COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
QUARTO
BIMESTRE – AULA 15 DE FILOSOFIA DO SEGUNDO SEMESTRE DOS PRIMEIROS ANOS:
TEMA:
HELENISMO(Parte3). (Prof. José Antônio Brazão.)
HELENISMO-CIÊNCIA/NEOPLATONISMO
(Prof. José Antônio Brazão.)
Foco:ciência/neoplatonismo.
Entre os séculos IV a.C. e V da era cristã, ao final do período dos
grandes filósofos gregos, com a dominação
macedônica e, tempos depois, a romana, as cidades-estados (póleis) gregas
haviam perdido muito de sua liberdade e sua autonomia. A cidadania, que antes
estava ligada à pólis (cidade-estado), agora foi perdida. No entanto, em meio a
essa perda de autonomia e sob a dominação da Macedônia (e no período romano), a
cultura grega foi levada a diversos povos dominados pelo novo império. Ocorreu o que se convencionou
chamar helenismo, por causa
dos gregos, também chamados helenos.
Um dos grandes responsáveis por isto foi Alexandre
Magno, rei e poderoso general macedônico. Esse processo foi continuado
por seus generais, depois da morte de Alexandre, os quais dividiram entre si o
império conquistado. A Grécia
foi dominada, contudo acabou dominando culturalmente.
IMAGENS:
Mapa 1:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maced%C3%B3nia_Antiga#/media/Ficheiro:Map_Macedonia_336_BC-pt.svg
Mapa 2:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maced%C3%B3nia_Antiga#/media/Ficheiro:Mapa_de_Alejandr%C3%ADas-pt.svg
Alexandre Magno, inclusive, fundou uma cidade no Egito que leva o seu
nome, ainda hoje, Alexandria,
na qual veio a existir uma grande biblioteca, que durou por vários séculos e,
depois, destruída. Essa biblioteca
representa o valor do conhecimento humano, que passou a ser conservado, por
intermédio da escrita, da pesquisa (a biblioteca foi também um importante
centro de pesquisa no mundo antigo), da cópia, aquisição e reprodução de livros
e ideias. Livros de
comerciantes, estudiosos viajantes e de outros navegantes, que se encontravam
nos navios, eram solicitados e copiados, devolvidos, ampliando o acervo dessa
grande biblioteca. No entanto, conforme Carl Sagan, cientista norte-americano
do século XX, no episódio 1 de sua série em vídeo-documentários COSMOS, nem
todas as pessoas tinham acesso a ela, principalmente as mais pobres. Pensadores
importantes da antiguidade fizeram parte dos que por ela passaram, como Cláudio
Ptolomeu (astrônomo, matemático e geógrafo) e a filósofa Hipácia. A
regularidade e a beleza do cosmo
(ou cosmos) eram intrigantes.
IMAGENS:
Biblioteca
de Alexandria (conjunto 1 de slides):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Biblioteca_de_Alexandria#/media/Ficheiro:Ancientlibraryalex.jpg
Biblioteca
de Alexandria (conjunto 2 de slides):
https://en.wikipedia.org/wiki/Library_of_Alexandria#/media/File:Ancientlibraryalex.jpg
Informações
complementares:
https://en.wikipedia.org/wiki/Library_of_Alexandria
A arquitetura, a arte, a religião e as ideias gregas atravessaram as
fronteiras da Grécia, marcando, de modo especial, o mundo ocidental. Nos livros
dos Macabeus, parte da Bíblia católica e considerados apócrifos por judeus e
evangélicos, há menção a esse período, ao domínio helenístico e à reação da
família macabeia.
IMAGENS
(Lutas dos irmãos Macabeus contra a dominação helenística):
No que diz respeito ao mundo ocidental propriamente dito, de um modo
muito particular, no caso de Roma
e de suas províncias, a arquitetura do Império Romano foi muito marcada pela
simetria geométrica dos gregos, sua língua predominante, o Latim, assimilou
muitas palavras e raízes da língua grega, deuses e deusas gregos foram
incorporados na mitologia romana, com nomes diferentes (ver no texto A
humanidade e os mitos), festas, costumes, além de outros elementos culturais.
Curiosamente, da língua latina, os vocábulos gregos e suas raízes passaram para
as línguas neolatinas, que evoluíram durante o fim do mundo antigo e o mundo
medieval (até hoje!): inglês (em boa parte), francês, italiano, romeno,
português, espanhol, etc.
Algumas
palavras vindas do grego na língua portuguesa:
Para mais palavras: boas gramáticas trazem etimologias bem
apresentadas.
Dentro da ciência, na época helenística, Ptolomeu (séc. II d.C.) fez muitas observações dos céus, das
estrelas e outros astros, conhecendo também as ideias astronômicas de filósofos
e astrônomos que o antecederam, desenvolveu um sistema astronômico geocêntrico, com a Terra (Geia,
em grego) no centro e os astros girando em torno dela, inclusive o Sol. O que o
diferenciou de outros foi o acréscimo de epiciclos (círculos menores em cima
dos círculos orbitais), percorridos, de tempos em tempos, pelos astros
celestiais e que tinham por finalidade explicar porque as órbitas planetárias
sofriam, aqui e ali, variações, parecendo ir e voltar ao movimento normal. Hoje
se sabe que a causa é o fato de as órbitas serem elípticas, não circulares,
porém, no tempo de Ptolomeu fazia-se necessário manter a perfeição circular.
Ptolomeu, como geógrafo, também fez mapas e criou linhas de longitude a
latitude (informação apresentada no Globo Ciência, Cláudio Ptolomeu, que pode
ser visto no Youtube). O geocentrismo perdurou até o século XVI, quando foi
contestado por Copérnico (heliocentrismo).
VISUALIZAÇÃO:
Conjunto1:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ptolemeu#/media/Ficheiro:Ptolemy_16century.jpg
Conjunto2:
Outro destaque importante, no campo da ciência, que antecedeu Ptolomeu,
foi Arquimedes de Siracusa (Siracusa, 287 a.C. – 212 a.C.), um grande cientista, que
desenvolveu um sistema de bombeamento de água
chamado, hoje, parafuso de Arquimedes, estudou a curva os planos, a parábola, o cilindro, os esferoides, os
corpos flutuantes, o contador de areia, estudou a alavanca e seu poder,
projetou armas que viriam a proteger Siracusa, por um bom tempo, da invasão dos
romanos. Arquimedes foi um verdadeiro gênio e inventor.
VISUALIZAÇÃO:
No campo da filosofia, no período helenístico desenvolveram-se também
diversas escolas filosóficas, dentre as quais destacaram-se:
O CETICISMO: Teve,
por exemplo, como representante, Pirro
de Élis ou Élida. Os céticos punham em dúvida (sképsis, em grego) a possibilidade do conhecimento
da verdade. O conhecimento objetivo e universal não é
possível. Num contexto de incertezas e de decadência dos valores das póleis
gregas, essa maneira de encarar a realidade encontra um momento propício de
retomada (vale lembrar que os sofistas, tempos antes, foram também céticos).
O CINISMO. Diógenes de Sínope, o Cínico,
foi um de seus representantes. Os cínicos tinham o ideal de uma vida simples,
não viam com bons olhos e até desprezavam as convenções sociais. O nome cínico
vem de kyon, kynos, que
significa cachorro, cão, em
grego (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinismo). Conta-se, inclusive, que Diógenes vivia em um
barril, sendo visto por pessoas que passavam pela rua e convivendo com animais
que por aí circulavam.
O ESTOICISMO. Zenão de Citio foi seu fundador.
Teve também um imperador romano, Marco
Aurélio, que o seguiu. Defendiam o controle dos desejos, das paixões e dos impulsos, propunham uma vida simples, sem a radicalidade
dos cínicos. Além do imperador, teve também, como seguidor, no período romano,
por exemplo, o filósofo Sêneca.
O EPICURISMO. Epicuro
de Samos foi seu fundador, daí o nome. Os epicuristas tinham como objetivo a
busca do prazer, de forma
equilibrada. De acordo com Epicuro, o mundo é formado por átomos, inclusive a alma. Os átomos da alma se desfazem com
o corpo, ao final da vida. Para ele, as pessoas não devem se preocupar com os
deuses. Epicuro era ateu. Curiosamente, Paulo, no
primeiro século da era cristão, debateu, em Atenas, no Areópago, com filósofos
estoicos e epicureus ou epicuristas. Quando falou da ressurreição dos mortos,
os filósofos o abandonaram. O tal debate
de Paulo, o discípulo,
apóstolo, seguidor de Jesus Cristo, com esses filósofos é apresentado no
capítulo 17 do livro Atos dos Apóstolos, presente no Novo Testamento bíblico.
O NEOPLATONISMO. Já
no período cristão, fundado por Amônio
Saccas, teve como grande expoente um discípulo deste: Plotino. O pensamento
neoplatônico de Plotino
encontra-se apresentado no livro Enéadas (ou Enéades). Retoma o pensamento platônico
e defende a busca do UNO (faz
recordar o BEM de Platão),
através de um movimento de elevação da alma,
numa ascensão progressiva.
Tendência filosófica carregada de racionalismo e idealismo, especialmente de
influência platônica. O neoplatonismo veio a exercer forte influência sobre o
pensamento do cristão Aurélio Agostinho (Santo Agostinho). Para este a
filosofia não é inimiga da fé, mas auxiliar.
VISUALIZAÇÃO:
Amônio:
https://pt.wikiquote.org/wiki/Amônio_Sacas
Plotino:
https://pt.wikiquote.org/wiki/Plotino
“O uno – origem de tudo e
finalidade essencial de todos os seres – é todas as coisas e nenhuma delas é o
uno. Ele é radicalmente transcendente, está acima do ser e, por isso, não pode
sequer ser nomeado. Dele procedem emanações: o noús (o
intelecto divino) e, em seguida, a alma, que se projeta para o mundo, identifica-se
com a natureza e se emaranha na encarnação física. Os seres humanos, em última
análise originários do uno, devem – através da contemplação do belo – fazer o
caminho inverso, retornar até a alma “sem mescla” e dali unir-se ao princípio
intelectual, a fim de “ver o que ele (o uno) vê”.”(IN: https://jornal.usp.br/cultura/finalmente-na-integra-plotino-explica-o-uno-e-suas-emanacoes/)
VISUALIZAÇÃO:
As escolas de Platão e Aristóteles – Academia e Liceu, respectivamente
– continuaram existindo durante séculos, tendo sido, enfim, fechadas no período
cristão. Uma das grandes vantagens destas escolas
é que possibilitaram a reprodução e a preservação das ideias de seus filósofos
fundadores, que viriam a exercer forte influência sobre o pensamento cristão da
Patrística e da Escolástica.
Uma característica importante desse período, no campo do pensamento e
da sociedade em geral foi o cosmopolitismo,
palavra que quer dizer, basicamente: cidadania (da palavra pólis,
cidade-estado, cidade) e cosmo (palavra grega que quer dizer mundo), em razão
daquela perda do referencial da autonomia das cidades-estados, da expansão do
helenismo e de uma percepção maior da realidade política.
Um fato interessante e digno de nota é que, no período cristão, a
filosofia helenística conviveu com o pensamento cristão, como pôde ser observado
ao falar do debate de Paulo com os filósofo, além de outros episódios de
contato de intelectuais cristãos com a filosofia greco-romana (helenística),
como foi o caso dos que pertenceram à Patrística, até o fechamento, por força
da influência da fé cristã, então institucionalizada, da Academia.
VISUALIZAÇÃO:
Alexandria:
INDICAÇÃO(proposta)
(Filme Alexandria [Ágora], sobre a filósofa Hipácia de Alexandria):
Trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=7l8kDV6-Oys
O
filme (em espanhol):
https://www.youtube.com/watch?v=lja2D8-tB7s
Máquina de Anticítera:
Máquina
de Anticítera:
Anticítera:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Antic%C3%ADtera
Desvendando
o mistério de Anticítera – Science(Resumido):
https://www.youtube.com/watch?v=3enNQfuHiNI
O
Primeiro Computador do Mundo Mecanismo de Antikythera(COMPLETO):
https://www.youtube.com/watch?v=uWNBRnuzsTg
REFERÊNCIAS:
ARANHA,
Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. FILOSOFANDO: Introdução à Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna,
2009.
BÍBLIA
NVI. Atos 17:13-34 (NVI – Nova Versão Internacional.) Disponível em: <
https://www.bibliaonline.com.br/nvi/atos/17 > Acesso em 21/09/2020.
CHAUÍ,
Marilena. Iniciação à Filosofia.
2.ed. São Paulo, Ática, 2014.
COTRIM,
Gilberto e FERNANDES, Mirna. Fundamentos
de Filosofia. Disponível em: < https://www.academia.edu/37334864/Fundamentos_de_FILOSOFIA_GILBERTO_COTRIM_MIRNA_FERNANDES > Acesso em 21/09/2020.
EPICURO.
Pensamentos. São Paulo, Martin
Claret, 2006. (Col. A Obra-Prima de Cada Autor.)
INTERNET
ENCYCLOPEDIA OF FILOSOFIA. Verbete Epicurus.
Disponível em: < https://iep.utm.edu/epicur/ > Acessos de 2015 a 2020. [Em 2020: 21 de
setembro.]
WIKIPÉDIA.
Verbetes: Helenismo, Zenão de Cítio,
Marco Aurélio, Sêneca e outros. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal > Acesso: 21 de setembro de 2020.
Obs.:
Epicuro, 2013 – Ver livro de COTRIM e FERNANDES.
Para
saber mais:
http://www.ime.unicamp.br/~calculo/history/arquimedes/arquimedes.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquimedes
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Helenismo
http://plato.stanford.edu/entries/epicurus/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/stoicism/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/epictetus/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/marcus-aurelius/ (em inglês) (Use tradutores online.)
http://plato.stanford.edu/entries/seneca/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/skepticism-ancient/ (em inglês) (Use tradutores online.)
http://plato.stanford.edu/entries/ammonius/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/plotinus/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/cosmopolitanism/ (em inglês, contém informações também sobre Diógenes
de Sínope) (Use tradutores online. São bons.)
Obs.:
Todas as páginas em inglês foram traduzidas com uso do Google Tradutor ou
outro(s) tradutor(es) online:
http://translate.google.com.br/
http://www.clubedoprofessor.com.br/traduz/
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