sexta-feira, 30 de maio de 2008

O aprendizado como reminiscência (lembrança) em Platão (Prof. José Antônio Brazão.)

De acordo com Platão, o aprendizado é um processo de paulatina elevação da alma até o hipersensível, ao mundo das Idéias, mediante um processo de contemplação e de recordação (reminiscência). A função do mestre seria, justamente, a de auxiliar o aprendiz a fazer essa elevação, ajudando a extrair de dentro dele lembranças do que um dia sua alma contemplou no mundo inteligível(das Idéias). As Idéias seriam formas perfeitas das coisas existentes. Na origem do mundo, do cosmos, havia um ser divino, o Demiurgo, que contemplou as Idéias (Formas) e moldou a matéria-prima caótica, dando-lhe formas as mais variadas, conformes àquelas que contemplava. Portanto, o mundo sensível (material), além de mutável, é uma cópia imperfeita daquilo que existe na eternidade. As almas já habitaram o mundo inteligível e, fazendo parte de seus respectivos corpos, estão agora a eles presas. O corpo é uma prisão da alma. Vivendo no mundo sensível, as pessoas precisam elevar-se ao inteligível, desprendendo-se gradativamente do sensível, a fim de suas almas poderem voltar a contemplar o que existe no inteligível e, futuramente, voltar a ele, libertas de um processo de reencarnações. Aqui pode-se ver uma clara influência do pensamento místico pitagórico. O aprendizado teria, pois, também uma função de auxílio na libertação da alma, superando o mundo sombrio e ilusório da matéria, como a saída do prisioneiro da caverna. Curiosamente, nos textos de Platão, Sócrates aparece como aquele que, através de um processo dialógico, leva seu interlocutor a extrair de si verdades que ninguém aí havia posto, mas que já existiam dentro dele.
Qual a atualidade de Platão? Com certeza, é preciso hoje uma educação que contribua para a percepção clara das ilusões da realidade a que se está sujeito no mundo atual. O diálogo, à maneira socrática, pode ajudar decisivamente. Educadores e educandos precisam realizar o processo de saída da caverna das ilusões, buscando a verdade (em grego, alethéia) que vai-se desvelando e aparecendo aos poucos, com toda a sua clareza. A percepção das ilusões e da irracionalidade é o primeiro passo para um movimento de libertação e de crescimento humano, social, intelectual, político, enfim em todos os níveis. Como foi dito, o diálogo pode auxiliar decisivamente nesse processo.
Sócrates e Platão nos ensinam, ademais, a arte da pergunta, do questionamento, da não aceitação de simples respostas. Perguntar, questionar verdades estabelecidas, duvidar, buscar respostas mais profundas, que façam educadores e educandos a elevar seu pensamento e sua compreensão da realidade, dispondo de melhores condições até mesmo de interagir dentro dela, dando um contributo coletivo para sua transformação.

Um comentário:

Unknown disse...

Quero aprender mais e não consigo visualizar