terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

PRIMEIRO BIMESTRE – SEGUNDOS ANOS AULA 2 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS: ÍNDIOS E NEGROS NA HISTÓRIA DE GOIÁS (APONTAMENTOS): Comunidades quilombolas e indígenas no Brasil em Goiás (Prof. José Antônio Brazão.)

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COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica


PRIMEIRO BIMESTRE – SEGUNDOS ANOS

AULA 2 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS:

ÍNDIOS E NEGROS NA HISTÓRIA DE GOIÁS (APONTAMENTOS):

Comunidades quilombolas e indígenas no Brasil em Goiás (Prof. José Antônio Brazão.)

Há diferentes comunidades quilombolas e indígenas espalhadas pelo Brasil afora, inclusive em Goiás. Essas comunidades são remanescentes (descendentes) de diferentes comunidades de negros e tribos de índios que se formaram no decurso dos séculos anteriores, particularmente a partir do período colonial brasileiro (séculos XVI a XVIII) e também nos períodos imperial e republicano.

Para suprir a necessidade de força de trabalho, a fim de atender a demanda (cobrança, exigência, pedido) constante de madeira, açúcar, especiarias e outros produtos que eram levados daqui para a metrópole portuguesa, empregou-se, inicialmente, a força de trabalho dos índios e, na sequência e até concomitantemente, a força dos negros africanos, homens e mulheres.

O sofrimento imposto sobre esses povos foi terrível: espancamentos, chicotadas, uso de instrumentos de tortura, chegando ao extremo do assassinato, em alguns casos, no intuito de dar exemplo aos demais escravizados. Houve tribos indígenas que foram dizimadas, literalmente, tendo suas terras ocupadas por gente da metrópole daqueles tempos e fazendeiros posteriores. Por exemplo: fazendas de cana de açúcar, também fazendas de café entre os séculos XIX e XX (hoje, ainda, infelizmente, com invasões a terras indígenas: fazendeiros, garimpeiros, serralheiros...).

No caso dos índios, vale aqui apontar povos que ainda habitam, em tribos, o Estado de Goiás:

POVO AVÁ-CANOEIRO:

“Os Avá-Canoeiro autodenominam-se Ãwa, palavra que, ‘como em outras línguas tupi-guarani, significa gente, pessoa, ser humano, homem adulto’. A etnia se localizou durante a história na região das margens do Rio Araguaia, entre os estados de Goiás, Tocantins e Pará.

Até a década de 1960, o grupo era conhecido como ‘Canoeiro’ na literatura, em razão da grande habilidade na utilização de canoas nos primórdios do contato com os colonizadores.

(...) Um povo que muito sofreu e no cenário atual vive mais escondido em seu próprio território.” (CURTA MAIS. Conheça os povos indígenas de Goiás. Disponível em: < https://www.curtamais.com.br/goiania/conheca-os-povos-indigenas-de-goias > Acesso em 21 de janeiro de 2023.

POVO JAVAÉ:

“Os Javaé, assim como os Karajá, são um dos poucos povos indígenas de antiga Capitania de Goiás que sobreviveram às capturas e grandes mortandades promovidas pelos bandeirantes, à política repressora dos aldeamentos, às epidemias trazidas pelos colonizadores em épocas diferentes e à invasão crescente do seu território.

Nos anos 60 [1960...], depois de longo período de dúvidas, a linguística reconheceu o pertencimento da língua Karajá ao tronco linguístico Marcro-Jê, embora ainda não tenha sido classificada em família. Atualmente habitam a Ilha do Gananal no Rio Tocantins e em outras 12 aldeias ao longo do Rio Javaés.” (Idem.)

POVO KARAJÁ:

“Os Karajás são habitantes seculares das margens do rio Araguaia e suas aldeias desenham uma ocupação territorial entre os estados de Goiá, Tocantins, Mato Grosso e Pará.

Hábeis canoeiros, manejam com maestria os recursos alimentares do cerrado e da floresta tropical de transição, composto por frutos do cerrado, produtos das roças de coivara e pela rica ictiofauna [fauna de peixes] do rio Araguaia e de pequenos lagos.

Devido ao contato permanente com a sociedade brasileira, os Karajás falam o português e convivem com o mundo dos não-índios.

Os karajás se destacam pela sua arte cerâmica, em especial pelo modo de fazer as bonecas (ritxòò/ritxkòkò), atributo exclusivamente das mulheres.

Esse saber tradicional está sendo objeto de um processo com vistas ao seu registro como patrimônio imaterial brasileiro.

Devido a grande exploração da atividade agropecuária no Estado de Goiás, existe apenas uma área preservada do povo Karajá, que fica no município de Aruanã (três áreas descontinuas).” (Ibidem.)

POVO TAPUIO:

“Bem como os Avá e os Javaés, os Tapuio são conhecidos como mestres de sabedoria e força por (re)existirem historicamente contra diversas investidas de violência física, social, cultural e epistêmica.

As informações históricas referentes aos povos indígenas existentes na região Goiás/Tocantins, na época da colonização, estão baseadas apenas em relatórios de viajantes, depoimentos dos próprios índios e documentos oficiais do governo.

Depois de décadas de extermínio, em 2018, no território goiano existem apenas uma terra do povo Tapuio: no município de Rubiataba e Nova América (duas áreas descontínuas).” (Idem, ibidem.) (Uso exclusivo destas informações: formação educacional.)

Com o decorrer do tempo, movimentos de resistência contra a escravidão foram surgindo, como a fuga para outras regiões. No caso dos negros africanos, a fuga para locais onde vieram a formar os chamados quilombos, ou seja, comunidades de negros escravos fugidos. Muitas dessas comunidades foram destruídas pelos escravizadores, mas algumas resistiram e continuam existindo, através de seus descendentes, até hoje – sendo, justamente, as comunidades chamadas quilombolas.

Tanto as aldeias indígenas quanto as comunidades quilombolas têm um modo próprio de tratar a natureza e o mundo que as rodeia. Em muitas delas, não marcadas pela cobiça desvairada do capital, a convivência com a natureza é até muito positiva. Índios e negros quilombolas, neste caso, buscam tratar bem a natureza em suas terras, sabendo que dali tiram e tirarão os alimentos e o materiais necessários à sua vida. Essa convivência é um exemplo vivo de como se pode produzir bem sem, obrigatoriamente, ficar destruindo o meio ambiente a todo tempo.

Há, com certeza, muito que aprender com esses grupos humanos.

 

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