1) De que recursos as redes de televisão fazem uso para convencer os telespectadores a comprar produtos? Cite um exemplo e o descreva.
2) E as revistas? Cite um exemplo e o descreva.
Respostas (surgidas a partir de debate em sala de aula, com anotações complementares do professor):
Questão 1:
Dentre os recursos utilizados pela televisão encontram-se os comerciais, as propagandas, a divulgação de produtos diversos durante a programação, a própria programação, efeitos especiais, imagens fantásticas, reais ou imaginárias, pessoas famosas (atores, atrizes, esportistas, apresentadores, etc.), filmes, novelas, programas de auditório, jornais, nudez e quase nudez (principalmente feminina), gente bonita, corpos quase perfeitos (malhados), dentre muitos outros recursos.
Exemplo 1: Jogadores de futebol (a maior parte das turmas apontou o jogador Neymar). Estes, geralmente, são utilizados em propagandas de refrigerantes, de roupas, de remédios comuns, de empresas de telefonia, de veículos, etc. O que eles têm que impactam tanto as pessoas? Talento, velocidade, disposição e preparo físicos, o fato de serem vencedores de grandes campeonatos nacionais e internacionais, de disporem de riqueza, dentre outras características. Boa parte deles vieram de classes mais pobres e se ergueram na vida graças ao esporte, ao futebol, outra razão para marcarem a mentalidade dos telespectadores. Isto lhes dá uma autoridade aparente para apresentar os produtos propagandeados, contribuindo, assim, para o aumento do consumo dos mesmos.
Exemplo 2: Nudez e quase nudez (destaque marcante para a feminina).
Outro recurso muito utilizado nas propagandas é o da nudez e o da quase nudez, além de imagens, cenas e temáticas eróticas sutis (refinadamente expostas, apresentadas). Muitas são propagandas que fazem uso desse recurso. Aparecem também em novelas, programas de auditório e, muitas vezes, ao longo da programação televisiva. Mas por que se faz tanto uso desse recurso?
Nudez e quase nudez despertam nas pessoas o DESEJO SEXUAL, que, em si, é natural, mas que a televisão intensifica imensamente, por meio de imagens e sons. Junto com a imagem da pessoa despida ou semi-despida vai a presença do produto, seja ele um desodorante, um carro, uma bebida (refrigerante, cerveja, etc.) ou qualquer outro. Desperta-se, deste modo, mais intensificadamente, o DESEJO PELO PRODUTO exposto, a ele aliando o desejo sexual. Essa aliança provoca, sem sombra de dúvida, um grande aumento no consumo dos produtos apresentados. Esse recurso aparece também em revistas e jornais, outdoors, dentre outras formas de comunicação.
O incentivo do desejo sexual, reforçado em propagandas, novelas, programas de auditório (dificilmente se vê um em que não haja mulheres quase despidas) e outros, juntamente com a falta de uma educação sexual adequada, também pode levar à busca de relações sexuais e contribuir para uma maior incidência da gravidez na adolescência e na juventude. Esta traz consequentemente, dificuldades e problemas familiares e sociais, certo sofrimento, fruto da impetuosidade (força) do desejo e do descuidos, da falta de proteção, aliados à falta de estrutura familiar, psicológica (falta de maturidade e de preparo para a vida) e financeira (falta de dinheiro e de emprego). Em resumo: as imagens eróticas das redes de televisão e de outros meios de comunicação social, em junção com o descuido e a falta de conhecimento, despertado fortemente o desejo sexual, levado a uma prática sem cuidados e sem educação sexual apropriada (na família, na escola, nos meios de comunicação social e na sociedade em geral), podem contribuir para a incidência maior da gravidez fora do tempo.
O consumismo provocado e reforçado pelas imagens traz aparente bem estar para as pessoas, porém, na verdade, enriquece as grandes empresas e as redes de televisão, traz mais lixo, problemas ambientais. O consumismo pode gerar, ainda, violência (um pequeno exemplo: a gangue dos playboys usava o dinheiro obtido em festas, viagens, consumo de roupas caras, bebidas, etc.).
Consumo existe e deve haver, sem dúvida, pondo em movimento a economia. Porém, o consumismo exagerado traz problemas, como os apresentados.
Consumo existe e deve haver, sem dúvida, pondo em movimento a economia. Porém, o consumismo exagerado traz problemas, como os apresentados.
Os meios de comunicação social usam aqueles recursos e outros como formas de persuasão (convencimento e conquista) das pessoas para aquilo que desejam os empresários e os grupos economicamente dominantes: compra de produtos (consumismo), gestos, posturas e procedimentos sociais definidos e esperados das pessoas, telespectadores, ouvintes e leitores. Os argumentos usados para convencer e conquistar são os expostos por meio de imagens variadas, frases comuns e bem estruturadas no discurso e em seu contexto, pessoas famosas, efeitos especiais, dentre muitos outros recursos.
Se os recursos áudio-visuais auxiliam, hoje, de maneira decisiva, no convencimento das pessoas pelos meios de comunicação social (televisão, revistas, jornais, cartazes, outdoors, rádio, etc.), no passado distante, no tempo dos sofistas gregos (destaque aqui para o período clássico grego: séculos V e IV a.C.), os grandes recursos eram as palavras e os gestos. Palavras bem articuladas em argumentos sutis, refinados, e gestos bem apresentados que as acompanhavam.
As imagens formadas pela astuciosa articulação da linguagem e dos raciocínios ardilosos (sofismas), serviam bem ao propósito de convencimento de muitas pessoas por políticos e representantes populares preparados pelos sofistas (filósofos-professores), que eram, de um modo geral, bem pagos, pois cobravam pelos serviços.
Os sofismas - nome dado por Aristóteles (século IV a.C.) - eram (e são), com efeito, raciocínios enganosos, com premissas (cada parte da argumentação) que desembocavam (desembocam) em conclusões determinadas e aparentemente verdadeiras, a fim de convencer as pessoas a agirem de uma forma esperada e desejada, contando com seu apoio para certas questões e posições, como votações favoráveis nas assembleias.
Os sofismas - nome dado por Aristóteles (século IV a.C.) - eram (e são), com efeito, raciocínios enganosos, com premissas (cada parte da argumentação) que desembocavam (desembocam) em conclusões determinadas e aparentemente verdadeiras, a fim de convencer as pessoas a agirem de uma forma esperada e desejada, contando com seu apoio para certas questões e posições, como votações favoráveis nas assembleias.
Num momento em que as póleis (cidades-estados) gregas vinham se desenvolvendo e crescendo, a necessidade de homens preparados para a política era cada vez mais premente. Observando essa necessidade, os sofistas (sofista: nome que, no grego, significa sábio, como assim se denominavam aqueles homens) aproveitaram para oferecer seus serviços, como o ensino da retórica (arte de falar bem em público, eloquência) e dialética (arte do debate, da discussão). Protágoras, de Abdera (480 - 410 a.C.), por exemplo, também preocupou-se em oferecer um reforço em outras áreas, como o conhecimento da linguagem. Ele dizia que o homem é a medida de todas as coisas.
O convencimento era fundamental naquele tempo. Hoje, como foi visto, também. Hoje, com meios bem mais sofisticados, mas também com o uso de sofismas (em propagandas em que jogadores de futebol fazem propaganda de cerveja, por exemplo, dentre outras) e recursos refinados de apresentação, de convencimento, aliando argumentação e artes áudio-visuais.
No mundo romano, ao longo dos séculos que se seguiram, escolas de oratória, algumas das quais ajudaram na preparação de grandes políticos, também fizeram o trabalho de ensino da persuasão através das palavras. Curiosamente, no período cristão, Aurélio Agostinho (Santo Agostinho) também havia sido professor de retórica!
O convencimento era fundamental naquele tempo. Hoje, como foi visto, também. Hoje, com meios bem mais sofisticados, mas também com o uso de sofismas (em propagandas em que jogadores de futebol fazem propaganda de cerveja, por exemplo, dentre outras) e recursos refinados de apresentação, de convencimento, aliando argumentação e artes áudio-visuais.
No mundo romano, ao longo dos séculos que se seguiram, escolas de oratória, algumas das quais ajudaram na preparação de grandes políticos, também fizeram o trabalho de ensino da persuasão através das palavras. Curiosamente, no período cristão, Aurélio Agostinho (Santo Agostinho) também havia sido professor de retórica!
Partir do hoje (questões atuais) para falar do passado, das ideias filosóficas do passado, pode contribuir para um entendimento maior da Filosofia e tornar seu ensino algo muito mais vivo e vital. Professoras e professores de Filosofia, bom proveito!
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