁS. Idem, ibidem.)

Dinamismo econômico. Redistribuição populacional territorial – êxodo rural. Novas formas de produção, intensivas (uso de máquinas e produção mais rápida, em menos tempo e com qualidade).

Êxodo rural: “As cidades que receberam a maior parte desses migrantes do campo foram a capital, Goiânia, as cidades da região do Entorno de Brasília, como Luziânia e Formosa, e as cidades próximas às regiões que desenvolveram o agronegócio, como Rio VerdeJataíCristalina e Catalão.” (GOVERNO DE GOIÁS. Idem, ibidem.) A ida para cidades grandes evidencia-se pela possibilidade de conseguir emprego, buscar tratamento de saúde, possibilidade de melhoria de vida, acesso maior à educação, ao lazer, entre outras coisas disponíveis em cidades e, mais ainda, em cidades grandes. A vontade de querer crescer, com um emprego melhor, com certeza, foi e é um fator impulsionador do desejo de mudança de muita gente.

“Goiás também se tornou um local de alto fluxo migratório nas últimas décadas, sendo considerado um dos Estados com maior fluxo migratório líquido do país. As principais razões para esse alto fluxo migratório são a localização estratégica, que interliga praticamente todo o país por eixos rodoviários, o dinamismo econômico e também a proximidade com a capital federal, Brasília.” (GOVERNO DE GOIÁS. Idem, ibidem.)

De fato, a qualidade de muitas estradas goianas, em que trafegam milhares e milhares de veículos automotores por dia, é boa. Nas últimas décadas, a obtenção de recursos federais tem ajudado na construção e manutenção dessas estradas. É claro, em alguns lugares se fazem necessárias melhoras. Mas os passos tem sido dados. Com as estradas, o tráfego de mercadorias, inclusive, veio a se tornar cada vez maior, entre os séculos XIX e XX, em Goiás. Goiás já teve também uma rede de vias férreas! Perto da Estação Rodoviária de Goiânia, há, por exemplo, a antiga estação de trens, os quais percorriam diferentes regiões do Estado. Com o passar do tempo, porém, as vias férreas, em Goiás e em outros lugares do Brasil, viriam a dar lugar às rodovias asfaltadas e estradas de chão que ainda há, ou seja, ao setor rodoviário, com estradas sob a jurisdição do Governo de Goiás (GOs) e aquelas que estão sob a jurisdição federal (BRs), por onde circulam milhares de pessoas e mercadorias diariamente.

 No que diz respeito às TELECOMUNICAÇÕES EM GOIÁS, trataremos delas em uma aula posterior. Para dar uma pequena informação, o site do Governo de Goiás fala da Matutina Meiapontense. Vejamos:

“Oito anos após a formação de um Brasil independente, em 1830, o intelectual e comerciante de Goiás, Joaquim Alves de Oliveira, financiou a compra de um maquinário tipográfico importado da Inglaterra com o objetivo de levar para antigo Arraial de Meia Ponte (atual Cidade de Pirenópolis) o primeiro jornal de todo o Centro-Oeste brasileiro: A Matutina Meiapontense. O periódico circulou por quatro anos (1830-1834) e era distribuído, além de Goiás, para Mato Grosso e Minas Gerais. A Matutina funcionou também como o primeiro Diário Oficial do Estado, imprimindo as atas das sessões das câmaras legislativas de Goiás, e narrou o principal acontecimento do Brasil na época: a abdicação do imperador D. Pedro I, em abril de 1831. Durante os quatro anos de circulação, A Matutina Meiapontense, noticiava os fatos daquela época, mas também recebia várias correspondências dos seus leitores, estimulando, pela primeira vez, a interação mediada por um veículo de comunicação e se tornando o maior símbolo da modernidade em Goiás.” (GOVERNO DE GOIÁS. História. Disponível em: < https://www.goias.gov.br/conheca-goias/historia.html > Acesso em 20/05/2023.)

Sem sombra de dúvida, qualquer desenvolvimento, seja ele econômico, cultural, científico, industrial ou outro, em Goiás e em quaisquer estados do Brasil, depende, necessariamente, de boas comunicações. Tema de estudo posterior.

REFERÊNCIAS:

COMANDO DE ENSINO DA POLÍCIA MILITAR DE GOIÁS. Apostila de Cultura Goiana – Segundo Bimestre, Primeiros anos. [Década de 2010.]

DA PAIXÃO, Frederico Oliveira e COSTA E SILVA, Margot Riemann. A FORMAÇÃO HISTÓRICA DO TERRITÓRIO GOIANO E A POLÍTICA CORONELÍSTICA. Disponível em: < https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/estudos/article/viewFile/2913/1783 > Acesso em 20/05/2023.

GOVERNO DE GOIÁS. História. Disponível em: < https://www.goias.gov.br/conheca-goias/historia.html > Acesso em 20/05/2023.

ROMEIRO, Julieta et alii. Diálogo Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São Paulo, Moderna, 2020. (Seis volumes.)

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