SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS
SEGUNDAS SÉRIES DO ENSINO MÉDIO
FILOSOFIA –
PROFESSOR JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULA
21: COMPARAÇÃO ENTRE O RACIONALISMO E O EMPIRISMO: REVISÃO – APROFUNDAMENTO. (Prof.
José Antônio Brazão.)
Em algumas semanas que estarão por vir estudaremos o filósofo IMMANUEL KANT (ou EMMANUEL KANT), alemão, do período iluminista. No entanto, para que melhor o possamos entender, ser-nos-á necessária uma revisão breve a respeito do racionalismo e do empirismo, a cujas discussões Kant acrescentou elementos, a respeito do conhecimento humano.
TEORIA
DO CONHECIMENTO – RACIONALISMO E EMPIRISMO:
PARTE I: RESUMO (TABELA) (Prof. José A. Brazão.)
IMAGENS (OS CINCO
SENTIDOS):
CONJUNTO 1:
https://en.wikipedia.org/wiki/Sense#/media/File:SensoryProcessing.png
CONJUNTO 2:
https://es.wikipedia.org/wiki/Sentido_(percepci%C3%B3n)#/media/Archivo:The_way_you_hear_it.jpg
PERÍODO DE TEMPO |
IDADE MODERNA (+
- Séculos XV – XVIII) |
|
TEORIA |
RACIONALISMO |
EMPIRISMO |
REPRESENTANTES
PRINCIPAIS |
*RENÉ DESCARTES *Baruch Spinoza |
*FRANCIS BACON. *JOHN LOCKE. *DAVID HUME. |
FONTE PRINCIPAL
DOS CONHECIMENTOS |
A RAZÃO. Em
latim: ratio (razão), de onde racio- (raíz da palavra racionalismo). Razão é a
capacidade humana de pensar, abstrair, refletir, compor, decompor e recompor
ideias, elaborar conhecimentos. |
EXPERIÊNCIA
SENSÍVEL (experiência é empiria, em grego, daí empirismo). Experiência
sensível é o contato direto com o mundo através dos cinco sentidos. A
experiência sensível fornece a matéria-prima (sensações e impressões) que
será trabalhada pela RAZÃO, transformando esse material em conhecimento. |
SENTIDOS
(olfato, tato, paladar, audição e visão) (Re)ver as imagens acima. |
Os sentidos são
a porta de entrada de sensações, sem dúvida, mas são enganosos. É preferível,
portanto, confiar na RAZÃO. |
A matéria-prima
trabalhada pela razão advém dos cinco sentidos. Sem esse material não é
possível o conhecimento. |
MÉTODO (caminho,
em grego) |
Descartes
escreveu o Discurso do Método, no
qual propõe quatro regras para as ciências: (1)A
REGRA DA EVIDÊNCIA: não admitir nada que não seja claro e distinto, evidente.
(2)REGRA
DA ANÁLISE: decompor (analisar) um problema em várias partes, a fim de se poder
melhor entender. (3)REGRA
DA SÍNTESE OU DO ORDENAMENTO: Pôr em ordem as partes, indo do mais fácil ao
mais difícil, a fim de se ter uma ideia de como cada parte se integra no
todo. (3)REGRA
DA REVISÃO: Fazer uma revisão de todos os passos dados, a fim de evitar
conclusões erradas. |
De acordo com Marilena Chauí (no livro didático, à
p. 154), Francis Bacon (empirista) também havia proposto um método, que ela
assim resumiu: “O MÉTODO DE BACON: O método deve tornar possível: *organizar
e controlar os dados do conhecimento sensível por meio de procedimentos
adequados de observação e de experimentação; *organizar e controlar os
resultados da observação e dos experimentos para chegar a conhecimentos novos
ou à formulação de teorias verdadeiras; *desenvolver procedimentos adequados
à aplicação prática dos resultados teóricos, pois, para Bacon, se o ser
humano souber conhecer a natureza, poderá comandá-la. Vem daí sua célebre
afirmação: ‘Saber é poder’.” (Iniciação à Filosofia, p. 154). |
INATISMO (crença
de que existem ideias inatas, isto é, ideias que nascem com as pessoas). |
Para Descartes
há certas ideias inatas. Por exemplo: o Cogito (Penso...) e a ideia de Deus. |
Para os empiristas NÃO existem ideias
inatas. Locke, inclusive, acreditava que a mente é uma folha em branco, onde
as sensações e as impressões vão sendo aí postas, depois, então, trabalhadas
pela razão. |
LIVROS
FUNDAMENTAIS |
De René Descartes:
MEDITAÇÕES e DISCURSO DO MÉTODO. No caso de
Espinosa: Ética Demonstrada à Maneira dos Geômetras. (Espinosa será assunto
para aulas futuras.) |
De Francis Bacon: NOVO ÓRGANON e NOVA
ATLÂNTIDA. De John Locke: ENSAIO SOBRE O ENTENDIMENTO HUMANO. De David Hume: TRATADO DA NATUREZA HUMANA e INVESTIGAÇÃO
SOBRE O ENTENDIMENTO HUMANO. |
PARTE II
(COMENTÁRIOS) – Prof. José Antônio Brazão.
PONTOS IMPORTANTES:
1)O momento
histórico em que se situam o racionalismo e o empirismo da Idade Moderna
(séculos XV a XVIII, aproximadamente): Renascimento Artístico-Cultural, Grandes
Navegações e Descobertas Marítimas, Reforma Protestante, Revolução
Científica Moderna.
IMAGENS:
2)René Descartes
foi um grande filósofo do século XVII.
IMAGENS:
Conjunto
1:
Conjunto
2:
Em seu livro MEDITAÇÕES (MEDITAÇÕES DE PRIMEIRA FILOSOFIA) relata como chegou às suas
conclusões centrais (por exemplo, ao COGITO [PENSO, do latim]): usou o método
da dúvida. Dúvida Metódica ou Hiperbólica. Método é caminho, conforme o grego.
A dúvida usada como um caminho. Dúvida hiperbólica porque exagerada ou radical.
Duvidar não é negar. É pôr em suspenso o que se costuma crer como certeza.
IMAGENS:
No caso de
Descartes, até encontrar um fundamento primeiro. De fato, é exagerada
(hiperbólica) porque Descartes duvidou dos sentidos, do corpo, até da
matemática, chegando ao fundo do poço das incertezas. Para duvidar dos
sentidos, usou o ARGUMENTO DO SONHO: tudo que se vê ao vivo se vê no sonho.
Portanto, Descartes poderia estar dormindo, já que estava deitado refletindo, e
sonhando! Para duvidar da matemática, levantou a HIPÓTESE DO GÊNIO MALICIOSO ou
maligno, que teria posto aquelas ideias matemáticas em sua mente. Portanto, não
poderia confiar nem na matemática! (Radical! Hiperbólico!) Quando chegou aí,
viu que de uma coisa não podia duvidar: de que pensa e, portanto, existe. No
caminho de volta, tendo encontrado o COGITO (Penso), como certeza primeira e
fundamental, encontrou a ideia inata de Deus e, a partir daí, pôde ter certeza
da matemática e até daquilo que os sentidos viam. Deus, ademais, não deixaria
que um gênio malicioso pusesse ideias matemáticas erradas em sua cabeça! A
matemática é verdadeira!
IMAGENS:
RESUMINDO: Caminho
de ida duvidando metódica e radicalmente. Descoberta do Cogito (Penso) [pensamento
– existência] e da ideia inata de Deus. Caminho de volta encontrando certezas,
inclusive sobre o mundo externo (não fruto de um sonho), caminho que é fruto da
capacidade da razão de pensar! Método!!!
2)John Locke
acreditava que a mente é um papel em branco, ao nascer cada ser humano, sendo
que as experiências sensíveis (empiria, em grego) fornecerão a matéria-prima
(sensações e impressões) do conhecimento. Contra o inatismo!
IMAGENS:
CONJUNTO
1:
CONJUNTO
2:
CONJUNTO
3:
CONJUNTO
4:
3)Uma curiosidade
a ser apresentada: John Locke e David Hume usam o termo IMPRESSÃO, para se
referirem às impressões sensíveis que marcarão e ficarão guardadas na mente e
trabalhadas pela razão. Impressão é um termo que vem do trabalho tipográfico.
Vale lembrar que, no século XV, Gutenberg havia inventado a imprensa de tipos
móveis, na Europa. A imprensa permitir a publicação de milhares de livros (até
hoje, de milhões) de livros no decorrer dos séculos próximos. Impressão é uma
imagem linguística para se referir às informações advindas dos sentidos.
Sensações como sabores, formas, cores, sensações táteis, etc., etc. Um exemplo,
inclusive, foi dado pelo professor durante a aula: pegou o livro didático de
Filosofia e mostrou a forma retangular e as cores presentes, por exemplo, na
capa (visão) e a sensação tátil da espessura e da pressão sobre o livro.
IMAGENS:
4)Uma referência a ser feita e à Revolução Científica, na área
da Astronomia e da Física, entre outras, e ao Renascimento Artístico.
IMAGENS:
CONJUNTO 1 (GEOCENTRISMO EXISTENTE
ATÉ O SÉCULO XVII):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Geocentrismo#/media/Ficheiro:Bartolomeu_Velho_1568.jpg
CONJUNTO 2 (REVOLUÇÃO CIENTÍFICA
MODERNA):
CONJUNTO 3 (REVOLUÇÃO CIENTÍFICA
MODERNA):
5)Quanto a Galileu
Galilei: a ação da Inquisição Católica no mundo moderno (Idade Moderna),
resultado do recrudescimento (endurecimento, fortalecimento) da defesa das doutrinas católicas após a
Reforma Protestante no século anterior (séc. XVI). Ver abaixo.
6)Um ponto importante
de ser lembrado, é o ARGUMENTO DE AUTORIDADE – argumento que diz basicamente o
seguinte: A Bíblia, o pensador X ou um papa determinado disse, então é verdade
e não pode ser contestada. Argumento muito fortalecido ao final da Idade Média
em diante pela Igreja Católica e pelas autoridades científicas. Mas, com a
Revolução Científica: o sistema geocêntrico de Ptolomeu e Aristóteles deu lugar
ao sistema heliocêntrico de Copérnico; certas ideias de Aristóteles foram
postas abaixo por Galileu Galilei (por exemplo, a de que os astros celestes são
puros e sem defeito foi derrubada pelas descobertas de Galileu: buracos,
montanhas e vales na Lua, manchas no Sol, etc., frutos do uso do telescópio,
reinventado por Galileu e apontado aos céus). Como ocorreu a descoberta de
Copérnico a respeito da posição dos astros no céu? Copérnico, além de
matemático e astrônomo, era padre. A Igreja Católica precisava de informações
astronômicas corretas para manter o calendário lunar que ela segue no ano litúrgico
(ano de celebrações) e para o calendário solar (365 [365,25] dias). Para tanto,
necessitava de bons astrônomos. Copérnico, certa vez, preocupado com a posição
de um escritor da antiguidade que dizia ser o Sol no centro do universo, pôs-se
a pesquisar, observar e calcular as informações obtidas a respeito dos céus.
Acabou concluindo que, de fato, o universo seria heliocêntrico, com todos os
astros girando ao redor do Sol (hélio\hélios, em grego) central, inclusive a
Terra e a Lua girando ao redor dele – a Lua ao redor da Terra e esta ao redor
do Sol, num movimento de translação e rotação. (Hoje se sabe que nem centro do
universo o Sol é. É apenas uma estrela em meio a bilhões de outras, na galáxia
Via Láctea.) Ao defender as ideias de Copérnico e outras contrárias à autoridade
de Aristóteles, Galileu Galilei
teve que comparecer diante da Inquisição Católica. Foi preso domiciliarmente
para o resto da vida.
IMAGENS:
CONJUNTO 1 (TEXTO):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Processo_de_Galileu_Galilei
CONJUNTO 2 (IMAGENS):
7)OUTRO PONTO: A
tese da mente papel em branco, de John Locke, hoje tem sustentação? Não há
ideias inatas, preexistentes na mente, como acreditava Descartes, mas, também
diferentemente de Locke, com certeza, mesmo no ventre da mãe, de acordo com
descobertas da Psicologia, uma criança tem sensações, como o canto ou a fala da
mãe, os barulhos altos, calor, etc. Não nasce com uma mente papel em branco
puríssima. Mas NÃO são ideias inatas,
como acreditava o inatismo. São
experiências sensoriais percebidas pela criança e até guardadas na memória, nada
além. Existe, inclusive, a regressão de idade, feita por certos
psicólogos, a fim de se descobrir raízes possíveis de traumas. Algumas vão até
o útero! É fato. Pesquisa!
8)No
que diz respeito a Francis Bacon, outros dois pontos:
(a)Novo Órganon, nome do livro de F. Bacon,
escrito e publicado em referência ao Órganon, de Aristóteles. O Órganon aristotélico
é um livro de lógica, que privilegia, por exemplo, a dedução (raciocínio que
vai do universal ao particular: Todo homem é mortal. Sócrates é homem. Logo,
Sócrates é mortal.), muito teórico. Os tempos novos (Idade Moderna) exigiam
algo mais prático. Bacon elege a indução,
tipo de raciocínio lógico que vai de premissas (afirmações que antecedem a
conclusão) particulares ao universal (conclusão universal, lei científica
universal), ainda que não tão rigorosamente: este copo de água ferveu a cem
graus célsius, dois copos de água ferveram a cem graus célsius, quatro..., dez
litros ferveram..., logo A ÁGUA FERVE A CEM GRAUS CÉLSIUS (não é extremamente
rigorosa, podendo haver uns poucos graus a menos para ferver, dependendo da altura
em que se estiver, mas é universal, geral).
(b)Para Francis
Bacon, SABER É PODER. Pelo conhecimento das leis naturais, o ser humano pode
conhecer a natureza e a dominar. Aí, então, o Professor José Antônio lembrou
dois pontos: *como as rodas de conversa desta semana mostraram, por conta desse
poder, o ser humano tanto pode devastar a natureza quanto a salvar, como
mostraram bem Luiz Roberto Botosso Júnior (Sustentabilidade e Meio Ambiente) e o
geólogo Zânio Novais (Soluções para evitar tragédias ambientais); *a
necessidade de dedicação aos estudos! O conhecimento aprendido “empodera” as
pessoas, ou seja, dá a elas vários poderes: preparo para o mundo de trabalho,
entendimento da realidade, do mundo, das pessoas, etc., etc.
9)No que diz
respeito ao geocentrismo medieval e de parte do mundo moderno, vale citar Camões,
que, em seu Os Lusíadas, no canto X,
na volta os portugueses das Índias, estes aportaram na ilha da deusa Tétis, que
lhes apresentou o sistema geocêntrico! Camões defendia o geocentrismo, teoria
bem aceita entre muitos ainda no século XVI! Diálogo entre a Filosofia e Língua
Portuguesa, interdisciplinarmente, será feito, por meio de um estudo mais
pormenorizado o texto camoniano mencionado.
REFEFÊNCIAS:
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo,
Ática, 2017.
CURY, Fernanda. Copérnico e a Revolução da Astronomia.
São Paulo, Odysseus, 2003. (Col. Iluminados da Humanidade.)
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