SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS
COORDENAÇÃO REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE
GOIÂNIA
COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS
FILOSOFIA E SOCIOLOGIA – PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
ARTE,
VIDA E ASPECTOS DO MUNDO MEDIEVAL
(Prof. José Antônio Brazão.)
PRIMEIRA
PARTE:
CONTEXTO
HISTÓRICO-SOCIOLÓGICO-ARTISTICO (Prof. J.A.B.):
O
tema de estudo deste terceiro bimestre é Teoria do Conhecimento – Immanuel Kant,
um filósofo alemão do século XVIII e iniciozinho do XIX. Como no começo do mês
de agosto foi solicitada uma revisão, decidi aproveitar para estudar aspectos
da produção do conhecimento no mundo medieval e ir, progressivamente,
relacionando com Kant e o Iluminismo.
Na
aula foi feito o uso do recurso slides, por meio do Power Point, e do
aplicativo Zoom, próprio para reuniões online. Diálogo interdisciplinar entre
Filosofia, Sociologia, História e Arte.
A
Idade Média, conforme a divisão quadripartite da história, ocupa um período,
praticamente, de mil anos, que vai do século V, com a queda do Império Romano,
e o XV, com a queda do Império Bizantino nas mãos dos turcos otomanos. Muitas
vezes, esse período é tratado como período do obscurantismo, como se a cultura
e a ciência estivessem engessadas, estagnadas, algo a ser discutido.
Inicialmente,
foram apresentados alguns aspectos da arte medieval – em caráter
interdisciplinar com a Arte e a História. A arte medieval foi uma arte
marcadamente religiosa, ainda que, aqui e ali, houvessem variações, como a arte
islâmica e sua influência (a serem comentadas em outra aula).
A
primeira pintura apresentada foi a de uma senhora feudal (aqui, interessante,
não um arte com temática religiosa) servida por dois servos ou meninos. Outra
pintura, uma senhora feudal servida por sua serva ou filha, que lhe abre uma
caixa. A pintura de uma Madona (Maria e o menino Jesus). Entalhe em madeira
mostrando Jesus descido da cruz e cuidado pela mãe, Maria. Uma pintura ortodoxa
dos doze apóstolos. Um desenho mostrando Jesus no barco com os apóstolos. Uma
pintura mostrando padres, freiras e santos medievais. O que têm todas essas
imagens em comum com a percepção artística daquele tempo? Primeiramente, foi
mostrado que as pinturas não têm fundo (perspectiva – visão em profundidade),
são estáticas, como se estivessem congeladas, o elemento religioso, na maior
parte delas, é forte.
As
imagens artísticas que apresentam a senhora feudal sendo servida mostram bem as
relações de poder dentro dos feudos (grandes extensões de terras dominadas pelo
senhor feudal e sua família). Um poder que, aliás, estava profundamente ligado
ao poder religioso. Quanto ao poder religioso, a Igreja Católica, nascida como
instituição nos últimos séculos do Império Romano, permaneceu de pé, por conta
de sua organização, diante da queda o império, vindo a adaptar-se às mudanças e
empenhando-se na conversão de pagãos.
Um
retábulo (uma espécie de baú) todo trabalhado com ouro e pedras preciosas e
semipreciosas mostra bem a relação entre poder religioso e poder econômico. De
fato, a Igreja, ao longo dos séculos, tornou-se uma grande senhora feudal,
mediante o recebimento de terras de reis e senhores feudais, que soube manter
de modo muito organizado.
Foi
mostrado também um vitral medieval, todo cheio de imagens de passagens bíblicas
e muito colorido, com diferentes cores. Muito bem trabalhado. Numa igreja. Uma
curiosidade sobre os vitrais e as pinturas medievais em igrejas é que serviam
de elemento de comunicação e reforço de ideias religiosas para uma sociedade
que era formada, em sua maior parte, por analfabetos, inclusive alguns senhores
feudais. Além do poder religioso, do econômico e político (influência no mundo
político), a Igreja detinha e continuou detendo, por muito tempo, o poder
cultural, o poder do conhecimento. Os padres estavam entre os poucos letrados.
É
interessante uma pintura medieval mostrando cortejo de cavaleiros,
provavelmente para uma festa ou atividade religiosa. É composta, com certeza,
por senhores feudais e parentes.
A
imagem de uma Madona (Maria e o menino Jesus) e duas mostrando o encontro de
Maria com sua prima Isabel (Lc. 1 – 2) deixam clara a devoção medieval pela mãe
de Jesus. Um afresco medieval mostrando Jesus no centro e rodeado por anjos,
santos e autoridades eclesiásticas mostra bem que o poder era teocêntrico (Deus
no centro), sendo a Igreja a grande representante de Deus na Terra.
Uma
outra imagem é a de uma dissecação do corpo de um homem por cinco homens,
certamente médicos e/ou professores de medicina. Como a imagem é um tanto
estática e sem grandes detalhes, nem perspectiva (visão em profundidade), pedi
às turmas que dessem uma olhada no livro didático Iniciação à Filosofia, de Marilena Chauí, que tem a imagem de
médicos renascentistas também dissecando um corpo. A diferença é a vivacidade,
a quantidade de detalhes e o naturalismo com que se mostra a ação.
A
imagem da parábola do bom pastor, contada, no Evangelho, por Jesus, em um
mausoléu mostra algo interessante: os túmulos de pessoas ricas e de altos
membros da Igreja eram bem cuidados, tendo pinturas e entalhes.
Uma
imagem da arte medieval bizantina, mostra Maria com o menino Jesus entre um rei
e uma rainha de Bizâncio (Constantinopla, hoje Stambul, na Turquia), expondo
bem a inter-relação profunda entre o poder dos reis e a Igreja. No caso dos
bizantinos, a Igreja Ortodoxa.
Um
outro aspecto da arte e, principalmente, da vida das pessoas nas cidades era a
construção de muralhas enormes cercando as cidades, entre as quais se
destacavam os burgos, cidades de grande comércio – donde o termo burguês para
se referir ao comerciante. Símbolos de proteção e poder. Não só cercando as
cidades, em muitos castelos, nos feudos, as muralhas estavam muito presentes,
em alguns casos cercadas de fossos. A higiene nas cidades e nos campos não era
das melhores: o sistema de esgotos era falho, banhos de vez em quando, uso de
uma mesma roupa por um bom tempo, entre outros fatos contribuíram, por exemplo
para a peste negra (bubônica), provocada por microrganismo nas pulgas trazidas
por ratos, com o comércio oriental-ocidental e fugas do Oriente para o Ocidente,
no século XIV (catorze), com milhões de mortes.
Uma
comparação com a atual COVID-19 pôde ser feita. A diferença é que a tecnologia
atual e os conhecimentos médicos e científicos, além de outros cuidados e o
poder da comunicação de massa, bem como a ação de governos, ajudaram e têm
ajudado muito a evitar um imenso espalhar da COVID-19.
Imagens
mostrando o comércio: além do burgo, o mercado e a feira foram locais de trocas
econômicas, de compras e vendas, seja entre feudos, seja entre cidades. No
mundo medieval, houve grandes feiras em certos locais, mas também mercados
menores. Todos com tendas e bancas, gente comprando, vendendo, gente comprando.
Um
outro elemento do tempo medieval foi o TEMPO, medido através de instrumentos
simples, como a ampulheta e o sino. (Além deles, relógios do Sol.) Tempo
impreciso, que acompanhava o nascer e o pôr do Sol. Uma outra forma de marcar o
tempo, no mundo medieval, presente até hoje em muitos locais, era através dos
sinos, cujas badaladas indicavam horas de atividades eclesiásticas (da igreja)
determinadas.Os sinos medievais, além de marcar o tempo de atividades
realizadas pela igreja (atividades eclesiásticas), marcavam também o tempo das
vilas em que se situavam as igrejas. Os sinos também se prestavam para
sinalizar perigos determinados, alertando as pessoas das aldeias para que estas
buscassem o refúgio e o cuidado devidos.
O
trabalho dos servos foi mostrado por diferentes imagens – em calendários, com
imagens daquele tempo, em imagens mostrando os trabalhos, o uso do moinho do
senhor feudal, plantio, colheita, vindima, criação de animais, etc. Os servos
não eram escravos, eram camponeses, em sua imensa maioria. Havia também os
artesãos (a imagem de uma oficina de marcenaria que ainda tem instrumentos
daquele tempo foi muito interessante). A vida dos servos era difícil: tinham
que trabalhar em seus campos, nos campos do senhor feudal (em campos da Igreja,
quando a senhora feudal era esta), pagar tributos para os seus respectivos
senhores e dízimos para a Igreja, além de outras contribuições. O que sobrava
era pouco. Quando havia seca, era pior ainda. Para fazer comida, lenha comprada
ou obtida com dificuldades. Vida difícil.
Dos
servos houve os que migraram para as cidades, alguns passaram dificuldades
extremas, outros conseguiram se adaptar ao comércio.
A
sociedade feudal, medieval, era uma sociedade ruralizada, com algumas cidades
aqui e ali. Cidades que foram crescendo com o tempo, impulsionadas pelo
comércio principalmente. A sociedade feudal era piramidal: quem nascia em família
de senhor se tornada senhor, quem nascia servo se tornava servo, a Igreja
estava acima, ligada ao poder político dos senhores. Mas mantinha sua
organização, aliás, muito bem estruturada hierarquicamente. Uma imagem de
servos pagando dízimos apareceu. Pagando e sendo benzidos pelos padres. A
Igreja era um ponto de referência para a vida das pessoas, referência de fé, de
esperança e caridade. Missas, celebrações, festas, procissões e outras
atividades eram eventos fundamentais na vida das pessoas, tanto simples como de
famílias de senhores feudais, reis e rainhas. Poder religioso fundamental.
A
cultura intelectual medieval, por meio do trabalho da Igreja Católica, mostra
bem o peso desta na preservação de tesouros culturais da antiguidade. Numa
época em que a imprensa não existia, livros eram copiados e recopiados pelos
chamados copistas. Houve mosteiros, inclusive, que tiveram grandes copistas e
tradutores. Livros em latim, grego, hebraico, árabe, além de outras línguas,
eram traduzidos. A língua latina, do Império Romano, foi preservada pela Igreja
Católica, sendo uma das línguas oficiais do Vaticano ainda hoje.
Um
aspecto da arte arquitetônica medieval também foi mostrado em slides: os
estilos românico e o posterior estilo gótico. O estilo românico tem esse nome
por seguir os modelos do Império Romano – profundamente marcado por arcos. Os
arcos, além da firmeza, economizavam material. Podem ser vistos em muitas
igrejas da Idade Média que ainda existem, em castelos, pontes, etc. Do Império
Romano, em prédios, aquedutos, pontes, etc. Este fez largo uso dos arcos. E o
estilo gótico, posterior? É marcado pela presença das ogivas – duas curvas que
se encontram em um ponto e cujos lados se estendem para baixo. Um bom exemplo
de Igreja no estilo gótico é a Igreja de Notre-Dame de Paris. (Curiosidade:
ogivas nucleares, hoje, têm esse nome porque os mísseis têm as pontas em forma
ogival.)
OUTROS ELEMENTOS DO MUNDO MEDIEVAL, INCLUINDO A FILOSOFIA, FICARAM PARA OUTRA AULA, EM OUTRO DIA, QUE TAMBÉM TERÁ SEU RESUMO. ESTA PRIMEIRA PARTE É UMA CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-SOCIOLÓGICO-ARTÍSTICA.
REFERÊNCIAS:
CETICISMO.COM. Como são feitos pergaminhos? Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=hQEpr9B2L5I
> Acesso em: 12 de agosto de 2020.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo, Ática,
2017. [Livro didático.]
SILVA, Afrânio et alii. Sociologia
em Movimento. 2.ed. São Paulo, Moderna, 2017.
WIKIPÉDIA. Scriptorium. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Scriptorium
> Acesso em: 12 de agosto de 2020.
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