segunda-feira, 27 de março de 2023

SEGUNDO BIMESTRE - AULA 9 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DO PRIMEIRO ANO: BANDEIRAS AURÍFERAS (Prof. José Antônio Brazão.)

  

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

SEGUNDO BIMESTRE

AULA 9 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DO PRIMEIRO ANO:

BANDEIRAS AURÍFERAS (Prof. José Antônio Brazão.)

INTRODUÇÃO (Prof. José Antônio.):

O ouro é um metal relativamente incomum e precioso por conta de sua cor, de sua maleabilidade (capacidade de ser moldado), sua quase raridade (ainda que não tanta como a de outros metais), sua perenidade (capacidade de resistir à ferrugem e durar muito tempo), entre outras características. Fruto de processos que o fizeram e fazem surgir em estrelas massivas e supernovas (estrelas que explodiram ou explodem, por conta de sua massa e sua instabilidade).

Desde tempos muito antigos, como os mencionados na Bíblia e em livros de história, diferentes povos se interessaram pelo ouro e sua busca incessante. Até hoje o ouro é valorizado, havendo lugares do mundo, em alguns países, como o Fort Knox nos EUA, que guardam depósitos de ouro em barra. Ouro também usado para fazer joias, incrustações (fixações) diversas, incluindo o seu uso em pó em certos alimentos caros, em alguns países.

O ouro foi, desde muito tempo, fruto de disputas e de conflitos graves. Ainda é. A Bíblia, por exemplo, menciona o saque do ouro contido no Templo de Jerusalém, tanto pelos Babilônicos quanto, bem depois, pelos Romanos, impérios do mundo antigo. O ouro também viria a ser buscado e imensamente desejado pelos espanhóis e portugueses, no mundo moderno, entre os séculos XV e XIX. Os espanhóis, por exemplo, saqueariam povos como os maias e astecas, da América Central, e Incas, da América do Sul, vindo a impor uma escravidão em minas, sem condições adequadas de vida e até de sobrevivência.

Os portugueses, em sua sede por ouro e pedras preciosas, como os espanhóis, seguiram os passos destes, no afã de construir também seu império. De fato, com a riqueza advinda do ouro, da prata e inclusive de pedras preciosas, Espanha e Portugal viriam a ser, por vários séculos, grandes potências marítimas.

No Brasil, os portugueses fariam largo uso das chamadas bandeiras e entradas, com aventureiros e desbravadores armados e ambiciosos. Enfim, o ouro seria descoberto e, com ele, o fortalecimento de Portugal e o reforço na gerência do Brasil. Entre os bandeirantes, no caso de Goiás, não se pode deixar de falar das ações de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera apelidado pelos índios, tanto o pai quanto o filho, bem como sua importância para a formação do povo goiano. Claro, nada de exaltação heroica desmedida, mas também não desmerecimento absoluto. Para ser bandeirante, naqueles tempos, além da ambição, era preciso ter certo preparo no uso de armas e muita coragem para enfrentar regiões desconhecidas, bem como uma vida nada fácil, como se pôde ver em uma das aulas anteriores. Em diversos casos, não se pode olvidar [esquecer], foram responsáveis por muita matança e até extermínio de tribos indígenas e quilombolas. Sem dúvida, no caso de Goiás, ajudaram a forjar a posterior capitania e o futuro Estado.

 

TEXTO INICIAL DA APOSTILA DE CULTURA GOIANA DO COMANDO DE ENSINO DA POLÍTICA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS:

“Aula 2 [do segundo bimestre]:

Conteúdo: Bandeiras auríferas.

Habilidade: (EM13CHS301)

Objetivo de aprendizagem: (EM13CHS301) Analisar e avaliar os impactos econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escala de análise, considerando ao modo de vida das populações locais e o compromisso com a sustentabilidade.

Sugestão de estratégia: o texto a seguir poderá ser usado como um ponto de partida.

1.1  bandeiras auríferas

IMAGENS: MAPAS DE BANDEIRAS:

Conjunto 1 (Mapas):

https://www.google.com/search?q=mapa+das+bandeiras+saindo+das+capitanias&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjbl66l9fn9AhXbppUCHZNsA_oQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1536&bih=746&dpr=1.25#imgrc=3EVX4Mm_08SQ3M

Conjunto 2 (Bandeirantes):

https://pt.wikipedia.org/wiki/Bandeirantes#/media/Ficheiro:Henrique_Bernardelli_-_Ciclo_da_Ca%C3%A7a_ao_%C3%8Dndio,_Acervo_do_Museu_Paulista_da_USP.jpg

A atividade mineradora passou a ser desenvolvida a partir das expedições exploradoras, conhecidas como entradas e bandeiras. As entradas eram expedições organizadas pelas autoridades portuguesas, cujo objetivo era explorar o interior do Brasil, procurar minas e apresar indígenas e escraviza-los. As bandeiras eram expedições organizadas por particulares, oriundos principalmente de São Paulo. Tais expedições poderiam sair em busca de indígenas, as chamadas bandeiras de apresamento. Outras, as bandeiras de sertanismo de contrato, tinham o objetivo de combater indígenas, considerados hostis aos colonizadores também destruir os quilombos. E as bandeiras de prospecção, que objetivavam procurar pedras preciosas:

Em 1690 descobriram-se as minas de ouro de Minas Gerais. Aquele território até então povoado só por índios, assim como Goiás, começou a cobrir-se de arraiais e de vilas: Vila Rica, Vila do Carmo, entre outras. Em 1718, foram descobertas, muito mais para o interior, as minas de Cuiabá, iniciando-se também o povoamento de Mato Grosso. Foi então que o Anhanguera, paulista que tinha vivido em Minas Gerais, juntamente com outros dois parentes, pediu licença ao rei para organizar uma bandeira que viesse a Goiás buscar minas de ouro (PALACÍM ; MORAES, 2006, p . 9 ).

O Anhanguera mencionado acima, é Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, que quando adolescente acompanhou seu pai, o também Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera pai, numa expedição as terras goianas. A expedição do Anhanguera pai, saiu de São Paulo no ano de 1682, chegando até o território de Goiás, em busca de ouro, o que não foi encontrado pela bandeira comandada por ele.(APOSTILA DE CULTURA GOIANA DO COMANDO DE ENSINO DA POLÍTICA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS, [década de 2010], pp. 5-6.)

COMENTÁRIO DO PROFESSOR JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO:

*Analisar o mapa acima apresentado, tanto oralmente quanto em sua descrição direta no quadro da sala de aula.

IMAGENS (MAPAS DE BANDEIRAS):

https://www.google.com/search?q=mapa+das+bandeiras+saindo+das+capitanias&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjbl66l9fn9AhXbppUCHZNsA_oQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1536&bih=746&dpr=1.25#imgrc=3EVX4Mm_08SQ3M

PONTOS A DESTACAR:

A Capitania de São Paulo como ponto de partida para muitas bandeiras. A Capitania de São Paulo, à qual pertenciam as terras onde Goiás fica, serviu como ponto de partida para diversas bandeiras: rumo a Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e até mesmo para o Nordeste, como se pode ver no mapa.

O número de bandeiras, seja em busca de ouro, de índios para escravizar, seja para destruir quilombos como o de Palmares, em Pernambuco (século XVII), mapeamento, entre outros objetivos. Para enfrentar os desafios e escravizar índios era preciso, além de grupo forte, os bandeirantes precisavam ter preparo para lutar, força e armas, como o arcabuz, espadas e facas. Precisavam saber manejar essas armas. Como o desafio era grande e os sofrimentos enfrentados também, a crueldade era grande, aliada à ambição, como foi visto em aula anterior.

A quantidade enorme de léguas percorridas. Os caminhos eram longos, percorridos, na maioria das vezes, a pé e com o auxílio de animais de carga. De acordo com Edson Veiga, da BBC: “Eles eram rudes, geralmente iletrados, passavam longos períodos embrenhados em matas e campos desconhecidos, comiam mal e perseguiam índios.(...)” (Citação: ver nas Referências Bibliográficas).

Mesmo com o Tratado de Tordesilhas (1494), antes de seu fim, no século XVII, com a União Ibérica, como se pode ver no mapa, bandeiras já entravam territórios afora, partindo da Capitania de São Paulo e de outros lugares, como Recife e Olinda, no Pernambuco, bem como de Salvador, na Bahia. Com o fim do Tratado de Tordesilhas, a partir daquela união entre Portugal e Espanha sob o reinado espanhol, entre 1580 e 1640, sem dúvida, as bandeiras se intensificaram.

A ida ao norte em busca de drogas do sertão. Indo para o norte do Brasil, entre outras regiões, um outro elemento se encaixa na busca de fortuna: a obtenção das chamadas drogas do sertão. O que eram as drogas do sertão? De acordo com o UOL EDUCAÇÃO:

As chamadas drogas do sertão abarcavam uma série de produtos como o guaraná, o anil, a salsa, o urucum, a noz de pixurim [uma amêndoa parecida com o amendoim], pau-cravo, gergelim, cacau, baunilha e castanha-do-pará. Todas essas especiarias tinham alto valor de revenda no Velho Continente e, com isso, logo o contrabando apareceu nessas áreas. Para controlar a exploração das drogas do sertão, Portugal optou por deixar a exploração desses gêneros a cargo das missões jesuíticas que empregava mão-de-obra indígena.
A descoberta das drogas do sertão ocorreu em um período em que a busca por especiarias no Mundo Oriental estava em franco processo de decadência. Dessa maneira, a exploração da região norte teve grande desenvolvimento no momento em que assumiu o papel econômico outrora desempenhado por outras nações. Além disso, a busca e o comércio das drogas do sertão tiveram fundamental importância para a ocupação da região norte do Brasil.”
(UOL MUNDO EDUCAÇÃO. Drogas do sertão. Disponível em: < https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/drogas-sertao.htm > Acesso em 25/03/2023.) (O que está entre chaves[] é meu. O negrito também.)

IMAGENS (DROGAS DO SERTÃO):

Conjunto 1:

https://www.google.com/search?q=drogas+do+sert%C3%A3o&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjgjYLL-_n9AhUGq5UCHZDiAzYQ_AUoAXoECAIQAw&biw=1536&bih=746&dpr=1.25#imgrc=xYM2krAHzn2MaM&imgdii=JnPVLez-mDWGlM

Conjunto 2:

https://www.google.com/search?q=drogas+do+sert%C3%A3o&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjgjYLL-_n9AhUGq5UCHZDiAzYQ_AUoAXoECAIQAw&biw=1536&bih=746&dpr=1.25#imgrc=roR7KDF5YaKEdM

Como se pode ver, o comércio realizado por meio dos bandeirantes era variado e suas atividades também. O termo droga, às vezes incomoda, por conta do significado que tem (“Droga: qualquer substância que é capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento” [UNIFESP]). Originalmente, esse termo (droga), de acordo com a UNIFESP, definia: “Origem da palavra: droga vem da palavra droog ( holandês antigo) que significa folha seca. Isto porque, antigamente, a maioria dos medicamentos era à base de vegetais.” (UNIFESP. Ver citação completa nas Referências). Aqui, como foi usado naqueles tempos da colonização, o termo se refere a PLANTAS e produtos advindos de plantas, que serviam para alimentação, tempero (condimentos, especiarias), como remédios (uso medicinal, sem dúvida alguma), entre outros, muito apreciados na Europa e usados como substituintes das especiarias advindas das Índias e do Oriente, ainda que não as substituíssem totalmente. E sertão? Terras interioranas.

No caso do Brasil, como eram abundantes na Região Norte e em regiões próximas, o comércio das drogas do sertão era bom. Além dos produtos terem bom preço, aqueles lugares ficam mais perto de Portugal e da Europa, na travessia do Oceano Atlântico. Ademais, o comércio desse material permitiu a afirmação da presença portuguesa também naquelas regiões (Norte e próximas) do território brasileiro.

Em Goiás, como em Minas Gerais, o incremento populacional, efetivamente, viria com a mineração do ouro, motivando a se trazer, inclusive, negros escravizados para o trabalho pesado. Além da economia, como se verá, o ouro foi muito útil também à arte, por conta de encomendas.

REFERÊNCIAS BÁSICAS:

COMANDO DE ENSINO DA POLÍTICA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS. APOSTILA DE CULTURA GOIANA. [Década de 2010.] Documento impresso.

DEPARTAMENTO DE PSICOBIOLOGIA UNIFESP/EPM. Drogas. Disponível em: < https://www2.unifesp.br/dpsicobio/drogas/defini.htm#:~:text=Origem%20da%20palavra%3A%20droga%20vem,mudan%C3%A7as%20fisiol%C3%B3gicas%20ou%20de%20comportamento. > Acesso em 25/03/2023.

UOL MUNDO EDUCAÇÃO. Drogas do sertão. Disponível em: < https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/drogas-sertao.htm > Acesso em 25/03/2023.

VEIGA, Edson. Como os bandeirantes, cujas homenagens hoje são questionadas, foram alçados a 'heróis paulistas'. Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53116270 > Acesso em 25/03/2023.

 

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