SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS
COORDENAÇÃO
REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA
COLÉGIO
ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS
ENSINO
MÉDIO – SEGUNDO ANO
FILOSOFIA
– PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULA
ZOOM 15 DE FILOSOFIA – SEGUNDOS ANOS:
TEORIA DO CONHECIMENTO
FILOSOFIA MODERNA
– EMPIRISMO: OBSERVAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO (PARTE 2) (Professor José Antônio Brazão.)
PARTE 3: DAVID
HUME - ESTUDO DE TEXTOS (Prof. José Antônio Brazão.):
Como
foi visto na aula anterior, David Hume, filósofo empirista escocês do século
XVIII, acreditava que além da experiência sensível (contato direto com o mundo
através dos sentidos) é preciso algo mais: o hábito. Hábito, de acordo com o MiniAurélio Século XXI Escolar, é: “(sm)
1.Disposição [tendência, inclinação, propensão] adquirida [obtida] pela
repetição frequente de um ato, uso, costume. (...)” (FERREIRA, 2001, p. 359).
Agora vamos estudar alguns textos diretamente escritos por Hume, no intuito de
melhor ainda entendermos seu pensamento. (Prof. José.)
Trecho de David
Hume sobre as ideias e as sensações:
“Eis, portanto, uma proposição que não apenas parece simples e
inteligível em si mesma, mas que, se se fizer dela o uso apropriado, pode
tornar toda discussão igualmente inteligível e eliminar todo jargão, que há
muito tempo se apossou dos raciocínios metafísicos e os desacreditou.
Todas as ideias, especialmente as abstratas, são naturalmente fracas e
obscuras; o espírito tem sobre elas um escasso controle; elas são apropriadas
para serem confundidas com outras ideias semelhantes, e somos levados a
imaginar que uma ideia determinada está aí anexada se, o que ocorre com frequência,
empregamos qualquer termo sem lhe dar significado exato. Pelo contrário, todas as impressões, isto é, todas as sensações,
externas ou internas, são fortes e vivas; seus limites são determinados com
mais exatidão e não é tão fácil confundi-las e equivocar-nos. Portanto,
quando suspeitamos que um termo filosófico está sendo empregado sem nenhum
significado ou ideia — o que é muito frequente — devemos apenas perguntar: de
que impressão é derivada aquela suposta ideia? E, se for, impossível designar urna, isto servirá para confirmar
nossa suspeita. E razoável, portanto, esperar que, ao trazer as ideias a uma
luz tão clara, removeremos toda discussão que pode surgir sobre sua natureza e
realidade.” (Trecho de HUME, David. Seção II: Da Origem das Ideias. IN:
______________________. Investigação
acerca do entendimento humano. Disponível em: < https://docente.ifrn.edu.br/rodrigovidal/disciplinas/epistemologia-da-ciencia-2012.2/texto-de-david-hume-investigacao-acerca-do-entendimento-humano/view
> Acesso em 09 de maio de 2021.)
Trecho de Hume de
como as ideias se associam (se reúnem, se juntam para formar o conhecimento):
“Embora o fato de que as ideias diferentes estejam conectadas seja
tão evidente para não ser percebido pela observação, creio que nenhum filósofo3
tentou enumerar ou classificar todos os princípios de associação, assunto que,
todavia, parece digno de atenção. Para mim, apenas há três princípios
de conexão entre as ideias, a saber: de semelhança, de contiguidade — no tempo
e no espaço — e de causa ou efeito. Que
estes princípios servem para ligar ideias, não será, creio eu, muito duvidoso. Um
quadro conduz naturalmente nossos pensamentos para o original;4 quando se
menciona um apartamento de um edifício, naturalmente se introduz uma investigação
ou uma conversa acerca dos outros.5 E,
se pensamos acerca de um ferimento, quase não podemos furtar-nos a refletir
sobre a dor que o acompanha.”
(Trecho de HUME, David. Seção III:
Da Associação de Ideias. IN: ______________________. Investigação acerca do entendimento humano. Disponível em: < https://docente.ifrn.edu.br/rodrigovidal/disciplinas/epistemologia-da-ciencia-2012.2/texto-de-david-hume-investigacao-acerca-do-entendimento-humano/view
> Acesso em 09 de maio de 2021. P. 14.)
O HÁBITO: [A experiência
sozinha não é suficiente para o conhecimento, é preciso o hábito, o costume.
(Comentário do Prof. José Antônio.)]
“Suponde de novo que o mesmo homem tenha adquirido mais experiência e
que tenha vivido o suficiente no mundo para observar que os objetos ou eventos
familiares estão constantemente ligados; qual é a consequência desta
experiência? Imediatamente infere [raciocina; conclui...] a existência de um
objeto pelo aparecimento do outro. Entretanto, não adquiriu, com toda a
sua experiência, nenhuma ideia ou conhecimento do poder oculto, mediante o qual
um dos objetos produziu o outro; e não será um processo do raciocínio que o
obriga a tirar esta inferência [conclusão...]. Mas ele se encontra determinado a tirá-la; e mesmo se ele fosse persuadido
de que seu entendimento não participa da operação, continuaria pensando o
mesmo, porquanto há um outro princípio que o determina a tirar semelhante
conclusão.” (Continua a seguir.)
IMAGENS:
Nascer e pôr do Sol:
Onde há fumaça há fogo:
Depois do dia vem a noite:
“Este princípio [regra, lei, norma; tb.fundamento...] é o costume ou
o hábito. Visto que todas as vezes que a repetição de um ato ou de uma
determinada operação produz uma propensão a renovar o mesmo ato ou a mesma
operação, sem ser impelida por nenhum raciocínio ou processo do entendimento,
dizemos sempre que esta propensão é o efeito do costume. Utilizando
este termo, não supomos ter dado a razão última de tal propensão [tendência,
orientação...]. Indicamos apenas um princípio [regra ou lei; tb. início, o que está no começo...] da natureza
humana, que é universalmente reconhecido e bem conhecido por seus efeitos.
Talvez não possamos levar nossas investigações mais longe e nem aspiramos dar a
causa desta causa; porém, devemos contentar-nos com que o costume é o último
princípio que podemos assinalar em todas as nossas conclusões derivadas da
experiência. Já é, contudo,
satisfação suficiente poder chegar até aqui sem irritar-nos com nossas
estreitas faculdades [capacidades, habilidades], estreitas porque não nos levam
mais adiante. Certamente, temos aqui ao menos uma proposição bem
inteligível, senão uma verdade, quando afirmamos que, depois da conjunção
constante de dois objetos, por exemplo, calor e chama, peso e solidez,
unicamente o costume nos determina a esperar um devido ao aparecimento do
outro. Parece que esta hipótese é a
única que explica a dificuldade que temos de, em mil casos, tirar uma conclusão
que não somos capazes de tirar de um só caso, que não discrepa [diverge,
diferencia-se] em nenhum aspecto dos outros. A razão não é capaz de
semelhante variação. As conclusões tiradas por ela, ao considerar um círculo,
são as mesmas que formaria examinando todos os círculos do universo. Mas
ninguém, tendo visto somente um corpo se mover depois de ter sido impulsionado
por outro, poderia inferir [tirar uma conclusão de...] que todos os demais
corpos se moveriam depois de receberem impulso igual. Portanto, todas as inferências [raciocínios, conclusões...] tiradas
da experiência [contato direto com o mundo através dos cinco sentidos] são
efeitos do costume e não do raciocínio.” (Continua a seguir.)
Comentário do Prof. José Antônio:
Um
possível bom exemplo para entendermos o conhecimento através do HÁBITO é quando
a gente vai a uma cidade ou local pela primeira vez. A gente pergunta a alguém
que mora ali onde fica o local em que queremos chegar ou usamos o GPS (Sistema
de Posicionamento Global). Outra vez quando voltamos, gravamos mais informações
advindas das experiências sensíveis (que fornecem os materiais formadores de
imagens/ideias) na mente – por exemplo, com uso da visão: pontos de referência,
como paisagens que se encontram pelo caminho, prédios, casas, entre outras
características próprias dos locais passados na cidade. Outra vez (outro
conjunto de experiências sensíveis), mais informações (imagens/ideias),
habituando-nos cada vez mais até formarmos um bom CONHECIMENTO de ruas,
passagens, locais, etc., até chegarmos onde precisamos chegar. Esse
conhecimento ocorreu por meio do HÁBITO.
Num
local de uma cidade grande, mesmo sendo-nos o local de moradia, quando
precisamos de ir ali pela primeira vez, realizamos um processo ou método
semelhante – perguntar ou usar o GPS. Com o tempo, com as repetições que
resultam no hábito, acabamos formando um bom CONHECIMENTO dos caminhos a
percorrer até chegar àquele lugar.
IMAGENS (Crianças aprendendo pelo
hábito.):
Fases da Lua:
“O costume é, pois, o grande guia da vida humana. E o único princípio
que torna útil nossa experiência e nos faz esperar, no futuro, uma série de
eventos semelhantes àqueles que apareceram no passado. Sem a influência
do costume, ignoraríamos completamente toda questão de fato que está fora do
alcance dos dados imediatos da memória e dos sentidos. Nunca poderíamos saber como ajustar os meios em função dos fins, nem
como empregar nossas faculdades naturais para a produção de um efeito.
Seria, ao mesmo tempo, o fim de toda ação como também de quase toda especulação
[investigação, estudo, questionamento investigativo].” (Trecho da Seção V da Investigação Acerca do Entendimento Humano,
de David Hume, já citada antes, p. 32).
IMAGENS (Fenômenos naturais
habituais cotidianos):
OBS.: Todos os colchetes, anotações
dentro destes e os grifos nos textos acima são meus. Usei-os para ajudar no
esclarecimento e na separação de partes, ajudando na exposição. (Prof. José
Antônio Brazão.)
REFERÊNCIAS
BÁSICAS:
ARANHA, Maria L. de A. e MARTINS,
Maria H. P. Filosofando: Introdução à
Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo,
Ática, 2017.
FERREIRA, Aurélio Buarque de
Holanda. MiniAurélio Século XXI Escolar.
São Paulo, Nova Fronteira, 2001.
GOOGLE. Google Imagens. Disponível em: < https://www.google.com/imghp?hl=pt-BR
> Acessos ao longo de abril e maio de 2021.
HUME, David. Seção II: Da Origem
das Ideias. IN: ______________________. Investigação
acerca do entendimento humano. Disponível em: < https://docente.ifrn.edu.br/rodrigovidal/disciplinas/epistemologia-da-ciencia-2012.2/texto-de-david-hume-investigacao-acerca-do-entendimento-humano/view
> Acesso em 09 de maio de 2021.
STANTFORD ENCYCLOPEDIA OF
PHILOSOPHY. John Locke. Disponível
em: < http://plato.stanford.edu/entries/locke/
> Acesso entre abril e maio de 2021.
STANFORD ENCLYCLOPEDIA OF
PHILOSOPHY. David Hume. Disponível
em: < http://plato.stanford.edu/entries/hume/
> Acesso entre abril e maio de 2021.
WIKIPÉDIA. Verbetes: Empirismo, Francis Bacon, John Locke, David
Hume. Disponíveis em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal
> Acesso em abril/maio de 2021.
YOUTUBE. Como eram feitos os manuscritos medievais. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=6lT2cSIl9Ek > Acesso em 14
de março de 2021.
YOUTUBE. Iluminuras Medievais. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=9GotZ1M-ug4
> Acesso em 14 de março de 2021.
*OBSERVAÇÃO: Comparar o medieval
com o moderno.
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