COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
SEGUNDO BIMESTRE
AULA 13 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DOS SEGUNDOS ANOS:
O ÊXODO RURAL E INTERESTADUAL EM GOIÁS – RESUMO E
DESAFIOS (Prof. José Antônio Brazão.)
De acordo com o
IMB-Instituto Mauro Borges:
“A região Centro-Oeste é a segunda em termos de concentração urbana no
país, onde 87,9% dos habitantes vivem em cidades. A urbanização dessa região é
bastante recente, tendo sido impulsionada pela fundação de Brasília, em 1960, e
pelas rodovias de integração nacional que interligaram a nova capital com o
Sudeste, de um lado, e com a região Amazônica, de outro. Além disso, o
desenvolvimento do setor do agronegócio impulsionou a urbanização do
Centro-Oeste, cujas cidades apresentam atividades econômicas essencialmente de
caráter agroindustrial.” (IMB. MOBILIDADE PENDULAR DA
POPULAÇÃO EM GOIÁS. Disponível em: < https://www.imb.go.gov.br/files/docs/publicacoes/estudos/2012/mobilidade-pendular-da-populacao-em-goias.pdf > Acesso em 22/04/2023. P. 23.)
Hoje mais de noventa por
cento da população de Goiás vive em cidades, tanto em pequenas quanto em
maiores (Informação obtida do IMB. Op. cit., p.25). Só para lembrar, no século XIX, com
a decadência do ouro, e parte do XX, a situação era diferente. Mas o que
contribuiu para o êxodo (saída) de muita gente do campo? Os motivos são
diversos e complementares.
O incremento do comércio,
propiciado pelas vias férreas e, com o tempo, o aumento de vias terrestres
(estradas e rodovias), sejam de terra, sejam asfaltadas, contribuiu para um
maior contato com os centros urbanos do Estado e de outros lugares. Outro fator
importante, o aumento de grandes fazendas, com a compra de sítios e chácaras e,
pior, a expulsão de pessoas do campo. Com a formação de latifúndios, grandes
fazendas controladas por poucas famílias, um considerável número de famílias,
paulatinamente, começou a reforçar as cidades goianas.
De acordo com o IMB –
Instituto Mauro Borges, mais uma vez:
“As migrações se constituíram em elemento importante para a ocupação da
região, promovidas por projetos de colonização, principalmente no período de
1930-45, tendo se intensificado nas décadas de 1950/1960, com a atração
promovida pela nova capital federal. Configurada até então pela baixa densidade
de ocupação e grande disponibilidade de terras, no início da década de 1970 o
Centro-Oeste brasileiro (região dos cerrados) e a região amazônica passaram a
ser a nova fronteira agropecuária brasileira, com a migração de contingentes de
camponeses expropriados de outras regiões e o investimento de capitais
produtivos e especulativos. Ao final da década de 1960 o fluxo migratório
tornou-se menos intenso, marcado pelo ingresso de novos imigrantes, com capital
e experiência na atividade agrícola, e pelo deslocamento da população rural. A
infraestrutura implantada nesse período e a expansão populacional estimularam
diversas transformações na estrutura produtiva, conduzindo a região
Centro-Oeste à modernização agropecuária dos anos de 1970 e 1980, desdobrada em
um relevante complexo agroindustrial (IPEA, 2002, p. 170).” (IMB. MOBILIDADE
PENDULAR DA POPULAÇÃO EM GOIÁS. Disponível em: < https://www.imb.go.gov.br/files/docs/publicacoes/estudos/2012/mobilidade-pendular-da-populacao-em-goias.pdf > Acessp e, 22/04/2023. P.
23.)
Dificuldades em manter-se
na roça também contribuíram. O apelo pela comodidade das cidades: hospitais,
trabalho, dinheiro, lazer, educação para filhos e filhas, educação superior,
entre outros bens sociais reais e aparentes (que pareciam ser grandes bens). Uma
parte dessa população rural, portanto, resolveu deixar a roça e ir para a
cidade, vendo nesta possíveis oportunidades de uma vida melhor. E esse
movimento em busca de melhoria, com aumento da população, veio também de
imigrantes vindos de outros estados do Brasil, de acordo com Evelyn de Castro
Cruvinel, seja no momento da construção de Goiânia, na década de 1930, seja com
o decorrer das décadas. Assim expõe a pesquisadora:
“Para a construção de Goiânia houve uma campanha do Governo Federal
visando arregimentar operários suficientes para a empreitada. Foram
aproximadamente 4 mil trabalhadores vindos principalmente de Minas Gerais, São
Paulo e do Nordeste. Com Goiânia edificada, mais imigrantes foram atraídos para
a cidade, diminuindo a migração nas cidades vizinhas e na região do Mato Grosso
de Goiás, onde fora instalado a colônia agrícola. Com isso, a migração ficou
concentrada apenas na nova capital do estado, triplicando sua população entre
1940 e 1950. Um novo surto migratório ocorreu com a construção de Brasília, com
trabalhadores advindos novamente de Minas Gerais e Nordeste, entretanto, muitos
goianos também participaram dessa empreitada. No ano de fundação, Brasília já
continha 150 mil habitantes e, ainda que a maioria dos imigrantes tenha origem nos
estados nordestinos e de Minas Gerais, esses dois períodos de grande migração
no estado atraíram também pessoas de todo território nacional.” (CRUVINEL, Evelyn
de Castro. Migração em Goiás entre 2025 e 2015. Disponível em: < https://www.imb.go.gov.br/files/docs/publicacoes/estudos/2017/migracao-em-goias-entre-2005-2015.pdf > Acesso em 22/04/2023. P. 9.)
Claro que há pessoas
possuidoras, ainda, de sítios e chácaras, porém mais para momentos de lazer e
convívio familiar, nem tanto como moradias permanentes. Alguns (algumas)
feirantes têm sítios de onde extraem parte do que comercializam em feiras,
ainda que também comprem parte dos produtos de outros para revenda.
Outro elemento
importante: nas últimas cinco a sete décadas, o aumento considerável de
máquinas a substituir a mão de obra nas fazendas – hoje há colheitadeiras que
têm até GPS (Global Positioning System – Sistema de
Posicionamento Global) para que se possa fazer a colheita de grãos. Aliás, o
uso de máquinas do começo ao fim da cultura agrícola e também a mecanização da
pecuária.
Vale lembrar que todo
crescimento populacional traz consigo desafios consideráveis, entre os quais os
de ordem ambiental – mais gente morando, mais casas e outras habitações a
construir, necessidade de mais terrenos tomados do meio ambiente, mais espaço necessário
também para plantar, produzindo alimentos para essa população crescente, além
de outras populações para as quais são vendidas as produções agrícolas e
pecuárias goianas, inclusive para o exterior.
Além desse desafio, a
necessidade de ampliar o número de escolas, de dar atendimento
médico-hospitalar e outros de saúde, segurança, etc. Desafios que, com o avanço
nos conhecimentos científicos e em ações políticas devidamente planejadas e
discutidas coletivamente, são possíveis de serem enfrentados. O conhecimento,
sem dúvida alguma, é um elemento de vital importância para a construção do
Estado de Goiás, produzido em centros de estudos, universidades, institutos e
outras instituições de ensino e pesquisa. Conhecimentos igualmente importantes
são os que envolvem a agricultura e o meio ambiente, portanto, necessária uma
parceria com órgãos do governo federal e do governo estadual que possam
colaborar com o aprimoramento agrícola e pecuário diante do crescimento
relativamente constante de Goiás.
REFERENCIAL BÁSICO:
CRUVINEL,
Evelyn de Castro. Migração em Goiás entre 2025 e 2015. Disponível em:
< https://www.imb.go.gov.br/files/docs/publicacoes/estudos/2017/migracao-em-goias-entre-2005-2015.pdf > Acesso em 22/04/2023. P. 9.
IMB –
INSTITUTO MAURO BORGES. Mobilidade pendular da população em Goiás. Disponível em: < https://www.imb.go.gov.br/files/docs/publicacoes/estudos/2012/mobilidade-pendular-da-populacao-em-goias.pdf > Acesso em 22/04/2023.
JÚNIOR,
Ademir Rodrigues Silva; DO VALE, Najla Kauara Alves; WANDER, Alcido Elenor. Modernização agrícola e o êxodo
rual entre 1960 e 2010 no Estado de Goiás. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1065659/modernizacao-agricola-e-o-exodo-rural-entre-1960-e-2010-no-estado-de-goias#:~:text=De%20acordo%20com%20o%20IBGE,na%20superpopula%C3%A7%C3%A3o%20dos%20centros%20urbanos. > Acesso em 22/04/2023.
ROMEIRO,
Julieta et alii. Diálogo: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São
Paulo, Moderna, 2020. (Seis volumes) [Livros didáticos.]
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