terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

PRIMEIRO BIMESTRE - AULA 4 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DOS SEGUNDOS ANOS: ELEMENTOS INDÍGENAS E AFRICANOS NA CULTURA BRASILEIRA (Prof. José Antônio Brazão.)

 

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica


PRIMEIRO BIMESTRE

AULA 4 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DOS SEGUNDOS ANOS:

ELEMENTOS INDÍGENAS E AFRICANOS NA CULTURA BRASILEIRA

 (Prof. José Antônio Brazão.)

COMPLEMENTOS E COMENTÁRIOS:

COMPLEMENTO 1:

ALGUNS TERMOS INDÍGENAS NA LÍNGUA PORTUGUESA, EM USO:

O tupi foi a língua mais falada no Brasil até o século XVIII. Em 1758, foi legalmente proibido de ser utilizado em estabelecimentos de ensino e em órgãos públicos.

Mais de dois séculos foram suficientes para o português incorporar várias palavras do tupi, principalmente as designativas de elementos do universo indígena, tais como lugares, rios, plantas e animais.            

Capivara
Veio do tupi kapii’gwara, palavra formada de ka’pii, capim + gwara, comedor.

Carioca
Veio do tupi kari’oka, que significava casa (oka) do homem branco (kari).

Catapora
Veio do tupi tata’pora, palavra formada de ta’ta, fogo + ‘pora, que brota. Os dicionários registram a forma tatapora. O povo, sabe-se lá por quê, preferiu dizer catapora, forma também dicionarizada.

Catupiry
O queijo cremoso foi criado em 1911, em Lambari (MG), pelo imigrante italiano Mário Silvestrine. A palavra escolhida para sua marca veio do tupi catupiri, que quer dizer “excelente”.

Guanabara
Veio do tupi goanã-pará, baía ou golfo abrigado, formado de gwa, baía + nã, semelhante + ba’ra, mar.

Jaú
O nome da cidade paulista e do rio vieram do nome do peixe, jaú, por sua grande quantidade na desembocadura do rio no Tietê.  E o nome do peixe veio do tupi ya’u, aquele que devora.

Mingau
Veio do tupi minga’u, comida que gruda.

Muamba
Veio do quimbundo muhamba, que era um cesto comprido usado para transportar cargas em viagem.

Nhe-nhe-nhem
Veio do tupi nheem, falar. No Brasil do século XVI, os portugueses, espantados com o falatório interminável dos índios tupis, usaram três vezes a palavra “falar” em tupi e fizeram nhe-nhe-nhem, que literalmente quer dizer “falar, falar, falar”.

Paraíba
Do tupi pa’ra, rio + a'iba, ruim, não navegável.

Perereca
Veio do tupi pere’reka, que significa “indo aos saltos”.

Peteca
Veio do tupi pe’teka, bater com a palma da mão.

Pindaíba
Pindaíba é uma espécie de planta. Seu nome veio do tupi pinda’ïwa, formado de pi’nda, anzol + ‘ïwa, vara, já que os indígenas usavam a planta como caniço. Dessa forma, a expressão estar na pindaíba significa “estar na miséria”, como se a pessoa dispusesse apenas de uma vara de pescar para sobreviver.

Pororoca
Veio do tupi poro’roka, estrondo.

Tocaia
Veio do tupi to’kaya, casinha ou cercado onde o indígena se escondia para surpreender um inimigo ou uma caça.

Tamanduá
Veio do tupi tá-monduá, caçador de formigas, que é o que ele come. O tamanduá, tadinho, é desdentado.

(NOGUEIRA, Sérgio. Palavras que vêm das línguas indígenas. Disponível em: < https://g1.globo.com/educacao/blog/dicas-de-portugues/post/palavras-que-vem-das-linguas-indigenas.html > Acesso em 04 de fevereiro de 2023.) Uso exclusivamente didático, para ensino-aprendizagem.

Ver também:

ISA – INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. PALAVRAS INDÍGENAS INCORPORADAS AO PORTUGUÊS. Disponível em: < https://mirim.org/pt-br/linguas-indigenas/palavras-indigenas-portugues > Acesso em 04/02/2023.

COMPLEMENTO 2:

ALGUMAS PALAVRAS AFRICANAS PRESENTES NA LÍNGUA PORTUGUESA:

Trecho de texto da Professora Flávia Neves:

Palavras de origem africana:

(Flávia Neves – Professora de Português)

Palavras de origem africana na religião:

·    axé (do iorubá àse);

·    Exu (do iorubá èsu);

·    Iemanjá (do iorubá yè m-ndja);

·    macumba (do quimbundo makumba);

·    orixá (do iorubá òrisà);

·    umbanda (do quimbundo umbanda);

·    Xangô (do iorubá sàngó).

Palavras de origem africana em danças, músicas, jogos,...:

·    berimbau (do quimbundo mbirimbau);

·    calango (do quimbundo kalanga);

·    caxixi (do quimbundo kaxaxi);

·    ganzá (do quimbundo nganza);

·    maculelê (do quicongo makalele);

·    samba (do quicongo samba).

Palavras de origem africana na culinária:

·    acarajé (do iorubá akarà-jẹ);

·    bobó (do jeje bobó);

·    farofa (do quimbundo falofa);

·    fubá (do quimbundo fuba);

·    jabá (do iorubá jàbàjábá);

·    moqueca (do quimbundo mukéka);

·    quibebe (do quimbundo kibebe);

·    quitute (do quicongo kilute).

Palavras de origem africana na flora e fauna:

·    camundongo (do quimbundo kamundongo);

·    caxinguelê (do quimbundo kaxijiangele);

·    dendê (do quimbundo ndende);

·    marimbondo (do quimbundo marimbondo);

·    mutambo (do quimbundo mutamba);

·    quiabo (do quimbundo kingombo).

Outras palavras de origem africana:

·    bambambã (do quimbundo mbamba mbamba);

·    borocoxô (do quicongo bolokotó);

·    bunda (do quimbundo mbunda);

·    caçamba (do quimbundo kisambu);

·    cacimba (do quimbundo kixíma);

·    caçula (do quimbundo kasule);

·    cafuné (do quimbundo kafundu);

·    capanga (do quimbundo kapanga);

·    cochilar (do quimbundo koxila);

·    moleque (do quimbundo muleke);

·    muvuca (do quicongo mvuka);

·    quilombo (do quimbundo kilombo);

·    quitanda (do quimbundo kitanda);

·    senzala (do quimbundo sanzala);

·    tanga (do quimbundo ntanga);

·    zumbi (do quimbundo nzumbi).

REFERÊNCIA:

NEVES, Flávia. Palavras de origem africana. Disponível em: < https://www.normaculta.com.br/palavras-de-origem-africana/ > Acesso em 04/02/2023. (Aqui: uso exclusivamente didático.)

Ver também:

CARTA CAPITAL. Conheça as palavras africanas que formam nossa cultura. Disponível em: < https://www.cartacapital.com.br/educacao/conheca-as-palavras-que-herdamos-da-africa/ > Acesso em 05 de fevereiro de 2023. (Aqui: uso exclusivamente didático.

COMENTÁRIO DO PROFESSOR JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO:

As culturas indígenas e africanas, por conta do contato cultural advindo, ao longo dos últimos cinco, trouxeram e trazem consigo um enorme enriquecimento para a cultura brasileira, dando a forma que ela tem hoje.

Foram palavras, costumes, danças, elementos religiosos, alimentos e outros elementos culturais que se entrecruzaram e que fazem parte, agora, do dia a dia dos brasileiros e, especialmente, do povo goiano. De fato, a cultura goiana traz profundas marcas daquelas três culturas (além de outras) em sua formação. Como veremos, futuramente, por exemplo: o congo de Catalão, uma série de festas religiosas e populares, incluindo o carnaval, em que a cultura africana e também a cultura indígena, com certeza, estão presentes e até, de repente, se misturam com tradições europeias advindas por meio dos portugueses.

Se a língua é predominantemente portuguesa, por outro lado, o acréscimo de termos e modos de falar próprios de índios e africanos (negros) só fez enriquecer o vocabulário, dando a este novas conotações e abrindo-o para novos modos de entender e exprimir o mundo e a realidade em que diferentes povos vivem e convivem.

Com efeito, as palavras estão carregadas de vivências, as quais se expressam na comunicação entre as pessoas. Essas vivências, por sua vez, são históricas – há palavras que variam de significados ou de peso semântico (de sentido, de significado) de acordo com o tempo. Palavras que comumente usamos também em GOIÁS. Por exemplo, de acordo com a Carta Capital:

Moleque: Do quimbundo mu’leke, que significa ‘filho pequeno’ ou ‘garoto’, era um modo de se chamar os seus filhos de mu’lekes. Com o passar do tempo, a palavra começou a apresentar  um significado pejorativo, devido ao preconceito existente contra tudo que era próprio dos negros, inclusive o modo como chamavam os seus filhos. Antes da abolição da escravidão, por exemplo, chamar um menino branco de ‘moleque’ era uma grande ofensa. Atualmente, a palavra ‘moleque’ é atribuída a crianças traquinas e desobedientes. Também é utilizada para qualificar a personalidade de uma pessoa brincalhona ou que não merece confiança.” (CARTA CAPITAL. Conheça as palavras africanas que formam nossa cultura. Disponível em: < https://www.cartacapital.com.br/educacao/conheca-as-palavras-que-herdamos-da-africa/ > Acesso em 05 de fevereiro de 2023. (Aqui: uso exclusivamente didático.)

Conforme o que vemos no texto, a palavra moleque, de ‘mu’leque’ filho pequeno/garoto, lá em suas antigas origens africanas, muito certamente de um tempo antes da escravidão, foi sofrendo mudanças em sua conotação. A escravidão, no Brasil, contribuiu, inclusive, para tal mudança: uma palavra de trato negativo (pejorativo) para filhos de escravizadores, por ser usada pelos negros escravos, no período colonial; uma palavra, hoje, usada para se referir, ainda que de forma zombeteira, a crianças bagunceiras e desobedientes (exemplo: Seu moleque, venha cá, agora!) ou, inclusive, a alguém que, por brincar muito, não levando muitas coisas a sério, perde certa confiança das pessoas.

Em GOIÁS e em outras partes do Brasil também é muito comum o uso do FUBÁ em muitas receitas. De acordo com a Carta Capital, já citada:

“FUBÁ: Fuba, da língua banta quimbundo, é uma farinha feita com milho ou arroz. Feijão e angu – creme feito apenas com fubá e água – eram a base da alimentação dos africanos e afro-brasileiros. Hoje, vários pratos e quitutes são preparados com esse ingrediente, sendo o bolo de fubá o mais querido entre os brasileiros.” (CARTA CAPITAL. Conheça as palavras africanas que formam nossa cultura. Disponível em: < https://www.cartacapital.com.br/educacao/conheca-as-palavras-que-herdamos-da-africa/ > Acesso em 05 de fevereiro de 2023. [Aqui: uso exclusivamente didático.])

Sem dúvida alguma, o fubá, em GOIÁS e em outras partes do Brasil, faz parte de receitas diversas. Além do bolo de fubá, citado, vale lembrar do ANGU, dos bolinhos de arroz que se encontram no mercado da Cidade de Goiás, tortas salgadas, BROA de fubá (uma delícia!), pãozinho de fubá, biscoitos, frituras de fubá, bem como uma quase infinidade de receitas deliciosas, comuns em Goiás. De um creme aguado de fubá, alimento dos escravizados, o fubá passou a ser usado em muitas receitas no decorrer dos séculos, desde os tempos coloniais, dos quais a cultura goiana recebeu grandes contribuições e, com toda certeza, ofereceu contribuições imensas ao Brasil.

Quanto aos alimentos indígenas, a palavra mingau (“do tupi minga’u, comida que gruda”), mencionada pelo Instituto Socioambiental, podemos ver uma variedade, atualmente, imensa de mingaus. Entre estes, inclusive, misturando as culturas indígena e africana (afro-brasileira): o mingau (nome indígena) de fubá (nome africano).

Em feiras goianas, atualmente, também é comum o consumo de uma comida afro-brasileira: o acarajé (alimento afro-brasileiro). Um bolinho feito de feijão amassado e outros ingredientes, frito em azeite de dendê (outra palavra de origem africana). Da Bahia para Goiás!

Receitas com queijo catupiri (catupiry, palavra indígena), ainda que este seja de origem mineira (ver acima) e carrega consigo parte indígena no nome, também são muito comuns em GOIÁS: em feiras, pizzarias, lanchonetes, sanduicherias, restaurantes e em muitos outros lugares.

Enfim, culturas (indígena, africana e portuguesa, além de outras) que, por motivos variados, se cruzaram e que trouxeram e trazem continuamente riqueza de um patrimônio comum a goianos e a todos os brasileiros e brasileiras.

REFERÊNCIAS:

CARTA CAPITAL. Conheça as palavras africanas que formam nossa cultura. Disponível em: < https://www.cartacapital.com.br/educacao/conheca-as-palavras-que-herdamos-da-africa/ > Acesso em 05 de fevereiro de 2023. [Aqui: uso exclusivamente didático.]

NEVES, Flávia. Palavras de origem africana. Disponível em: < https://www.normaculta.com.br/palavras-de-origem-africana/ > Acesso em 04/02/2023. (Aqui: uso exclusivamente didático.)

ROMEIRO, Julieta et alii. Diálogo: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São Paulo, Moderna, 2020. (6 volumes) [Livros didáticos.]

SUPER INTERESSANTE. História dos impérios africanos. Disponível em: < https://super.abril.com.br/historia/a-historia-dos-imperios-africanos/ > Acesso em 04 de fevereiro de 2023.

 

 

Nenhum comentário: