SECRETARIA DA EDUCAÇÃO, CULTURA E ESPORTE DO ESTADO DE GOIÁS
SUBSECRETARIA METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA
COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS
PROF.
JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO. FILOSOFIA – Segundos
anos do ensino médio e EP2.
NOME: _________________________________________________.
No.__________.
DATA:
________\__________\2016. TRABALHO DE LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE TEXTO NÃO FILOSÓFICO TRATADO FILOSOFICAMENTE.
3º bimestre de 2016.
Leia
atentamente o poema a seguir, de Camões. Referente ao Geocentrismo.
TRECHO DE OS LUSÍADAS REFERENTE AO
GEOCENTRISMO DE CLÁUDIO PTOLOMEU:
OS LUSÍADAS,
DE CAMÕES
(Comentários de
João Manoel Mimoso)
Encontrado em:
Texto de Camões:
|
Canto X
estâncias [estrofes] 76-91
Tétis revela ao
Gama a Máquina do Mundo- no trecho mais extraordinário d'Os Lusíadas Vasco da
Gama recebe dos deuses, em recompensa dos seus trabalhos, o Conhecimento e
é-lhe revelado o funcionamento do Universo de acordo com o modelo ptolomaico.
|
76) "Faz-te mercê, barão, a
Sapiência
Suprema de, cos olhos corporais,
veres o que não pode a vã ciência
dos errados e míseros mortais.
Segue-me firme e forte, com prudência,
por este monte espesso, tu cos
mais."
Assim lhe diz e o guia por um mato
árduo, difícil, duro a humano trato.
|
Tétis guia
Vasco da Gama por um caminho
árduo que
talvez simbolize a ignorância
que há a vencer
para atingir o Saber.
|
77) Não andam
muito que no erguido cume
se acharam,
onde um campo se esmaltava
de esmeraldas,
rubis, tais que presume
a vista que
divino chão pisava.
Aqui um globo
veem no ar, que o lume
claríssimo por
ele penetrava,
de modo que o
seu centro está evidente,
como a sua
superfície, claramente.
|
o lume
claríssimo- a luz forte
(penetrava no
globo- isto é, era transparente).
|
79) Uniforme,
perfeito, em si sustido,
qual, enfim, o
Arquétipo que o criou.
Vendo o Gama
este globo, comovido
de espanto e de
desejo ali ficou.
Diz-lhe a
Deusa: "O transunto, reduzido
em pequeno
volume, aqui te dou
do Mundo aos
olhos teus, para que vejas
por onde vás e
irás e o que desejas."
|
em si sustido-
funcionando por si só, sem
intervenção
externa (mas
talvez se
refira simplesmente ao facto do globo
estar suspenso
no ar,
sem apoio
externo); qual... o Arquétipo que o criou-
igual à imagem
mental (arquétipo) ou plano
divino segundo
o qual foi criado
(a maiúscula é
usada por de tratar de um plano de Deus);
transunto-
cópia, modelo.
|
80) "Vês
aqui a grande Máquina do Mundo,
etérea e
elemental, que fabricada
assim foi do
Saber, alto e profundo,
que é sem
princípio e meta limitada.
Quem cerca em
derredor este rotundo
globo e sua
superfície tão limada,
é Deus: mas o
que é Deus ninguém o entende,
que a tanto o
engenho humano não se estende"
|
etérea e
elemental- pensava-se que o Universo tinha
uma parte
formada dos 4 elementos
(terra, ar,
água e fogo)
e outra
não-elemental, formada de éter (etérea);
limada- lisa e
polida.
|
81) "Este
orbe que, primeiro, vai cercando
os outros mais
pequenos que em si tem,
que está com
luz tão clara radiando
que a vista
cega e a mente vil também,
Empíreo se
nomeia, onde logrando
puras almas
estão daquele Bem
tamanho, que
ele só se entende e alcança,
de quem não há
no mundo semelhança."
|
segundo o
modelo ptolomaico o universo
era formado por
onze esferas (orbes), com a
Terra por
centro.
A esfera
externa, denominada "Empíreo"
era imóvel e
etérea e nela estavam as almas
que tinham
ascendido ao Paraíso.
|
82) "Aqui,
só verdadeiros, gloriosos
divos estão,
porque eu, Saturno e Jano,
Júpiter, Juno,
fomos fabulosos,
fingidos de
mortal e cego engano.
Só para fazer
versos deleitosos
servimos; e, se
mais o trato humano
nos pode dar, é
só que o nome nosso
nestas estrelas
pôs o engenho vosso."
|
divos- almas
que ascenderam ao Divino, santos;
nome nosso
nestas estrelas (etc...)-
Tétis reconhece
que os deuses do Olimpo
são fabulosos e
só existem nos nomes que
foram dados aos
planetas (aqui chamados "estrelas").
|
85) "Enfim que o Sumo Deus, que por
segundas
causas obra no
Mundo, tudo manda.
E tornando a
contar-te das profundas
obras da Mão
Divina veneranda,
debaixo deste
círculo onde as mundas
almas divinas
gozam, que não anda,
outro corre,
tão leve e tão ligeiro
que não se
enxerga: é o Móbil Primeiro."
|
que não anda- a
11ª esfera (Empíreo) era imóvel;
Móbil Primeiro-
a 10ª esfera,
denominada
Móbil Primeiro,
rodava
rapidamente (à razão de uma rotação por dia)
e arrastava
todas as outras que, assim,
eram por ela
movidas a diferentes
velocidades de
rotação (ver na estância seguinte
"com este
...movimento vão todos os que
dentro tem no
seio").
|
86) "Com
este rapto e grande movimento
vão todos os
que dentro tem no seio;
por obra deste,
o Sol, andando a tento,
o dia e noite
faz, com curso alheio.
Debaixo deste
leve, anda outro lento,
tão lento e
sobjugado a duro freio,
que enquanto
Febo, de luz nunca escasso,
duzentos cursos
faz, dá ele um passo."
|
com curso
alheio- sem movimento próprio
mas arrastado
pelo movimento alheio (do Móbil Primeiro);
anda outro
lento- referência à 9ª esfera,
aquosa, chamada
Cristalino, que era suposta mover-se lentamente;
enquanto Febo
(etc...)- enquanto o Sol completa
duzentos ciclos
(isto é, em duzentos anos),
o Cristalino
roda apenas um grau.
|
87) "Olha
estoutro debaixo, que esmaltado
de corpos lisos
anda e radiantes,
que também nele
tem curso ordenado
e nos seus axes
correm cintilantes.
Bem vês como se
veste e faz ornado
co largo Cinto
d' Ouro, que estelantes
animais doze
traz afigurados,
aposentos de
Febo limitados."
|
estoutro
debaixo- a 8ª esfera (Firmamento) onde
existiam as
estrelas (corpos lisos);
co largo Cinto
d'Ouro (etc...)- o Zodíaco com
as doze
constelações que são os Signos;
aposentos de
Febo limitados- o Sol está em
cada um dos
signos durante um mês apenas.
|
89)
"Debaixo deste grande firmamento,
vês o céu de
Saturno, deus antigo;
Júpiter logo
faz o movimento,
e Marte abaixo,
bélico inimigo;
o claro Olho do
Céu, no quarto assento,
e Vénus, que os
amores traz consigo;
Mercúrio, de
eloquência soberana;
com três
rostos, debaixo vai Diana."
|
Referência às 7
últimas esferas: a do planeta Saturno;
a de Júpiter, a
de Marte; a do Sol (o claro Olho do Céu);
a de Vénus, a
de Mercúrio; e, finalmente a da Lua,
cujos três
rostos são as três fases (ou "faces")
em que está
visível.
|
90) "Em
todos estes orbes, diferente
curso verás,
nuns grave e noutros leve;
ora fogem do
centro longamente,
ora da Terra
estão caminho breve,
bem como quis o
Padre omnipotente,
que o fogo fez
e o ar, o vento e a neve,
os quais verás
que jazem mais adentro
e tem co mar a
Terra por seu centro."
|
nuns grave e
noutros leve- uns
lentos e os
outros rápidos;
ora fogem do
centro (etc...)- os planetas eram
supostos ter
órbitas circulares (na realidade são
elípticas com o
Sol num dos focos), excêntricas
em relação à
Terra. Durante o seu curso tanto
se afastam
muito (fogem do centro longamente),
como se
aproximam da Terra
(ora da Terra
estão caminho breve).
|
91) "Neste
centro, pousada dos humanos,
que não
sòmente, ousados, se contentam
de sofrerem da
terra firme os danos,
mas inda o mar
instável exprimentam,
verás as várias
partes, que os insanos
mares dividem,
onde se aposentam
várias nações
que mandam vários reis,
vários costumes
seus e várias leis."
|
várias leis-
várias religiões.
[Orbe
substantivo
masculino
1. corpo
esférico em toda a sua extensão; esfera, globo, redondeza.
2. região,
linha ou movimento circular; círculo, circunferência, volta. (Em: https://www.google.com.br/#q=orbe)]
|
João Manuel
Mimoso.
|
O poema de Luís
Vaz de Camões, poeta português do século XVI, descreve poeticamente o sistema
astronômico geocêntrico, aceito pela Igreja Católica, a ciência medieval
europeia e pelo próprio Camões.
Questão 1: Cite cinco nomes de
deuses(as) gregos(as) citados(as) no texto (2,0): __________, ______________,_______________,___________________,
_________________________.
Questão 2: As constelações de
animais citadas no poema recebem o seguinte nome:
___________________________________________.(0,5)
Questão 3: Acreditava-se que o
universo era dividido em duas grandes partes, a saber:
Mundo sublunar e
_______________________________________. (0,5)
Questão 4: Cada uma das partes do
universo era composta por elementos, com os seguintes nomes:
Mundo sublunar (Terra):
_________, __________, __________ e __________.
Mundo supralunar (astros e Sol):
__________.(0,5)
Questão 5: “Em todos estes orbes,
diferente\ curso verás, nuns grave e noutros leve;\ora fogem do centro
longamente” (estrofe 90). Isto porque as órbitas dos planetas eram consideradas
de dois tipos: _________________________(maiores) e
____________________________ (menores, mas embutidas nas maiores). (1,0)
Questão 6: Releia e diga quantas
vezes, NO POEMA, aparece a palavra ORBE(S):________. Circule, no poema, todas
as vezes em que aparece. (1,0)
Questão 7: O sistema geocêntrico
foi suplantado pelo sistema _____________________, do astrônomo polonês
_____________________________________(séc. XV\XVI). (0,5)
Questão 8 (complemento): Faça,
COM COMPASSO, numa folha A4 ou de caderno, os desenhos dos dois sistemas. (1,0
ponto cada um, se ficar bem feito). Use COMPASSO.
Faça
bem feito! Bom estudo e bom trabalho. Diálogo interdisciplinar com a Língua
Portuguesa.
LEVANTAMENTO
DE PALAVRAS DESCONHECIDAS OU POUCO CONHECIDAS DO
POEMA
DE CAMÕES E SEUS SIGNIFICADOS:
(Procure no dicionário de português e anote.)
|
||
PALAVRA
|
SIGNIFICADOS
|
|
Sapiência
|
||
Mísero(s)
|
||
Lume
|
||
Sustido
|
||
Arquétipo
|
||
Transunto
|
||
Máquina
|
||
Etéreo,
etérea
|
||
Elemental
|
||
Rotundo
|
||
Engenho
|
||
Limado,
limada
|
||
Vil
|
||
Empíreo
|
||
Lograr
(logrando)
|
||
Divo(s)
|
||
Fabuloso
|
||
Deleitoso
|
||
Trato
(subst..)
|
||
Sumo
|
||
Venerando,
veneranda
|
||
Móbil
|
||
Tento
(subst..)
|
||
Sobjugado
(Subjugado)
|
||
Alheio
|
||
Estoutro
|
||
Axe
|
||
Estelante
|
||
Aposento
(subst..)
|
||
Bélico
|
||
Assento
(subst..)
|
||
Eloquência
|
||
Padre
|
||
Omnipotente
(onipotente)
|
||
Exprimentar
(experimentar)
|
||
Insano
|
||
Costume(s)
|
||
PALAVRAS
COMPLEMENTARES (DE FILOSOFIA) que não estão no poema:
|
||
Platonismo
|
||
Neoplatonismo
|
||
Geocentrismo
|
||
Segunda parte: Tratamento do texto com auxílio de desenhos simples, em sala de aula, com uso do quadro e folhas.
Abaixo: uma comparação entre Camões e Platão, que nasceu do comentário de Mimoso (ver acima), quando diz
"Tétis
guia Vasco da Gama por um caminho
árduo
que talvez simbolize a ignorância
que há a vencer para atingir o Saber."
E também nascido do paralelismo que pode ser feito entre o escritor moderno (Camões) e o filósofo da antiguidade (Platão). Curiosamente, tanto os marinheiros de Vasco da Gama, este, apontados no Canto X de Os Lusíadas, Camões, e o prisioneiro liberto, do texto do capítulo sétimo de A República, de Platão, realizam uma subida, que os leva a um lugar luminoso, onde vêm a conhecer algo novo. E os caminhos, tanto para o cume da montanha (ou morro alto) como o da saída da caverna, foram difíceis, porém tiveram a recompensa do conhecimento, do saber, da verdade.
Diálogo interdisciplinar e muito rico entre a Filosofia e a Língua Portuguesa, em sala de aula.
Nenhum comentário:
Postar um comentário