quarta-feira, 19 de agosto de 2020

ARTE, VIDA E ASPECTOS DO MUNDO MEDIEVAL (PARTE 1) (Prof. José Antônio Brazão.)

 

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

COORDENAÇÃO REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA

COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS

FILOSOFIA E SOCIOLOGIA – PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.

ARTE, VIDA E ASPECTOS DO MUNDO MEDIEVAL

(Prof. José Antônio Brazão.)

PRIMEIRA PARTE:

CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIOLÓGICO-ARTISTICO (Prof. J.A.B.):

O tema de estudo deste terceiro bimestre é Teoria do Conhecimento – Immanuel Kant, um filósofo alemão do século XVIII e iniciozinho do XIX. Como no começo do mês de agosto foi solicitada uma revisão, decidi aproveitar para estudar aspectos da produção do conhecimento no mundo medieval e ir, progressivamente, relacionando com Kant e o Iluminismo.

Na aula foi feito o uso do recurso slides, por meio do Power Point, e do aplicativo Zoom, próprio para reuniões online. Diálogo interdisciplinar entre Filosofia, Sociologia, História e Arte.

A Idade Média, conforme a divisão quadripartite da história, ocupa um período, praticamente, de mil anos, que vai do século V, com a queda do Império Romano, e o XV, com a queda do Império Bizantino nas mãos dos turcos otomanos. Muitas vezes, esse período é tratado como período do obscurantismo, como se a cultura e a ciência estivessem engessadas, estagnadas, algo a ser discutido.

Inicialmente, foram apresentados alguns aspectos da arte medieval – em caráter interdisciplinar com a Arte e a História. A arte medieval foi uma arte marcadamente religiosa, ainda que, aqui e ali, houvessem variações, como a arte islâmica e sua influência (a serem comentadas em outra aula).

A primeira pintura apresentada foi a de uma senhora feudal (aqui, interessante, não um arte com temática religiosa) servida por dois servos ou meninos. Outra pintura, uma senhora feudal servida por sua serva ou filha, que lhe abre uma caixa. A pintura de uma Madona (Maria e o menino Jesus). Entalhe em madeira mostrando Jesus descido da cruz e cuidado pela mãe, Maria. Uma pintura ortodoxa dos doze apóstolos. Um desenho mostrando Jesus no barco com os apóstolos. Uma pintura mostrando padres, freiras e santos medievais. O que têm todas essas imagens em comum com a percepção artística daquele tempo? Primeiramente, foi mostrado que as pinturas não têm fundo (perspectiva – visão em profundidade), são estáticas, como se estivessem congeladas, o elemento religioso, na maior parte delas, é forte.

As imagens artísticas que apresentam a senhora feudal sendo servida mostram bem as relações de poder dentro dos feudos (grandes extensões de terras dominadas pelo senhor feudal e sua família). Um poder que, aliás, estava profundamente ligado ao poder religioso. Quanto ao poder religioso, a Igreja Católica, nascida como instituição nos últimos séculos do Império Romano, permaneceu de pé, por conta de sua organização, diante da queda o império, vindo a adaptar-se às mudanças e empenhando-se na conversão de pagãos.

Um retábulo (uma espécie de baú) todo trabalhado com ouro e pedras preciosas e semipreciosas mostra bem a relação entre poder religioso e poder econômico. De fato, a Igreja, ao longo dos séculos, tornou-se uma grande senhora feudal, mediante o recebimento de terras de reis e senhores feudais, que soube manter de modo muito organizado.

Foi mostrado também um vitral medieval, todo cheio de imagens de passagens bíblicas e muito colorido, com diferentes cores. Muito bem trabalhado. Numa igreja. Uma curiosidade sobre os vitrais e as pinturas medievais em igrejas é que serviam de elemento de comunicação e reforço de ideias religiosas para uma sociedade que era formada, em sua maior parte, por analfabetos, inclusive alguns senhores feudais. Além do poder religioso, do econômico e político (influência no mundo político), a Igreja detinha e continuou detendo, por muito tempo, o poder cultural, o poder do conhecimento. Os padres estavam entre os poucos letrados.

É interessante uma pintura medieval mostrando cortejo de cavaleiros, provavelmente para uma festa ou atividade religiosa. É composta, com certeza, por senhores feudais e parentes.

A imagem de uma Madona (Maria e o menino Jesus) e duas mostrando o encontro de Maria com sua prima Isabel (Lc. 1 – 2) deixam clara a devoção medieval pela mãe de Jesus. Um afresco medieval mostrando Jesus no centro e rodeado por anjos, santos e autoridades eclesiásticas mostra bem que o poder era teocêntrico (Deus no centro), sendo a Igreja a grande representante de Deus na Terra.

Uma outra imagem é a de uma dissecação do corpo de um homem por cinco homens, certamente médicos e/ou professores de medicina. Como a imagem é um tanto estática e sem grandes detalhes, nem perspectiva (visão em profundidade), pedi às turmas que dessem uma olhada no livro didático Iniciação à Filosofia, de Marilena Chauí, que tem a imagem de médicos renascentistas também dissecando um corpo. A diferença é a vivacidade, a quantidade de detalhes e o naturalismo com que se mostra a ação.

A imagem da parábola do bom pastor, contada, no Evangelho, por Jesus, em um mausoléu mostra algo interessante: os túmulos de pessoas ricas e de altos membros da Igreja eram bem cuidados, tendo pinturas e entalhes.

Uma imagem da arte medieval bizantina, mostra Maria com o menino Jesus entre um rei e uma rainha de Bizâncio (Constantinopla, hoje Stambul, na Turquia), expondo bem a inter-relação profunda entre o poder dos reis e a Igreja. No caso dos bizantinos, a Igreja Ortodoxa.

Um outro aspecto da arte e, principalmente, da vida das pessoas nas cidades era a construção de muralhas enormes cercando as cidades, entre as quais se destacavam os burgos, cidades de grande comércio – donde o termo burguês para se referir ao comerciante. Símbolos de proteção e poder. Não só cercando as cidades, em muitos castelos, nos feudos, as muralhas estavam muito presentes, em alguns casos cercadas de fossos. A higiene nas cidades e nos campos não era das melhores: o sistema de esgotos era falho, banhos de vez em quando, uso de uma mesma roupa por um bom tempo, entre outros fatos contribuíram, por exemplo para a peste negra (bubônica), provocada por microrganismo nas pulgas trazidas por ratos, com o comércio oriental-ocidental e fugas do Oriente para o Ocidente, no século XIV (catorze), com milhões de mortes.

Uma comparação com a atual COVID-19 pôde ser feita. A diferença é que a tecnologia atual e os conhecimentos médicos e científicos, além de outros cuidados e o poder da comunicação de massa, bem como a ação de governos, ajudaram e têm ajudado muito a evitar um imenso espalhar da COVID-19.

Imagens mostrando o comércio: além do burgo, o mercado e a feira foram locais de trocas econômicas, de compras e vendas, seja entre feudos, seja entre cidades. No mundo medieval, houve grandes feiras em certos locais, mas também mercados menores. Todos com tendas e bancas, gente comprando, vendendo, gente comprando.

Um outro elemento do tempo medieval foi o TEMPO, medido através de instrumentos simples, como a ampulheta e o sino. (Além deles, relógios do Sol.) Tempo impreciso, que acompanhava o nascer e o pôr do Sol. Uma outra forma de marcar o tempo, no mundo medieval, presente até hoje em muitos locais, era através dos sinos, cujas badaladas indicavam horas de atividades eclesiásticas (da igreja) determinadas.Os sinos medievais, além de marcar o tempo de atividades realizadas pela igreja (atividades eclesiásticas), marcavam também o tempo das vilas em que se situavam as igrejas. Os sinos também se prestavam para sinalizar perigos determinados, alertando as pessoas das aldeias para que estas buscassem o refúgio e o cuidado devidos.

O trabalho dos servos foi mostrado por diferentes imagens – em calendários, com imagens daquele tempo, em imagens mostrando os trabalhos, o uso do moinho do senhor feudal, plantio, colheita, vindima, criação de animais, etc. Os servos não eram escravos, eram camponeses, em sua imensa maioria. Havia também os artesãos (a imagem de uma oficina de marcenaria que ainda tem instrumentos daquele tempo foi muito interessante). A vida dos servos era difícil: tinham que trabalhar em seus campos, nos campos do senhor feudal (em campos da Igreja, quando a senhora feudal era esta), pagar tributos para os seus respectivos senhores e dízimos para a Igreja, além de outras contribuições. O que sobrava era pouco. Quando havia seca, era pior ainda. Para fazer comida, lenha comprada ou obtida com dificuldades. Vida difícil.

Dos servos houve os que migraram para as cidades, alguns passaram dificuldades extremas, outros conseguiram se adaptar ao comércio.

A sociedade feudal, medieval, era uma sociedade ruralizada, com algumas cidades aqui e ali. Cidades que foram crescendo com o tempo, impulsionadas pelo comércio principalmente. A sociedade feudal era piramidal: quem nascia em família de senhor se tornada senhor, quem nascia servo se tornava servo, a Igreja estava acima, ligada ao poder político dos senhores. Mas mantinha sua organização, aliás, muito bem estruturada hierarquicamente. Uma imagem de servos pagando dízimos apareceu. Pagando e sendo benzidos pelos padres. A Igreja era um ponto de referência para a vida das pessoas, referência de fé, de esperança e caridade. Missas, celebrações, festas, procissões e outras atividades eram eventos fundamentais na vida das pessoas, tanto simples como de famílias de senhores feudais, reis e rainhas. Poder religioso fundamental.

A cultura intelectual medieval, por meio do trabalho da Igreja Católica, mostra bem o peso desta na preservação de tesouros culturais da antiguidade. Numa época em que a imprensa não existia, livros eram copiados e recopiados pelos chamados copistas. Houve mosteiros, inclusive, que tiveram grandes copistas e tradutores. Livros em latim, grego, hebraico, árabe, além de outras línguas, eram traduzidos. A língua latina, do Império Romano, foi preservada pela Igreja Católica, sendo uma das línguas oficiais do Vaticano ainda hoje.

Um aspecto da arte arquitetônica medieval também foi mostrado em slides: os estilos românico e o posterior estilo gótico. O estilo românico tem esse nome por seguir os modelos do Império Romano – profundamente marcado por arcos. Os arcos, além da firmeza, economizavam material. Podem ser vistos em muitas igrejas da Idade Média que ainda existem, em castelos, pontes, etc. Do Império Romano, em prédios, aquedutos, pontes, etc. Este fez largo uso dos arcos. E o estilo gótico, posterior? É marcado pela presença das ogivas – duas curvas que se encontram em um ponto e cujos lados se estendem para baixo. Um bom exemplo de Igreja no estilo gótico é a Igreja de Notre-Dame de Paris. (Curiosidade: ogivas nucleares, hoje, têm esse nome porque os mísseis têm as pontas em forma ogival.)

OUTROS ELEMENTOS DO MUNDO MEDIEVAL, INCLUINDO A FILOSOFIA, FICARAM PARA OUTRA AULA, EM OUTRO DIA, QUE TAMBÉM TERÁ SEU RESUMO. ESTA PRIMEIRA PARTE É UMA CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-SOCIOLÓGICO-ARTÍSTICA.

REFERÊNCIAS:

CETICISMO.COM. Como são feitos pergaminhos? Disponível em:  < https://www.youtube.com/watch?v=hQEpr9B2L5I > Acesso em: 12 de agosto de 2020.

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo, Ática, 2017. [Livro didático.]

SILVA, Afrânio et alii. Sociologia em Movimento. 2.ed. São Paulo, Moderna, 2017.

WIKIPÉDIA. Scriptorium. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Scriptorium > Acesso em: 12 de agosto de 2020.

 

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