SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS
COORDENAÇÃO REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA
COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS
SEGUNDAS SÉRIES DO ENSINO MÉDIO
FILOSOFIA –
PROFESSOR JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULA ZOOM 20 DE
FILOSOFIA – SEGUNDOS ANOS: COMENTÁRIOS SOBRE O RACIONALISMO E O EMPIRISMO
(Prof. José Antônio Brazão).
Esta aula: fazer
breve revisão da parte I e explicar parte II.
TEORIA
DO CONHECIMENTO – RACIONALISMO E EMPIRISMO:
PARTE
I: RESUMO (TABELA) (Prof. José A. Brazão.)
PERÍODO DE TEMPO |
IDADE MODERNA (+
- Séculos XV – XVIII) |
|
TEORIA |
RACIONALISMO |
EMPIRISMO |
REPRESENTANTES
PRINCIPAIS |
*RENÉ DESCARTES *Baruch Spinoza |
*FRANCIS BACON. *JOHN LOCKE. *DAVID HUME. |
FONTE PRINCIPAL
DOS CONHECIMENTOS |
A RAZÃO. Em
latim: ratio (razão), de onde racio- (raíz da palavra racionalismo). Razão é a
capacidade humana de pensar, abstrair, refletir, compor, decompor e recompor
ideias, elaborar conhecimentos. |
EXPERIÊNCIA
SENSÍVEL (experiência é empiria, em grego, daí empirismo). Experiência
sensível é o contato direto com o mundo através dos cinco sentidos. A
experiência sensível fornece a matéria-prima (sensações e impressões) que
será trabalhada pela RAZÃO, transformando esse material em conhecimento. |
SENTIDOS
(olfato, tato, paladar, audição e visão) |
Os sentidos são
a porta de entrada de sensações, sem dúvida, mas são enganosos. É preferível,
portanto, confiar na RAZÃO. |
A matéria-prima
trabalhada pela razão advém dos cinco sentidos. Sem esse material não é
possível o conhecimento. |
MÉTODO (caminho,
em grego) |
Descartes
escreveu o Discurso do Método, no
qual propõe quatro regras para as ciências: (1)A
REGRA DA EVIDÊNCIA: não admitir nada que não seja claro e distinto, evidente.
(2)REGRA
DA ANÁLISE: decompor (analisar) um problema em várias partes, a fim de se
poder melhor entender. (3)REGRA
DA SÍNTESE OU DO ORDENAMENTO: Pôr em ordem as partes, indo do mais fácil ao
mais difícil, a fim de se ter uma ideia de como cada parte se integra no
todo. (3)REGRA
DA REVISÃO: Fazer uma revisão de todos os passos dados, a fim de evitar
conclusões erradas. |
De acordo com Marilena Chauí (no livro didático, à
p. 154), Francis Bacon (empirista) também havia proposto um método, que ela
assim resumiu: “O MÉTODO DE BACON: O método deve tornar possível: *organizar
e controlar os dados do conhecimento sensível por meio de procedimentos
adequados de observação e de experimentação; *organizar e controlar os
resultados da observação e dos experimentos para chegar a conhecimentos novos
ou à formulação de teorias verdadeiras; *desenvolver procedimentos adequados
à aplicação prática dos resultados teóricos, pois, para Bacon, se o ser
humano souber conhecer a natureza, poderá comandá-la. Vem daí sua célebre
afirmação: ‘Saber é poder’.” (Iniciação à Filosofia, p. 154). |
INATISMO (crença
de que existem ideias inatas, isto é, ideias que nascem com as pessoas). |
Para Descartes
há certas ideias inatas. Por exemplo: o Cogito (Penso...) e a ideia de Deus. |
Para os empiristas NÃO existem ideias
inatas. Locke, inclusive, acreditava que a mente é uma folha em branco, onde
as sensações e as impressões vão sendo aí postas, depois, então, trabalhadas
pela razão. |
LIVROS
FUNDAMENTAIS |
De René Descartes:
MEDITAÇÕES e DISCURSO DO MÉTODO. No caso de
Espinosa: Ética Demonstrada à Maneira dos Geômetras. (Espinosa será assunto
para aulas futuras.) |
De Francis Bacon: NOVO ÓRGANON e NOVA
ATLÂNTIDA. De John Locke: ENSAIO SOBRE O ENTENDIMENTO HUMANO. De David Hume: TRATADO DA NATUREZA HUMANA e INVESTIGAÇÃO
SOBRE O ENTENDIMENTO HUMANO. |
PARTE II (COMENTÁRIOS)
– Prof. José Antônio Brazão.
PONTOS IMPORTANTES
APRESENTADOS DURANTE AS DUAS AULAS:
1)O momento
histórico em que se situam o racionalismo e o empirismo da Idade Moderna
(séculos XV a XVIII, aproximadamente): Renascimento Artístico-Cultural, Grandes
Navegações e Descobertas Marítimas, Reforma Protestante, Revolução Científica
Moderna.
IMAGENS:
2)René Descartes
foi um grande filósofo do século XVII.
IMAGENS:
Conjunto 1:
Conjunto 2:
Em seu livro MEDITAÇÕES (MEDITAÇÕES DE PRIMEIRA FILOSOFIA) relata como chegou às suas
conclusões centrais (por exemplo, ao COGITO [PENSO, do latim]): usou o método
da dúvida. Dúvida Metódica ou Hiperbólica. Método é caminho, conforme o grego.
A dúvida usada como um caminho. Dúvida hiperbólica porque exagerada ou radical.
Duvidar não é negar. É pôr em suspenso o que se costuma crer como certeza.
IMAGENS:
No caso de
Descartes, até encontrar um fundamento primeiro. De fato, é exagerada
(hiperbólica) porque Descartes duvidou dos sentidos, do corpo, até da
matemática, chegando ao fundo do poço das incertezas. Para duvidar dos
sentidos, usou o ARGUMENTO DO SONHO: tudo que se vê ao vivo se vê no sonho.
Portanto, Descartes poderia estar dormindo, já que estava deitado refletindo, e
sonhando! Para duvidar da matemática, levantou a HIPÓTESE DO GÊNIO MALICIOSO ou
maligno, que teria posto aquelas ideias matemáticas em sua mente. Portanto, não
poderia confiar nem na matemática! (Radical! Hiperbólico!) Quando chegou aí,
viu que de uma coisa não podia duvidar: de que pensa e, portanto, existe. No
caminho de volta, tendo encontrado o COGITO (Penso), como certeza primeira e
fundamental, encontrou a ideia inata de Deus e, a partir daí, pôde ter certeza
da matemática e até daquilo que os sentidos viam. Deus, ademais, não deixaria
que um gênio malicioso pusesse ideias matemáticas erradas em sua cabeça! A
matemática é verdadeira!
IMAGENS:
RESUMINDO: Caminho
de ida duvidando metódica e radicalmente. Descoberta do Cogito (Penso)
[pensamento – existência] e da ideia inata de Deus. Caminho de volta
encontrando certezas, inclusive sobre o mundo externo (não fruto de um sonho),
caminho que é fruto da capacidade da razão de pensar! Método!!!
2)John Locke
acreditava que a mente é um papel em branco, ao nascer cada ser humano, sendo
que as experiências sensíveis (empiria, em grego) fornecerão a matéria-prima
(sensações e impressões) do conhecimento. Contra o inatismo!
IMAGENS:
CONJUNTO
1:
CONJUNTO
2:
CONJUNTO
3:
CONJUNTO
4:
3)Uma curiosidade
apresentada: John Locke e David Hume usam o termo IMPRESSÃO, para se referirem
às impressões sensíveis que marcarão e ficarão guardadas na mente e trabalhadas
pela razão. Impressão é um termo que vem do trabalho tipográfico. Vale lembrar
que, no século XV, Gutenberg havia inventado a imprensa de tipos móveis, na
Europa. A imprensa permitir a publicação de milhares de livros (até hoje, de
milhões) de livros no decorrer dos séculos próximos. Impressão é uma imagem
linguística para se referir às informações advindas dos sentidos. Sensações
como sabores, formas, cores, sensações táteis, etc., etc. Um exemplo,
inclusive, foi dado pelo professor durante a aula: pegou o livro didático de
Filosofia e mostrou a forma retangular e as cores presentes, por exemplo, na
capa (visão) e a sensação tátil da espessura e da pressão sobre o livro.
IMAGENS:
4)Foi feita uma
referência à Revolução Científica, na área da Astronomia e da Física, mostrando
o sistema heliocêntrico que está na p. 16 do livro didático, e ao Renascimento
Artístico, com as imagens contidas nas páginas 45 (O nascimento de Vênus, de
Sando Botticelli, século XV) e 37 (Filósofo em meditação, de Rembrandt, século
XVII).
5)O professor
pediu que cada estudante, entrando na plataforma Google Classroom, veja com
atenção os vídeos sobre HUME e GALILEU GALILEI, propostos em uma atividade de
revisão. Quanto a Hume, disse que ali encontrariam informações complementares.
Quanto a Galileu Galilei, um entendimento maior, inclusive da ação da
Inquisição Católica no mundo moderno (Idade Moderna), resultado do
recrudescimento da defesa das doutrinas católicas após a Reforma Protestante no
século anterior (séc. XVI).
6)Um ponto
apresentado, importante de ser lembrado, foi o ARGUMENTO DE AUTORIDADE –
argumento que diz basicamente o seguinte: A Bíblia, o pensador X ou um papa
determinado disse, então é verdade e não pode ser contestada. Argumento muito
fortalecido ao final da Idade Média em diante pela Igreja Católica e pelas
autoridades científicas. Mas, com a Revolução Científica: o sistema geocêntrico
de Ptolomeu e Aristóteles deu lugar ao sistema heliocêntrico de Copérnico;
certas ideias de Aristóteles foram postas abaixo por Galileu Galilei (por
exemplo, a de que os astros celestes são puros e sem defeito foi derrubada
pelas descobertas de Galileu: buracos, montanhas e vales na Lua, manchas no
Sol, etc., frutos do uso do telescópio, reinventado por Galileu e apontado aos
céus). Como ocorreu a descoberta de Copérnico a respeito da posição dos astros
no céu? Copérnico, além de matemático e astrônomo, era padre. A Igreja Católica
precisava de informações astronômicas corretas para manter o calendário lunar
que ela segue no ano litúrgico (ano de celebrações) e para o calendário solar
(365 [365,25] dias). Para tanto, necessitava de bons astrônomos. Copérnico,
certa vez, preocupado com a posição de um escritor da antiguidade que dizia ser
o Sol no centro do universo, pôs-se a pesquisar, observar e calcular as
informações obtidas a respeito dos céus. Acabou concluindo que, de fato, o
universo seria heliocêntrico, com todos os astros girando ao redor do Sol
(hélio\hélios, em grego) central, inclusive a Terra e a Lua girando ao redor
dele – a Lua ao redor da Terra e esta ao redor do Sol, num movimento de
translação e rotação. (Hoje se sabe que nem centro do universo o Sol é. É
apenas uma estrela em meio a bilhões de outras, na galáxia Via Láctea.)
7)Uma estudante
perguntou se o professor acreditava na tese da mente papel em branco, de John
Locke. O professor disse que não há ideias inatas, postas na mente, mas que,
mesmo no ventre da mãe, de acordo com descobertas da Psicologia, uma criança
tem sensações, como o canto ou a fala da mãe, os barulhos altos, calor, etc.
Não nasce com uma mente papel em branco puríssima. Mas NÃO são ideias inatas, como cria o inatismo. São experiências sensoriais percebidas pela
criança e até guardadas na memória, nada além. Existe, inclusive, a
regressão de idade, feita por certos psicólogos, a fim de se descobrir raízes
possíveis de traumas. Algumas vão até o útero! É fato. Pesquisa!
8)No
que diz respeito a Francis Bacon, o professor comentou outros dois pontos:
(a)Novo
Órganon, nome do livro de F. Bacon, foi dado em referência
ao Órganon, de Aristóteles. O Órganon é um livro de lógica, que privilegia, por
exemplo, a dedução (raciocínio que vai do universal ao particular: Todo homem é
mortal. Sócrates é homem. Logo, Sócrates é mortal.), muito teórico. Os tempos
novos (Idade Moderna) exigiam algo mais prático. Bacon elege a indução, tipo de raciocínio
lógico que vai de premissas (afirmações que antecedem a conclusão) particulares
ao universal (conclusão universal, lei científica universal), ainda que não tão
rigorosamente: este copo de água ferveu a cem graus célsius, dois copos de água
ferveram a cem graus célsius, quatro..., dez litros ferveram..., logo A ÁGUA
FERVE A CEM GRAUS CÉLSIUS (não é extremamente rigorosa, podendo haver uns
poucos graus a menos para ferver, dependendo da altura em que se estiver, mas é
universal, geral).
(b)Para Francis
Bacon, SABER É PODER. Pelo conhecimento das leis naturais, o ser humano pode
conhecer a natureza e a dominar. Aí, então, o Professor José Antônio lembrou
dois pontos: *como as rodas de conversa desta semana mostraram, por conta desse
poder, o ser humano tanto pode devastar a natureza quanto a salvar, como
mostraram bem Luiz Roberto Botosso Júnior (Sustentabilidade e Meio Ambiente) e o
geólogo Zânio Novais (Soluções para evitar tragédias ambientais); *a
necessidade de dedicação aos estudos! O conhecimento aprendido “empodera” as
pessoas, ou seja, dá a elas vários poderes: preparo para o mundo de trabalho,
entendimento da realidade, do mundo, das pessoas, etc., etc.
9)No que diz
respeito ao geocentrismo medieval e de parte do mundo moderno, o professor
citou Camões, que, em seu Os Lusíadas, no canto X, na volta os portugueses das
Índias, estes aportaram na ilha da deusa Tétis, que lhes apresentou o sistema
geocêntrico! Camões defendia o geocentrismo, teoria bem aceita entre muitos
ainda no século XVI! O Professor José Antônio comentou que gosta de dialogar
Filosofia e Língua Portuguesa, interdisciplinarmente, e que fará, com os
estudantes, no segundo semestre, um estudo mais pormenorizado o texto.
REFEFÊNCIAS:
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo,
Ática, 2017.
CURY, Fernanda. Copérnico e a Revolução da Astronomia.
São Paulo, Odysseus, 2003. (Col. Iluminados da Humanidade.)
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