sábado, 30 de maio de 2020

EAD CEDJA - VÍDEO CURTO DE SOCIOLOGIA PARA REVISÃO - SEGUNDOS ANOS: RELAÇÕES DE PODER E MOVIMENTOS SOCIAIS. (Prof. José Antônio Brazão.)

Vídeo curto, bem simples, sobre a discussão sociológica e filosófica a respeito do poder. A apresentação é simples e aproveita um material que, nestes tempos de ficar em casa e estudar via EaD (Educação à Distância), muitos(as) estudantes têm em mãos: os livros didáticos, neste caso, os de Sociologia e de Filosofia. No caso das escolas públicas, os livros didáticos são repassados e emprestados a estudantes por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do MEC. No caso das particulares, cada qual tem seus livros e materiais específicos.

Há necessidade de uma correção e de um complemento na fala, no comentário sobre as faculdades humanas é dito que correspondem à partes do corpo, isto é, cabeça, membros e peito. Na verdade: cabeça, tronco (onde, além de outras partes e sistemas fisiológicos, encontra-se também o peito, no qual se encontram, por exemplo, o coração e os pulmões) e membros (braços e mãos, pernas e pés). Outro ponto: Quando é dito "...a primeira que é a última...". Na verdade:  "...a primeira alternativa que será vista ou analisada, que é a última..." Fica mais completo e correto assim, evitando ambiguidade e até uma possível graça. 

As faculdades humanas vão além, são habilidades ou capacidades, e entre elas estão as sensoriais, as mentais, do corpo, e as espirituais. No que se refere às faculdades corporais sensoriais, o tato permite sentir calor e frio, aspereza e lisura, etc.; o olfato, cheiros; o paladar, gostos, sabores; a visão, cores formas, etc.; a audição, sons de muitas espécies.

No que se refere às faculdades espirituais, referindo-se à interioridade humana, à mente: a razão, capacidade\habilidade de pensar, refletir, investigar, raciocinar, etc.

Feitas estas ressalvas, necessárias, vamos à questão em estudo, citada na página 169 do livro Sociologia em Movimento (ver referência ao final):
Questão 4:
(Enem, 2015)
A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito, que, embora por vezes se encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e outro não é suficientemente considerável para que um deles possa com base nela reclamar algum benefício a que outro não possa igualmente aspirar. (HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2003.)
Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil, quando dois homens desejavam o mesmo objeto, eles:
(a)entravam em conflito;
(b)recorriam aos clérigos;
(c)consultavam os anciãos;
(d)apelavam aos governantes;
(e)exerciam a solidariedade.
RESPOSTA: LETRA (A)entravam em conflito.

Homens e mulheres, bem como homens de diferentes raças e povos, têm faculdades de corpo e e espírito iguais em que sentido? No sentido de apresentarem características comuns. Homens brancos e negros, africanos e europeus, asiáticos e americanos, não importa onde estejam, têm faculdades iguais: são capazes de observar e sentir o mundo ao seu redor, de pensar, de refletir, de falar, de raciocinar, etc., ainda que não observem ou sintam, pensem, reflitam, falem ou raciocinem de forma igual. Um fenômeno visto, por exemplo, para um homem pode ser algo comum, para outro, de outro lugar ou povo, pode ser extraordinário. Mas ambos têm faculdades (capacidades, habilidades, qualidades...) similares.

Com base no fato de terem faculdades iguais, apesar das diferenças acidentais (negro\branco, tailandês\brasileiro, etc.) às vezes serem ampliadas em alguns (altura ou força ou inteligência, por exemplo), esse fato não é "suficientemente considerável para que um deles possa reclamar algum benefício a que outro não possa igualmente aspirar" (no texto). Ou seja, o fato de ser mais forte ou mais alto que outro não dá a ele o direito de exigir (reclamar) para si um bem que outro também pode desejar\querer (aspirar). E se dois desejarem a mesma coisa, no estado de natureza?

Se dois desejarem a mesma coisa, no estado de natureza, acabarão digladiando-se (brigando, lutando, enfrentando, um contra o outro, até que um vença ou cause a morte do outro). Aqui é exigido um pouco mais que interpretação de texto! É mister (é necessário) um conhecimento de ideias centrais do pensamento de Thomas Hobbes (séculos XVI|XVII). Eis duas ideias centrais:
*O estado de natureza é um estado de conflito, de guerra, de todos contra todos.
*O homem é o lobo do homem.

Sendo o estado de natureza (o estado ou estágio ou etapa original da humanidade, antes de existirem as sociedades) um estado de guerra de uns contra outros, a fim de se apossar e dominar:
*O exercício da solidariedade (busca do bem dos outros, prática do bem em relação aos outros, do bem comum) não há no estado de natureza. (Descarte da alternativa E.)
*Não havia governantes ainda no estado de natureza, eles vão aparecer na sociedade formada. Portanto, a letra D não é a resposta, pois não havia governantes ainda a quem apelar.
*Apesar de, certamente, haverem idosos no estado de natureza, como o egoísmo era imenso e a separação conflituosa era real, não havia como apelar aos idosos. Ademais, aos idosos de que família? Se o conflito é geral, não haveria possibilidade de querer a intervenção de idosos, pois estes, pertencendo a um lado, iriam defender este. Além disto, não se pode falar de conselho de anciãos, como, por exemplo, aparece na Bíblia, pois suporia uma sociedade organizada, o que todavia não era ainda existente. Letra C não é a resposta.
*Clérigos são sacerdotes, padres, oradores de uma religião ou crença organizada. A religião organizada supõe uma sociedade igualmente organizada, o que não havia no estado de natureza ainda. Letra B, igualmente, não é a resposta.
*Sobra a letra (A)"ENTRAVAM EM CONFLITO", o que concorda plenamente com as ideias de Hobbes de guerra de todos contra todos e homem lobo do homem. Quando dois homens desejavam, no estado de natureza, o mesmo objeto, resolviam a questão na base do conflito!

Como o conflito põe em risco a vida comum, Hobbes diz que houve um acordo entre todos. Nesse acordo, cada um entregava o poder sobre si a um governante que teria poderes absolutos (indivisíveis e fortes) sob a condição de que todos fizessem o mesmo. Assim nasceu a sociedade, governada por um governante absoluto, comparável ao Leviatã, bem comentado no vídeo acima (reveja).

Essa questão exige um elemento fundamental: o conhecimento da teoria. Neste caso, um conhecimento geral, mesmo básico, da teoria política de Thomas Hobbes. Encontrável em livros didáticos e outros. Até mesmo na internet, como complemento de apoio ao livro didático. A análise textual ajuda.

O conhecimento permite, no momento da prova do ENEM e até de vestibulares em que a Sociologia e a Filosofia estejam presentes, uma certa agilidade, um "estalo" (insight = iluminação...) mental rápido, para ir direto à resposta. Em uma prova de muitas questões, ganhar tempo é fundamental! Caro(a) estudante, fique atento(a) a este aspecto, o do conhecimento. Em todas as matérias escolares, não somente as duas citadas. Estude muito, leia bastante e procure treinar para o ENEM e outras provas, como vestibulares e concursos.

Uma chave para o entendimento claro de palavras e questões, incluindo textos: a Língua Portuguesa. Estude-a com afinco. Ela é a chave que abre a porta do aprendizado e da compreensão do mundo. Leve-a muitíssimo a sério, além das demais matérias escolares.

REFERÊNCIA DO LIVRO CITADO:

SILVA, Afrânio et alii. Sociologia em Movimento. 2.ed. São Paulo, Moderna, 2016. 

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