domingo, 13 de outubro de 2024

QUARTO BIMESTRE - AULA 33 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS ANOS. ESTRATIFICAÇÃO E DESIGUALDADES SOCIAIS - GÊNERO/RAÇA (Prof. José Antônio Brazão.):

 

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

QUARTO BIMESTRE

AULA 33 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS ANOS:

ESTRATIFICAÇÃO E DESIGUALDADES SOCIAIS  - GÊNERO/RAÇA (Prof. José Antônio Brazão.):

INTRODUÇÃO (Prof. José Antônio.)

A desigualdade social, além daquela fundada na separação de classes sociais, impacta também em termos de gênero – gêneros masculino e feminino, homens e mulheres – e também de raças (branca, negra, amarela), com as diferentes tonalidades de peles. Como?

No Brasil, o patriarcalismo (o domínio do homem sobre a mulher) se fez presente durante muito tempo. Basta lembrar dos senhores de engenhos que detinham um controle patriarcal (como patriarcas) sobre suas famílias e sobre os seus subordinados e subordinadas. O lugar da mulher era dentro de casa, cuidando do bom funcionamento desta. Basta lembrar também que o voto feminino e a participação direta de mulheres na política se deu, no Brasil, somente no século XX!

Mulheres nas escolas? Era coisa inimaginável nos tempos coloniais, no Brasil. Mulheres advogadas, médicas e em outras profissões fora de casa? No mundo colonial brasileiro? Nem pensar! Claro, podia haver alguma exceção. Essas e outras conquistas levaram tempo e muitas lutas femininas.

Atente para algo simples: quantas escritoras das quais você já ouviu dizer presentes nos tempos coloniais? Pense.

No campo da desigualdade racial, a ESCRAVIDÃO marcou profundamente a sociedade brasileira, tão intensamente que há marcas presentes até hoje! Negros e negras têm se empenhado, há décadas, para conquistar posições dentro da sociedade brasileira. A maioria dos enriquecidos são brancos, para dar um exemplo. Pastores e padres negros? Poucos. Se bem que aumentando. Médicos(as) negros(as)? Poucos. Engenheiros(as) negros(as)? Também poucos(as). E assim por diante.

A maioria esmagadora dos grandes agricultores e pecuaristas é branca, com alguma exceção possível.

O texto a seguir nos ajudará a entender um pouco mais.

TEXTO DO LIVRO SOCIOLOGIA EM MOVIMENTO:

As desigualdades de gênero  [masculino/feminino] e de raça no Brasil

“No conjunto de ideias e conceitos com base em crenças e tradições compartilhadas que denominamos imaginário coletivo, há um modelo de indivíduo e de sociedade no qual as diferenças culturais e biológicas têm função hierarquizadora em espaços    distintos da vida social. É assim, por exemplo, que a mulher é percebida como “naturalmente  inferior” ao homem. Essa concepção, base da discriminação presente nas    relações de gênero, coloca a mulher em desvantagem nas diversas maneiras de relação social.

VISUALIZAÇÃO:

https://www.google.com/search?q=mulheres+no+mundo+do+trabalho&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjc8tyQzob0AhVFpZUCHTbwCQUQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597&dpr=1.1#imgrc=F7VHlBA3PrV_oM 

A desvantagem se intensifica se associada a outro modo de desigualdade, como classe ou raça. No mundo do trabalho, por exemplo, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) realizada pelo IBGE, em 2011 as mulheres ganharam, em média, até     28% menos do que os homens para desempenhar as mesmas funções.

VISUALIZAÇÃO:

https://nosmulheresdaperiferia.com.br/negras-no-mercado-de-trabalho/

Apesar de a legislação determinar que não haja diferenças salariais entre os sexos, tanto na Constituição quanto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pesquisas (como as da empresa Catho, líder em recrutamento on-line) demonstram que de 2002 para cá, em algumas regiões metropolitanas brasileiras, as mulheres aumentaram sua participação no mercado de trabalho (na liderança das empresas, por exemplo, o crescimento foi de cerca de 109%) e melhoraram o grau de instrução em relação aos  homens, mas continuam recebendo menos do que eles. Quando se trata de mulheres negras, tal diferença supera os 170%.

VISUALIZAÇÃO:

https://nosmulheresdaperiferia.com.br/negras-no-mercado-de-trabalho/

VISUALIZAÇÃO:

https://www.google.com/search?q=mulheres+negras+mundo+do+trabalho&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiBoJG-zob0AhXsqpUCHYIAAnEQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597&dpr=1.1

Essa relação desigual aparece também fora do mundo do trabalho. Boa parte das mulheres exercem dupla jornada, no emprego e em casa. E, ainda que tenham ocorrido avanços nessa relação, os casos de exploração, violência e discriminação são comuns.

VISUALIZAÇÃO:

https://www.google.com/search?q=dupla+jornada+feminina&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiJ6qCSz4b0AhVBCrkGHf8gBUEQ_AUoAXoECAIQAw&biw=1242&bih=597&dpr=1.1#imgrc=yL1JFA-v_khxTM

O Global Gender Gap Report é um relatório do Fórum Econômico Mundial que considera índices obtidos nas áreas da educação, saúde, economia e na possibilidade de acesso a cargos políticos para aferir as desigualdades de gênero no mundo. De acordo com a edição de 2014, mais de 80% dos países melhoraram alguns de seus indicadores em matéria de igualdade de gênero, mas, em outros itens, como a igualdade social, a situação piorou.

VISUALIZAÇÃO:

https://www.google.com/search?q=ranking+mundial+do+trabalho+feminino&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjN6Pnxz4b0AhXHGbkGHZnCCWYQ_AUoA3oECAEQBQ&biw=1242&bih=597&dpr=1.1#imgrc=YsUC7CI0hq_FsM

No ranking da igualdade social, o Brasil encontra-se na 84a posição, último colocado da América do Sul (Cuba está em 1o lugar na região e em 20o no

mundo). Um dos problemas mais graves em nosso país, de acordo com o relatório, é a disparidade salarial entre homens e mulheres que ocupam o mesmo cargo.

VISUALIZAÇÃO:

https://www.google.com/search?q=mulheres+cuba&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwi1vYu10Ib0AhWXH7kGHfnGBboQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597&dpr=1.1#imgrc=RglsAkFwf7MVyM

Relatora da ONU que tem se debruçado sobre o direito das mulheres à moradia e à terra, a urbanista e professora Raquel Rolnik (1956-) faz um alerta para um aspecto dramático dessa questão: a violência doméstica. De acordo com a estudiosa, muitas mulheres não conseguem romper o ciclo da violência porque não possuem alternativas economicamente viáveis de moradia. Os salários mais baixos para a mesma atividade também impactam a dependência financeira que elas têm dos companheiros ou familiares e, portanto, limitam sua autonomia.

VISUALIZAÇÃO:

https://www.google.com/search?q=violencia+contra+mulheres&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjtt62s0Yb0AhV7rZUCHUJ_C-4Q_AUoAnoECAEQBA&biw=1242&bih=597&dpr=1.1#imgrc=c1uVC4bNJoRHGM

 

Por conta da desigualdade de gênero, as mulheres “recebem” menos que os homens no mercado de trabalho, mesmo quando possuem a mesma qualificação e exercem as mesmas funções.

VISUALIZAÇÃO:

https://www.google.com/search?q=sal%C3%A1rios+de+mulheres+ehomens+pelas+mesmas+fun%C3%A7%C3%B5es&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiE8ePh0Ib0AhXtqpUCHXdAA3kQ_AUoA3oECAEQBQ&biw=1242&bih=597&dpr=1.1#imgrc=fm-3vTBsuh5CoM

Outra manifestação recorrente da desigualdade social no Brasil é aquela sofrida por negros, indígenas e seus descendentes desde o período colonial. O fim da escravidão não significou para os negros sua inserção em condições de igualdade na sociedade brasileira.

VISUALIZAÇÃO:

https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2673%3Acatid%3D28

VISUALIZAÇÃO:

https://www.google.com/search?q=escravos+libertos+no+brasil+s%C3%A9culo+xix&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwivvMjd0Yb0AhXLpZUCHUTUCVkQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597&dpr=1.1#imgrc=8E5q8gnx8TxjcM

Para o sociólogo paulista Octavio Ianni, o que ocorreu foi a transformação do negro de escravo em mão de obra livre e subalterna. O processo de privação material e de dominação ideológica empreendido desde então exemplifica o tratamento desigual dispensado aos negros na sociedade brasileira.”

Conteúdo do capítulo 10 do livro SOCIOLOGIA EM MOVIMENTO.

https://pt.calameo.com/read/0028993270bf48599a68e?authid=XBPlbB734l1t

CONCLUSÃO (Prof. José Antônio.):

As desigualdades entre homens e mulheres e entre pessoas de raças diferentes têm diminuído, sem dúvida, mas há um caminho longo a ser seguido, dadas as implicações sociais e econômicas aí presentes, de cunhos histórico e classista – quem detém o poder econômico em suas mãos quer o status quo, isto é, a manutenção da situação como aí está, mantenedora de privilégios e interesses dos detentores dos poderes econômico e político.

Hoje as mulheres, desde meninas, têm tido maior acesso à educação. Há mulheres, inclusive, professoras, médicas, engenheiras, políticas, entre outras em diversificadas funções, para além do ambiente do lar. No entanto, a caminhada precisa continuar: lutas e conquistas.

Quanto aos negros e pessoas de pele parda e escura, os governos federais, há décadas, têm se empenhado por garantir o acesso dessas pessoas a nível de universidades, concursos, serviço público, entre outros benefícios sociais. Entretanto, como no caso das mulheres, o caminho é longo e as conquistas lentas, mas que precisam ocorrer.

REFERÊNCIAS BÁSICAS:

GOOGLE IMAGENS. Disponível em: < https://www.google.com.br/imghp?hl=pt-BR&ogbl > Acessos em outubro de 2024.

ROMEIRO, Julieta et alii. Diálogo – Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São Paulo, Moderna, 2020. (Seis volumes.) (Livros didáticos.)

SILVA, Afrânio et alii. Trabalho e Sociedade. In: __________. Sociologia em Movimento. 2.ed. São Paulo, Moderna, 2016. (Cap. 9 e 10) (Livro didático.)

 

 

QUARTO BIMESTRE - AULA 33 DE SOCIOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS. MAX WEBER – RELAÇÃO SOCIAL: COMUNIDADE E SOCIEDADE (Prof. José Antônio Brazão.)

  

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

QUARTO BIMESTRE

AULA 33 DE SOCIOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS:

MAX WEBER – RELAÇÃO SOCIAL: COMUNIDADE E SOCIEDADE (Prof. José Antônio Brazão.)

A Sociologia tem por objeto de estudos, como o próprio nome indica claramente, a sociedade. Max Weber também se empenhou por entender a sociedade, bem como as comunidades que a formam. Nesse sentido, buscou definir as relações sociais que perpassam a comunidade.

Segundo Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade:

Max Weber (In: FERNANDES, 1973, p. 140) define as relações sociais na comunidade ‘quando a atitude na ação social inspira-se no sentimento subjetivo (afetivo ou tradicional) dos partícipes da constituição de um todo’; e na sociedade, ‘quando a atitude na ação social inspira-se numa compensação de interesses por motivos racionais (de fins e de valores) ou numa união de interesses com idêntica motivação e que ‘a imensa maioria das relações sociais participam em parte da comunidade e em parte da sociedade.’ (FERNANDES, 1973, p. 141).” (TRINDADE, Maria Aparecida da S. F. Comunidade e sociedade: norteadoras das relações sociais. R. FARN, Natal, v.l, n.l, p. 165 - 174 Jul./dez. 2001. P. 166. Disponível em: < https://revistas.unirn.edu.br/index.php/revistaunirn/article/download/30/33/295 > Acesso em 11/10/2024.)

Vamos entender o trecho acima parte por parte.

Primeira parte: “Max Weber (In: FERNANDES, 1973, p. 140) define as relações sociais na comunidade ‘quando a atitude na ação social inspira-se no sentimento subjetivo (afetivo ou tradicional) dos partícipes da constituição de um todo’.” (TRINDADE. Op. cit., p.166.). Comunidade é um agrupamento (grupo) humano, reunido com propósitos comuns e a necessidade de sobrevivência. A comunidade se estabelece em relações sociais, isto é, relações entre pessoas entre si e entre grupos menores que dela fazem parte.

Segundo Weber, na comunidade a ação social (lembrar da aula anterior, na qual falamos das ações sociais) “inspira-se no sentimento subjetivo (afetivo e tradicional) dos partícipes da constituição de um todo” – lembrando: ação afetiva é aquela que é carregada de sentimentos (por exemplo, o amor de pais e mães pelos filhos, que os leva à busca de preservação e ao cuidado destes), ação tradicional é aquela definida por costumes ou hábitos já instaurados na sociedade, ao longo do tempo, por meio da tradição (aquilo que é transmitido pela sociedade, no decorrer do tempo). Subjetivo é o que depende de cada SUJEITO, isto é, aquilo que cada membro “partícipe” (participante) da comunidade faz e que tem repercussões (consequências) na vida social.

Nas comunidades do Nordeste do Brasil, por exemplo, são muito comuns as festas tradicionais do São João, isto é, as festas juninas, preservadas, ao longo de décadas e até de séculos, pela tradição (costumes, hábitos) e que são carregadas de afetividade – alegria, festejo, encontros humanos, convivências. Muitos membros dessas comunidades e até comunidades inteiras se envolvem nessa atividade anual (tradicional).

As comunidades nordestinas, por sua vez, fazem parte de algo mais amplo: a sociedade brasileira, que também é formada por outras comunidades espalhadas em diferentes regiões e estados, cada qual com seus costumes e tradições, mas tendo elementos em comum.

Parte 2: “(...) e [relações sociais] na sociedade, ‘quando a atitude na ação social inspira-se numa compensação de interesses por motivos racionais (de fins e de valores) ou numa união de interesses com idêntica motivação e que ‘a imensa maioria das relações sociais participam em parte da comunidade e em parte da sociedade.’ (...)” (Idem, p. 166.). A sociedade abarca um grupo maior que a comunidade. As ações dos sujeitos (indivíduos, pessoas) “inspira-se numa compensação”, isto é na busca de benefícios (compensação) definidos por interesses.

Simples: ação racional segundo fins é uma ação levada por algum(ns) objetivo(s), isto é, alguma finalidade: estudar para alcançar a aprovação no ENEM é uma ação racional, porque levada adiante pelo pensamento, pelo intelecto, motivada para alcançar a entrada numa universidade ou faculdade (ensino superior). Numa SOCIEDADE grande, como o Brasil, milhares de jovens prestam as provas do ENEM, visando, justamente, o fim (objetivo, finalidade) de conseguir vaga em curso superior gratuito ou com bolsa de estudos oferecida pelo governo, conforme as notas.

As ações são conduzidas também por valores – a prática da Justiça (LEIS) é baseada em valores racionais, como o direito de todos, o respeito pelos bens pessoais, familiares e coletivos, de acordo com normas definidas no interior de toda a sociedade, valendo para todas as comunidades que dela fazem parte e para cada sujeito (indivíduo, pessoa, independentemente da idade).

Segundo Trindade:

“No pensamento sociológico, são as relações comunitárias que norteiam as reflexões acerca dos fatos sociais. Para Durkheim, ‘é com a 'communitas' [comunidade] e não com a 'societas' [sociedade] que residem as verdadeiras raízes da sociedade’; para Auguste Comte, ‘a sociedade existe independentemente do indivíduo e anteriormente a ele’. E ambos - Durkheim e Comte - concebem a sociedade ‘como uma comunidade ampla’ (NISBET, 1984, p. 82).” (TRINDADE. Op. cit., p.167.)

As relações comunitárias “norteiam reflexões acerca dos fatos sociais”, como assim? Fácil de entender, com ajuda de exemplo: a festa anual do São João (festas juninas) no Nordeste é um fato social, isto é, um acontecimento que envolve membros da sociedade, no caso, das comunidades, sendo que se pode pensa-las (fazer reflexões em torno delas) a partir das relações comunitárias – também simples: as pessoas das comunidades relacionam-se entre si e se envolvem no trabalho coletivo de fazer acontecer a festa.

Na sequência, Trindade diz: “(...) Para Durkheim, ‘é com a 'communitas' [comunidade] e não com a 'societas' [sociedade] que residem as verdadeiras raízes da sociedade’(...)” (p. 167). Simples: a comunidade é um grupo menor. Uma sociedade é formada por várias comunidades. As raízes da sociedade se encontram em cada comunidade que a forma – desde aquela comunidade da roça até aquelas comunidades de bairros e outras (comunidades religiosas, culturais, filantrópicas, etc.) dentro das cidades, todas juntas formando a sociedade. Você faz parte de uma comunidade, a qual, por seu turno, faz parte de uma sociedade maior – cidade, Estado, país, inclusive o mundo humano, se pensarmos em sentido amplo. E você é importante para a comunidade e esta para a sociedade!

Seguindo: “(...)para Auguste Comte, ‘a sociedade existe independentemente do indivíduo e anteriormente a ele’(...)” (p. 167). Augusto Comte viveu no século XIX e foi, com Weber, Durkheim e Marx, além de Engels, um dos fundadores da Sociologia enquanto ciência da sociedade. MAS por que “a sociedade existe independentemente do indivíduo e anteriormente a ele”? Fácil de entender: a sociedade onde nascemos já existia antes de nós nascermos! Antes de nascermos já havia uma sociedade estruturada com hospitais, escolas, entre outras instituições sociais (criadas pela sociedade). O indiozinho do século XV, na América do Norte, já nascia dentro de uma sociedade, a tribo.

Finalmente: “(...)E ambos - Durkheim e Comte - concebem a sociedade ‘como uma comunidade ampla’(...)” (Idem ibidem, p. 167). Como assim? Vamos aproveitar a palavra 'communitas', citada acima. Ela vem da língua latina, língua dos antigos romanos e da qual descende também nossa língua. COMMUNITAS é comunidade – comunidade é COMUM UNIDADE, isto é, unidade (união) comum (coletiva) de todos os membros que fazem parte do agrupamento social. Portanto, a sociedade é também uma COMUNIDADE, porém uma comunidade grande, que abarca várias outras comunidades menores.

Dentro da sociedade (a grande comunidade) e das comunidades as pessoas agem, vivem, convivem, estabelecem normas de convivência, leis, constroem costumes e valores motivadores de muitas ações, onde há uma racionalidade (organização, ordem, compreensão intelectual...).

REFERÊNCIAS:

ROMEIRO, Julieta et alii. Diálogo – Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São Paulo, Moderna, 2020. (Seis volumes.) (Livros didáticos.)

SILVA, Afrânio et alii. Sociologia em Movimento. 2.ed. São Paulo, Moderna, 2016/2017. (Livro didático.)

TRINDADE, Maria Aparecida da S. F. Comunidade e sociedade: norteadoras das relações sociais. R. FARN, Natal, v.l, n.l, p. 165 - 174 Jul./dez. 2001. Disponível em: < https://revistas.unirn.edu.br/index.php/revistaunirn/article/download/30/33/295 > Acesso em 11/10/2024.

 

 

QUARTO BIMESTRE - AULA 33 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS. HELENISMO (com caça-palavras) (Prof. José Antônio Brazão.)

  

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QUARTO BIMESTRE

AULA 33 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS

HELENISMO (Prof. José Antônio Brazão.)

(Usar MAPAS, LIVROS DE ARTE e BANNERS da biblioteca da escola. Complemento\exposição.)

Entre os séculos IV a.C. e V da era cristã, ao final do período dos grandes filósofos gregos, com a dominação macedônica e, tempos depois, a romana, as cidades-estados (póleis) gregas haviam perdido muito de sua liberdade e sua autonomia. A cidadania, que antes estava ligada à pólis (cidade-estado), agora foi perdida. No entanto, em meio a essa perda de autonomia e sob a dominação da Macedônia (e no período romano), a cultura grega foi levada a diversos povos dominados pelo novo império. Ocorreu o que se convencionou chamar helenismo, por causa dos gregos, também chamados helenos. Um dos grandes responsáveis por isto foi Alexandre Magno, rei e poderoso general macedônico. Esse processo foi continuado por seus generais, depois da morte de Alexandre, os quais dividiram entre si o império conquistado. A Grécia foi dominada, contudo acabou dominando culturalmente.

Alexandre Magno, inclusive, fundou uma cidade no Egito que leva o seu nome, ainda hoje, Alexandria, na qual veio a existir uma grande biblioteca, que durou por vários séculos e, depois, destruída. Essa biblioteca representa o valor do conhecimento humano, que passou a ser conservado, por intermédio da escrita, da pesquisa (a biblioteca foi também um importante centro de pesquisa no mundo antigo), da cópia, aquisição e reprodução de livros e ideias. Livros de comerciantes, estudiosos viajantes e de outros navegantes, que se encontravam nos navios, eram solicitados e copiados, devolvidos, ampliando o acervo dessa grande biblioteca. No entanto, conforme Carl Sagan, cientista norte-americano do século XX, no episódio 1 de sua série em vídeo-documentários COSMOS, nem todas as pessoas tinham acesso a ela, principalmente as mais pobres. Pensadores importantes da antiguidade fizeram parte dos que por ela passaram, como Cláudio Ptolomeu (astrônomo, matemático e geógrafo) e a filósofa Hipácia. A regularidade e a beleza do cosmo (ou cosmos) eram intrigantes.

A arquitetura, a arte, a religião e as ideias gregas atravessaram as fronteiras da Grécia, marcando, de modo especial, o mundo ocidental. Nos livros dos Macabeus, parte da Bíblia católica e considerados apócrifos por judeus e evangélicos, há menção a esse período, ao domínio helenístico e à reação da família macabeia.

No que diz respeito ao mundo ocidental propriamente dito, de um modo muito particular, no caso de Roma e de suas províncias, a arquitetura do Império Romano foi muito marcada pela simetria geométrica dos gregos, sua língua predominante, o Latim, assimilou muitas palavras e raízes da língua grega, deuses e deusas gregos foram incorporados na mitologia romana, com nomes diferentes (ver no texto A humanidade e os mitos), festas, costumes, além de outros elementos culturais. Curiosamente, da língua latina, os vocábulos gregos e suas raízes passaram para as línguas neolatinas, que evoluíram durante o fim do mundo antigo e o mundo medieval (até hoje!): inglês (em boa parte), francês, italiano, romeno, português, espanhol, etc.

Dentro da ciência, na época helenística, Ptolomeu (séc. II d.C.) fez muitas observações dos céus, das estrelas e outros astros, conhecendo também as ideias astronômicas de filósofos e astrônomos que o antecederam, desenvolveu um sistema astronômico geocêntrico, com a Terra (Geia, em grego) no centro e os astros girando em torno dela, inclusive o Sol. O que o diferenciou de outros foi o acréscimo de epiciclos (círculos menores em cima dos círculos orbitais), percorridos, de tempos em tempos, pelos astros celestiais e que tinham por finalidade explicar porque as órbitas planetárias sofriam, aqui e ali, variações, parecendo ir e voltar ao movimento normal. Hoje se sabe que a causa é o fato de as órbitas serem elípticas, não circulares, porém, no tempo de Ptolomeu fazia-se necessário manter a perfeição circular. Ptolomeu, como geógrafo, também fez mapas e criou linhas de longitude a latitude (informação apresentada no Globo Ciência, Cláudio Ptolomeu, que pode ser visto no Youtube). O geocentrismo perdurou até o século XVI, quando foi contestado por Copérnico (heliocentrismo).

Outro destaque importante, no campo da ciência, que antecedeu Ptolomeu, foi Arquimedes de Siracusa (Siracusa, 287 a.C.212 a.C.), um grande cientista, que desenvolveu um sistema de bombeamento de água chamado, hoje, parafuso de Arquimedes, estudou a curva os planos, a parábola, o cilindro, os esferoides, os corpos flutuantes, o contador de areia, estudou a alavanca e seu poder, projetou armas que viriam a proteger Siracusa, por um bom tempo, da invasão dos romanos. Arquimedes foi um verdadeiro gênio e inventor.

No campo da filosofia, no período helenístico desenvolveram-se também diversas escolas filosóficas, dentre as quais destacaram-se:

O CETICISMO: Teve, por exemplo, como representante, Pirro de Élis ou Élida. Os céticos punham em dúvida (sképsis, em grego) a possibilidade do conhecimento da verdade.  O conhecimento objetivo e universal não é possível. Num contexto de incertezas e de decadência dos valores das póleis gregas, essa maneira de encarar a realidade encontra um momento propício de retomada (vale lembrar que os sofistas, tempos antes, foram também céticos).

O CINISMO. Diógenes de Sínope, o Cínico, foi um de seus representantes. Os cínicos tinham o ideal de uma vida simples, não viam com bons olhos e até desprezavam as convenções sociais. O nome cínico vem de kyon, kynos, que significa cachorro, cão, em grego (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinismo). Conta-se, inclusive, que Diógenes vivia em um barril, sendo visto por pessoas que passavam pela rua e convivendo com animais que por aí circulavam.

O ESTOICISMO. Zenão de Citio foi seu fundador. Teve também um imperador romano, Marco Aurélio, que o seguiu. Defendiam o controle dos desejos, das paixões e dos impulsos, propunham uma vida simples, sem a radicalidade dos cínicos. Além do imperador, teve também, como seguidor, no período romano, por exemplo, o filósofo Sêneca.

O EPICURISMO. Epicuro de Samos foi seu fundador, daí o nome. Os epicuristas tinham como objetivo a busca do prazer, de forma equilibrada. De acordo com Epicuro, o mundo é formado por átomos, inclusive a alma. Os átomos da alma se desfazem com o corpo, ao final da vida. Para ele, as pessoas não devem se preocupar com os deuses. Epicuro era ateu. Curiosamente, Paulo, no primeiro século da era cristão, debateu, em Atenas, no Areópago, com filósofos estoicos e epicureus ou epicuristas. Quando falou da ressurreição dos mortos, os filósofos o abandonaram. O tal debate de Paulo, o discípulo, apóstolo, seguidor de Jesus Cristo, com esses filósofos é apresentado no capítulo 17 do livro Atos dos Apóstolos, presente no Novo Testamento bíblico.

O NEOPLATONISMO. Já no período cristão, fundado por Amônio Saccas, teve como grande expoente um discípulo deste: Plotino. O pensamento neoplatônico de Plotino encontra-se apresentado no livro Enéadas (ou Enéades). Retoma o pensamento platônico e defende a busca do UNO (faz recordar o BEM de Platão), através de um movimento de elevação da alma, numa ascensão progressiva. Tendência filosófica carregada de racionalismo e idealismo, especialmente de influência platônica. O neoplatonismo veio a exercer forte influência sobre o pensamento do cristão Aurélio Agostinho (Santo Agostinho). Para este a filosofia não é inimiga da , mas auxiliar.

As escolas de Platão e Aristóteles – Academia e Liceu, respectivamente – continuaram existindo durante séculos, tendo sido, enfim, fechadas no período cristão. Uma das grandes vantagens destas escolas é que possibilitaram a reprodução e a preservação das ideias de seus filósofos fundadores, que viriam a exercer forte influência sobre o pensamento cristão da Patrística e da Escolástica.

Uma característica importante desse período, no campo do pensamento e da sociedade em geral foi o cosmopolitismo, palavra que quer dizer, basicamente: cidadania (da palavra pólis, cidade-estado, cidade) e cosmo (palavra grega que quer dizer mundo), em razão daquela perda do referencial da autonomia das cidades-estados, da expansão do helenismo e de uma percepção maior da realidade política. O filósofo não se via mais como cidadão de uma cidade determinada, visto que todas as cidades da Grécia estavam sob o domínio da Macedônia. Via-se, agora, como COSMOPOLITA, literalmente: CIDADÃO DO MUNDO (cosmos, em grego).

Um fato interessante e digno de nota é que, no período cristão, a filosofia helenística conviveu com o pensamento cristão, como pôde ser observado ao falar do debate de Paulo com os filósofo, além de outros episódios de contato de intelectuais cristãos com a filosofia greco-romana (helenística), como foi o caso dos que pertenceram à Patrística, até o fechamento, por força da influência da fé cristã, então institucionalizada, da Academia.

Para saber mais:

http://www.ime.unicamp.br/~calculo/history/arquimedes/arquimedes.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquimedes

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinismo

http://pt.wikipedia.org/wiki/Helenismo

http://plato.stanford.edu/entries/epicurus/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)

http://plato.stanford.edu/entries/stoicism/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)

http://plato.stanford.edu/entries/epictetus/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)

http://plato.stanford.edu/entries/marcus-aurelius/ (em inglês) (Use tradutores online.)

http://plato.stanford.edu/entries/seneca/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)

http://plato.stanford.edu/entries/skepticism-ancient/ (em inglês) (Use tradutores online.)

http://plato.stanford.edu/entries/ammonius/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)

http://plato.stanford.edu/entries/plotinus/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)

http://plato.stanford.edu/entries/cosmopolitanism/ (em inglês, contém informações também sobre Diógenes de Sínope) (Use tradutores online. São bons.)

Obs.: Todas as páginas em inglês podem ser traduzidas com uso do Google Tradutor ou outro(s) tradutor(es) online:

http://translate.google.com.br/

http://www.clubedoprofessor.com.br/traduz/

http://onlinetradutor.com/

A seguir, vai a proposta de algumas atividades que podem ser realizadas:

1)    Levantamento de 50 (cinquenta) palavras (termos, prefixos, sufixos...) originários da língua grega e que estão no português.

2)    Leitura de Atos dos Apóstolos capítulo 17 e sua análise.

3)    Caça-palavras (na sequência, abaixo).

 

CAÇA-PALAVRAS FILOSÓFICO: HELENISMO (Direita, esquerda, vertical, horizontal, diagonal) (Prof. José Antônio Brazão.)

H

P

L

O

T

I

N

O

B

E

O

M

S

I

C

I

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T

S

E

Z

E

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O

I

N

O

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A

X

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M

A

C

O

S

M

O

O

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V

L

D

A

N

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C

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J

A

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U

Z

U

C

A

E

P

E

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O

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Ç

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M

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L

I

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M

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N

A

U

N

O

A

A

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D

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A

M

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T

M

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N

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N

C

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Z

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M

V

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U

S

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F

D

E

I

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B

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O

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L

N

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C

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W

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O

F

E

R

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M

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D

E

L

E

M

T

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A

H

P

R

H

A

O

N

E

O

M

M

N

O

R

I

O

G

O

Y

N

I

A

S

I

M

L

E

G

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S

A

S

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C

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N

I

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M

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Y

D

C

N

O

I

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N

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I

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W

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E

D

R

A

N

L

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P

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C

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R

T

A

S

A

C

E

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O

I

L

B

I

B

T

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E

S

S

S

I

I

L

I

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V

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M

O

S

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C

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C

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E

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R

A

Y

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E

A

D

I

L

I

R

I

S

B

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E

O

O

D

A

D

N

O

D

R

U

G

O

R

R

P

A

E

E

O

R

P

N

P

D

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N

S

O

O

N

A

M

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O

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B

S

C

G

A

E

T

O

N

R

A

E

L

E

U

E

C

H

K

S

E

E

S

X

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L

Y

V

M

A

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X

Ç

U

G

U

I

C

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S

E

D

E

M

I

U

Q

R

A

S

P

R

E

Z

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R

P

A

E

S

E

L

P

M

I

S

A

D

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I

L

A

P

E

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S

M

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R

C

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A

U

R

E

L

I

O

C

L

E

A

R

N

BOM PROVEITO E EXCELENTE APRENDIZAGEM! (Prof. José Antônio Brazão.) TAREFA: Procure no dicionário e\ou na internet todas as palavras marcadas e anote os significados no caderno. Finalidade: ampliar seu vocabulário de língua portuguesa e entender ainda melhor o texto.