quarta-feira, 9 de setembro de 2009

OS PRIMÓRDIOS DO PENSAMENTO MODERNO (Professor José Antônio Brazão.)

Para se poder compreender com clareza e profundidade a filosofia moderna é preciso, antes de mais nada, situá-la no tempo histórico, num conjunto de acontecimentos que contribuíram para que ela surgisse.
Alguns acontecimentos, de fato, se destacam:
1) As grandes navegações e descobertas marítimas.
2) O desenvolvimento da imprensa por Gutenberg.
3) O Renascimento artístico e cultural.
4) O Renascimento científico.
5) A Reforma Protestante.
A partir de fins do século XV, uma série de descobertas marítimas foram feitas pelos europeus. O desenvolvimento da arte náutica, de fato, propiciou tais descobertas, auxiliadas por barcos maiores (naus), pela bússola, pelo astrolábio e o sextante aperfeiçoados e por outros instrumentos náuticos, como, por exemplo, mapas melhor elaborados e em maior quantidade.
A bússola, o astrolábio e o sextante permitiram que os navegadores fossem cada vez mais distante, se aventurando por caminhos e mares até então desconhecidos. No trecho seguinte de sua obra-prima, Os Lusíadas, Camões afirma que
Novos continentes, novas terras e novos caminhos para as Índias foram sendo descobertos. Juntamente com este fato, o massacre (genocídio), a escravização e o sofrimento de muitos povos, que foram dominados e subjugados pelos europeus.
Além das navegações, a Reforma Protestante trouxe mudanças profundas na forma de conceber a Deus, de ler a Bíblia e interpretá-la. O acesso a esta, da parte dos protestantes, foi-se alargando cada vez mais, a todos os que pudessem lê-la. A Reforma também trouxe o rompimento com um modelo religioso e formal, extremamente rigoroso, de celebrar. O culto simplificou-se.
Juntamente com a Reforma, da parte da Igreja Católica, o uso de três grandes instrumentos: o Concílio de Trento (1545), o Índice dos Livros Proibidos, A Inquisição. De acordo com a Encarta: “Inquisição, instituição judicial criada, na Idade Média, para localizar, processar e sentenciar às pessoas culpadas de heresia.” (Enciclopédia Microsoft® Encarta®. © 1993-2001 Microsoft Corporation.).
Agora, nos princípios da época moderna, a Inquisição foi fortalecida e recrudescida, a fim de dar efetivo combate a todos os que tivessem ideias contrárias às da Igreja Católica. No que diz respeito a livros cujas ideias fossem consideradas perigosas, estes iam para o Índice dos Livros Proibidos, isto é, uma lista, mantida pela Inquisição e pela Igreja, de tais livros. A crueldade da Inquisição foi enorme: torturas, fogueiras e tipos variados de sofrimentos impostos aos considerados hereges, culpados. Galileu Galilei, por exemplo, teve que prestar constas à Inquisição de suas ideias.
Outro fato de suma importância para que possa compreender o pensamento moderno foi o Renascimento Artístico, Cultural e Científico. As artes tomaram, nessa época, grande impulso, auxiliadas, de modo especial, por mecenas, pessoas que, dispondo de dinheiro ou de certa riqueza, podiam manter artistas e outros intelectuais sob seu apoio.
No que diz respeito à pintura, o uso da perspectiva, ou seja, da visão de fundo, e a tridimensionalidade, o uso da chamada “regra de ouro” de proporção, sendo cada parte encaixada de maneira diferente. Também na pintura e na escultura, a presença do classicismo e do naturalismo. O classicismo foi uma forma de encarar, com outros olhos, a arte, e tem esse nome porque se buscou nos clássicos gregos e romanos um novo referencial, não mais no mundo medieval. Além deste, o antropocentrismo, isto é, a colocação do homem no centro dos referenciais. Quanto ao naturalismo, este se refere ao fato de se apresentar a obra artística com tanto detalhe que parece uma cópia do original. A obra de arte era feita e apresentada nos mínimos detalhes, parecendo o original.
No que tange ao classicismo, a mitologia greco-romana esteve muito presente nas obras artísticas, tanto na pintura quanto na escultura, quanto em outras manifestações artísticas, como, por exemplo, na literatura. No tange à literatura, a obra-prima de Camões, citada acima, trabalha o tempo todo a presença e a ação dos deuses gregos durante a viagem de Vasco da Gama e dos marinheiros que com ele viajaram rumo às Índias e de volta a Portugal.
Curiosamente, no campo da literatura, escritores puseram muitas de suas obras no papel na própria língua: Camões em português, Cervantes em espanhol, Shakespeare em inglês, e assim por diante. No campo da filosofia, Descartes escreveu alguns de seus livros em francês, Locke em inglês e outros filósofos em suas respectivas línguas. Tal fato é notável, tendo em vista que mais pessoas poderiam ter acesso à leitura direta desses textos em suas próprias línguas e não em latim, como era costume até então.
Referências:
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/chaui.htm
http://www.mundodosfilosofos.com.br/moderno.htm
http://www.geocities.com/cobra_pages/filmod.html
http://www.wikipedia.org/

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