COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
PRIMEIRO BIMESTRE – SEGUNDOS ANOS
AULA 2 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS:
ÍNDIOS E NEGROS NA HISTÓRIA DE GOIÁS
(APONTAMENTOS):
Comunidades quilombolas e indígenas no Brasil
em Goiás (Prof. José Antônio Brazão.)
Há diferentes comunidades
quilombolas e indígenas espalhadas pelo Brasil afora, inclusive em Goiás. Essas
comunidades são remanescentes (descendentes) de diferentes comunidades de
negros e tribos de índios que se formaram no decurso dos séculos anteriores,
particularmente a partir do período colonial brasileiro (séculos XVI a XVIII) e
também nos períodos imperial e republicano.
Para suprir a necessidade
de força de trabalho, a fim de atender a demanda (cobrança, exigência, pedido)
constante de madeira, açúcar, especiarias e outros produtos que eram levados
daqui para a metrópole portuguesa, empregou-se, inicialmente, a força de trabalho
dos índios e, na sequência e até concomitantemente, a força dos negros
africanos, homens e mulheres.
O sofrimento imposto
sobre esses povos foi terrível: espancamentos, chicotadas, uso de instrumentos
de tortura, chegando ao extremo do assassinato, em alguns casos, no intuito de
dar exemplo aos demais escravizados. Houve tribos indígenas que foram
dizimadas, literalmente, tendo suas terras ocupadas por gente da metrópole
daqueles tempos e fazendeiros posteriores. Por exemplo: fazendas de cana de açúcar,
também fazendas de café entre os séculos XIX e XX (hoje, ainda, infelizmente,
com invasões a terras indígenas: fazendeiros, garimpeiros, serralheiros...).
No caso dos índios, vale
aqui apontar povos que ainda habitam, em tribos, o Estado de Goiás:
POVO AVÁ-CANOEIRO:
“Os Avá-Canoeiro autodenominam-se Ãwa, palavra que,
‘como em outras línguas tupi-guarani, significa gente, pessoa, ser humano,
homem adulto’. A etnia se localizou durante a história na região das margens do
Rio Araguaia, entre os estados de Goiás, Tocantins e Pará.
Até a década de 1960, o grupo era conhecido como
‘Canoeiro’ na literatura, em razão da grande habilidade na utilização de canoas
nos primórdios do contato com os colonizadores.
(...) Um povo que muito sofreu e no cenário atual vive
mais escondido em seu próprio território.” (CURTA MAIS. Conheça os povos
indígenas de Goiás. Disponível em: < https://www.curtamais.com.br/goiania/conheca-os-povos-indigenas-de-goias > Acesso em 21 de janeiro de 2023.
POVO JAVAÉ:
“Os Javaé, assim como os Karajá, são um dos poucos
povos indígenas de antiga Capitania de Goiás que sobreviveram às capturas e
grandes mortandades promovidas pelos bandeirantes, à política repressora dos
aldeamentos, às epidemias trazidas pelos colonizadores em épocas diferentes e à
invasão crescente do seu território.
Nos anos 60 [1960...], depois de longo período de
dúvidas, a linguística reconheceu o pertencimento da língua Karajá ao tronco
linguístico Marcro-Jê, embora ainda não tenha sido classificada em família.
Atualmente habitam a Ilha do Gananal no Rio Tocantins e em outras 12 aldeias ao
longo do Rio Javaés.” (Idem.)
POVO KARAJÁ:
“Os Karajás são habitantes seculares das margens do
rio Araguaia e suas aldeias desenham uma ocupação territorial entre os estados
de Goiá, Tocantins, Mato Grosso e Pará.
Hábeis canoeiros, manejam com maestria os recursos
alimentares do cerrado e da floresta tropical de transição, composto por frutos
do cerrado, produtos das roças de coivara e pela rica ictiofauna [fauna de
peixes] do rio Araguaia e de pequenos lagos.
Devido ao contato permanente com a sociedade
brasileira, os Karajás falam o português e convivem com o mundo dos não-índios.
Os karajás se destacam pela sua arte cerâmica, em
especial pelo modo de fazer as bonecas (ritxòò/ritxkòkò), atributo
exclusivamente das mulheres.
Esse saber tradicional está sendo objeto de um
processo com vistas ao seu registro como patrimônio imaterial brasileiro.
Devido a grande exploração da atividade
agropecuária no Estado de Goiás, existe apenas uma área preservada do povo
Karajá, que fica no município de Aruanã (três áreas descontinuas).” (Ibidem.)
POVO TAPUIO:
“Bem como os Avá e os Javaés, os Tapuio são
conhecidos como mestres de sabedoria e força por (re)existirem historicamente
contra diversas investidas de violência física, social, cultural e epistêmica.
As informações históricas referentes aos povos
indígenas existentes na região Goiás/Tocantins, na época da colonização, estão
baseadas apenas em relatórios de viajantes, depoimentos dos próprios índios e
documentos oficiais do governo.
Depois de décadas de extermínio, em 2018, no
território goiano existem apenas uma terra do povo Tapuio: no município de
Rubiataba e Nova América (duas áreas descontínuas).” (Idem, ibidem.) (Uso
exclusivo destas informações: formação educacional.)
Com o decorrer do tempo,
movimentos de resistência contra a escravidão foram surgindo, como a fuga para
outras regiões. No caso dos negros africanos, a fuga para locais onde vieram a
formar os chamados quilombos, ou seja, comunidades de negros escravos fugidos.
Muitas dessas comunidades foram destruídas pelos escravizadores, mas algumas
resistiram e continuam existindo, através de seus descendentes, até hoje –
sendo, justamente, as comunidades chamadas quilombolas.
Tanto as aldeias
indígenas quanto as comunidades quilombolas têm um modo próprio de tratar a
natureza e o mundo que as rodeia. Em muitas delas, não marcadas pela cobiça
desvairada do capital, a convivência com a natureza é até muito positiva.
Índios e negros quilombolas, neste caso, buscam tratar bem a natureza em suas
terras, sabendo que dali tiram e tirarão os alimentos e o materiais necessários
à sua vida. Essa convivência é um exemplo vivo de como se pode produzir bem
sem, obrigatoriamente, ficar destruindo o meio ambiente a todo tempo.
Há, com certeza, muito
que aprender com esses grupos humanos.
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