COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
PRIMEIRO BIMESTRE
AULA 7 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DO
PRIMEIRO ANO:
RETOMADA E CONCLUSÃO DO CONTEÚDO DA AULA 6 (Prof. José A. Brazão.):
O texto continua:
“Durante o período em que a União Ibérica [1580 a
1640] invalidou as delimitações impostas pelo Tratado de Tordesilhas [1494], o
bandeirantismo intensificou suas atividades alcançando regiões cada vez mais
distantes. As explorações dos bandeirantes delimitaram o território brasileiro
que conhecemos hoje. Inclusive da Amazônia, devido à procura das drogas do
sertão.” (ESTADO DE MINAS. Op. Cit.)
A União Ibérica foi um
período em que Portugal e Espanha foram unificados em torno de um mesmo rei,
com o Rei Felipe II da Espanha e outros que o sucederam. O rei português havia
morrido sem deixar filhos e, na linha de sucessão ao trono, Felipe II acabou
assumindo. Um elemento comercial importante, além das competências citadas
anteriormente sobre os bandeirantes, foi a obtenção das chamadas drogas do
sertão. Que eram e para que serviam? Eram plantas que tinham potencial
alimentar, farmacológico, também como especiarias e, certamente, outros usos.
Contribuíram para acrescentar um produto natural a mais no comércio com
Portugal e a Europa.
Invasores holandeses,
alguns anos após o fim da União Ibérica, seriam expulsos do Brasil (1654).
Portugal sabia bem que não podia perder as terras obtidas e conquistadas.
“Como o objetivo principal dos bandeirantes era a
captura de indígenas para a escravidão, eles descobriram que o ataque às
missões jesuíticas eram uma rentável alternativa, em que poderiam obter índios
acostumados a uma rotina de trabalhos braçais. Com isso, jesuítas e
bandeirantes entraram em conflito diversas vezes. Realidade: a brutalidade,
fome e ganância em um ambiente hostil. ([Ver] foto: Pintura de Debret mostrando uma luta de bandeirantes contra
indígenas.).” (ESTADO DE MINAS. Op. Cit.)
Como adquirir escravos indígenas
poderia render mais dinheiro e sem precisar comprar de vendedores que vinham
com navios abarrotados de escravos da África, a invasão às missões jesuítas
viria a ser um bom negócio, mesmo desrespeitando a Congregação Jesuíta
(católica). Conflitos vieram a ocorrer e, de forma muito intensa, no Sul do
Brasil. A ambição dos bandeirantes, como se vê e o texto acima comenta, era
brutal, com profunda sede de ganhos, numa vida dura tanto para aqueles homens
como para seus capturados, fossem estes índios, índias e também crianças
indígenas. Em Goiás, ainda que não houvesse ataque a missões de padres jesuítas
ou de outra congregação, mesmo assim a crueldade e a ganância dos bandeirantes,
com toda certeza, estiveram presentes naqueles que para Goiás viriam.
“Graças as essas expedições, as primeiras regiões
ricas em ouro foram descobertas no final do século XVII. Em 1695, aconteceu a
primeira descoberta de ouro nas proximidades do Rio das Velhas, local onde hoje
estão as cidades mineiras de Caeté e Sabará. Pouco tempo depois, outras regiões
próximas formaram um dos maiores centros de exploração de ouro no Brasil.”
(ESTADO DE MINAS. Op. Cit.)
O ouro descoberto
naquelas que viriam a ser chamadas Minas Gerais atiçou o interesse de muita
gente em ir para aquelas regiões. Minas Gerais, com efeito, se mostraria, ao
longo dos séculos seguintes, uma enorme produtora de ouro, além de pedras
preciosas que seriam encontradas aqui e ali. O ouro mineiro, juntamente com o
posterior ouro encontrado em GOIÁS e em outros lugares, alimentaria a economia
portuguesa e da colônia por um bom tempo. Até mesmo na arte deixaria marcas,
tendo em vista que o Barroco mineiro, junto com o carioca e o baiano,
mostrariam grande esplendor. Como se verá, ainda que também viesse a ocorrer
também em Goiás, o barroco aqui seria menos expressivo, ainda que com algum
destaque, como se verá em aulas posteriores.
“A descoberta do ouro em pouco tempo estimulou as
autoridades portuguesas a terem mais controle sobre a colônia e elas entraram
em conflito com os colonos paulistas pelo monopólio sobre a mineração: a Guerra
dos Emboabas. Ao longo do século XVIII, a exploração do ouro representou a
principal fonte de renda de Portugal. Outras entradas e bandeiras foram
responsáveis pela descoberta de ouro e pedras preciosas nas regiões de Mato
Grosso e Goiás.” (ESTADO DE MINAS. Op. Cit.)
O controle sobre o
Brasil, no momento em que se começam a encontrar minas de ouro (além de algumas
contendo pedras preciosas), era crucial. Com relação à Guerra dos Emboabas
[nome dado a portugueses], o site Stoodi assim resume: “A Guerra dos
Emboabas foi uma disputa entre bandeirantes e lusitanos pela exploração das
jazidas de ouro de Minas Gerais. Depois de conflitos e muitas mortes, os
paulistas saíram derrotados e foram em busca de novas minas, as encontrando na área centro-oeste do país. ” [grifo do próprio site]
(STOODI. Ver citação completa nas referências.). Como se pode ver, a Guerra dos
Emboabas abriu caminho, além da situação econômica da Capitania de São
Vicente/São Paulo, para a vinda de bandeirantes para a Região Centro-Oeste,
onde ficam Goiás e Mato Grosso.
“A partir de então, o bandeirantismo inaugurou uma
nova etapa nas relações econômicas na colônia. Com a intensificação do controle
das autoridades portuguesas e as reformas promovidas pelo Marquês de Pombal, o bandeirantismo
acabou perdendo sua importância. Contudo, no período em que se consolidou como atividade econômica, a
ação dos bandeirantes foi de grande importância para a ampliação dos
territórios e a diversificação das atividades comerciais.” (ESTADO DE MINAS. Op. Cit.) [negritado meu]
O avanço por terrenos
pouco conhecidos, em direção a oeste e centro-oeste, por conta também do fim do
traçado do Tratado de Tordesilhas, em busca de riquezas e novas terras, foi de
vital importância para a colonização e a fixação de pessoas em Mato Grosso e
Goiás. Para lembrar, o a linha do Tratado de Tordesilhas demarcava as
fronteiras entre terrenos de Portugal, a leste de seu traçado, e da Espanha, a
oeste de tal traçado. O tamanho do Brasil veio a ampliar-se consideravelmente.
Mas, como se verá ao longo dos estudos, às custas de massacres de povos
indígenas, do aumento de escravos negros trazidos para trabalhar em minas
descobertas em Mato Grosso e Goiás.
No caso de Goiás, entre
os bandeirantes abaixo citados, dois seriam de extrema importância: Bartolomeu
Bueno da Silva, o pai, e Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, sendo que este
último, seguindo teimosamente os passos do pai, acabaria, efetivamente, por
encontrar ouro em terras goianas. Só para lembrar, Goyás era nome de indígenas
que outrora existiram em Goiás e vieram a ser exterminados.
“Os principais bandeirantes foram Fernão Dias Pais,
Manuel Borba Gato, [Amador Bueno da Veiga], Bartolomeu Bueno da Silva
(Anhanguera), Domingos Jorge Velho, Antônio Raposo Tavares, Nicolau Barreto e
Manuel Preto. Muitos deles aclamados como heróis pelo governo paulista. Heróis
ou vilões? Talvez sejam ambos.” (ESTADO DE MINAS. Op. Cit.]
Fontes:
CARVALHO FRANCO, Francisco de Assis, Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas
do Brasil, Editora Itatiaia Limitada - Editora da Universidade de São Paulo,
1989.
MONTEIRO, John. Negros da Terra. Índios e Bandeirantes nas origens de São
Paulo, no séc. XVI. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.” (ESTADO DE MINAS. Bandeirantes:
heróis ou vilões? Disponível em: < https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/enem/2015/07/07/noticia-especial-enem,665802/bandeirantes-herois-ou-viloes.shtml >
Acesso em 04/03/2023.) [O que está entre colchetes é meu, como pequena correção
ao texto.]
Ainda que contestados e
criticados, há monumentos aos bandeirantes em diferentes lugares do Brasil. Em
Goiás, na capital Goiânia, há até a Avenida Anhanguera e a estátua do
Bandeirante, na mesma avenida, em homenagem a Bartolomeu Bueno da Silva, um dos
desbravadores de Goiás, a partir da capitania de São Vicente/São Paulo. Em São
Paulo, há a Rodovia dos Bandeirantes! Vê-se, com isto, a percepção dos
bandeirantes, com certo romantismo e imaginação, como heróis. Sem dúvida, foram
responsáveis por descobertas e avanços, ampliando o tamanho das terras então
portuguesas.
Contudo, aproveitando o
outro termo, “vilões”, ainda que não se possa ler a história por meio de
dualismos (heróis X vilões, por exemplo), o fato é que a empreitada dos
bandeirantes deixou, no decorrer dos séculos, muitos mortos, escravos, mulheres
e meninas indígenas (e negras) estupradas, entre outras barbaridades. O
julgamento cabe à história.
Com os bandeirantes e
aqueles(as) que lhes seguiram os passos, a formação de um povo, hoje, com
muitos traços indígenas, brancos e negros, em uma mistura racial, sem dúvida,
muito rica e que veio a contribuir para a constituição humana do Brasil.
Pessoas que se encontraram, se confrontaram, se odiaram, outras que se amaram,
enfim e com razão, um verdadeiro amálgama entre raças e povos.
A partir do segundo
bimestre, daqui a alguns dias, começaremos a ver, com mais detalhes, temas aqui
apresentados, além de outros que fazem parte da riquíssima cultura goiana.
REFERÊNCIAS BÁSICAS:
ESTADO
DE MINAS. Bandeirantes:
heróis ou vilões?
Disponível em: < https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/enem/2015/07/07/noticia-especial-enem,665802/bandeirantes-herois-ou-viloes.shtml > Acesso em 04/03/2023.) [O que está entre
colchetes é meu, como pequena correção ao texto.
NOVACANA.
Cana-de-Açúcar
— Tudo sobre esta versátil planta. Disponível em: < https://www.novacana.com/noticias/cana-de-acucar > Acesso em 04/03/2023.
PARQUE DAS AVES. Conheça os Parques Nacionais da Mata Atlântica. Disponível em: < https://www.parquedasaves.com.br/blog/3332/ > Acesso em 04/03/2023.
ROMEIRO, Julieta et alii. DIÁLOGO Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas. São Paulo, Moderna, 2020. Seis volumes.
STOODI.
Guerra dos Emboabas: o que foi, resumo e mais! Disponível em: < https://www.stoodi.com.br/blog/historia/guerra-dos-emboabas/#:~:text=A%20Guerra%20dos%20Emboabas%20foi%20uma%20disputa%20entre%20bandeirantes%20e,%C3%A1rea%20centro%2Doeste%20do%20pa%C3%ADs. >
Acesso em 04/03/2023.
Nenhum comentário:
Postar um comentário