JEAN-JACQUES ROUSSEAU E A LITERATURA INDIANISTA NO BRASIL (Texto do Prof. José Antônio Brazão.)
Nos últimos séculos, até a primeira metade do século XX, no Brasil, a influência da cultura francesa foi marcante, até mesmo no estudo da língua. Uma destas marcas encontra-se na leitura de escritores e até mesmo de filósofos franceses. Dentre estes, Jean-Jacques Rousseau.
Rousseau fez parte dos iluministas franceses do século XVIII. No âmbito dos estudos sobre a formação das sociedades, afirmou que os primeiros seres humanos viviam em constante contato com o mundo natural e traziam consigo uma bondade intrínseca. Eram bons. No entanto, a partir do momento em que a formação das sociedades foi acontecendo, o que era bom foi tornando-se mau.
A propriedade que era coletiva, foi sendo usurpada (roubada) e cercada pelos mais fortes e influentes. Estes impuseram um contrato a todos, em que seus bens permaneciam garantidos e em que a sociedade era formada. Nascia, então, a desigualdade. Rousseau vê a sociedade, portanto, como um mal. Entretanto, não é possível mais uma volta ao mundo natural original, àquele estilo de vida que havia antes do surgimento das sociedades. O homem é bom por natureza, porém a sociedade o corrompe. Porém, Rousseau acreditava que seria possível um certo retorno à natureza, no sentido de os seres humanos reaprenderem a conviver com o mundo natural e até mesmo a aprenderem com ele. Bom exemplo dessa proposta encontra-se no livro Emílio ou Da Educação, que trata da educação da infância, desde criança, até a juventude. Rousseau propõe aí uma educação para a vida, bem vivida, bem valorizada.
Em Emílio, Rousseau propõe-se educar um aluno ideal, de língua francesa, chamado justamente Emílio. Nesse livro, Rousseau critica duramente a educação que era dada às crianças em seu tempo, desde o modo como as criancinhas eram apertadas em panos, quase sufocando-as e impedindo-lhes os movimentos naturais do corpo, até os métodos duros de disciplina e a formalidade com que eram trabalhados os conteúdos escolares. Emílio seria educado de um modo diferente, em contato contínuo com a natureza. Seu aprendizado, ademais, se faria a partir das condições dadas pelo próprio mundo natural: aprender Geografia através de viagens, da observação dos fenômenos geográficos na prática; aprender Ciências através de experimentos e também da observação dos fenômenos naturais (p. ex.: aprender as propriedades do ímã com o movimento de um barquinho impulsionado por ímã embaixo da mesa); Astronomia, observando os astros, as constelações, durante a noite; Matemática, na medida prática das distâncias e com atividades práticas que possibilitassem o aprendizado direto dos números e dos cálculos; a leitura e a escrita formais seriam deixadas um pouco para depois, tendo em vista a necessidade primeira de aprendizado do mundo; etc.
O ideal rousseauniano de homem bom na natureza deu origem ao mito do bom selvagem, que veio, depois, a aparecer, inclusive, na literatura indianista e romântica brasileira. O índio selvagem ideal aparece nos livros de indianistas brasileiros como José de Alencar e Gonçalves Dias, dentre outros, puro, sem maldade, corajoso, leal, forte e com certa beleza. O escritor José de Alencar, por exemplo, apresenta Peri (o personagem principal de O Guarani), Iracema (personagem de livro do mesmo nome) e Ubirajara. Em Gonçalves Dias, I-Juca-Pirama, descrito em belo poema.
Em O Guarani, Alencar conta as peripécias pelas quais passa o índio Peri, que conviveu com uma família, em uma fazenda. Aí conheceu Cecília, por ele chamada de Ceci, à qual aprendeu a amar de forma pura e verdadeira. Peri é um índio forte, corajoso, valoroso, justo, educado. Mas o livro mostra também o mal: índios que atacam a fazenda, que prendem inimigos e comem suas carnes (canibalismo). Até mesmo Peri, em certa ocasião, preso pelos inimigos de sua tribo, viria a ser comido por eles, mas conseguiu escapar. O livro mostra um homem ambicioso, capaz até de matar, figura do mundo social em que as pessoas se tornaram ambiciosas e interesseiras, em contraposição à pureza e ao desinteresse (falta de ambição) do selvagem Peri. Ao final do livro, a fazenda em que viviam Peri, Cecília e a família desta é destruída. Ocorre também uma enorme enchente (algo que remete ao dilúvio bíblico), em que as águas matam muita gente. Em uma canoa, no rio, salvos, restam Peri e Ceci. É um verdadeiro retorno do homem (homem e mulher) à natureza.
Curiosamente, há mitos antigos que falam do dilúvio. Por exemplo: o de Noé, na Bíblia, em que este e sua família se livram através da arca (barco enorme), com casais de animais, e vêm a repovoar a Terra; o de Deucalião, da mitologia grega, que, com sua mulher, após grande dilúvio enviado pelos deuses, repovoam a Terra, lançando pedras pelo caminho, as quais deram origem a pessoas (homens e mulheres, conforme as pedras eram lançadas por Deucalião ou sua mulher). Sem dúvida, Alencar conhecia bem o mito bíblico e, provavelmente, outros.
O poema I-Juca-Pirama, de Gonçalves Dias, relata a história de um índio que havia sido preso por tribo inimiga e que viria a ser devorado pelos índios (canibalismo), mas que acabou não sendo, por causa do medo que demonstrou de morrer e por dó do pai envelhecido e cego. Criticado e escorraçado pelo pai por causa da covardia, entra em luta e mata muitos inimigos, os quais, vendo, então, seu valor e sua imensa coragem e decidiram deixá-lo livre. O poema é relatado por um índio que presenciou os acontecimentos. Ideal do índio forte, corajoso e destemido, ainda que muito humano.
FAÇA O CAÇA-PALAVRAS ABAIXO:
C Z A E D R A C N E L A E D E S O J G U
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As palavras estão na diagonal, na vertical e na horizontal, direita e esquerda.
FILOSOFIA E LÍNGUA PORTUGUESA – ATIVIDADE INTERDISCIPLINAR.
JEAN-JACQUES ROUSSEAU E A LITERATURA INDIANISTA NO BRASIL (Texto do Prof. José Antônio Brazão.)
ATIVIDADE 1:
O texto abaixo está sem pontuação. Pontue-o corretamente. Atente para as maiúsculas no início de cada período e as acrescente onde for necessário.
nos últimos séculos até a primeira metade do século XX no Brasil a influência da cultura francesa foi marcante até mesmo no estudo da língua uma destas marcas encontra-se na leitura de escritores e mesmo de filósofos franceses dentre estes Jean-Jacques Rousseau
Rousseau fez parte dos iluministas franceses do século XVIII no âmbito dos estudos sobre a formação das sociedades afirmou que os primeiros seres humanos viviam em constante contato com o mundo natural e traziam consigo uma bondade intrínseca eram bons no entanto a partir do momento em que a formação das sociedades foi acontecendo o que era bom foi tornando-se mau
a propriedade que era coletiva foi sendo usurpada (roubada) e cercada pelos mais fortes e influentes estes impuseram um contrato a todos em que seus bens permaneciam garantidos e em que a sociedade era formada nascia, então, a desigualdade Rousseau vê a sociedade portanto como um mal entretanto não é possível mais uma volta ao mundo natural original àquele estilo de vida que havia antes do surgimento das sociedades o homem é bom por natureza porém a sociedade o corrompe todavia Rousseau acreditava que seria possível um certo retorno à natureza no sentido de os seres humanos reaprenderem a conviver com o mundo natural e até mesmo a aprenderem com ele bom exemplo dessa proposta encontra-se no livro Emílio ou Da Educação que trata da educação da infância desde criança até a juventude Rousseau propõe aí uma educação para a vida bem vivida bem valorizada
em Emílio Rousseau propõe-se educar um aluno ideal de língua francesa chamado justamente Emílio nesse livro, Rousseau critica duramente a educação que era dada às crianças em seu tempo desde o modo como as criancinhas eram apertadas em panos quase sufocando-as e impedindo-lhes os movimentos naturais do corpo até os métodos duros de disciplina e a formalidade com que eram trabalhados os conteúdos escolares Emílio seria educado de um modo diferente em contato contínuo com a natureza seu aprendizado ademais se faria a partir das condições dadas pelo próprio mundo natural aprender Geografia através de viagens da observação dos fenômenos geográficos na prática aprender Ciências através de experimentos e também da observação dos fenômenos naturais (p. ex. aprender as propriedades do ímã com o movimento de um barquinho impulsionado por ímã embaixo da mesa) Astronomia observando os astros as constelações durante a noite Matemática na medida prática das distâncias e com atividades práticas que possibilitassem o aprendizado direto dos números e dos cálculos a leitura e a escrita formais seriam deixadas um pouco para depois tendo em vista a necessidade primeira de aprendizado do mundo etc.
o ideal rousseauniano de homem bom na natureza deu origem ao mito do bom selvagem que veio depois a aparecer inclusive na literatura indianista e romântica brasileira o índio selvagem ideal aparece nos livros de indianistas brasileiros como José de Alencar e Gonçalves Dias dentre outros puro sem maldade corajoso leal forte e com certa beleza o escritor José de Alencar por exemplo apresenta Peri (o personagem principal de O Guarani) Iracema (personagem de livro do mesmo nome) e Ubirajara em Gonçalves Dias I-Juca-Pirama descrito em belo poema
em O Guarani Alencar conta as peripécias pelas quais passa o índio Peri que conviveu com uma família em uma fazenda aí conheceu Cecília por ele chamada de Ceci à qual aprendeu a amar de forma pura e verdadeira Peri é um índio forte corajoso valoroso justo educado mas o livro mostra também o mal índios que atacam a fazenda, que prendem inimigos e comem suas carnes (canibalismo). Até mesmo Peri, em certa ocasião preso pelos inimigos de sua tribo viria a ser comido por eles mas conseguiu escapar o livro mostra um homem ambicioso capaz até de matar resultado do mundo social em que as pessoas se tornaram ambiciosas e interesseiras em contraposição à pureza e ao desinteresse (falta de ambição) do selvagem Peri ao final do livro a fazenda em que viviam Peri Cecília e a família desta é destruída ocorre também uma enorme enchente (algo que remete ao dilúvio bíblico) em que as águas matam muita gente em uma canoa no rio salvos restam Peri e Ceci é um verdadeiro retorno do homem (homem e mulher) à natureza
curiosamente há mitos antigos que falam do dilúvio por exemplo o de Noé na Bíblia em que este e sua família se livram através da arca (barco enorme) com casais de animais e vêm a repovoar a Terra o de Deucalião da mitologia grega que com sua mulher após grande dilúvio enviado pelos deuses repovoam a Terra lançando pedras pelo caminho as quais deram origem a pessoas (homens e mulheres conforme as pedras eram lançadas por Deucalião ou sua mulher) sem dúvida Alencar conhecia bem o mito bíblico e provavelmente outros a respeito do dilúvio
o poema I-Juca-Pirama de Gonçalves Dias relata a história de um índio que havia sido preso por tribo inimiga e que viria a ser devorado pelos índios (canibalismo) mas que acabou não sendo por causa do medo que demonstrou de morrer e por dó do pai envelhecido e cego criticado e escorraçado pelo pai por causa da covardia entra em luta e mata muitos inimigos os quais vendo então seu valor e sua imensa coragem e decidiram deixá-lo livre o poema é relatado por um índio que presenciou os acontecimentos ideal do índio forte corajoso e destemido ainda que muito humano.
ATIVIDADE 2:
FAÇA O CAÇA-PALAVRAS ABAIXO:
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As palavras estão na diagonal, na vertical e na horizontal, direita e esquerda.
ATIVIDADE 3:
Volte ao texto e, ao lado de cada parágrafo, coloque um título ou pequeno resumo que corresponda ao conteúdo nele presente. Faça o mesmo com todos os parágrafos.
Professor e professora de Filosofia, esta atividade pode ser muito valiosa, tanto para o aprendizado de Filosofia quanto para o de Língua Portuguesa: envolve gramática, pesquisa de palavras chaves, resumo e análise do texto para definir títulos para os parágrafos e a influência da filosofia sobre a literatura. Bom proveito!
Obs.: Para fazer o caça-palavras, vá ao software de escrita de seu computador, clique em tabela, escolha 20 colunas e 20 linhas. Depois, acrescente palavras e letras dentro da tabela. Para apagar a marca das linhas e das colunas, clique com o botão direito do mouse e escolha a formatação das bordas da tabela, elimine-as e clique OK.
Um comentário:
Muito boa a atividade. Ela me ajudou muito para preparar um projeto interdisciplinar na minha escola.
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