COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
SEGUNDO BIMESTRE:
AULA 11 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DO
PRIMEIRO ANO:
INTRODUÇÃO (Prof. José Antônio Brazão.):
Bartolomeu Bueno da
Silva, conhecido como Anhanguera (palavra indígena que significa “diabo velho;
gênio manhoso e velhaco [esperto...]”, de acordo com o Dicionário Oxford
Google), é o nome tanto do pai (português) quando do filho (brasileiro,
paulista). Ambos vieram a Goiás em busca de vida melhor e até mesmo de riqueza
(busca do tão desejado ouro).
Ambos seguiram as ações
comuns dos bandeirantes: caça e escravização de índios (uma razão provável pela
qual o pai adquiriu o apelido), recuperação de escravos fugidos, terras,
reconhecimento de terrenos novos, busca de ouro, pedras preciosas e
semipreciosas. Na imagem (estátua) da Avenida Anhanguera, em Goiânia, pode-se
ver arma de fogo (arcabuz), espada e bateia: a arma de fogo e a espada de metal
potencializaram o poder dos bandeirantes em relação a índios e escravos
fugidos, além de animais de caça ou ameaça; a bateia, lembrando a grande
vontade de encontrar ouro por onde iam, com destaque para Goiás.
Havia, é claro, um pouco
de senso de aventura, mas principalmente de necessidade econômica aliada a uma
grande ambição. Quanto ao ouro, ambos sabiam que deviam prestar contas à Coroa
Portuguesa, que cobrava impostos de produtos diversos e o quinto do ouro. A
necessidade econômica, pois precisavam trabalhar para ganhar o necessário para
que pudessem viver e manter-se. A ambição, em razão do desejo de riqueza e, sem
dúvida, de certo poder. Diante disto, a coragem, aliada à ambição, não lhes
faltou.
Vejamos o que se diz a
respeito do Anhanguera filho. O texto é da Apostila de Cultura Goiana do Comando de Ensino da
Polícia Militar de Goiás: aula 3 do segundo bimestre. Nela serão apresentados
elementos essenciais a respeito dessa figura histórica tão importante para a
formação histórica de Goiás.
“Aula
3:
Conteúdo:
O Anhanguera(filho)
Habilidade:
(EM13CHS301)
Objetivo
de aprendizagem: (EM13CHS301) Analisar
e avaliar os impactos econômicos e socioambientais de cadeias produtivas
ligadas à exploração de recursos naturais e às atividades agropecuárias em
diferentes ambientes e escala de análise, considerando ao modo de vida das
populações locais e o compromisso com a sustentabilidade.
Sugestão
de estratégia: o texto a seguir
poderá ser usado como um ponto de partida.
1.2.
O Anhanguera(filho)
Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, nasceu no ano de
1672, em Parnaíba, São Paulo. Faleceu no ano de 1740, na então Vila de Goiás.
Segundo ( GARCIA ; MENEZES , 2008 ), entre as várias bandeiras que chegaram até
o território goiano, a bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, foi a
mais importante. Devido ao fato dele ter acompanhado seu pai em uma expedição
que teria encontrado pistas sobre a existência de ouro em solo goiano. Aos 50
anos de idade, na ocasião em que solicitou junto as autoridades portuguesas
permissão para formar uma bandeira e retornar ao território goiano. Seu
objetivo era seguir a mesma rota feita pelo seu pai no passado.
A bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, o filho,
partiu em direção ao sertão no dia 3 de julho de 1722:
Essa bandeira passou três anos no sertão de Goiás sem
dar notícias ao governador da capitania de São Paulo. Em alguns momentos e você perdeu: às vezes se
distancia muito do roteiro anterior, outras vezes seus componentes se
desentendiam sobre as rotas que tinham que seguir. O fato é que demoraram muito
tempo para encontrar o ouro. Entretanto,
finalmente o encontrou para notícias de suas descobertas, e Bartolomeu, em
outubro de 1725, chegou de volta a São Paulo (GARCIA; MENEZES, 2008, p. 63).
Assim sendo, Bartolomeu Bueno da Silva, o filho,
conseguiu alcançar êxito. Era um bandeirante que dizia que preferia morrer do
que voltar à São Paulo fracassado. Após três anos, desde o início de sua
expedição, no dia 21 de outubro de 1725, voltou triunfante à capitania de São
Paulo. Informando que tinha descoberto cinco veios auríferos, nas cabeceiras do
rio Vermelho, futura cidade de Goiás. Considerados tão ricos como os que
existiam em Cuiabá, no Mato Grosso: " Poucos meses depois da volta da
bandeira, organizou-se em São Paulo, uma nova expedição para explorar as minas.
Bartolomeu Bueno, voltava com o título de superintendente das minas " (
PALACÍM ; MORAES , 2006 , p . 11 ).
Nesse sentido, o processo de ocupação e povoamento de
Goiás iniciou-se a partir atividade mineradora. Com a bandeira de Bartolomeu
Bueno da Silva, o filho, que como dissemos acima foi a mais importante devido
ao seu êxito no que diz respeito a descoberta do ouro nas terras goianas:
" Sob o signo do ouro iniciava-se a incorporação de Goiás na História
" (PALACÍN , 2001 , p.22 ).” (COMANDO DE ENSINO DA POLÍCIA MILITAR DE
GOIÁS. Apostila de Cultura Goiana do Segundo Bimestre. Goiás, década de
2010.)
COMENTÁRIO DO PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO:
Como se pode ver, o ouro foi um
elemento fundamental para a “incorporação de Goiás na História” (trecho final
da aula 3 do texto da Apostila citada). Metal precioso, o ouro, no decorrer da
história humana, teve grande peso nas buscas e nas aventuras humanas. Por conta
dele, povos foram exterminados, outros foram escravizados (no todo ou em grande
parte), guerras ocorreram, pirataria, entre outras ocorrências. Na história de
Goiás, sem dúvida, não foi diferente, principalmente com o empenho do Estado
Português (Coroa Portuguesa) em obtê-lo.
Era do absolutismo e do mercantilismo.
De acordo com o UOL EDUCAÇÃO:
“ O
mercantilismo chegou ao Brasil por meio dos portugueses. Desde a chegada de
Pedro Álvares Cabral, em 1500, os colonizadores buscavam encontrar ouro
no litoral brasileiro. A notícia de que os espanhóis encontraram metais
precisos fizeram com que os portugueses aumentassem a procura no Brasil. Como
não encontraram de imediato esses metais, eles resolveram explorar outras
mercadorias que também tinham valor no mercado externo.
Com o
êxito da produção de açúcar no Nordeste brasileiro, os portugueses implantaram o Pacto Colonial ou
o exclusivismo colonial. Com isso, o
Brasil Colônia só poderia comercializar com a metrópole portuguesa. Dessa
forma, Portugal obteve o controle de toda a riqueza extraída de sua colônia
brasileira.” (UOL MUNDO EDUCAÇÃO. Mercantilismo.
Disponível em: < https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/mercantilismo.htm#:~:text=Suas%20principais%20caracter%C3%ADsticas%20s%C3%A3o%3A%20ac%C3%BAmulo,mercadorias%20e%20no%20Pacto%20Colonial. > Acesso
em 07/04/2023.).
E ainda:
“O
mercantilismo foi um conjunto de práticas e ideias econômicas que vigorou na
Europa, durante os séculos XV a XVII, ao longo da crise do sistema feudal e na
formação do capitalismo. Suas principais características são: acúmulo de metais
preciosos, incentivo à manufatura, intervenção do Estado na economia, balança
comercial favorável e protecionismo. Os tipos de mercantilismo são o comercial
e o industrial. No Brasil, o mercantilismo se materializou no comércio de
mercadorias e no Pacto Colonial.” (UOL MUNDO EDUCAÇÃO. Mercantilismo.
Disponível em: < https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/mercantilismo.htm#:~:text=Suas%20principais%20caracter%C3%ADsticas%20s%C3%A3o%3A%20ac%C3%BAmulo,mercadorias%20e%20no%20Pacto%20Colonial. > Acesso em 07/04/2023.).
Uma característica marcante do
mercantilismo português em relação ao Brasil e a outras colônias foi a
intervenção estatal na economia. Com toda certeza, o Reino de Portugal
empenhou-se em fornecer navios, obter
registros e informações, sendo que o primeiro registro, vale lembrar, foi a
Carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei de Portugal. Até mesmo em relação aos
bandeirantes, como bem atesta o texto do texto da apostila do Comando de Ensino
da Polícia Militar de Goiás: “Aos 50 anos de idade, na ocasião em que
[Bartolomeu Bueno da Silva, o filho] solicitou junto as autoridades
portuguesas permissão para formar uma bandeira e retornar ao território goiano.
Seu objetivo era seguir a mesma rota feita pelo seu pai no passado.” (Ver
citação completa ao final, em Referências. O que está entre chaves e o
negritado sublinhado são meus). Ou seja, a permissão do Estado Português era
imprescindível para que bandeirantes pudessem se aventurar em busca do tão
sonhado e desejado ouro e das pedras preciosas.
E por que Bartolomeu Bueno da Silva,
o filho, “preferia morrer do que voltar à São Paulo fracassado”, como é dito
acima? Porque seu pai já havia se empenhado decididamente na busca do ouro,
porque ficaria certamente muito envergonhado ao voltar de mãos vazias diante de
governantes que depositaram nele tanta esperança, além da honra e, é claro, da
ambição desmedida. O Anhanguera Filho sabia muito bem o que representava o
encontro do ouro: riqueza, prestígio, poder, memória futura, glória.
A descoberta do ouro no Rio Vermelho,
com o tempo, em outras localidades, contribuiu para que a Vila Boa, depois
chamada Cidade de Goiás, viesse a se tornar sede daquela que viria a se chamar
Capitania de Goiás. Ouro encontrado, muita gente iria às regiões mineradoras em
busca de vida melhor e também de riqueza.
De acordo com Ubajara B. Leite e
Marília Steinberger:
“Goiás
entrou para a história da colonização graças à exploração do ouro, que começou
em 1725. O território denominado ‘Minas dos Goyazes’, localizado entre as
produções auríferas existentes em Minas Gerais e Mato Grosso, já havia sido
visitado no final do século XVII, por bandeiras paulistas e expedições
jesuíticas vindas de Belém com a expectativa de encontrar ouro (Palacín, 1994).
Para esse autor, o ciclo do ouro é composto por três fases ‘quase fatais:
descobrimento, um período de expansão febril – caracterizado pela pressa e
semianarquia – depois, um breve mas brilhante período de apogeu e,
imediatamente, quase sem transição, a súbita decadência como uma lenta agonia’
(Palacín, 1994, p. 13). Em Goiás, esse ciclo iniciou-se com a descoberta
feita pela bandeira liderada por Bartolomeu Bueno da Silva, o ‘Anhanguera’, que
encontrou córregos auríferos na região da Serra Dourada, onde foi fundado o
arraial de Sant’Anna, depois chamado de Vila Boa, atual cidade de Goiás. A
vinda de outros exploradores propiciou a criação de Meia Ponte (atual
Pirenópolis), Crixás, São José do Tocantins (atual Niquelândia), Guarinos e
Pilar de Goiás, que surgiram com a expansão das descobertas para o norte do
atual território de Goiás, a partir da Serra dos Pirineus, no rio das Almas até
alcançar os rios Maranhão e Tocantins.
O crescimento
contínuo da produção de ouro gerou a demanda por um aparato administrativo mais
estruturado pela Coroa, o que a levou à decisão pela autonomia de Goiás em
relação à Capitania de São Paulo. Assim, se instalou o primeiro governo da nova
Capitania em 1749, época em que se alcançou o apogeu da sua produção aurífera.
A fase da decadência começou a partir de 1780, quando a agropecuária assumiu o
protagonismo na economia goiana (Bertran, 1978).” (LEITE, Ubajara Berocan &
STEINBERGER, Marília. A NOVA REGIÃO MINERADORA DE GOIÁS: UMA PROPOSTA DE
DELIMITAÇÃO. Disponível em: < https://dialnet.unirioja.es ›
descarga › articulo > Acesso em 07/04/2023. Pp. 307-308.) (Negritado
meu, destaque importante.)
Como se pode ver pelo texto acima, o
ouro impulsionou a formação de vilas, que viriam a se tornar pequenas cidades,
e o surgimento da própria Capitania de Goiás, modo encontrado pelo Reino
Português para poder exercer um controle próximo da produção, facilitando a
cobrança dos impostos devidos e especificamente do quinto (quinta parte) do
ouro obtido. O ouro, tanto de Goiás, como de Minas Gerais, como do Mato Grosso,
ia pôr em movimento a economia da metrópole portuguesa – Portugal, de fato,
viria a se firmar, mais ainda, como potência econômica, política e marítima daquele
tempo, junto com a Espanha e outros países europeus, como a Inglaterra, a
Holanda e a França. A Inglaterra, aliás, fez grande comércio com Portugal,
recebendo muitos pagamentos em ouro!
A diferença entre Inglaterra e
Portugal, nesse período, estaria no uso da riqueza em investimento em
manufaturas que viriam, tempos depois, se transformar em fábricas, indústrias,
na era da Revolução Industrial. Aliás, vale lembrar que, no século XVIII, época
do ouro em Goiás e até em outras partes do Brasil, a Inglaterra já vinha
entrando na Revolução Industrial, que viria a transformá-la num império enorme
entre os séculos XVIII, XIX e primeira metade do século XX, sendo, ainda hoje,
um país muito rico e influente no mundo. Outra preocupação inglesa: o
investimento em ciência e em pesquisa. Basta lembrar do cientista inglês mais
conhecido: Isaac Newton, que viveu entre os séculos XVII e XVIII. Muito ouro
brasileiro, inclusive goiano, foi usado por Portugal no comércio com os
ingleses.
Curiosamente, no início do século XIX
(1808), com as invasões napoleônicas, a Família Real Portuguesa viria para o
Brasil, com muitos membros da nobreza dela dependente, com o auxílio de
embarcações inglesas, tamanho o interesse que os ingleses tinham no Brasil e em
outras colônias portuguesas. E, como todo metal extraído da terra, em algum
momento acaba, assim viria a acontecer com o ouro mineiro, mato-grossense e
goiano. Particularmente, o goiano, do qual se falará um pouco mais adiante, com
as jazidas (de rios e morros) exauridas.
Vale lembrar que, quando o Brasil se
tornou independente de Portugal, entre 1822 (ano decisivo) e 1825 (ano do
Tratado de Amizade), o Brasil teve que arcar com multa pesada e com o pagamento
de dívida externa que Portugal tinha com a Inglaterra. Sem dúvida alguma,
Portugal hoje tem grande importância econômica, política e até mesmo cultural
dentro da Europa, ainda que não o esplendor e o poderio de outrora. A
Inglaterra também não tem seu império como já teve antes, mas tem um poder
econômico, científico e militar muito maior.
Dos impérios, mesmo os mais antigos
da história humana, importante assinalar o que geralmente os manteve (e mantém),
durante séculos e milênios: invasões, guerras, extermínios, escravidão,
exploração, endividamento dos colonizados e de suas metrópoles, constante
renovação e investimento em tecnologias, ainda que nem todas essas
características juntas. No Brasil, destacando aqui Goiás colonial: extermínio
de tribos indígenas, escravidão de negros africanos e índios, a exploração, a
espoliação (extração de riqueza através do emprego do controle político-militar
e da força), entre outros pontos.
Na próxima aula, um aprofundamento no
impulso dado pelo ouro em Goiás, bem como questões ligadas à produção, ao
comércio e ao imposto ligados a esse metal precioso. Mais adiante, a arte que
se firmou, no Brasil, em Goiás e em outros lugares, bem na época do ouro: o
barroco! Também a religiosidade que marcaria o período colonial goiano e que
tem, ainda hoje, repercussões socioculturais.
Com relação à agropecuária e seu
papel, com a decadência da mineração aurífera, também se falará no momento
certo.
REFERÊNCIAS BÁSICAS:
COMANDO DE ENSINO DA POLÍTICA MILITAR DO
ESTADO DE GOIÁS. APOSTILA DE CULTURA GOIANA.
[Década de 2010.] Documento impresso.
LEITE,
Ubajara Berocan & STEINBERGER, Marília. A NOVA REGIÃO MINERADORA DE
GOIÁS: UMA PROPOSTA DE DELIMITAÇÃO. Disponível em: < https://dialnet.unirioja.es ›
descarga › articulo > Acesso em 07/04/2023. Pp. 307-308.
ROMEIRO,
Julieta et alii. Diálogo: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São
Paulo, Moderna, 2020. (Seis volumes) [Livros didáticos.]
UOL MUNDO
EDUCAÇÃO. Mercantilismo. Disponível em: < https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/mercantilismo.htm#:~:text=Suas%20principais%20caracter%C3%ADsticas%20s%C3%A3o%3A%20ac%C3%BAmulo,mercadorias%20e%20no%20Pacto%20Colonial. > Acesso em 07/04/2023.
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