COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
TERCEIRO BIMESTRE
AULA 21 DE TCH DOS SEGUNDOS ANOS:
O PERÍODO IMPERIAL NO BRASIL E EM GOIÁS (Parte 1) (Prof.
José Antônio Brazão.):
Entre o início e parte da
primeira metade do século XIX, Napoleão Bonaparte, general francês,
consolidando a Revolução Francesa, em curso desde a última década do século
XVIII, partiu para a conquista de vários países da Europa, com o desejo de
domina-la em seu todo. Napoleão tencionou e, de fato, viria a realizar a
conquista de Portugal. Antes que isto acontecesse, a Família Real Portuguesa,
auxiliada por navios ingleses, junto com muitos membros (até famílias) da nobreza
de Portugal, veio para o Brasil, aportando na cidade do Rio de Janeiro, que se
tornou, então, capital do Brasil.
A viagem dos navios foi
longa e cansativa, sem dúvida.
Em 1808, efetivamente,
aportaram todos no Rio de Janeiro. O Brasil, a partir de então, se tornou sede
da realeza e do poder português. De acordo com Adriana Magalhães:
“Em 1808, o Brasil já existia como colônia de
Portugal há 300 anos. Mas Portugal adotou uma política de manter o país no
isolamento e na ignorância, para preservar o Brasil da cobiça estrangeira. Por
isso, o Brasil era um amontoado de regiões sem comércio nem comunicação entre
si. O único ponto em comum era a língua portuguesa e a obediência à Corte. Não
havia indústrias e todo o comércio se fazia com e através de Portugal. Educação
e saúde eram praticamente inexistentes: em São Paulo, em 1818, apenas 2,5% dos
homens livres em idade escolar eram alfabetizados. Livros e jornais eram
impedidos de circular livremente. Era praticamente impossível encontrar no
Brasil daquela época um médico que tivesse feito curso regular. A vinda da
corte portuguesa no Brasil mudou tudo.
Durante três séculos, o litoral brasileiro só podia
receber navios de Portugal. Em sua chegada ao Brasil, d. João VI abriu
imediatamente os portos. A partir daí, produtos europeus, principalmente
ingleses, abarrotavam os portos brasileiros. Chegava de tudo: de tecidos de
algodão e martelos a patins de gelo. Para a cientista política da Fundação Casa
de Rui BArbosa, Isabel Lustosa, essa foi a mudança mais significativa da vida
da família real.
"Mas claro, o primeiro movimento marcante foi
a abertura
dos portos. Isso
mudou totalmente a estratégia comercial da coroa portuguesa, se antes você
tinha o chamado exclusivo comercial, apesar do grande contrabando que havia, de
qualquer maneira, estávamos obrigados a comerciar sempre através dos portos de
Portugal. O comércio, como tecidos, só se fazia através de Portugal. Então,
isso era uma maneira de controle e atraso, elevação de custos, etc. Então a
abertura dos portos logo na chegada do Rei permitiu a entrada de uma quantidade
grande de mercadorias européias diretamente da Inglaterra, principalmente. De
qualquer maneira, baixou o preço dessas mercadorias."
Mas a abertura dos portos foi apenas a primeira das
muitas mudanças que acompanharam a corte ao Brasil. Outra revolução foi a liberação
das manufaturas ou indústrias. Com apenas essas duas medidas, o Brasil
libertava-se de três séculos de monopólio português e entrava no sistema
internacional de comércio e produção. Laurentino Gomes, autor do livro 1808,
que remonta a esse período histórico, enumera outras mudanças.
“D. João, nos 13 anos que ele passou aqui, ele criou um país do nada.
Ele chega em Salvador, abre os portos, depois no Rio de Janeiro, ele
autoriza as manufaturas, uma coisa proibida por lei. Ele faz uma série de
coisas, ele cria a justiça, a marinha brasileira, o Banco do Brasil, a
imprensa régia, manda abrir estradas, cria toda uma estrutura de governo no Rio
de Janeiro, o aparelho de estado começa a ser construído do nada.”
Vera Lúcia Bottrel Tostes, diretora do Museu
Histórico Nacional, destaca que o Brasil passou a receber estrangeiros para
trabalhar aqui, e não apenas mercadorias novas.
‘Até então, nós não tínhamos um ofício de
marceneiro, de copeiro, de sapateiro e de padeiro. Quem introduz o pão no
Brasil são os próprios franceses, que produzem um pão feito com farinha de
trigo, que também antes não chegava ao Brasil, o pão era feito com farinha de
mandioca. Daí até os franceses chamavam esse pão de bis e por isso é que até
hoje, em muitas padarias, a pessoa compra uma bisnaga, que é um pão francês.’
Depois da chegada dos portugueses, o Brasil passou
também a fabricar armamentos, diz Vera Lúcia.
‘Nós, enquanto colônia, não podíamos fabricar
armamentos. As armas vinham em pedaços, em partes, que eram chamadas de trem.
Os mineiros até hoje, chamam muito, quando você vai pegar um embrulho, mala, os
mineiros ainda têm o hábito de dizer: ´pega teus trens´. São as partes de
alguma coisa, como os portugueses antigamente chamavam. Então o primeiro
arsenal que existe no Brasil faz parte hoje do complexo do Museu Histórico
Nacional. Ficou chamado Casa do Trem, porque recebia da metrópole portuguesa, as
partes dos armamentos para serem aqui fundidos. Mas com a vinda da corte, tudo
isso mudou. Nós, Brasil, começamos a fabricar armamentos e até a exportar para
Portugal.’
Em sua escala em Salvador, antes de chegar ao Rio
de Janeiro, D. João criou a primeira faculdade de medicina do Brasil. Outro
reflexo imediato da nova economia do Brasil, em franco desenvolvimento, foi o
aumento do tráfico de escravos. O número de escravos triplicou durante os 13
anos que a família real ficou por aqui.” (MAGALHÃES, Adriana. Especial Família Real 3 - Conheça as principais mudanças
que a corte portuguesa trouxe para o Brasil.
Disponível em: < https://www.camara.leg.br/radio/programas/297258-especial-familia-real-3-conheca-as-principais-mudancas-que-a-corte-portuguesa-trouxe-para-o-brasil-0554/ > Acesso em 29 de julho de 2023.)
Junto com a Família Real vieram também: melhorias
para a cidade do Rio de Janeiro, como o calçamento; o nascimento do Banco do
Brasil (1808); Imprensa Régia (1810); Academia Real Militar (1810); a fundação
da Real Biblioteca (hoje, Biblioteca Nacional) (1811) (ver no texto acima);
Jardim Botânico do Rio de Janeiro (1808). Também vinda de pintores, botânicos e
outros naturalistas ao Brasil.
Sobre o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, ver
referência abaixo.
E para Goiás, o que a vinda da Família Real trouxe?
1)
O ouro
ainda produzido em Goiás, apesar da decadência, e outras capitanias era
revertido em impostos não conduzidos a Portugal, ainda que o quinto continuasse
sendo cobrado. Claro que muito desse
ouro tomou o rumo de nações amigas, principalmente a Inglaterra, da qual eram
comprados produtos diversos. Vale lembrar que a Inglaterra estava em plena
Revolução Industrial e, com outros países, empenhando-se por ficar livre de
Napoleão Bonaparte, o que, efetivamente, viria a acontecer.
2)
A vinda
de Auguste de Saint-Hilaire, em 1919, com certeza na linha daqueles
naturalistas, pintores e desenhistas europeus, presença maior para a qual
contribuiu aquela vinda.
OBS.: TEMA SERÁ RETOMADO E APROFUNDADO EM OUTRAS AULAS.
REFERÊNCIAS:
MAGALHÃES,
Adriana. Especial Família Real 3 -
Conheça as principais mudanças que a corte portuguesa trouxe para o Brasil. Disponível em: < https://www.camara.leg.br/radio/programas/297258-especial-familia-real-3-conheca-as-principais-mudancas-que-a-corte-portuguesa-trouxe-para-o-brasil-0554/ > Acesso em 29 de julho de 2023.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE.
Instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro - História.
Disponível em: < https://www.gov.br/jbrj/pt-br/assuntos/299#:~:text=O%20Jardim%20Bot%C3%A2nico%20do%20Rio%20de%20Janeiro%20iniciou%20suas%20atividades,orienta%C3%A7%C3%B5es%20elaboradas%20anteriormente%20em%20Portugal. > Acesso em 29/07/2023.)
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