domingo, 24 de fevereiro de 2013

"VIEMOS DOS MACACOS?" (Síntese de um pequeno debate filosófico.) (Prof. José Antônio Brazão.)

Essa questão é também filosófica, além de apontar, interdisciplinarmente, para outras ciências. Sem dúvida, sim, pois pergunta pelo SER, por aquilo que são os seres vivos e o próprio universo. Pergunta sobre o SER humano e por aquilo que constitui o universo, parecida com aquelas feitas pelos primeiros filósofos gregos quando buscavam entender o cosmos, a physis (palavra grega comumente traduzida por natureza).
Para buscar respostas para aquela questão é preciso pedir apoio a outras ciências contemporâneas. A interdisciplinaridade pode ser enriquecedora e contribuir para aprofundar a pesquisa sobre assuntos diversos, como este.
Não viemos necessariamente dos macacos atuais. Mas é certo, real, que TODOS OS SERES VIVOS EVOLUÍRAM E CONTINUAM EVOLUINDO. Como as ciências comprovam isto? A seguir vão as respostas de algumas ciências.
A GEOLOGIA tem descoberto, nos últimos séculos, que a idade das Terra e de suas rochas é muito mais antiga do que se pensava, tendo bilhões de anos de existência, tempo suficiente para a evolução dos seres vivos. Além do mais, diferentes camadas do solo e de rochas contêm informações de milhões e milhões de anos de história, algumas delas dispondo de registros fósseis (restos petrificados) de seres vivos de eras passadas. Em livros de Geografia e de Biologia podem ser encontradas, geralmente, linhas de tempo da Terra.
A BIOLOGIA: estudos biológicos e químicos levaram à descoberta do RNA (ácido ribonucleico) e do DNA (ácido desoxirribonucleico), moléculas fundamentais na constituição da vida, com destaque para a segunda, que contém genes responsáveis pelas características que definem os seres vivos e os diferenciam uns dos outros.  Todos os seres vivos são, comprovadamente, constituídos por aquelas macromoléculas. No caso do homem e dos chimpanzés, por exemplo, cerca de 98 % do DNA é igual. O que tornam as pessoas seres humanos são os cerca de 2% restantes. Além disto, a anatomia comparada demonstra que muitos animais têm estruturas anatômicas semelhantes. Macacos e homens, além de outros animais, têm muitos órgãos, ossos e sistemas similares.
A existência de FÓSSEIS de eras antigas, os quais possibilitam detectar um processo contínuo de evolução. Em livros de Biologia e até em um ou outro de Filosofia, por exemplo, pode-se ver uma sequência de primatas até o homem atual, sequência esta que é fruto de pesquisas com fósseis encontrados na África e em outros lugares do mundo. Fósseis são partes, restos ou corpos de plantas e animais pré-históricos que foram petrificados e que hoje aparecem como verdadeiros registros daqueles tempos da história da Terra.
A ARQUEOLOGIA: arqueólogos, ao longo dos últimos séculos, fizeram e fazem pesquisas, escavações, conseguindo descobertas de fósseis e indícios de ferramentas (p. ex.: pedras lascadas, pontas de lanças e flechas), restos de alimentos comidos e petrificados, dentre outros materiais fabricados ou utilizados por homens pré-históricos. A descoberta de fósseis de primatas e seres humanos mais antigos, de diferentes épocas, reforça, claramente, a certeza da evolução. Esse material existe e pode ser encontrado em museus de história natural e institutos de pesquisas e universidades, no Brasil e no mundo. Ex.: plioptecus, homo erectus, homo habilis, homem de Neanderthal, homem de Cromagnon e outros, até chegar ao homo sapiens.
A capacidade do RNA e do DNA, em condições favoráveis, com água e matéria orgânica suficiente, de se replicarem. No passado muito distante, conforme os cientistas acreditam hoje, réplicas com mutações deram origem aos diferentes tipos de seres vivos que existiram no passado e à diversidade biológica hoje existente.
O fato de organismos unicelulares, microrganismos, como bactérias, protozoários e vírus se tornarem mais resistentes e produzirem novas cepas aponta para a evolução em curso. No caso de tais microrganismos, em décadas. Um exemplo disto, próximo no tempo, é o vírus H1N1, da gripe suína e humana, que é letal, podendo matar em pouco tempo. É resultado da evolução de parte dos vírus da gripe.  Houve um combate acirrado a ele, ainda hoje há, e é preciso tomar cuidado. Isto é a evolução em ação. Organismos pluricelurares demoram mais, porém evoluem e evoluirão também. O ser humano é um destes e continuará evoluindo.
Junto com a evolução biológica, lenta e contínua, os seres humanos passaram e vêm passando por uma EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA. Os computadores, tablets e muitas outras máquinas que o digam!
Alguns mecanismos que provocam a evolução das espécies são:
a)      A ADAPTAÇÃO a condições e ambientes, em busca de sobrevivência. Descoberta feita por Charles Darwin e Alfred Russel Wallace, no século XIX. Um exemplo: os pássaros surgiram dos dinossauros. O arqueoptérix é uma evidência disto.
b)      O TEMPO: milhões e bilhões de anos foram necessários à evolução das espécies até chegar às atuais. Descoberta da Geologia, da Biologia e de outras ciências.
c)      CRUZAMENTOS entre indivíduos e grupos de uma mesma espécie, passando novas informações genéticas aos descendentes, tornando-os mais resistentes e melhor adaptados.
d)      A MORTE DE CERTAS ESPÉCIES propicia a evolução de outras. Por exemplo: a morte dos dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos atrás, propiciou a evolução de pequenos mamíferos em muitas espécies, entre as quais a espécie humana.
e)      A RADIAÇÃO: a radiação de certos elementos químicos (ex.: urânio, plutônio, rádio) pode provocar mutações que são passadas aos descendentes. Mulheres grávidas são proibidas de tirar raios X, a fim de não atingir o feto. Isto é real e comprovável pela medicina.
Unindo todas essas informações para responder à pergunta inicial (“Viemos dos macacos?”), feita por uma aluna, em sala de aula, no início de 2013, foi possível mostrar que a evolução biológica dos seres humanos é real e acompanha a de outros seres vivos (plantas, animais, peixes, etc.). É interessante que o assunto nasceu em uma aula introdutória sobre os mitos, na primeira série do Ensino Médio. O fato de a pergunta ter brotado espontaneamente foi e é muito bom. A filosofia tem por propósito, como outras áreas de conhecimento, de levar as pessoas ao questionamento, fruto da curiosidade despertada.
Junto com a pergunta acima, uma segunda pergunta seguiu, da mesma aluna: “Se Deus criou o mundo [havíamos comentado sobre Gênesis 1, 1 – 2,4, além de outros mitos], quem criou Deus?” Essa pergunta será discutida com a turma em outra(s) aula(s). Ela me fez lembrar de Carl Sagan, cientista estadunidense, que, no episódio 2 da série COSMOS, faz a mesma pergunta, tanto ao falar do relojoeiro do universo quanto, ao final deste episódio ou de outro, em uma atualização, em que fala do “fazedor de bolhas” do universo.
Valorizar as perguntas dos e das estudantes e colocá-las em debate, buscando respostas possíveis e verdadeiras (fundamentadas), pode contribuir para despertar outras! A filosofia pode contribuir muito com o desenvolvimento da reflexão, do questionamento, da capacidade de problematização.
Uma possível resposta para a segunda pergunta, sobre Deus, é que a filosofia e as ciências, em geral, com exceções, procuram não apelar para o divino, o transcendente, para buscar respostas às suas investigações, evitando, assim, o apelo ao místico, até ao misticismo, respostas conclusivas (palavras finais), tidas perigosamente como definitivas que, porventura, possam gerar ou reforçar a intolerância. E vale lembrar de Aristóteles que, não aceitando o idealismo de Platão, afirmava ser amigo deste, mas mais amigo da verdade, ainda que não absoluta.
As religiões já trilham o caminho do transcendente e do culto a este. E cada pessoa segue o caminho que melhor reponde aos seus anseios. Cabe a todos o profundo RESPEITO pela diversidade religiosa e por aquelas pessoas que lidam com o conhecimento filosófico e científico de forma desvinculada do religioso, e vice-versa, mutuamente. No respeito mútuo, as pessoas humanizam-se e geram uma boa e saudável convivência.
O debate tem grande valor, pode e deve ser despertado em sala de aula, lembrando-se sempre do respeito às crenças e ideias de cada um, sem descuidar da busca da verdade. Ademais, é preciso escutar os questionamentos que surgem em sala de aula e enfrentá-los, junto com os e as estudantes, com bom preparo e sem medo.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O LIVRO DIDÁTICO COMO RECURSO DE ENSINO DE FILOSOFIA (Prof. José Antônio Brazão.)

O livro didático, seja de Filosofia ou de qualquer conteúdo escolar, é um recurso muito utilizado por professores do Brasil e do mundo. Sem dúvida, um bom livro, bem escolhido, pode ajudar muito no ensino e no aprendizado de Filosofia. Mas sugere-se não utilizá-lo como única ferramenta de ensino em sala de aula e em casa (estudantes/professor). Vale lembrar que os textos escritos por filósofos, ao longo dos milênios e, particularmente, dos últimos séculos, são materiais essenciais para o ensino. A razão é simples: nestes encontram-se as falas diretas de pensadores que expuseram suas ideias a respeito do mundo, do conhecimento, da arte, etc., dentro de determinadas perspectivas filosóficas.

É claro, os livros de diferentes filósofos costumam apresentar visões diferentes sobre uma mesma temática (por exemplo, sobre o conhecimento e suas fontes), visões estas que podem contradizer-se, mas, ao mesmo tempo, que podem complementar-se, enriquecendo, de um modo geral, a bagagem cultural humana.

Os livros didáticos também podem apresentar variações e pode ser muito enriquecedor confrontar as visões de autores diferentes sobre temas semelhantes. Além do mais, podem conter informações complementares, dispõem de modos próprios e variados de apresentar os conteúdos. O livro utilizado pode servir como base primária, mas precisa ser complementado, na hora do estudo, da explicação, da exposição, do uso de exercícios presentes, etc., com outras ideias, de outros autores.

É preciso o professor e a professora de Filosofia ficarem atentos para ideias negativas (intolerâncias, contravalores éticos, ideologias, dentre outras ideias que sirvam à desumanização)  que possam estar aí presentes, nem sempre vistos de forma imediata. Daí a importância, também, do trabalho em grupo na hora da escolha. Aliás, o grupo de professores e professoras pode ajudar, do começo ao fim, no processo de escolha do livro didático, dando mais segurança na definição do que se quer.

Use outros recursos e estratégias que possam enriquecer o aprendizado e o desenvolvimento da reflexão filosófica dos estudantes, não se perdendo de vista os textos originais, em traduções boas, dos filósofos e pensadores, de grandes intelectuais do mundo ocidental e de outras partes do mundo.

FICHA PARA ANÁLISE DE LIVRO DIDÁTICO DE FILOSOFIA (Prof. José Antônio Brazão.)
Esta ficha pode ser preenchida individualmente, mas de preferência em grupo de professores da mesma área de FILOSOFIA e/ou de áreas afins.
NOME DO LIVRO:
 
AUTOR(ES):
 
EDITORA:
 
EDIÇÃO:
 
Indicado no Plano Nacional do Livro Didático (MEC)? (     ) SIM./ (     ) NÃO.
BEM ENCADERNADO?
(     ) SIM.
(     ) NÃO.
IMPRESSÃO
(     ) BOA.
LINGUAGEM:
(     ) RAZOÁVEL.
(     ) DE BOA COMPREENSÃO.
(     ) RUIM.
(     ) DE DIFÍCIL COMPREENSÃO.
CONTÉM ERROS DE LINGUAGEM: (     ) SIM. (     ) NÃO.
SE SIM, CITAR PÁGINA(S) E PARÁGRAFO(S) DETECTADOS:
 
DENTRO DA NOVA ORTOGRAFIA? (     ) SIM/(     ) NÃO.
É DIVIDIDO POR:
A SEQUÊNCIA DOS ASSUNTOS É DISPOSTA:
(     ) TEMAS FILOSÓFICOS (ÉTICA, ARTE, EPISTEMOLOGIA, ETC.).
(     ) POR TEMÁTICAS.
(     ) EM LINHA CRONOLÓGICA.
(     ) HISTÓRIA DA FILOSOFIA.
(     ) EM ORDEM ALFABÉTICA.
(     ) MISTO (TEMAS E HISTÓRIA DA FILOSOFIA).
(     ) OUTRA:
O LIVRO CONTÉM:
(     ) MAPAS HISTÓRICO-FILOSÓFICOS.
(     ) GRÁFICOS.
(     ) CRONOLOGIA(S).
(     ) QUESTÕES DE VESTIBULARES.
(     ) SUGESTÕES DE ATIVIDADES.
(     ) QUESTÕES DO ENEM.
(     ) EXERCÍCIOS VARIADOS.
(     ) TEXTOS DOS FILÓSOFOS.
(     ) OUTRO(S) RECURSO(S) (CITAR):
 
O LIVRO CONTÉM INFORMAÇÕES ERRADAS?      (     ) SIM.     (     ) NÃO.
Se contiver informações erradas detectadas, cite(m) exemplo(s):
 
 
O LIVRO É IMPARCIAL, ISTO É, NÃO DEFENDE INTOLERÂNCIA OU CONTRAVALORES ÉTICOS DE QUALQUER/QUAISQUER TIPO(S), OBSERVÁVEL(IS)?     (     ) SIM.    (     ) NÃO.
SE SIM, CITE EXEMPLO(S):
 
COM BASE NAS OBSERVAÇÕES ACIMA E EM OUTRAS QUE VOCÊ/O GRUPO TENHA FEITO, FAÇA UM PEQUENO COMENTÁRIO COMPLEMENTAR:
 
 
 
COM BASE NO QUE VOCÊ/O GRUPO PÔDE OBSERVAR, DÊ UMA NOTA ENTRE 0 (ZERO) E 10 (DEZ) AO LIVRO:
 
VOCÊ/O GRUPO INDICARIA ESTE LIVRO DE FILOSOFIA PARA USO NA ESCOLA?
 
OBSERVAÇÃO: Professor(a)(s): Esta ficha é uma proposta simples para ajudar na análise e na escolha de livro(s) didático(s) de FILOSOFIA para uso em sua escola. Com certeza, não está completa. Pode servir de exemplo e pode ser corrigida, melhorada, aperfeiçoada. Proceda(m) com vários livros de Filosofia e escolha(m) o que achar(em) melhor! Ainda que tenha(m) por referência um, na preparação de aulas, use(m) vários livros (visões diferentes e complementares), enriquecendo, assim, a aula. Pode(m) complementar, sendo necessário, em sala de aula, com outros textos e estratégias diferentes e ricas de ensino!



ATIVIDADES QUE PODEM SER FEITAS COM O LIVRO DIDÁTICO DE FILOSOFIA (Prof. José Antônio Brazão.)

1.Leitura explicativa dos conteúdos do livro didático de Filosofia. A professora, o professor, ou algum(a) estudante lê um texto do livro e a(o) docente explica o conteúdo, parte por parte, parágrafo por parágrafo. Debates podem ser abertos e levantamento de questões também, tanto por parte do(a) professor(a) quanto da turma de estudantes. Estes podem ajudar numa dinamização da aula, para que não fique apenas na leitura-explicação.

2.Questionário com questões sobre o texto de um capítulo do livro.

3.Exercício de (V) ou (F), verdadeiro ou falso, ou (E) ou (C), errado ou certo, a respeito de um capítulo ou texto do livro didático.

4.Palavra cruzada referente a palavras centrais de um texto ou trecho do livro.

5.Questões com 4 ou cinco alternativas, referentes a conteúdos de uma unidade ou capítulo.

6.Análise, junto com as e os estudantes, de imagens contidas no livro. Por exemplo: um desenho do mito da caverna, de Platão; a foto de um quadro renascentista sobre mitos gregos ou sobre seu tempo e que levante questões filosóficas atinentes àquele tempo e\ou ainda atuais; charges, dentre outras tantas.

7.Estudos de textos de filósofos contidos no livro didático.

8.Exercícios de filosofia contidos no próprio livro didático. Professor(a), faça um levantamento e aproveite.

9.Questões de filosofia de vestibulares contidas  no livro (veja o número 8).

10.Procura de palavras cujo significado desconhecido ou de difícil compreensão, presentes nos textos do livro, usando dicionários de filosofia e de língua portuguesa.

11.Discussão filosófica, presente no livro, sobre tema polêmico passado e\ou atual, que envolva ética, política, ciência ou outra questão humana visualizada numa perspectiva filosófica.

12.Analisar como o(s) autor(es) e\ou autora(s) do livro trata(m) certas ideias e certos filósofos, confrontando com outros autores e autoras (vale lembrar que nas bibliotecas escolares costumam haver livros didáticos de filosofia diferentes e que contêm diferentes abordagens de temas comuns. Isto permite que as e os estudantes descubram visões diferentes, às vezes até mesmo conflitantes, e aprendam a não aceitar visões unilaterais ou únicas.

13.Utilizar mapas, gráficos e linhas de tempo contidas no livro didático de Filosofia.

14.Aproveitar possíveis resumos que possam estar contidos no livro didático. Os resumos são bons, principalmente, em momentos de revisão dos conteúdos estudados do livro didático, porém podem ser utilizados como base para aulas, lembrando sempre de que ele é um ponto de partida, não ponto final e único, pois há aspectos da filosofia discutidos em um capítulo ou unidade que nem sempre são contemplados no resumo ou, quando o são, isto ocorre de forma muito compacta.

15.Aproveitar poemas e textos de outras áreas humanas que possam encontrar-se citados no livro didático de Filosofia e comparar com as ideias dos filósofos e dos temas filosóficos discutidos no capítulo ou na unidade em que aqueles são citados.

Professor(a), faça um levantamento maior dos materiais contidos em seu livro didático de Filosofia, faça bom uso deles e, também, a crítica filosófica onde se fizer necessário, caso não concorde com as posições do(a) autor(a), lembrando-se sempre de confrontar com outros autores e autoras. Tomados os devidos cuidados e buscando sempre uma excelente bagagem de conhecimentos filosóficos por meio de livros e materiais diversos, inclusive tecnológicos, pode-se fazer um bom uso do livro didático em sala de aula e por meio de atividades dadas como tarefas para casa.

Lembre-se que o livro didático pode ser um excelente instrumento de ensino, tomados os devidos cuidados e tendo feito uma boa escolha, a cada dois, três ou quatro anos, do livro a ser usado para ensinar Filosofia. E, professor(a), tenha sempre o costume de ler diretamente os textos escritos pelos filósofos e pelas filósofas, os quais são, sem dúvida, a matéria-prima do ensino-aprendizagem de Filosofia.
 
 

sábado, 9 de fevereiro de 2013

USO DE DESENHOS ANIMADOS NO ENSINO DE FILOSOFIA (Prof. José Antônio Brazão.)

COMENTÁRIO SOBRE O DESENHO ANIMADO “DONALD NO PAÍS DA MATEMÁGICA” (Prof. José Antônio Brazão.)

O desenho animado “Donald no País da Matemágica” apresenta o Pato Donald, uma das figuras dos desenhos de Walt Disney, em uma viagem por um mundo de fantasia e realidade chamado País da Matemágica. Inicialmente, Donald aparece como um caçador que adentra em uma área desconhecida, com um rifle nas mãos. De repente, no entanto, depara-se com uma floresta composta por números e formas matemáticas, até árvores com raízes quadradas! Vê um lápis vivo, resolvendo um cálculo matemático, um outro ser referindo-se ao número do pí. Ao longo do caminho, ouve a voz do espírito da matemática, que o conduz e ensina a Donald uma série de informações a respeito da matemática e da presença desta na vida quotidiana das pessoas.

O espírito da matemática leva Donald por uma incrível viagem por lugares históricos (ex.: Grécia Antiga), reais (ex.: prédios e construções de cidades), e imaginários (ex.: O País das Maravilhas, relembrando a passagem de Alice por ali), nos quais aquela ciência mostra-se claramente, como: o retângulo de ouro e as formas geométricas dos prédios e dos templos, de estátuas e da arte da Grécia, do mundo moderno, a matemática do jogo de xadrez do País das Maravilhas. Mas que relação existe entre este vídeo e a FILOSOFIA? Várias indicações à filosofia e à ciência aparecem.

Esse desenho contém, de forma simples, informações sobre os filósofos pitagóricos e as ideias de Pitágoras (c. 582-c. 500 a.C.), um daqueles que deram origem à filosofia grega e que buscavam a arqué (o princípio primordial e fundante) de todas as coisas. Para Pitágoras, de fato, a arqué era constituída pelos números. Tudo no universo, segundo ele, pode ser definido por meio dos números.

A palavra “matemágica”, que aparece logo no título do vídeo, resulta da composição de duas outras, como se pode ver: matemática e mágica. Matemática porque trata fundamentalmente da presença dos números e das formas matemáticas em todas as coisas. Mágica porque o país ali representado é imaginário e, ao longo da apresentação, vão aparecendo, como de forma mágica, elementos que vão compor o enredo ou a trama da viagem de Donald.

Esse vídeo é muito rico em detalhes e informações. A respeito de Pitágoras e dos filósofos pitagóricos, por exemplo, há uma visita de Donald à Grécia antiga, em cujas colônias e/ou território aqueles viveram. Comenta o fato daqueles homens terem formado uma fraternidade ou seita dedicada ao estudo e à discussão de ideias filosóficas, matemáticas e místicas. Fala da importância que tinham símbolos e figuras matemáticas para eles, dentre as quais o vídeo destaca o pentagrama (aquela estrela de cinco pontas) e o pentágono aí inscrito internamente.

Fala ainda da preocupação de Pitágoras com os estudos musicais e apresenta o fato dele ter descoberto as notas musicais que, basicamente, compõem diferentes sons, ainda hoje presentes nas músicas, nas sinfonias, orquestras e bandas, produzidos pelos instrumentos musicais. E, a seguir, apresenta como a ideia de Pitágoras de os números e as formas geométricas permeiam a realidade, o que é comprovado nas formas presentes em animais, plantas e em outros âmbitos da natureza, no movimento planetário, nas construções humanas, em jogos, etc.

O vídeo mostra o valor que os antigos e pessoas de outros tempos históricos deram e dão ao retângulo de ouro, isto é, um retângulo modelo, de certa forma padrão. Tal retângulo encontra-se nas construções, na arte, nas proporções do corpo humano, em muitos lugares.

Além da natureza, os números e as formas matemáticas, geométricas, encontram-se presentes na arte de grandes pintores e escultores, em templos e outras construções dos antigos, em prédios atuais, etc. A matemática, portanto, encontra-se em todo lugar.

Ainda, no campo da filosofia, curiosamente, o vídeo mostra os conteúdos da mente humana, como superstições, ideias atrasadas e antiquadas, preconceitos e outros males que a podem acometer e precisam de ser limpos dessa mesma mente, devendo esta ser organizada a fim de se poder pensar e raciocinar com mais clareza e precisão. Fala do raciocínio lógico próprio da matemática, aplicado pelos seres humanos até mesmo em jogadas de bilhar, em quadras de esporte e nas descobertas humanas.

Curiosamente, o vídeo mostra a presença das formas matemáticas também em ferramentas, peças de aparelhos, máquinas e outros artefatos humanos. E conclui apresentando dito de Galileu Galilei de que o universo está escrito em linguagem matemática e, para conhecê-lo, desvendá-lo, é preciso conhecer a matemática. Ademais, as portas das descobertas científicas estão fechadas e a chave para a abri-las, conclui o desenho animado, é a matemática.

Este vídeo pode ser estudado e discutido com os e as estudantes, em sala de aula, também de forma INTERDISCIPLINAR. Que tal dialogar com o(a) professor(a) de Matemática? E com o(a) de Arte, de História...?

Sugestão de ficha de vídeo, que pode ser melhorada, corrigida, aprimorada:

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DE GOIÁS
SUBSECRETARIA METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO
COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS
LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA ESCOLAR
FICHA DE ASSISTÊNCIA DE VÍDEO EM FILOSOFIA
(Professor José Antônio Brazão.)
VALOR
 
NOTA:
 
CONCEITO:
 
Nome completo
 
Nº chamada
 
Turma:
 
Data:
 
 
2012
NOME DO VÍDEO
 
AUTOR E/OU EMPRESA PRODUTORA
 
ANO OU DATA APROX. DE PRODUÇÃO
 
Elabore uma pergunta pessoal ligada ao conteúdo do vídeo (utilize: por que /e/ou: como /e/ou: por que razão /e/ou: para que...?):
 
CONTEÚDO ATUAL EM ESTUDO EM FILOSOFIA:
 
TIPO DE VÍDEO
(     ) FILME.
(     ) DOCUMENTÁRIO.
(     ) TELEAULA.
(     ) DESENHO ANIMADO.
(     ) ______________________________________
TEMA OU ASSUNTO PRINCIPAL DO VÍDEO
 
BREVE RESUMO DO VÍDEO. Faça um pequeno resumo do vídeo assistido, com suas próprias palavras.
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTEXTO HISTÓRICO  DE REFERÊNCIA DO VÍDEO
(       ) MUNDO ANTIGO.    (       ) MUNDO MEDIEVAL.
(   ) MUNDO MODERNO. (  ) MUNDO CONTEM-PORÂNEO. (       ) FUTURO.
(       ) IMAGINÁRIO/FICÇÃO.
RELAÇÃO ENTRE O VÍDEO E O CONTEÚDO ATUALMENTE EM ESTUDO EM FILOSOFIA
 
 
 
 
Filósofo(s) que é(são) mencionado(s) no vídeo:
 
 
 
 
LEMBRETE: Trazer esta ficha para o debate que vai ocorrer sobre o vídeo.
DEBATE SOBRE O VÍDEO NO DIA:
 
 
2012