quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

FILOSOFIA EM POESIA (Prof. José Antônio Brazão.)

Um possível bom meio ou recurso de trabalho didático no tratamento das ideias filosóficas é transformando-as em poesias simples e, com certeza, muito úteis. Um exemplo a seguir.

UMA BELA HISTÓRIA (Prof. José Antônio Brazão.)

Uma bela história registrar

O nascimento da filosofia

Em suas origens

Eu vou narrar.

 

No início, de deuses e deusas

Por mitos se contava

Histórias fabulosas

Que a imaginação criava.

 

Deusas e deuses, de imensos poderes,

Na natureza e no cosmos atuavam

Para obter seus favores

Os seres humanos oravam.

 

Poetas chamados aedos

E outros conhecidos por rapsodos

Em seus poemas os cantavam

E feitos divinos registravam.


Agricultura, comércio, guerras e escravidão

Póleis, cidades-estados, a crescer

Monumentos e magníficos prédios em construção

Nesse contexto, novas ideias a florescer.

 

Por toda a Grécia antiga

Aqueles poetas se espalhavam

De deuses e deusas até alguma intriga

Não ocultavam.

 

Muito humanos os seres divinos pareciam

Seres poderosos eram com certeza

Eternos e imortais os relatos os definiam

Dos poetas que os contavam com presteza.

 

Ouvindo de outros povos pessoas comuns e mercadores

De deusas e deuses as histórias que contaram

Alguns homens argutos e observadores

Por serem diferentes desconfiaram.

 

Querendo melhor a natureza e o mundo entender

Respostas mais claras e profundas queriam achar

Observações e estudos começaram a empreender

E em princípios criam as poder encontrar.

 

 

Nas colônias gregas viviam

Da Ásia Menor e da Magna Grécia

Buscando fugir das certezas a inércia

Contrapondo ao que os mitos diziam.

 

O primeiro princípio foi a água

Do filósofo Tales de Mileto

Para além dos mitos navegava

Certo de que por ela tudo é feito.

 
 

A seguir, outros princípios

Por filósofos

Foram levantados

Dando à filosofia seus inícios.

 

Dizia Anaxímenes que tudo do ar viera

Anaximandro, de um tal Ápeiron

Ou da terra de Xenófanes de Cólofon

Todo existente nascera.

 

Dos números surgiu o cosmos, como na música os sons

Segundo o filósofo de Samos, que Pitágoras se chamava,

Da música a harmonia o inspirava

Percebendo nela o enlace de diferentes tons.

 

Da filosofia o nome se originou

Do fato de que, com muita alegria,

Por crer-se amigo da sabedoria

Pitágoras filósofo se chamou.
 
 

De fogo, o princípio, para Heráclito de Éfeso

Todo existente se compõe

Mas algo mais viu o filósofo:

Em tudo o devir-movimento se dispõe.

 

Parmênides de Eleia a Heráclito contradiz

Movimento é ilusão

Para os olhos falsa diversão

Mas que de nada é matriz.

 

Em Eleia outro filósofo apareceu

Zenão por nome tratamento

Do mestre Parmênides o pensamento

Na forma de argumentos defendeu.

 

Empédocles quatro princípios resolveu juntar

Ar, água, terra e fogo

Que variados seres formam logo

Ao dar-se em precisos modos seu combinar.

 

Anaxágoras minúsculas partículas dizia

Comporem toda a pluralidade

Por disporem, em cada diverso, igualdades

Cada uma delas denominou homeomeria.

 

Leucipo e Demócrito observaram dos seres o dividir

A existência de muitas partículas indivisíveis

Aos olhos humanos, sozinhas, invisíveis

Usando a inteligência, acabaram por concluir.





Os átomos, indivisíveis partículas eram tidas,

Milênios depois, por cientistas comprovados

Postos em tabela por períodos dividida

Hoje, por fissão nuclear estilhaçados.
 

 

Da filosofia a grande história aí se iniciou

Com o uso do logos-palavra-razão-discurso

Nas colônias da antiga Grécia o curso

De um novo modo de pensamento se firmou.

 

Vale lembrar que um modo de apresentação do pensamento filosófico, em suas origens, na Grécia antiga, foi a poesia, seguindo o modo poético de exposição dos próprios mitos gregos – por exemplo: Homero e Hesíodo. A poesia foi, seguramente, um meio didático de histórias no passado, como entre os gregos mencionados, e pode, hoje também, contribuir para uma exposição rica de ideias filosóficas. Poesias que tratem da história da filosofia poderão ser feitas pelo(a) professor(a) e por estudantes, de diferentes turmas, que possam com as suas contribuir. Nesse sentido, é bom que seja feito um arquivo de poesias, seja numa pasta de papel, seja em pasta de computador, as quais poderão ser trocadas e apresentadas em turmas e grupos diversos. Ademais, de preferência, que sejam feitas em diálogo fecundo com a Língua Portuguesa. O trabalho interdisciplinar pode ser, portanto, muito valioso.

A poesia facilita a assimilação de conteúdos, podendo enriquecer imensamente o aprendizado, quer seja de Filosofia, quer de Língua Portuguesa, quer de Arte, a qual também pode entrar no trabalho interdisciplinar. Com efeito, ao lidar com a poesia, cada estudante toma contato com a versificação, a construção de estrofes, com as rimas e sílabas poéticas, entre outros elementos do estudo linguístico da poesia. Mais diálogos interdisciplinares são possíveis: com a História, com a Geografia, a Matemática, etc.

Outro elemento que a criação de poesias filosóficas põe em ação é o aprendizado de novas palavras, por conta da poesia demandar leituras, pesquisa, estudo de recursos poéticos, etc. Poesias simples, sem muito rigor, pelo fato de nem o(a) professor(a) de Filosofia, nem as suas e os seus estudantes serem poetas de profissão. Vale a pena tentar. Para tanto, o conhecimento, advindo do aprendizado constante, tornar-se imprescindível: conhecimento básico de filosofia, de língua portuguesa e da arte.

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