COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
SEGUNDO BIMESTRE
AULA 9 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DO
PRIMEIRO ANO:
BANDEIRAS AURÍFERAS (Prof. José Antônio
Brazão.)
INTRODUÇÃO (Prof. José
Antônio.):
O ouro é um metal
relativamente incomum e precioso por conta de sua cor, de sua maleabilidade
(capacidade de ser moldado), sua quase raridade (ainda que não tanta como a de
outros metais), sua perenidade (capacidade de resistir à ferrugem e durar muito
tempo), entre outras características. Fruto de processos que o fizeram e fazem
surgir em estrelas massivas e supernovas (estrelas que explodiram ou explodem,
por conta de sua massa e sua instabilidade).
Desde tempos muito
antigos, como os mencionados na Bíblia e em livros de história, diferentes
povos se interessaram pelo ouro e sua busca incessante. Até hoje o ouro é
valorizado, havendo lugares do mundo, em alguns países, como o Fort Knox nos
EUA, que guardam depósitos de ouro em barra. Ouro também usado para fazer joias,
incrustações (fixações) diversas, incluindo o seu uso em pó em certos alimentos
caros, em alguns países.
O ouro foi, desde muito
tempo, fruto de disputas e de conflitos graves. Ainda é. A Bíblia, por exemplo,
menciona o saque do ouro contido no Templo de Jerusalém, tanto pelos
Babilônicos quanto, bem depois, pelos Romanos, impérios do mundo antigo. O ouro
também viria a ser buscado e imensamente desejado pelos espanhóis e
portugueses, no mundo moderno, entre os séculos XV e XIX. Os espanhóis, por
exemplo, saqueariam povos como os maias e astecas, da América Central, e Incas,
da América do Sul, vindo a impor uma escravidão em minas, sem condições
adequadas de vida e até de sobrevivência.
Os portugueses, em sua
sede por ouro e pedras preciosas, como os espanhóis, seguiram os passos destes,
no afã de construir também seu império. De fato, com a riqueza advinda do ouro,
da prata e inclusive de pedras preciosas, Espanha e Portugal viriam a ser, por
vários séculos, grandes potências marítimas.
No Brasil, os portugueses
fariam largo uso das chamadas bandeiras e entradas, com aventureiros e
desbravadores armados e ambiciosos. Enfim, o ouro seria descoberto e, com ele, o
fortalecimento de Portugal e o reforço na gerência do Brasil. Entre os
bandeirantes, no caso de Goiás, não se pode deixar de falar das ações de
Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera apelidado pelos índios, tanto o pai
quanto o filho, bem como sua importância para a formação do povo goiano. Claro,
nada de exaltação heroica desmedida, mas também não desmerecimento absoluto.
Para ser bandeirante, naqueles tempos, além da ambição, era preciso ter certo
preparo no uso de armas e muita coragem para enfrentar regiões desconhecidas,
bem como uma vida nada fácil, como se pôde ver em uma das aulas anteriores. Em
diversos casos, não se pode olvidar [esquecer], foram responsáveis por muita
matança e até extermínio de tribos indígenas e quilombolas. Sem dúvida, no caso
de Goiás, ajudaram a forjar a posterior capitania e o futuro Estado.
TEXTO INICIAL DA APOSTILA DE CULTURA GOIANA DO COMANDO DE ENSINO DA POLÍTICA MILITAR DO
ESTADO DE GOIÁS:
“Aula 2 [do segundo bimestre]:
Conteúdo: Bandeiras auríferas.
Habilidade: (EM13CHS301)
Objetivo de aprendizagem: (EM13CHS301) Analisar e avaliar os impactos econômicos e
socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de recursos naturais
e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escala de análise,
considerando ao modo de vida das populações locais e o compromisso com a
sustentabilidade.
Sugestão de estratégia: o texto a seguir poderá ser usado como um ponto de
partida.
1.1 bandeiras auríferas
IMAGENS: MAPAS DE BANDEIRAS:
Conjunto 1 (Mapas):
https://www.google.com/search?q=mapa+das+bandeiras+saindo+das+capitanias&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjbl66l9fn9AhXbppUCHZNsA_oQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1536&bih=746&dpr=1.25#imgrc=3EVX4Mm_08SQ3M
Conjunto 2 (Bandeirantes):
A atividade
mineradora passou a ser desenvolvida a partir das expedições exploradoras,
conhecidas como entradas e bandeiras. As entradas eram expedições organizadas
pelas autoridades portuguesas, cujo objetivo era explorar o interior do Brasil,
procurar minas e apresar indígenas e escraviza-los. As bandeiras eram
expedições organizadas por particulares, oriundos principalmente de São Paulo.
Tais expedições poderiam sair em busca de indígenas, as chamadas bandeiras de
apresamento. Outras, as bandeiras de sertanismo de contrato, tinham o
objetivo de combater indígenas, considerados hostis aos colonizadores também
destruir os quilombos. E as bandeiras de prospecção, que objetivavam
procurar pedras preciosas:
Em 1690
descobriram-se as minas de ouro de Minas Gerais. Aquele território até então
povoado só por índios, assim como Goiás, começou a cobrir-se de arraiais e de
vilas: Vila Rica, Vila do Carmo, entre outras. Em 1718, foram descobertas,
muito mais para o interior, as minas de Cuiabá, iniciando-se também o
povoamento de Mato Grosso. Foi então que o Anhanguera, paulista que tinha
vivido em Minas Gerais, juntamente com outros dois parentes, pediu licença ao
rei para organizar uma bandeira que viesse a Goiás buscar minas de ouro
(PALACÍM ; MORAES, 2006, p . 9 ).
O Anhanguera
mencionado acima, é Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, que quando adolescente
acompanhou seu pai, o também Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera pai, numa
expedição as terras goianas. A expedição do Anhanguera pai, saiu de São Paulo
no ano de 1682, chegando até o território de Goiás, em busca de ouro, o que não
foi encontrado pela bandeira comandada por ele.” (APOSTILA DE CULTURA GOIANA DO COMANDO DE ENSINO DA POLÍTICA
MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS, [década de 2010], pp. 5-6.)
COMENTÁRIO DO
PROFESSOR JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO:
*Analisar o mapa acima apresentado, tanto
oralmente quanto em sua descrição direta no quadro da sala de aula.
IMAGENS
(MAPAS DE BANDEIRAS):
PONTOS A DESTACAR:
A Capitania de São Paulo como ponto de partida para
muitas bandeiras. A Capitania de São Paulo, à qual pertenciam as terras onde
Goiás fica, serviu como ponto de partida para diversas bandeiras: rumo a Goiás,
Mato Grosso, Minas Gerais e até mesmo para o Nordeste, como se pode ver no
mapa.
O número de bandeiras, seja em busca de ouro, de
índios para escravizar, seja para destruir quilombos como o de Palmares, em
Pernambuco (século XVII), mapeamento, entre outros objetivos. Para enfrentar os
desafios e escravizar índios era preciso, além de grupo forte, os bandeirantes
precisavam ter preparo para lutar, força e armas, como o arcabuz, espadas e
facas. Precisavam saber manejar essas armas. Como o desafio era grande e os
sofrimentos enfrentados também, a crueldade era grande, aliada à ambição, como
foi visto em aula anterior.
A quantidade enorme de léguas percorridas. Os
caminhos eram longos, percorridos, na maioria das vezes, a pé e com o auxílio
de animais de carga. De acordo com Edson Veiga, da BBC: “Eles eram rudes,
geralmente iletrados, passavam longos períodos embrenhados em matas e campos
desconhecidos, comiam mal e perseguiam índios.(...)” (Citação: ver nas
Referências Bibliográficas).
Mesmo com o Tratado de Tordesilhas (1494), antes de
seu fim, no século XVII, com a União Ibérica, como se pode ver no mapa,
bandeiras já entravam territórios afora, partindo da Capitania de São Paulo e
de outros lugares, como Recife e Olinda, no Pernambuco, bem como de Salvador,
na Bahia. Com o fim do Tratado de Tordesilhas, a partir daquela união entre
Portugal e Espanha sob o reinado espanhol, entre 1580 e 1640, sem dúvida, as
bandeiras se intensificaram.
A ida ao norte em busca de drogas do sertão. Indo
para o norte do Brasil, entre outras regiões, um outro elemento se encaixa na
busca de fortuna: a obtenção das chamadas drogas do sertão. O que eram as
drogas do sertão? De acordo com o UOL EDUCAÇÃO:
“As chamadas
drogas do sertão abarcavam uma série de produtos como o guaraná, o anil, a
salsa, o urucum, a noz de pixurim [uma amêndoa parecida com o amendoim],
pau-cravo, gergelim, cacau, baunilha e castanha-do-pará. Todas essas
especiarias tinham alto valor de revenda no Velho Continente e, com isso,
logo o contrabando apareceu nessas áreas. Para controlar a exploração das
drogas do sertão, Portugal optou por deixar a exploração desses gêneros a cargo
das missões jesuíticas que empregava mão-de-obra indígena.
A descoberta das drogas do sertão ocorreu em um período em que a busca por
especiarias no Mundo Oriental estava em franco processo de decadência. Dessa
maneira, a exploração da região norte teve grande desenvolvimento no momento em
que assumiu o papel econômico outrora desempenhado por outras nações. Além
disso, a busca e o comércio das drogas do sertão tiveram fundamental
importância para a ocupação da região norte do Brasil.” (UOL MUNDO EDUCAÇÃO. Drogas do sertão. Disponível em: < https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/drogas-sertao.htm > Acesso em 25/03/2023.) (O que está entre chaves[] é meu. O negrito
também.)
IMAGENS (DROGAS DO SERTÃO):
Conjunto 1:
Conjunto 2:
Como se pode ver, o comércio realizado por meio dos
bandeirantes era variado e suas atividades também. O termo droga, às vezes
incomoda, por conta do significado que tem (“Droga: qualquer substância
que é capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças
fisiológicas ou de comportamento” [UNIFESP]). Originalmente, esse termo
(droga), de acordo com a UNIFESP, definia: “Origem da palavra: droga vem
da palavra droog ( holandês antigo) que significa folha seca. Isto porque,
antigamente, a maioria dos medicamentos era à base de vegetais.” (UNIFESP. Ver
citação completa nas Referências). Aqui, como foi usado naqueles
tempos da colonização, o termo se refere a PLANTAS e produtos advindos de
plantas, que serviam para alimentação, tempero (condimentos, especiarias), como
remédios (uso medicinal, sem dúvida alguma), entre outros, muito apreciados na
Europa e usados como substituintes das especiarias advindas das Índias e do
Oriente, ainda que não as substituíssem totalmente. E sertão? Terras
interioranas.
No caso do Brasil, como eram abundantes na Região
Norte e em regiões próximas, o comércio das drogas do sertão era bom. Além dos
produtos terem bom preço, aqueles lugares ficam mais perto de Portugal e da
Europa, na travessia do Oceano Atlântico. Ademais, o comércio desse material
permitiu a afirmação da presença portuguesa também naquelas regiões (Norte e
próximas) do território brasileiro.
Em Goiás, como em Minas Gerais, o incremento
populacional, efetivamente, viria com a mineração do ouro, motivando a se
trazer, inclusive, negros escravizados para o trabalho pesado. Além da
economia, como se verá, o ouro foi muito útil também à arte, por conta de
encomendas.
REFERÊNCIAS BÁSICAS:
COMANDO DE ENSINO DA POLÍTICA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS. APOSTILA DE
CULTURA GOIANA. [Década de 2010.] Documento impresso.
DEPARTAMENTO DE PSICOBIOLOGIA UNIFESP/EPM. Drogas. Disponível em:
< https://www2.unifesp.br/dpsicobio/drogas/defini.htm#:~:text=Origem%20da%20palavra%3A%20droga%20vem,mudan%C3%A7as%20fisiol%C3%B3gicas%20ou%20de%20comportamento. > Acesso em
25/03/2023.
UOL MUNDO EDUCAÇÃO. Drogas do sertão. Disponível em: < https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/drogas-sertao.htm > Acesso em
25/03/2023.
VEIGA, Edson. Como os bandeirantes,
cujas homenagens hoje são questionadas, foram alçados a 'heróis paulistas'.
Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53116270 > Acesso em 25/03/2023.
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