COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
PRIMEIRO BIMESTRE
AULA 4 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DOS SEGUNDOS ANOS:
ELEMENTOS INDÍGENAS E AFRICANOS NA CULTURA BRASILEIRA
(Prof. José Antônio Brazão.)
COMPLEMENTOS E COMENTÁRIOS:
COMPLEMENTO 1:
ALGUNS TERMOS INDÍGENAS NA LÍNGUA PORTUGUESA,
EM USO:
“O tupi foi a língua mais falada no Brasil até
o século XVIII. Em 1758, foi legalmente proibido de ser utilizado em
estabelecimentos de ensino e em órgãos públicos.
Mais
de dois séculos foram suficientes para o português incorporar várias palavras
do tupi, principalmente as designativas de elementos do universo indígena, tais
como lugares, rios, plantas e
animais.
Capivara
Veio do tupi kapii’gwara,
palavra formada de ka’pii, capim + gwara, comedor.
Carioca
Veio do tupi kari’oka,
que significava casa (oka) do homem branco (kari).
Catapora
Veio do tupi tata’pora,
palavra formada de ta’ta, fogo + ‘pora, que brota. Os dicionários registram a
forma tatapora. O povo, sabe-se lá por quê, preferiu dizer catapora, forma também
dicionarizada.
Catupiry
O queijo cremoso foi
criado em 1911, em Lambari (MG), pelo imigrante italiano Mário Silvestrine. A
palavra escolhida para sua marca veio do tupi catupiri, que quer dizer
“excelente”.
Guanabara
Veio do tupi goanã-pará, baía ou golfo abrigado, formado de gwa, baía + nã,
semelhante + ba’ra, mar.
Jaú
O nome da cidade paulista
e do rio vieram do nome do peixe, jaú, por sua grande quantidade na
desembocadura do rio no Tietê. E o nome do peixe veio do tupi ya’u,
aquele que devora.
Mingau
Veio do tupi minga’u, comida que gruda.
Muamba
Veio do quimbundo
muhamba, que era um cesto comprido usado para transportar cargas em viagem.
Nhe-nhe-nhem
Veio do tupi nheem,
falar. No Brasil do século XVI, os portugueses, espantados com o falatório interminável
dos índios tupis, usaram três vezes a palavra “falar” em tupi e fizeram
nhe-nhe-nhem, que literalmente quer dizer “falar, falar, falar”.
Paraíba
Do tupi pa’ra, rio +
a'iba, ruim, não navegável.
Perereca
Veio do tupi pere’reka,
que significa “indo aos saltos”.
Peteca
Veio do tupi pe’teka,
bater com a palma da mão.
Pindaíba
Pindaíba é uma espécie de planta. Seu nome veio do tupi pinda’ïwa, formado de
pi’nda, anzol + ‘ïwa, vara, já que os indígenas usavam a planta como caniço.
Dessa forma, a expressão estar na pindaíba significa “estar na miséria”, como
se a pessoa dispusesse apenas de uma vara de pescar para sobreviver.
Pororoca
Veio do tupi poro’roka, estrondo.
Tocaia
Veio do tupi to’kaya, casinha ou cercado onde o indígena se escondia para
surpreender um inimigo ou uma caça.
Tamanduá
Veio do tupi tá-monduá, caçador de formigas, que é o que ele come. O tamanduá,
tadinho, é desdentado.”
(NOGUEIRA,
Sérgio. Palavras que vêm das línguas indígenas. Disponível em: < https://g1.globo.com/educacao/blog/dicas-de-portugues/post/palavras-que-vem-das-linguas-indigenas.html > Acesso em 04 de fevereiro de 2023.) Uso
exclusivamente didático, para ensino-aprendizagem.
Ver
também:
ISA –
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. PALAVRAS
INDÍGENAS INCORPORADAS AO PORTUGUÊS. Disponível em: < https://mirim.org/pt-br/linguas-indigenas/palavras-indigenas-portugues > Acesso em 04/02/2023.
COMPLEMENTO
2:
ALGUMAS PALAVRAS AFRICANAS PRESENTES NA LÍNGUA
PORTUGUESA:
Trecho
de texto da Professora Flávia Neves:
“Palavras de origem africana:
(Flávia
Neves – Professora de
Português)
Palavras
de origem africana na religião:
·
axé
(do iorubá àse);
·
Exu
(do iorubá èsu);
·
Iemanjá
(do iorubá yè m-ndja);
·
macumba
(do quimbundo makumba);
·
orixá
(do iorubá òrisà);
·
umbanda
(do quimbundo umbanda);
·
Xangô
(do iorubá sàngó).
Palavras
de origem africana em danças, músicas, jogos,...:
·
berimbau
(do quimbundo mbirimbau);
·
calango
(do quimbundo kalanga);
·
caxixi
(do quimbundo kaxaxi);
·
ganzá
(do quimbundo nganza);
·
maculelê
(do quicongo makalele);
·
samba
(do quicongo samba).
Palavras
de origem africana na culinária:
·
acarajé
(do iorubá akarà-jẹ);
·
bobó
(do jeje bobó);
·
farofa
(do quimbundo falofa);
·
fubá
(do quimbundo fuba);
·
jabá
(do iorubá jàbàjábá);
·
moqueca
(do quimbundo mukéka);
·
quibebe
(do quimbundo kibebe);
·
quitute
(do quicongo kilute).
Palavras
de origem africana na flora e fauna:
·
camundongo
(do quimbundo kamundongo);
·
caxinguelê
(do quimbundo kaxijiangele);
·
dendê
(do quimbundo ndende);
·
marimbondo
(do quimbundo marimbondo);
·
mutambo
(do quimbundo mutamba);
·
quiabo
(do quimbundo kingombo).
Outras
palavras de origem africana:
·
bambambã
(do quimbundo mbamba mbamba);
·
borocoxô
(do quicongo bolokotó);
·
bunda
(do quimbundo mbunda);
·
caçamba
(do quimbundo kisambu);
·
cacimba
(do quimbundo kixíma);
·
caçula
(do quimbundo kasule);
·
cafuné
(do quimbundo kafundu);
·
capanga
(do quimbundo kapanga);
·
cochilar
(do quimbundo koxila);
·
moleque
(do quimbundo muleke);
·
muvuca
(do quicongo mvuka);
·
quilombo
(do quimbundo kilombo);
·
quitanda
(do quimbundo kitanda);
·
senzala
(do quimbundo sanzala);
·
tanga
(do quimbundo ntanga);
·
zumbi
(do quimbundo nzumbi).”
REFERÊNCIA:
NEVES, Flávia. Palavras de origem africana.
Disponível em: < https://www.normaculta.com.br/palavras-de-origem-africana/ >
Acesso em 04/02/2023. (Aqui: uso exclusivamente didático.)
Ver
também:
CARTA CAPITAL. Conheça as palavras africanas
que formam nossa cultura. Disponível em: < https://www.cartacapital.com.br/educacao/conheca-as-palavras-que-herdamos-da-africa/ >
Acesso em 05 de fevereiro de 2023. (Aqui: uso exclusivamente didático.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR
JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO:
As culturas indígenas e
africanas, por conta do contato cultural advindo, ao longo dos últimos cinco,
trouxeram e trazem consigo um enorme enriquecimento para a cultura brasileira,
dando a forma que ela tem hoje.
Foram palavras, costumes,
danças, elementos religiosos, alimentos e outros elementos culturais que se
entrecruzaram e que fazem parte, agora, do dia a dia dos brasileiros e, especialmente,
do povo goiano. De fato, a cultura goiana traz profundas marcas daquelas três
culturas (além de outras) em sua formação. Como veremos, futuramente, por
exemplo: o congo de Catalão, uma série de festas religiosas e populares,
incluindo o carnaval, em que a cultura africana e também a cultura indígena,
com certeza, estão presentes e até, de repente, se misturam com tradições
europeias advindas por meio dos portugueses.
Se a língua é
predominantemente portuguesa, por outro lado, o acréscimo de termos e modos de
falar próprios de índios e africanos (negros) só fez enriquecer o vocabulário,
dando a este novas conotações e abrindo-o para novos modos de entender e
exprimir o mundo e a realidade em que diferentes povos vivem e convivem.
Com efeito, as palavras
estão carregadas de vivências, as quais se expressam na comunicação entre as
pessoas. Essas vivências, por sua vez, são históricas – há palavras que variam
de significados ou de peso semântico (de sentido, de significado) de acordo com
o tempo. Palavras que comumente usamos também em GOIÁS. Por exemplo, de acordo
com a Carta Capital:
“Moleque: Do
quimbundo mu’leke, que significa ‘filho pequeno’ ou ‘garoto’, era um modo de se
chamar os seus filhos de mu’lekes. Com o passar do tempo, a palavra começou a apresentar um significado pejorativo, devido ao
preconceito existente contra tudo que era próprio dos negros, inclusive o modo
como chamavam os seus filhos. Antes da abolição da escravidão, por exemplo,
chamar um menino branco de ‘moleque’ era uma grande ofensa. Atualmente, a
palavra ‘moleque’ é atribuída a crianças traquinas e desobedientes. Também é
utilizada para qualificar a personalidade de uma pessoa brincalhona ou que não
merece confiança.” (CARTA CAPITAL. Conheça as palavras
africanas que formam nossa cultura. Disponível em: < https://www.cartacapital.com.br/educacao/conheca-as-palavras-que-herdamos-da-africa/ >
Acesso em 05 de fevereiro de 2023. (Aqui: uso exclusivamente didático.)
Conforme o que vemos no
texto, a palavra moleque, de ‘mu’leque’ filho pequeno/garoto, lá em suas
antigas origens africanas, muito certamente de um tempo antes da escravidão,
foi sofrendo mudanças em sua conotação. A escravidão, no Brasil, contribuiu,
inclusive, para tal mudança: uma palavra de trato negativo (pejorativo) para
filhos de escravizadores, por ser usada pelos negros escravos, no período
colonial; uma palavra, hoje, usada para se referir, ainda que de forma
zombeteira, a crianças bagunceiras e desobedientes (exemplo: Seu moleque, venha
cá, agora!) ou, inclusive, a alguém que, por brincar muito, não levando muitas
coisas a sério, perde certa confiança das pessoas.
Em GOIÁS e em outras
partes do Brasil também é muito comum o uso do FUBÁ em muitas receitas. De
acordo com a Carta Capital, já citada:
“FUBÁ: Fuba, da língua banta quimbundo, é uma
farinha feita com milho ou arroz. Feijão e angu – creme feito apenas com fubá e
água – eram a base da alimentação dos africanos e afro-brasileiros. Hoje,
vários pratos e quitutes são preparados com esse ingrediente, sendo o bolo de
fubá o mais querido entre os brasileiros.” (CARTA
CAPITAL. Conheça as palavras africanas que formam nossa cultura. Disponível em:
< https://www.cartacapital.com.br/educacao/conheca-as-palavras-que-herdamos-da-africa/ >
Acesso em 05 de fevereiro de 2023. [Aqui: uso exclusivamente didático.])
Sem dúvida alguma, o
fubá, em GOIÁS e em outras partes do Brasil, faz parte de receitas diversas.
Além do bolo de fubá, citado, vale lembrar do ANGU, dos bolinhos de arroz que
se encontram no mercado da Cidade de Goiás, tortas salgadas, BROA de fubá (uma
delícia!), pãozinho de fubá, biscoitos, frituras de fubá, bem como uma quase
infinidade de receitas deliciosas, comuns em Goiás. De um creme aguado de fubá,
alimento dos escravizados, o fubá passou a ser usado em muitas receitas no
decorrer dos séculos, desde os tempos coloniais, dos quais a cultura goiana
recebeu grandes contribuições e, com toda certeza, ofereceu contribuições
imensas ao Brasil.
Quanto aos alimentos
indígenas, a palavra mingau (“do tupi minga’u, comida que gruda”), mencionada
pelo Instituto Socioambiental, podemos ver uma variedade, atualmente, imensa de
mingaus. Entre estes, inclusive, misturando as culturas indígena e africana
(afro-brasileira): o mingau (nome indígena) de fubá (nome africano).
Em feiras goianas,
atualmente, também é comum o consumo de uma comida afro-brasileira: o acarajé
(alimento afro-brasileiro). Um bolinho feito de feijão amassado e outros
ingredientes, frito em azeite de dendê (outra palavra de origem africana). Da
Bahia para Goiás!
Receitas com queijo
catupiri (catupiry, palavra indígena), ainda que este seja de origem mineira
(ver acima) e carrega consigo parte indígena no nome, também são muito comuns
em GOIÁS: em feiras, pizzarias, lanchonetes, sanduicherias, restaurantes e em
muitos outros lugares.
Enfim, culturas
(indígena, africana e portuguesa, além de outras) que, por motivos variados, se
cruzaram e que trouxeram e trazem continuamente riqueza de um patrimônio comum
a goianos e a todos os brasileiros e brasileiras.
REFERÊNCIAS:
CARTA CAPITAL. Conheça as
palavras africanas que formam nossa cultura. Disponível em: < https://www.cartacapital.com.br/educacao/conheca-as-palavras-que-herdamos-da-africa/ > Acesso em 05 de fevereiro de 2023. [Aqui: uso exclusivamente
didático.]
NEVES,
Flávia. Palavras de origem africana. Disponível em: < https://www.normaculta.com.br/palavras-de-origem-africana/ > Acesso em 04/02/2023. (Aqui: uso
exclusivamente didático.)
ROMEIRO,
Julieta et alii. Diálogo: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São
Paulo, Moderna, 2020. (6 volumes) [Livros didáticos.]
SUPER
INTERESSANTE. História dos impérios africanos. Disponível em: < https://super.abril.com.br/historia/a-historia-dos-imperios-africanos/ > Acesso em 04 de fevereiro de 2023.
Nenhum comentário:
Postar um comentário