sábado, 16 de novembro de 2013

USANDO A RECICLAGEM NO ENSINO DE FILOSOFIA (Prof. José Antônio Brazão.)

PLANETÁRIO SIMPLES DE PAPELÃO (Prof. José Antônio Brazão.)

Há muitas décadas, no fundo do mar, junto à ilha grega de Anticítera, foi encontrado um mecanismo enferrujado e deteriorado com o tempo, dentro de um barco afundado havia quase dois mil anos, que, depois de algumas décadas de sua descoberta, foi examinado e radiografado, demonstrando um alto grau de conhecimento técnico dos antigos. Ele era capaz de mostrar, com o movimentar de uma manivela, o movimento e as posições de astros em diferentes épocas e até anos. Além do estudo do universo (cosmos, na língua grega), permitia, provavelmente, consultas astrológicas.

O que aqui se propõe é que, ao discutir a ciência antiga, no âmbito da filosofia da ciência, com os e as estudantes, professores e professoras de Filosofia façam uso da reciclagem para enriquecer o aprendizado daqueles(as).

Tente montar um mecanismo (planetário simples) que mostre o movimento dos astros nos céus, juntamente com as constelações do zodíaco. Podem ser usados: papelões, cartolinas, compassos para desenhar as órbitas e o intervalo de órbitas em que ficariam as constelações do zodíaco, réguas que tenham letras e desenhos (p.ex.: esferinhas, estrelas), recortes, cola, tesoura, dentre outros. Lembrete: demanda pesquisa, estudo, leitura, busca de materiais, empenho!

Todos: círculos móveis (esferas móveis), que podem ser recortados(as), um a um, separadamente, conforme o tamanho da órbita dos planetas (o superior seria o da Terra, no caso do sistema geocêntrico, ou do Sol, no caso do sistema heliocêntrico) e das constelações do zodíaco (o mais de baixo, na base). Um por cima do outro, sem estarem colados. Estariam fixos com um furo no centro de todos, com o auxílio e um prego ou palito reforçado. Lembrete: desenhar círculo por círculo, proporcionalmente, ir cortando, furando no meio e sobrepondo. Assim, os astros poderão girar em torno do centro! Para girá-los: use o dedo de uma mão enquanto segura com a outra a base (ex.: rolha).

Para ficar um pouquinho parecido com o de Anticítera propriamente dito, depois de pronto, o material poderá ser colocado em uma caixa. Mas pode ser ampliado, aumentando sua visibilidade na sala de aula, aproveitando-se materiais recicláveis. Para os planetas e o Sol, por exemplo, podem ser também postas bolinhas ou pedaços de rolha(s) cortados, conforme o tamanho do planetário simples/simplificado.

Para fixar em um eixo central mais firme, se usar prego, prenda este em uma rolha. Esta tem uma base boa, mais larga que o buraco feito pelo prego. Além disto, a rolha pode ser segurada em uma mão, enquanto a outra faz a demonstração do sistema planetário/cósmico. Lembrete: o astro central (Terra, no sistema geocêntrico; Sol, no heliocêntrico) deve ficar preso na cabeça do prego, cuja ponta estará fixa na rolha.

TEMAS RELACIONADOS:

FILOSOFIA DA CIÊNCIA.

FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS.

SISTEMA ASTRONÔMICO ARISTOTÉLICO.

SISTEMA ASTRONÔMICO PTOLOMAICO.

SISTEMA ASTRONÔMICO HELIOCÊNTRICO COPERNICANO.

CIÊNCIA ANTIGA.

CIÊNCIA MEDIEVAL E DE INÍCIO DA IDADE MODERNA.

REVOLUÇÃO CIENTÍFICA MODERNA (início da Idade Moderna em diante).

RELAÇÃO ENTRE ASTRONOMIA E ASTROLOGIA NOS MUNDOS MEDIEVAL E MODERNO. Quanto a este ponto, vale lembrar o documentário COSMOS 3, de Carl Sagan, que destaca a vida e as descobertas de Johannes Kepler, astrônomo, matemático e astrólogo, como se pode ver no documentário de Carl Sagan. Unir: Ficha de vídeo + Planetário [+ Entrevista (se possível)].

Pode complementar também o quadro dos sistemas astronômicos (tabela já pronta) e reforçar o aprendizado do conteúdo deste. Ademais, pode ser feito um trabalho interdisciplinar entre FILOSOFIA, HISTÓRIA e FÍSICA, etc.!

Esta sugestão de atividade surgiu a partir de visualização de um vídeo da TV Escola que trata de obras e pesquisas feitas pelos bárbaros antigos, particularmente do tempo do Império Romano, suas invenções e descobertas. Vale lembrar que o mecanismo de Anticítera, de acordo com o que é apresentado no vídeo, servia, junto com o conhecimento do universo (cosmos, em grego), igualmente, a estudos astrológicos, com atendimentos das pessoas e a demarcação de seus destinos. Nesse sentido, pode ser valioso solicitar, junto com o planetário de papelão, também uma pesquisa sobre a astrologia e a crença das pessoas sobre a influência dos astros em sua vida. Quem sabe, também uma entrevista básica, simples, com pessoas conhecidas, sobre sua crença na possível influência astrológica sobre a vida dos seres humanos. Cartazes feitos pelos(as) estudantes podem ser úteis. Assim, além da reciclagem, outros recursos poderão acompanhar a elaboração dos planetários e papelão. O vídeo da TV ESCOLA, gravado, pode ser passado e também discutido.

Além do vídeo sobre os bárbaros intelectuais, o vídeo COSMOS, episódio 3 (Harmonia dos Mundos), pode reforçar o aprendizado. Este encontra-se, do mesmo modo que o anterior, na videoteca da TV ESCOLA.

POSSÍVEIS QUESTÕES PARA UMA ENTREVISTA – TEMA: ASTROLOGIA

1)      Você [entrevistado(a)] acredita em astrologia? Por quê?

2)      A astrologia (mapas astrais, horóscopos e outros), geralmente, é apresentada em que meios de comunicação social?

3)      O que leva algumas pessoas a acreditarem na astrologia?

4)      Você acredita que exista uma relação mais profunda entre nós, seres humanos, e os astros celestiais que aparecem nos horóscopos? Comente.

5)      Você acredita que existam influências dos astros sobre outros seres vivos (animados) e inanimados (não vivos) na Terra?  Comente sua opinião.

6)      Pessoas podem ficar impressionadas com o que diz o horóscopo? Que você pensa sobre isto? Você conhece pessoas assim, isto é, impressionáveis pela astrologia?

7)      Você é uma daquelas pessoas que não saem de casa sem terem, antes, feito uma consulta ao jornal, ao rádio ou  a algum meio de comunicação sociais?  Você conhece pessoas que fazem isto? Dê um exemplo, se possível, se quiser.

8)      O que você acha das mensagens escritas pelos astrólogos em jornais ou por pessoas que consultam os astros e repassam aos clientes? Positivas, negativas, válidas, inválidas, interessantes, desinteressantes? Por quê?

9)      A sorte é a pessoa que faz ou é uma coisa que existe por si mesma?

10)  Como uma pessoa poderia fazer sua sorte, seu futuro, sem precisar de  contar com os astros? O que é necessário para que a pessoa faça sua própria sorte?

11)  Você percebe diferenças entre a astrologia e a astronomia (ciência)?

12)  O que o universo (cosmos) representa para você?

Estas perguntas são apenas sugestões muito simples. Outras mais complexas podem e devem ser preparadas, criadas, ampliando a qualidade e a profundidade das ideias relacionadas a cada temática em estudo.

É fundamental pedir aos (às) estudantes entrevistadores(as) que criem também suas próprias perguntas ou que criem, até mesmo, uma entrevista específica, usando, portanto, sua criatividade e sua capacidade de escrita. Às vezes, pode ocorrer que perguntas podem aparecer no próprio calor da entrevista. E vale lembrar-lhes o cuidado na condução da entrevista, não entrando em questões inconvenientes e sempre respeitando a pessoa entrevistada.

Meios de condensar e exposição as informações da entrevista (feita em grupo ou individualmente):

1)Gravação (áudio e/ou vídeo). (Pedir permissão à pessoa entrevistada.) No caso da gravação, uma transcrição em papel pode ser feita, enriquecendo e complementando o trabalho realizado. Enfim: apresentação do conteúdo final para a turma.

2)Síntese (resumo) escrita(o). Pode ser feita pelo grupo, procurando cada um(a) lembrar do que disse o(a) entrevistado(a). Apresentação.

3)Respostas escritas pela pessoa entrevistada. Há pessoas que, de fato, não aceitam perguntas diretas (feitas pessoalmente), num dada hora marcada, mas que se dispõem a responder por escrito as perguntas. Neste caso, o grupo entrevistador pode entregar uma cópia das perguntas, com espaços para que a pessoa responda. Apresentação.

Quatro vantagens da atividade proposta:

1)      O planetário de papelão é barato.

2)      É fácil de fazer. Pode ser utilizado em qualquer escola, desde aquelas que têm laboratório de informática e outros equipamentos até aquelas mais simples, pois demanda papelão, papel, tesoura e outros materiais comuns.

3)      Facilita e torna a aula menos abstrata – ainda que não despreze a abstração e até mesmo a exija –, bem como a exposição dos conteúdos relacionados ao tema.

4)      Pode enriquecer muito o aprendizado de Filosofia dos e das estudantes.

REFERÊNCIAS (SITES):




REFERÊNCIAS (LIVROS):

Os temas filosóficos e científicos relacionados à atividade proposta podem ser encontrados em livros didáticos diversos. Por exemplo:

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo, Ática, 2011.

COTRIM, Gilberto e FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. São Paulo, Saraiva, 2010.




OBSERVAÇÃO: A atividade proposta faz parte da proposta de uso da reciclagem no ensino de Filosofia, já mostrado, em outra data, neste site.

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