domingo, 16 de maio de 2021

AULA ZOOM 15 DE FILOSOFIA – SEGUNDOS ANOS: DAVID HUME - ESTUDO DE TEXTOS (Prof. José Antônio Brazão.):

 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS

COORDENAÇÃO REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA

COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS

ENSINO MÉDIO – SEGUNDO ANO

FILOSOFIA – PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.

AULA ZOOM 15 DE FILOSOFIA – SEGUNDOS ANOS:

TEORIA DO CONHECIMENTO

FILOSOFIA MODERNA – EMPIRISMO: OBSERVAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO (PARTE 2)  (Professor José Antônio Brazão.)

PARTE 3: DAVID HUME - ESTUDO DE TEXTOS (Prof. José Antônio Brazão.):

Como foi visto na aula anterior, David Hume, filósofo empirista escocês do século XVIII, acreditava que além da experiência sensível (contato direto com o mundo através dos sentidos) é preciso algo mais: o hábito. Hábito, de acordo com o MiniAurélio Século XXI Escolar, é: “(sm) 1.Disposição [tendência, inclinação, propensão] adquirida [obtida] pela repetição frequente de um ato, uso, costume. (...)” (FERREIRA, 2001, p. 359). Agora vamos estudar alguns textos diretamente escritos por Hume, no intuito de melhor ainda entendermos seu pensamento. (Prof. José.)

Trecho de David Hume sobre as ideias e as sensações:

Eis, portanto, uma proposição que não apenas parece simples e inteligível em si mesma, mas que, se se fizer dela o uso apropriado, pode tornar toda discussão igualmente inteligível e eliminar todo jargão, que há muito tempo se apossou dos raciocínios metafísicos e os desacreditou. Todas as ideias, especialmente as abstratas, são naturalmente fracas e obscuras; o espírito tem sobre elas um escasso controle; elas são apropriadas para serem confundidas com outras ideias semelhantes, e somos levados a imaginar que uma ideia determinada está aí anexada se, o que ocorre com frequência, empregamos qualquer termo sem lhe dar significado exato. Pelo contrário, todas as impressões, isto é, todas as sensações, externas ou internas, são fortes e vivas; seus limites são determinados com mais exatidão e não é tão fácil confundi-las e equivocar-nos. Portanto, quando suspeitamos que um termo filosófico está sendo empregado sem nenhum significado ou ideia — o que é muito frequente — devemos apenas perguntar: de que impressão é derivada aquela suposta ideia? E, se for, impossível designar urna, isto servirá para confirmar nossa suspeita. E razoável, portanto, esperar que, ao trazer as ideias a uma luz tão clara, removeremos toda discussão que pode surgir sobre sua natureza e realidade.” (Trecho de HUME, David. Seção II: Da Origem das Ideias. IN: ______________________. Investigação acerca do entendimento humano. Disponível em: < https://docente.ifrn.edu.br/rodrigovidal/disciplinas/epistemologia-da-ciencia-2012.2/texto-de-david-hume-investigacao-acerca-do-entendimento-humano/view > Acesso em 09 de maio de 2021.)

Trecho de Hume de como as ideias se associam (se reúnem, se juntam para formar o conhecimento):

Embora o fato de que as ideias diferentes estejam conectadas seja tão evidente para não ser percebido pela observação, creio que nenhum filósofo3 tentou enumerar ou classificar todos os princípios de associação, assunto que, todavia, parece digno de atenção. Para mim, apenas há três princípios de conexão entre as ideias, a saber: de semelhança, de contiguidade — no tempo e no espaço — e de causa ou efeito. Que estes princípios servem para ligar ideias, não será, creio eu, muito duvidoso. Um quadro conduz naturalmente nossos pensamentos para o original;4 quando se menciona um apartamento de um edifício, naturalmente se introduz uma investigação ou uma conversa acerca dos outros.5 E, se pensamos acerca de um ferimento, quase não podemos furtar-nos a refletir sobre a dor que o acompanha.

(Trecho de HUME, David. Seção III: Da Associação de Ideias. IN: ______________________. Investigação acerca do entendimento humano. Disponível em: < https://docente.ifrn.edu.br/rodrigovidal/disciplinas/epistemologia-da-ciencia-2012.2/texto-de-david-hume-investigacao-acerca-do-entendimento-humano/view > Acesso em 09 de maio de 2021. P. 14.)

O HÁBITO: [A experiência sozinha não é suficiente para o conhecimento, é preciso o hábito, o costume. (Comentário do Prof. José Antônio.)]

Suponde de novo que o mesmo homem tenha adquirido mais experiência e que tenha vivido o suficiente no mundo para observar que os objetos ou eventos familiares estão constantemente ligados; qual é a consequência desta experiência? Imediatamente infere [raciocina; conclui...] a existência de um objeto pelo aparecimento do outro. Entretanto, não adquiriu, com toda a sua experiência, nenhuma ideia ou conhecimento do poder oculto, mediante o qual um dos objetos produziu o outro; e não será um processo do raciocínio que o obriga a tirar esta inferência [conclusão...]. Mas ele se encontra determinado a tirá-la; e mesmo se ele fosse persuadido de que seu entendimento não participa da operação, continuaria pensando o mesmo, porquanto há um outro princípio que o determina a tirar semelhante conclusão.” (Continua a seguir.)

IMAGENS:

Nascer e pôr do Sol:

https://www.google.com/search?q=nascer+e+por+do+sol&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjojJHk6LzwAhWJrJUCHUC9BlQQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597

Onde há fumaça há fogo:

https://www.google.com/search?q=fen%C3%B4menos+naturais+habituais+que+as+pessoas+veem+todos+os+dias&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwji7dvd57zwAhXqqZUCHTpSBeIQ_AUoAnoECAEQBA&biw=1242&bih=597

Depois do dia vem a noite:

https://www.google.com/search?q=dia+e+noite&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwir-8WE6rzwAhX6IrkGHfYEAN4Q_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597

Este princípio [regra, lei, norma; tb.fundamento...] é o costume ou o hábito. Visto que todas as vezes que a repetição de um ato ou de uma determinada operação produz uma propensão a renovar o mesmo ato ou a mesma operação, sem ser impelida por nenhum raciocínio ou processo do entendimento, dizemos sempre que esta propensão é o efeito do costume. Utilizando este termo, não supomos ter dado a razão última de tal propensão [tendência, orientação...]. Indicamos apenas um princípio [regra ou lei; tb. início, o que está no começo...] da natureza humana, que é universalmente reconhecido e bem conhecido por seus efeitos. Talvez não possamos levar nossas investigações mais longe e nem aspiramos dar a causa desta causa; porém, devemos contentar-nos com que o costume é o último princípio que podemos assinalar em todas as nossas conclusões derivadas da experiência. Já é, contudo, satisfação suficiente poder chegar até aqui sem irritar-nos com nossas estreitas faculdades [capacidades, habilidades], estreitas porque não nos levam mais adiante. Certamente, temos aqui ao menos uma proposição bem inteligível, senão uma verdade, quando afirmamos que, depois da conjunção constante de dois objetos, por exemplo, calor e chama, peso e solidez, unicamente o costume nos determina a esperar um devido ao aparecimento do outro. Parece que esta hipótese é a única que explica a dificuldade que temos de, em mil casos, tirar uma conclusão que não somos capazes de tirar de um só caso, que não discrepa [diverge, diferencia-se] em nenhum aspecto dos outros. A razão não é capaz de semelhante variação. As conclusões tiradas por ela, ao considerar um círculo, são as mesmas que formaria examinando todos os círculos do universo. Mas ninguém, tendo visto somente um corpo se mover depois de ter sido impulsionado por outro, poderia inferir [tirar uma conclusão de...] que todos os demais corpos se moveriam depois de receberem impulso igual. Portanto, todas as inferências [raciocínios, conclusões...] tiradas da experiência [contato direto com o mundo através dos cinco sentidos] são efeitos do costume e não do raciocínio.” (Continua a seguir.)

Comentário do Prof. José Antônio:

Um possível bom exemplo para entendermos o conhecimento através do HÁBITO é quando a gente vai a uma cidade ou local pela primeira vez. A gente pergunta a alguém que mora ali onde fica o local em que queremos chegar ou usamos o GPS (Sistema de Posicionamento Global). Outra vez quando voltamos, gravamos mais informações advindas das experiências sensíveis (que fornecem os materiais formadores de imagens/ideias) na mente – por exemplo, com uso da visão: pontos de referência, como paisagens que se encontram pelo caminho, prédios, casas, entre outras características próprias dos locais passados na cidade. Outra vez (outro conjunto de experiências sensíveis), mais informações (imagens/ideias), habituando-nos cada vez mais até formarmos um bom CONHECIMENTO de ruas, passagens, locais, etc., até chegarmos onde precisamos chegar. Esse conhecimento ocorreu por meio do HÁBITO.

Num local de uma cidade grande, mesmo sendo-nos o local de moradia, quando precisamos de ir ali pela primeira vez, realizamos um processo ou método semelhante – perguntar ou usar o GPS. Com o tempo, com as repetições que resultam no hábito, acabamos formando um bom CONHECIMENTO dos caminhos a percorrer até chegar àquele lugar.

IMAGENS (Crianças aprendendo pelo hábito.):

https://www.google.com/search?q=crian%C3%A7as+aprendendo+pelo+h%C3%A1bito&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiOu-iR57zwAhX4IrkGHUikAPMQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597

Fases da Lua:

https://www.google.com/search?q=fases+da+lua&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjxpJeG7bzwAhX8rZUCHVejBd8Q_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597

O costume é, pois, o grande guia da vida humana. E o único princípio que torna útil nossa experiência e nos faz esperar, no futuro, uma série de eventos semelhantes àqueles que apareceram no passado. Sem a influência do costume, ignoraríamos completamente toda questão de fato que está fora do alcance dos dados imediatos da memória e dos sentidos. Nunca poderíamos saber como ajustar os meios em função dos fins, nem como empregar nossas faculdades naturais para a produção de um efeito. Seria, ao mesmo tempo, o fim de toda ação como também de quase toda especulação [investigação, estudo, questionamento investigativo].” (Trecho da Seção V da Investigação Acerca do Entendimento Humano, de David Hume, já citada antes, p. 32).

IMAGENS (Fenômenos naturais habituais cotidianos):

https://www.google.com/search?q=fen%C3%B4menos+naturais+habituais+que+as+pessoas+veem+todos+os+dias&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwji7dvd57zwAhXqqZUCHTpSBeIQ_AUoAnoECAEQBA&biw=1242&bih=597

OBS.: Todos os colchetes, anotações dentro destes e os grifos nos textos acima são meus. Usei-os para ajudar no esclarecimento e na separação de partes, ajudando na exposição. (Prof. José Antônio Brazão.)

REFERÊNCIAS BÁSICAS:

ARANHA, Maria L. de A. e MARTINS, Maria H. P. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo, Ática, 2017.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. MiniAurélio Século XXI Escolar. São Paulo, Nova Fronteira, 2001.

GOOGLE. Google Imagens. Disponível em: < https://www.google.com/imghp?hl=pt-BR > Acessos ao longo de abril e maio de 2021.

HUME, David. Seção II: Da Origem das Ideias. IN: ______________________. Investigação acerca do entendimento humano. Disponível em: < https://docente.ifrn.edu.br/rodrigovidal/disciplinas/epistemologia-da-ciencia-2012.2/texto-de-david-hume-investigacao-acerca-do-entendimento-humano/view > Acesso em 09 de maio de 2021.

STANTFORD ENCYCLOPEDIA OF PHILOSOPHY. John Locke. Disponível em: < http://plato.stanford.edu/entries/locke/ > Acesso entre abril e maio de 2021.

STANFORD ENCLYCLOPEDIA OF PHILOSOPHY. David Hume. Disponível em: < http://plato.stanford.edu/entries/hume/ > Acesso entre abril e maio de 2021.

WIKIPÉDIA. Verbetes: Empirismo, Francis Bacon, John Locke, David Hume. Disponíveis em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal > Acesso em abril/maio de 2021.

YOUTUBE. Como eram feitos os manuscritos medievais. Disponível em: <

https://www.youtube.com/watch?v=6lT2cSIl9Ek > Acesso em 14 de março de 2021.

YOUTUBE. Iluminuras Medievais. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=9GotZ1M-ug4 > Acesso em 14 de março de 2021.

*OBSERVAÇÃO: Comparar o medieval com o moderno.

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