SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS
COORDENAÇÃO
REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA
COLÉGIO
ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS
ENSINO
MÉDIO E PROFISSIONALIZANTE – TERCEIROS ANOS
FILOSOFIA
– PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULA
ZOOM 9 DE FILOSOFIA – TERCEIROS ANOS E EP3:
POLÍTICA:
POLÍTICA
NA IDADE MODERNA (Prof. José Antônio Brazão.)
O
foco do segundo bimestre, conforme o programa proposto pela Secretaria de
Educação de Goiás para Filosofia, é a POLÍTICA. De fato, entre os temas analisados
pela Filosofia, além da Ciência e da Ética, como pôde ser percebido no primeiro
bimestre, encontra-se também a POLÍTICA, que será estudada neste segundo
bimestre. Política é a arte de governar, é o uso do poder na direção de uma
sociedade, bem como a habilidade de governar. A palavra política vem de PÓLIS,
que vem do grego e significa CIDADE (no caso, cidade-Estado, pois cada cidade
grega antiga era independente e tinha seu próprio governo). Política, portanto,
era o governo da pólis. Políticos eram os responsáveis pelo governo e a direção
da pólis.
IMAGENS (PÓLIS, na
Wikipédia):
https://en.wikipedia.org/wiki/Polis
Slides:
https://it.wikipedia.org/wiki/Polis#/media/File:Akropolis_by_Leo_von_Klenze.jpg
Só
para lembrar da influência da cultura grega: AnáPOLIS, GoianáPOLIS,
TerezóPOLIS, PirenóPOLIS, IndianáPOLIS, FlorianóPOLIS, entre outras tantas
cidades (pólis/póleis) do Brasil e do mundo, levam o nome pólis na constituição
de seus respectivos nomes. A língua portuguesa está embebida de grego, de
latim, além de um punhado de outras línguas! Pegue uma gramática e um
dicionário comum e você verá quantos termos, sufixos, prefixos e outras
palavras do grego (e outras línguas) estão no português. Feito isto, voltemos
ao tema.
Dos
antigos gregos até os tempos atuais a história foi longa. Nesse caminho, a
palavra POLÍTICA tomou uma dimensão muito maior. Hoje se fala de política da
saúde, política econômica, política brasileira, política mundial, e os
políticos vão desde vereadores, passando por prefeitos, que dirigem uma cidade,
até deputados, senadores e o(a) Presidente da República, o primeiro-ministro
(por exemplo, na Grã-Bretanha), etc.
Curiosamente,
desde a antiguidade, filósofos também se interessaram por entender a política.
Podem ser citados nomes, aqui, como: os sofistas, Sócrates, Platão que
escreveu A República, Aristóteles que escreveu a Política,
o romano Cícero, entre outros tantos. Na Idade Média, Aurélio Agostinho (ou
Santo Agostinho) escreveu A Cidade de Deus! Além deste, no mundo
medieval, (São) Tomás de Aquino, Guilherme de Ockham (ou Occam) e Marcílio
Ficino, incluindo Dante Alighieri (o escritor de A Divina Comédia),
se interessaram pelas relações de poder (pela política).
Pois
bem, na Idade Moderna também! Entre os filósofos de destaque no mundo moderno
podem ser citados Nicolau Maquiavel, que escreveu O Príncipe,
Thomas Hobbes, que escreveu o Leviatã, John Locke, que
escreveu Dois Tratados Sobre o Governo Civil, e Jean-Jacques
Rousseau, que escreveu O Contrato Social.
Neste
primeiro momento, focaremos o pensador (filósofo) Maquiavel.
IMAGENS (NICOLAU
MAQUIAVEL, na Wikipédia):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_Maquiavel
Slides:
Nicolau
Maquiavel, que viveu bem no auge do Renascimento, na Itália, viu esta toda
dividida em pequenos reinos, cada qual com seu governante, e desejava vê-la
unificada. Uma Itália que sofria, inclusive, interferências e invasões de
governos estrangeiros europeus, como a França. Sendo diplomata da República
Florentina (de Florença ou Firenze), além de filósofo, Maquiavel, entendido nos
nas relações de poder e sendo grande observador e leitor (gostava muito de ler
os clássicos da antiguidade e de seu tempo), acabou escrevendo uma obra que se
tornou obra-prima da política, inclusive mundial, chamada O PRÍNCIPE. Neste livro,
Nicolau Maquiavel não trata a política de forma idealizada, não propõe um
governo ideal como fez Platão em A República, nem de uma cidade
ideal cristã como o fez Santo Agostinho.
Muito
pelo contrário, Maquiavel escreveu de forma objetiva, buscando mostrar as
razões de governos terem caído e governos terem se mantido ao longo da história
(Maquiavel a conhecia bem, além da história de seu tempo), bem como apontou
caminhos para governantes poderem conquistar e manter-se no poder.
Para
Maquiavel, além de um exército forte e pulso no comando, um governante
(príncipe) que se preze e queira manter-se longamente no poder deve ter a
virtude. Virtude moral? Esta também, mas principalmente a virtude como
capacidade, como força, como sagacidade (esperteza), como visão e percepção do
que está e de quem está ao seu redor. Nesse sentido, precisa ser
esperto como uma raposa. Tomar cuidado com os que estão longe dele e,
particularmente, com os que estão perto, como, por exemplo, nobres, políticos e
pessoas envolvidas com o governo. Até mesmo com relação à Igreja. Deve manter a
rédea curta, não permitindo que interfiram severamente em seu poder ou o
queiram tomar. Para tanto, Maquiavel vai dizer que é preferível mais ser temido
que amado.
Sim,
é mais preferível ser temido que amado, seja pelos que estão a seu redor, seja
até mesmo pelo povo que dirige. Por quê? Porque o temor mete medo nas pessoas e
as tira de ideia de quererem prejudicar ou tomar o poder do príncipe, do
governante. E o amor? Não deve ter ou não deve ser desejado? Sem dúvida, ser
amado ajuda e é importante. Mas se tiver que escolher entre ambos, entre o
temor e o amor, o governante sagaz deve optar pelo temor. No passado, houve
governantes amados que perderam o poder, na hora das dificuldades e das crises.
Nestas horas as pessoas perdem o amor pelo governante e, portanto, tal amor de
nada terá valido se perder o poder! Já o temor, não. Em qualquer tempo, um
governante forte, que tem um exército forte e bem preparado, pode fazer uso da
força se necessário for.
Mas
o governante deve ser um tirano? Não. Por quê? Porque tiranos são odiados e não
temidos. Temor e ódio têm uma pequena diferença: o temor incute sério respeito,
o ódio incute vingança.
Por
que Príncipe e não Rei? Maquiavel conhecia bem o latim. Príncipe, em latim, é primus inter pares, o primeiro entre os
iguais. O governante deve ser o primeiro a ter prevalência sobre todos, com o
uso da virtude (virtú, em italiano)
sabendo tratar os membros da nobreza, da qual faz parte ou passa a fazer, os
clérigos (membros da Igreja) e o povo de modo respeitável mas firme, com pulso.
Ademais, o governante deve ser o primeiro e o principal interessado em
consolidar-se e manter-se no poder!
E
quanto à religião? O príncipe, mesmo não sendo muito religioso, deve parecer
piedoso. Isto é importante para manter a Igreja e o povo de seu lado. Mas não
deve deixar membros da Igreja interferirem nos assuntos do Estado, como ocorriam
em certos reinos da Itália e da Europa.
Com
relação ao bem e ao mal, o que fazer? O bem, de acordo com Maquiavel, deve ser
feito aos poucos, de forma que todos vejam que algo está sendo feito pelo bem
comum (e, de fato, o Príncipe deve preocupar-se com o bem comum). Quanto ao
mal, se tiver que fazer, que o faça de uma vez. Não fique fazendo mal ao povo
ou aos próximos de modo contínuo, como se fosse um tirano. Tem que aumentar os
impostos? Aumente de modo a durarem um bom tempo, mas não os suba continuamente.
Tem que debelar uma revolta? Faça de uma vez, a fim de manter o povo e seus
pares sob o temor. Com o tempo, as pessoas se acostumam e podem até se esquecer
do mal feito, sem perder o temor e o respeito pelo Príncipe.
Um
cuidado que o Príncipe deve ter: não tomar propriedades dos súditos. Pois as
pessoas esquecem certas ofensas, perdas de parentes, mas não se esquecem do bem
perdido, usurpado (tomado à força). Deve cuidar do bem-estar dos súditos e de
suas propriedades, mediante o temor devido de todos. Quanto ao exército,
Maquiavel escreveu um outro livro, chamado A Arte da Guerra. Tanto
neste livro quanto em O Príncipe, Maquiavel viu a importância de um
exército bem preparado e sempre pronto para servir o governante.
Outra
recomendação dada ao governante para conquistar e, principalmente, manter o
poder: LER livros que contem histórias de governos, de guerras, de conquistas,
de acontecimentos em outros reinos. Para quê? Para ver o que levou reinos a
caírem e evitar que o seu reino caia, assim como ver o que houve de bom e de
positivo para serem aproveitados em seu reinado, consolidando ainda mais seu
poder. O próprio Maquiavel, como foi dito, eram um grande leitor, além de
observador sagaz dos acontecimentos de seu tempo.
REFERÊNCIAS:
ARANHA, Maria L. de A. e MARTINS,
Maria H. P. Filosofando: Introdução à
Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. (Manual do
Professor) 3.ed. São Paulo, Ática, 2017.
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. 6.ed. Trad. Maurício Santana
dias. São Paulo, Penguin/Companhia das Letras, 2010. Disponível em: < https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4377771/mod_resource/content/1/O-PR%C3%8DNCIPE-NICOLAU-MAQIAVEL.pdf
> Acesso em 02 de fevereiro de 2021.
WIKIPÉDIA. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal
> Acesso em 08/03/2021.
Nenhum comentário:
Postar um comentário