Michel Foucault (século XX) foi psicólogo,
historiador e filósofo, professor universitário. Suas pesquisas e seus livros
mostram uma forte relação entre as três áreas (Psicologia, História e
Filosofia). Dentre os temas investigados por Foucault encontram-se o poder e as
prisões.
No que diz respeito ao poder,
Foucault percebeu que ele encontra-se disseminado por toda a sociedade, tendo
como pontos de apoio para seu exercício, por exemplo, a vigilância e o
registro, disciplinarizando as pessoas, a sociedade.
Antes de Foucault, o poder era visto,
de um modo geral, de forma macroestrutural, isto é, centralizado na figura do
Estado. Por exemplo: Karl Marx e Friedrich Engels, no século XIX, notaram e apontaram que o
Estado é um instrumento de poder a serviço dos grupos dominantes (na sociedade
capitalista, a serviço dos capitalistas). Quando trataram do socialismo,
falaram do Estado proletário e da ditadura inicial do proletariado e a formação
de uma sociedade socialista, a qual, por sua vez, culminaria no comunismo.
Michel Foucault, em seus estudos,
percebeu que o poder dispõe de uma forma microestrutural, isto é, ele
encontra-se disseminado nas menores estruturas da sociedade. É um poder
disciplinar e disciplinarizador.
No mundo atual, o uso cada vez maior
de câmeras de vigilância, seja em residências, seja em instituições, prisões,
ruas, centros de compras e outros lugares, evidencia uma forte presença da
vigilância. Junto com esta, o registro contínuo de informações sobre as
pessoas: registros escritos, fotográficos, audiológicos, audiovisuais, dentre
outros. Atualmente, fala-se, inclusive, em registro de DNA de criminosos a nível
nacional. Empresas determinadas e algumas instituições já usam registro de
retina, além do já consagrado registro de digitais.
Alguns tipos de registros podem ser
apontados. A nível de países, estados e cidades: CPF, RG, certidão de
nascimento, dentre outros. A nível educacional: matrículas, boletins, diários,
notas, documentos escolares diversos, além de vários outros. A nível de
prisões: fichas detalhadas sobre os presos, processos jurídicos detalhados,
etc. A nível hospitalar e em clínicas: fichas contendo o histórico detalhado
dos doentes, dos pacientes. Em lojas: registros de clientes, consultas ao SPC,
a lojas. Na internet: registros de usuários, IPs. Outros.
Os registros e a vigilância permitem
um maior controle e um exercício mais próximo do poder sobre as pessoas, não só
do Estado, mas também por empresas e instituições sociais de grande, pequeno e
médio porte. Daí, Foucault falar dos micropoderes, de uma microfísica do poder.
A vigilância impõe às pessoas que estão sendo vigiadas certos comportamentos
esperados e evita outros não esperados ou que possam dispor de certa
periculosidade.
Quanto à história das prisões, em seu
livro Vigiar e Punir, Foucault fala
da passagem progressiva, ao longo dos séculos, da masmorra, prisão fechada e
mal iluminada, escura, para um tipo de prisão cujo modelo é o panótico (ou
panóptico), proposto pelo inglês Jeremy Bentham, que permite manter uma visão
constante do prisioneiro.
O panótico ou panóptico é uma prisão
que tem uma torre de vigia central que permite a poucos guardas terem uma visão
geral e precisa das celas dos presos, tornando possível uma observação maior e
mais detalhada dos movimentos e das ações destes, mantendo sobre eles uma
vigilância maior e mais nítida. Pan, em grego, é: todo. Óptico (grego): da
visão, relativo à visão.
A arquitetura do panóptico
aplicou-se, além de prisões, também em outras instituições, inclusive escolas.
O panóptico representa o auge da disciplina e da disciplinarização dos corpos,
buscando a docilização destes, das pessoas, e o exercício do poder disciplinar
sobre estes, estas.
A mudança nas prisões foi acompanhada
pela mudança, progressiva, também no modo de punir. No mundo medieval e até
certo tempo depois, as punições de certos prisioneiros eram verdadeiros
espetáculos, realizadas diante das pessoas, de multidões: enforcamentos,
fogueiras, etc. Pretendia-se incutir medo nas pessoas e fazer demonstração de
poder. Com o passar do tempo, à medida em que o capitalismo foi avançando e
formando-se a sociedade disciplinar, as punições foram tomando formas mais
sutis, passando-se a exercer um aprisionamento com a estrita vigilância,
contínua, sobre os presos. E, como foi dito acima, o poder disciplinar,
microfísico, disseminou-se, estendendo-se a outras instituições sociais,
apoiado pela vigilância e o registro.
Dentre os livros escritos por Michel
Foucault encontram-se: Vigiar e Punir,
Microfísica do Poder, As Palavras e as Coisas, além de vários
outros.
Sugestões para professoras e professores de Filosofia:
Fazer um levantamento, com as turmas, a respeito das câmeras em shopping centers, nas ruas e em outros lugares: como estão aí presentes, como estão distribuídas e estrategicamente postas.
A seguir: Discussão coletiva:
1) Benefícios, conveniências e inconveniências das câmeras e da vigilância por elas exercida.
2) O exercício do poder que elas representam (poder disciplinar): como ocorre, que tipos de comportamentos impõe, como tais comportamentos representam a docilização dos corpos (como torna os corpos [as pessoas] dóceis, passivos[as]), a quem beneficia essa docilização, dentre outros pontos.
Outra atividade que pode ser feita:
1) Em escolas que disponham de laboratório de informática escolar: solicitar aos e às estudantes a elaboração de um vídeo sobre Michel Foucault e/ou sobre a sociedade disciplinar.
2) Em qualquer escola: levantamento, pelas e pelos estudantes, de imagens de revistas, jornais, panfletos e outros meios de comunicação escrita que mostrem câmeras, registros, prisões, escolas, instituições, além de outras imagens que possam ajudar a entender mais clara e profundamente as ideias de Michel Foucault.
3) Seja o vídeo, seja a pesquisa de imagens: cada grupo apresentará para toda a turma. O debate pode ser aberto, podendo enriquecer as discussões com novas ideias e informações que cada grupo e cada estudante descobriu/descobriram.
Sugestões para professoras e professores de Filosofia:
Fazer um levantamento, com as turmas, a respeito das câmeras em shopping centers, nas ruas e em outros lugares: como estão aí presentes, como estão distribuídas e estrategicamente postas.
A seguir: Discussão coletiva:
1) Benefícios, conveniências e inconveniências das câmeras e da vigilância por elas exercida.
2) O exercício do poder que elas representam (poder disciplinar): como ocorre, que tipos de comportamentos impõe, como tais comportamentos representam a docilização dos corpos (como torna os corpos [as pessoas] dóceis, passivos[as]), a quem beneficia essa docilização, dentre outros pontos.
Outra atividade que pode ser feita:
1) Em escolas que disponham de laboratório de informática escolar: solicitar aos e às estudantes a elaboração de um vídeo sobre Michel Foucault e/ou sobre a sociedade disciplinar.
2) Em qualquer escola: levantamento, pelas e pelos estudantes, de imagens de revistas, jornais, panfletos e outros meios de comunicação escrita que mostrem câmeras, registros, prisões, escolas, instituições, além de outras imagens que possam ajudar a entender mais clara e profundamente as ideias de Michel Foucault.
3) Seja o vídeo, seja a pesquisa de imagens: cada grupo apresentará para toda a turma. O debate pode ser aberto, podendo enriquecer as discussões com novas ideias e informações que cada grupo e cada estudante descobriu/descobriram.