segunda-feira, 21 de abril de 2014

Por que o coelho foi escolhido para a Páscoa e não o cachorro, que é “o melhor amigo do homem”? O ser humano e os símbolos. (Prof. José Antônio Brazão.)

             Por que o rei e a rainha usam coroa(s)?

Por que se usa anel de casamento e por que se chama aliança? Há povos em que o casamento é reconhecido por outro(s) símbolo(s).

Por que são necessárias as placas de trânsito?

O que as placas de trânsito significam?

Por que “o diabo foge da cruz” [dito popular]?

Por que razão os ovos de Páscoa?

Por que o coelho foi escolhido para a Páscoa e não o cachorro? O cão não é “o melhor amigo do homem” [dito popular]?

Desenhos nas cavernas, marcas em pedras e outras rochas, pequenas estatuetas em forma de mulheres, bandeiras, placas, escritas diversas, diferentes línguas e linguagens, entre muitos outros símbolos, são formas de expressão humana e de sua necessidade vital. Sem dúvida, nenhum ser humano, homem ou mulher, criança ou adulto ou ancião(ã) consegue viver sem símbolos. Desde tempos recuados, há milhares de anos, eles vêm se tornando parte fundamental da vida de cada pessoa e marcam uma grande diferença entre o humano e o animal.

Símbolos da linguagem oral, visual, dos gestos, que apelam para os diferentes sentidos humanos. Símbolos matemáticos, geográficos, climáticos, dentre tantos outros, nas mais diversas ciências. O que são símbolos? A palavra, em si, provém do grego symbolon, significando aquilo que está no lugar de outro ser para representa-lo.  De fato, todo símbolo é, na verdade, uma representação.

Representação, por sua vez, é re-present-ação, literalmente: ação de tornar novamente (re-) presente. Uma palavra torna presente, por meio de seu significado, um animal, como, por exemplo, cavalo. Quando se diz cavalo, logo vem à mente a imagem daquele animal. Uma placa de trânsito pode indicar uma curva acentuada à direita ou à esquerda, tornando presente à mente da(o) motorista a indicação de que adiante encontrará uma determinada curva no caminho. E assim por diante. Portanto, são os símbolos que tornam possível a vida humana.

A comunicação entre pessoas ocorre através de símbolos: o pedido da mãe à filha usando palavras e\ou gestos, uma história contada pela avó, um caderno de desenhos, um quadro de Van Gogh, todos são meios simbólicos de comunicação de mensagens, de ideias. Este texto também.

Os símbolos exigem o trabalho mental da abstração. Abstração é, literalmente: ação de tirar para fora. Para fora de quê? Da realidade sensível, transformando os seus elementos em ideias, as quais, por sua vez, acabam por remeter, simbolicamente, à realidade: a ideia contida no símbolo da placa, as ideias contidas nas palavras da avó que conta a história, e assim por diante. Os símbolos correspondem a ideias, as quais, por seu turno, juntas, permitem a formação de pensamentos.

Os homens primitivos, antes do nascimento das línguas, para se comunicarem uns com os outros, faziam uso de gestos e sons, os quais, com o decorrer do tempo, foram aumentando e se complexificando, até formarem linguagens mais complexas (mais repletas de símbolos), conforme os lugares e ambientes aqueles foram se encontrando, em seu vagar pelo mundo afora, em bandos, e, depois, no momento em que parte deles se sedentarizaram.

Hoje vive-se em um mundo permeado de símbolos: ao ligar um celular, ao falar com alguém em uma língua qualquer, ao sair de casa e deparar-se com um outdoor, aquela tabuleta contendo informações de certo produto em um supermercado, além de outros tantos. Porém, algo é exigido: conhecer os símbolos e entender seus significados. Ora, uma pessoa que jamais estudou sueco dificilmente poderá entender o que uma pessoa da Suécia diz em sua língua, principalmente se as palavras não forem acompanhadas de gestos. Portanto, entender os símbolos com os quais uma dada sociedade expressa sua vida é fundamental para se poder viver dentro dela, ainda que possam haver, com certeza, alguns símbolos universais ou universalizados.

Curiosamente, muitas vezes, enquanto se comunicam por meio da língua, a esta acompanham os gestos. De onde veio isto? Da própria pré-história humana, quando, por falta de termos ou de sons que correspondessem a certos seres, as pessoas faziam gestos para os indicarem. E, no transcurso da história, tal forma de comunicação, aliando gesticulação e palavras faladas, acabou incorporando-se nas pessoas. Ainda hoje, em pleno século XXI, se faz uso das palavras e de gestos que remetem aos significados daquelas.

Os símbolos, é claro, não são eternos, não permanecem para sempre. Sofrem mudanças, podem até ser substituídos, criticados, bem ou mal aceitos, conforme o que signifiquem, enfim, transformados (p. ex.: a suástica, em sua origem religiosa oriental, é símbolo da vida e de suas vicissitudes, contudo, por causa dos nazistas, no mundo ocidental, principalmente, tornou-se lembrança de algo negativo do passado histórico: muito sofrimento e morte).

As religiões são permeadas de símbolos: a cruz, no cristianismo, lembra a morte (crucifixo: cruz com Jesus nela pregado) e a ressurreição (simbolizada na cruz vazia) de Jesus; a estrela de Davi para os judeus, com suas seis pontas (em seis dias Deus fez o mundo, conforme o capítulo um do livro bíblico do Gênesis; a estrela lembra também a luz); a estrela que conduziu os magos até Jesus; a lua crescente do Islã, que simboliza a beleza e a força, o despontar crescente da luz que ilumina (a iluminação da lua vai crescendo até esta ficar toda iluminada e esparramar a luz no céu noturno, como a fé que cresce e se difunde ou a luz divina que ilumina o caminho das pessoas).

E por que a internet, a televisão e os meios de comunicação em geral são tão atraentes? Por que estão carregados de imagens e sons, com cores, formatos, sonoridades e outros elementos muito enriquecidos simbolicamente e, sem dúvida, atraindo com fins comerciais. Com efeito, todo símbolo contém elementos sensoriais e a estes remetem: cores, sons, cheiros (os perfumes, por exemplo), formatos geométricos, além de tantos outros. Tais símbolos, como muitos outros, mexem profundamente com a psique humana, isto é, com a mente e o inconsciente humanos, daí serem usados para chamar a atenção das pessoas e até para atraí-las, conseguir sua anuência (aceitação, concordância) e até sua audiência, levando-as a agir, a buscar.

Logo, pode-se ver que o ser humano, que forja os símbolos, acaba sendo também forjado por eles, como numa dialética. E, para que não se percam, são constantemente usados (as línguas que o digam), relembrados, revividos, até mesmo reverenciados (a cruz, por exemplo, reverenciada, isto é, profundamente respeitada, por cristãos, ainda que não idolatrada), alguns se perdem, outros surgem, fruto da criatividade humana.

Símbolos podem ser usados para o bem e para o mal. As procissões religiosas, de diferentes religiões, no passado e no presente, foram ou são carregadas de elementos simbólicos. As passeatas, no Brasil e em outros lugares do mundo, contêm cartazes, faixas, além de muitos outros elementos cuja carga simbólica aponta para a necessidade de certos bens sociais e para uma profunda preocupação com a vida coletiva. A cruz vermelha, numa placa de estrada, lembra que logo à frente há um hospital ou que se está próximo de um posto de atendimento médico. Os nazistas e fascistas fizeram largo uso dos símbolos: em desfiles, passeatas, discursos públicos em praças lotadas, havia centenas de bandeiras contendo imagens, músicas, fardas, dentre muitos outros, símbolos de força, de poder, infelizmente usados para defender a ambição e a dominação de seres humanos. Enfim, os símbolos são paradoxais.

Os símbolos, matemáticos e linguísticos, também permitem o avanço das ciências: fórmulas matemáticas, a sequência em letras do DNA humano ou de qualquer outro ser vivo em estudo, os símbolos que aparecem na lógica filosófica (formal ou simbólica, matemática), fórmulas da Física, dentre outros tantos recursos simbólicos científicos. O próprio Galileu Galilei, no século XVII, como Pitágoras bem antes dele, dizia que o universo está carregado de linguagem matemática e que para conhece-lo é preciso conhecer tal linguagem: os símbolos (números, formas geométricas e outros elementos).

A compreensão dos símbolos é, como se pode ver, fundamental à sua interpretação e, consequentemente, ao seu uso. E o uso e esse entendimento dos símbolos são igualmente fundamentais para que haja ciência, literatura, comércio e tantas outras coisas, enfim, para que as pessoas se humanizem. O próprio aprendizado na família, na escola, em todo lugar, ocorre por meio de símbolos. Os poetas e escritores, até mesmo os cientistas e filósofos, assim como os contadores de histórias, sabem bem da carga simbólica das metáforas, das figuras de linguagem e da imaginação.

Professora, professor, faça um levantamento com suas turmas, na escola, de símbolos que são usados no dia a dia e que façam uma pesquisa sobre símbolos usados no trânsito, nas religiões, nas ciências e em outras manifestações humanas. Peça para os grupos trazerem para a sala de aula tantos símbolos quantos puderem encontrar. Depois, discuta com essas turmas o caráter econômico, social, político, afetivo, etc., de tais símbolos, buscando, inclusive, entender em que eles se fundamentam e o que eles apontam. Bom proveito!

sábado, 5 de abril de 2014

USANDO RECURSOS DE COMPUTADOR E INTERNET NO ENSINO DE FILOSOFIA (Prof. José Antônio Brazão.)

BLOGS de Filosofia podem ser feitos por professores, professoras e estudantes no estudo-aprendizado filosófico. Ex.: este site, além de outros também muito ricos (procure, investigue, e você, professor, professora, descobrirá).

ENCICLOPÉDIAS ELETRÔNICAS (Ágora, Encarta, da Universidade Stanford, Wikipedia, Brittanica Escola Online, além de outras que podem ser descobertas). As que forem de línguas estrangeiras, professor(a), não tema fazer uso delas, pois costumam ser muito ricas. Para tanto, use tradutores online. Em caso de dúvida na tradução, use mais de um tradutor online. Estes podem ser encontrados através de sites de busca (Google, MSN, Yahoo, UOL, etc.).

FILMES E VÍDEOS. Por exemplo, no YOUTUBE. Há muitos filmes de filosofia e ligados a temáticas filosóficas no Youtube. No site da TV ESCOLA há também muitos vídeos em sua Videoteca. Vale a pena dar uma olhada e fazer um levantamento para se poder ver o que pode ser aproveitado no ensino de Filosofia.

IMAGENS DE FILÓSOFOS E TEMAS FILOSÓFICOS podem ser encontrados, por meio de sites de pesquisa, na internet.

JOGOS ONLINE LIGADOS À FILOSOFIA. Ex.: no Só Filosofia (www.filosofia.com.br).  

LIVROS E TRECHOS DE LIVROS ligados à filosofia podem ser encontrados na internet e em boas enciclopédias online. Há audiobooks (livros orais) de filosofia, inclusive. O site DOMÍNIO PÚBLICO, por exemplo, contém muitos textos ligados à filosofia e áreas afins, cedidos gratuitamente e expostos ao estudo e à consulta de cada cidadã e cidadão.

MAPAS ONLINE. O Google Earth contém muitos mapas virtuais que podem ser úteis no ensino de Filosofia. A vantagem deste é que podem ser feitas verdadeiras viagens virtuais. Além dele, por meio de sites de pesquisa, por meio do recurso imagens desses sites, podem ser encontrados mapas e informações cartográficas muito ricos para o ensino e a aprendizagem filosóficos. As enciclopédias citadas também têm.

MÚSICAS LIGADAS A TEMÁTICAS FILOSÓFICAS. Por exemplo: no site Vagalume, além de outros que podem ser encontrados através de sites de busca. A vantagem destes é que costumam ter as músicas e suas respectivas letras. Estas podem ser projetadas na parede da sala de aula ou do laboratório de informática ou da sala de vídeo com o auxílio de um data show.  Uma boa música pode fazer todo diferencial no aprendizado de certos conteúdos de filosofia e reforçar o aprendizado. Aparelhos de som, com CD, podem servir também.

RÁDIO ESCOLAR, com uso de recursos de áudio e som, até mesmo de imagens, do computador. Muitos assuntos e ideias que tenham relação com a filosofia podem ser apresentados e discutidos na rádio escolar, presente em muitas escolas pelo Brasil e o mundo afora.

SITES DE BUSCA, por assunto (a filosofia e sua história têm muitos assuntos). Ex.: Google, Yahoo, MSN, UOL, etc. O tema filosofia, pesquisas sobre filósofos e ideias filosóficas, dentre outros materiais.

SITES DE FILOSOFIA NA INTERNET (além deste, professora, professor, pesquise e descubra outros). Os sites de busca podem ajudar. Podem ser utilizados em pesquisas feitas pelos e pelas estudantes (ver um modelo de proposta de pesquisa simples neste site FILOSOFIA NO DIA A DIA), na exposição e discussão de conteúdos, além de outras maneiras que podem ser exploradas.

SOFTWARES (PROGRAMAS DE COMPUTADORES) DE ESCRITA (EX.: WORD, da Plataforma Windows, e BrOFFICE WRITER, da Plataforma Linux). Podem ser úteis para muitos tipos de trabalhos de estudantes e professores(as) ligados à filosofia: pequenos textos, redações filosóficas, jornalzinho filosófico, revista filosófica, tabelas,  revista em quadrinhos (gibis) filosófica(os), cartas, poesias, além de muitos outros tipos. Cabe a cada professor(a) conhecer mais e mais tal recurso e aproveitar tudo o que há de bom nele e, sem dúvida, em outros softwares.

SOFTWARES DE BILHETES E CARTAZES podem ser muito úteis na elaboração de pequenos comunicados e exposições simples e básicas de ideias filosóficas, sem perder a profundidade necessária.

SOFTWARES DE DESENHO E CORES podem ser muito úteis no trabalho de elaboração de desenhos ligados a muitas ou, talvez, todas as temáticas da filosofia.

SOFTWARES DE ELABORAÇÃO DE VÍDEO. Professores(as) e estudantes podem fazer excelente uso da elaboração de vídeos relacionados aos temas de Filosofia estudados em sala de aula e até mesmo para além deles. Um vídeo bem elaborado por professores, professoras e estudantes, em Filosofia, pode ser uma rica fonte de aprendizado, tanto na sua elaboração quanto na sua exposição, pois demanda muito trabalho: pesquisas, leituras, levantamento de imagens, de sons, de músicas possíveis de utilização, além de outros recursos que tais softwares costumam dispor. Tanto na plataforma Windows quanto na plataforma Linux podem ser encontrados softwares de elaboração de vídeos muito bons.

SOFTWARES DE SLIDES. Slides são um recurso muito rico de aprendizado dos conteúdos escolares e, particularmente, de Filosofia. Nos slides podem haver imagens, desenhos filosóficos feitos por estudantes e professores(as) escaneados, rostos, paisagens, pequenos textos, etc. Neste caso, é preciso também um data show, para se poder projetar os slides. Estudantes podem ser convidados(as) a elaborar conjuntos de slides de filosofia. O laboratório de informática escolar pode ser de muito valor e apoio para este e outros trabalhos.

SOFTWARES DE TABELAS E PLANILHAS: resumos e tabelas de filosofia podem ser feitos por professores, professoras e estudantes.

 É preciso atentar para a possibilidade de trabalhos interdisciplinares, que envolvam vários conteúdos (matérias) estudados, juntamente com a Filosofia. Ademais, professor(a), explore outros recursos de computador com potencial para o ensino de filosofia, durante as aulas (é preciso bom planejamento) e em casa, além do laboratório de informática escolar (o MEC, na última década e ainda hoje, continua fornecendo bons laboratórios para as escolas públicas, através do PROINFO; em muitas escolas particulares também há laboratórios desse tipo, além dos científicos).

Além do computador, use também outras tecnologias, como a TV, o vídeo (DVD, Blue Ray e outros aparelhos), aparelhos de som, o pen drive (gravação de imagens, textos e sons, além de outros materiais), até mesmo o telefone celular e outros podem ser utilizados no ensino de Filosofia. Professor, professora, aprenda a utilizá-los e bem aproveitá-los no trabalho de ensino-aprendizagem na escola. Nas capitais e cidades grandes costumam haver NTEs, Núcleos de Tecnologia Escolar, que dão cursos gratuitos e de excelente qualidade para docentes que queiram aprender mais sobre o uso de tecnologias no ensino, de Filosofia inclusive.

O fato é que as tecnologias estão aí e continuarão estando. Novas são e continuarão sendo criadas. Saber usá-las bem no ensino de Filosofia pode fazer grande diferencial no aprendizado das ideias filosóficas, juntamente com a interdisciplinaridade possível com outros conteúdos (matérias, disciplinas) de ensino escolares. Professor, professora, explore ao máximo todos os recursos tecnológicos possíveis, além de outros recursos de outros tipos existentes nas escolas. Use também a criatividade e explore a criatividade de cada estudante, tanto quanto for possível.