terça-feira, 1 de dezembro de 2020

AULA ZOOM DE FILOSOFIA - SEGUNDOS ANOS E EP2: APONTAMENTOS SOBRE IMMANUEL KANT (Prof. José Antônio Brazão.)

 

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

COORDENAÇÃO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA

COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS

ENSINO MÉDIO

EaD 2020 – FILOSOFIA – PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.

AULA ZOOM DE 02 DE DEZEMBRO DE 2020

APONTAMENTOS SOBRE IMMANUEL KANT (1724 A 1804)

(Prof. José Antônio Brazão.)

Vejamos o vídeo a seguir, como introdução. É um vídeo de poucos minutos, feito pela Professora e Filósofa Viviana Mosé sobre Immanuel Kant:

https://www.youtube.com/watch?v=sLvCwa3SoHU

(MOSÉ, Viviana. Ser Ou Não Ser Immanuel Kant Limite da Razão. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=sLvCwa3SoHU > Acesso em 01 de dezembro de 2020.)

Quem foi Immanuel Kant e que ideias dele podemos apresentar? Immanuel Kant foi um filósofo alemão do século XVIII, época do grande ILUMINISMO. O Iluminismo tem suas raízes no século XVII, mas foi no século XVIII que ele tomou força dentro da Europa, em diferentes países, com destaque para França, Inglaterra e Alemanha, além de outros.

O Iluminismo foi um movimento filosófico e intelectual que valorizava imensamente os poderes e capacidades da razão humana, enquanto capaz de conhecer a natureza e o universo, capaz de criar, de inventar, de descobrir, entre outras atividades importantes. O próprio nome Iluminismo vem de Iluminar, expor diante da luz, fazer brilhar a luz num dado lugar. Qual luz? A LUZ, ou melhor, as luzes, DA RAZÃO.

A razão é a capacidade mental que permite ao ser humano pensar, refletir, formar ideias, raciocinar, calcular, junto com a imaginação, duvidar (o que faz lembrar de René Descartes, francês um pouco anterior a Kant), entre outras ações.

O material da razão, de acordo com os filósofos empiristas – que acreditavam que nada pode ser conhecido que não tenha passado, antes, pela experiência sensível (empiria, em grego) –, são, exatamente, os materiais fornecidos pela experiência sensível (dos cinco sentidos: sabores, pelo paladar; cheiros, pelo olfato; lisura ou aspereza, pelo tato; imagens e formas, pela visão; sons captados via audição; etc., tudo que os cinco sentidos possam fornecer). Dos empiristas da história moderna (séculos XV a XVIII, aproximadamente) podem ser citados Francis Bacon, John Locke e David Hume.

SOBRE OS CINCO SENTIDOS: (Mostrar só um ou outro, por conta do tempo.)

PALADAR (clique no link e observe, depois vá passando as imagens):

https://en.wikipedia.org/wiki/Food#/media/File:Good_Food_Display_-_NCI_Visuals_Online.jpg

TATO (clique no link e observe, depois vá passando as imagens):

https://en.wikipedia.org/wiki/Somatosensory_system#/media/File:Tactile_markings_stairs_for_visually_impaired.jpg

OLFATO (clique no link e observe, depois vá passando as imagens):

https://pt.wikipedia.org/wiki/Flor#/media/Ficheiro:Bluete-Schema.svg

https://pt.wikipedia.org/wiki/Perfume#/media/Ficheiro:Perfumes.jpg

AUDIÇÃO (clique no link e observe, depois vá passando as imagens):

https://pt.wikipedia.org/wiki/Audi%C3%A7%C3%A3o

VISÃO (clique no link e observe, depois vá passando as imagens):

https://pt.wikipedia.org/wiki/Natureza#/media/Ficheiro:Top_of_Atmosphere.jpg

https://es.wikipedia.org/wiki/Universo#/media/Archivo:NASA-HS201427a-HubbleUltraDeepField2014-20140603.jpg

De acordo com os filósofos racionalistas, todo conhecimento verdadeiro funda-se na razão (ratio, na língua latina, raiz de racionalismo).

Todo conhecimento verdadeiro advém da razão. A experiência sensível é essencial, verdadeiramente, mas ela é enganosa – por exemplo: um lápis comum, colocado dentro de um copo de água, parece quebrado, uma ilusão causada, como se sabe, pela refração da luz, mas que não deixa de fazer transparecer o engano da visão. René Descartes foi um grande racionalista, como já foi comentado.

Os filósofos, principalmente os empiristas, punham o sujeito cognoscente (o sujeito que conhece, o ser humano enquanto ser pensante) girando ao redor do objeto, seja a realidade direta ou aquela do universo.

E Kant, como entra nessa história? Kant irá reunir o que havia de rico no empirismo com o que havia de rico no racionalismo, desejando fazer uma crítica (um estudo problematizador, analisador...) da razão. Fez, então uma revolução copernicana do conhecimento: colocou o sujeito cognoscente no centro e os objetos do conhecimento girando ao redor dele. Assim como Nicolau Copérnico, na passagem do século XV para o XVI, ousou tirar a Terra do centro do universo e aí colocar o Sol, vendo a Terra como um planeta a girar ao redor deste com o movimento de rotação e o de translação, Kant deslocou o objeto de seu lugar.

O que é o objeto? O mundo, composto pela realidade, a natureza, os seres, incluindo o ser humano enquanto animal natural. O mundo perceptível pelos sentidos e apreendido abstratamente pela razão (abstrato é o que não é concreto; neste caso, abstrato são as ideias, o pensamento, não apalpáveis, não tocáveis, mas que fazem parte do trabalho da razão).

Qual foi a genialidade de Kant? Ver que sem a razão não é possível compreender o mundo, não é possível investiga-lo, conhece-lo, entender suas leis. E a razão se encontra em quem? No sujeito cognoscente (o sujeito que conhece), o próprio ser humano. Kant põe esse sujeito no centro. É claro, com isto, pode-se ver certa queda de Kant pelo racionalismo. Entretanto, Kant faz a CRÍTICA DA RAZÃO, ou seja, uma reflexão analítica para entender até onde a razão é capaz de ir e seus limites.

Curiosamente, o grande livro de Immanuel Kant é, justamente, a CRÍTICA DA RAZÃO PURA, no qual trata, exatamente, do conhecimento, buscando ir além do que os filósofos que o antecederam, inclusive os iluministas de seu tempo, empenharam-se por fazer.

Acerca da capacidade da razão, vale a pena ver as seguintes imagens:

SOBRE A RAZÃO (INTELECTO HUMANO): (Aqui imagens que definem o poder da razão.)

Imagem 1 (clique no link e veja, depois vá passando as imagens):

https://es.wikipedia.org/wiki/Inteligencia#/media/Archivo:Paris_-_Playing_chess_at_the_Jardins_du_Luxembourg_-_2966.jpg

Imagem 2 (clique no link e veja, depois vá passando as imagens):

https://pt.wikipedia.org/wiki/Geometria#/media/Ficheiro:Teorema_de_desargues.svg

Imagens 3 e 4 (clique no link e veja, depois vá passando as imagens):

https://pt.wikipedia.org/wiki/Computador#/media/Ficheiro:Computer_home_station.jpg

https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1quina_de_Antic%C3%ADtera#/media/Ficheiro:NAMA_Machine_d'Anticyth%C3%A8re_1.jpg

Curiosamente, o Iluminismo, ao prezar os poderes da razão, opunha-se à ignorância (falta de conhecimento, principalmente do conhecimento da verdade, do mundo e da realidade), à superstição (crenças absurdas e sem sentido, que só servem para enganar as pessoas) e à intolerância (a falta de respeito e de entendimento para com o diferente – por exemplo, muito comum naquele tempo [e até hoje], a intolerância religiosa, a não aceitação da religião e das crenças diferentes de outras pessoas). Kant sabia disto, tanto que escreveu um livreto chamado O QUE É ILUMINISMO?, no intuito de responder a essa pergunta feita por um sacerdote, em um jornal.

Voltando à razão, esta não é capaz de conhecer tudo, de dar respostas para tudo, ela tem seus limites (o vídeo visto bem o exemplifica), ainda que seja capaz de fazer ciências, como a Física (vale lembrar que Isaac Newton, entre o século XVII e o XVIII, deixou grande legado [herança] de descobertas), a Metafísica (que estuda o ser enquanto ser, a substância, a essência e outros conceitos muito abstratos [frutos do trabalho da razão]), Matemática, entre outras áreas de conhecimento humano.

Ainda hoje razão tem seus limites, apesar de realizar coisas grandiosas, sem sombra de dúvidas!

Kant refletiu também sobre os conceitos de TEMPO e ESPAÇO, muito presentes, por exemplo, na ciência newtoniana (de Isaac Newton) e na de outros cientistas (p. ex.: Galileu Galilei). O tempo e o espaço não são inatos no ser humano, ou seja, não nascem com o ser humano. São formas a priori da sensibilidade. Que é isto? São formas que tornam possível a reunião de informação dos cinco sentidos e as organizar, transformando-as em conhecimento.

A priori (=aquilo que vem antes da experiência; aquilo que se encontra antes da experiência), porque antecedem a experiência (o contato direto com o mundo a partir dos cinco sentidos). Nasceram com os seres humanos então (são inatas)? NÃO. Por quê? Porque não pode haver formas da sensibilidade sem a sensibilidade (o aparato humano que permite conhecer o mundo – o aparato dos cinco sentidos).

Vale aqui um exemplo bem simples, talvez errôneo, mas que pode ser citado e do qual gosto de fazer uso ao tocar no assunto: o da produção de um bolo. Para este são necessários ingredientes, alguém que os misture bem e os ponha para assar em um fogão. Ora, para assar não se pode jogar, simplesmente, dentro do forno: é necessária uma ou mais formas (também com circunflexo: fôrmas, palavra mantida pela Nova Ortografia da Língua Portuguesa). Se for um bolo de camadas, mais de uma fôrma (forma).

Os ingredientes, no caso do bolo do conhecimento, são os materiais fornecidos pelos cinco sentidos (experiência sensível), reunidos pela mente e trabalhados pela razão. Mas não reunidos aleatoriamente (sem eira nem beira): são organizados por formas – as formas da sensibilidade –, isto é, o tempo e o espaço. A mente humana é o forno. As fôrmas, ou melhor, formas (acentuando-se o O) que contribuem para a organização do bolo – o delicioso bolo do conhecimento humano –, as formas do tempo e do espaço. 

Vale a pena ver:

https://en.wikipedia.org/wiki/Sheet_pan#/media/File:USS_John_C._Stennis_baker.jpg

OU (texto inteiro, traduzível via tradutor online):

https://en.wikipedia.org/wiki/Sheet_pan

Bolo: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bolo#/media/Ficheiro:Wiki-cake_1.jpg

Assim como a massa misturada (de certa maneira, caótica) não é jogada simplesmente no forno, de qualquer maneira, mas é posta aí dentro de fôrmas (formas), que a organizam, de modo similar, a massa das percepções sensoriais (aquilo que os cinco sentidos percebem) não é posta desorganizadamente, de modo caótico, na mente humana, mas organizada com a ajuda das formas a priori da sensibilidade: tempo e espaço. Preparam o caminho para o trabalho abstrato (a nível mental, não concreto, mas de ideias) da razão, na transformação daquele material em conhecimento.

Daí a importância de se ver o aprendizado para além da maneira como se está acostumado a vê-lo. Não o vendo como uma obrigação, mas como algo de enorme valor, apesar dos limites e do contínuo desenvolvimento de novos conhecimentos, de novos saberes acerca do mundo e de cada ser humano.

SOBRE O TEMPO E O ESPAÇO (REF. A IMMANUEL KANT E DEMAIS):

Só para se ter uma pequena ideia dos conceitos de tempo e espaço.

TEMPO:

https://en.wikipedia.org/wiki/Time#/media/File:MontreGousset001.jpg

ESPAÇO:

Espaço local:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Povoado#/media/Ficheiro:Rua_principal_do_povoado_S%C3%A3o_Jos%C3%A9_dos_Cocais,_Coronel_Fabriciano_MG.JPG

Espaço interestelar:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Meio_interestelar#/media/Ficheiro:Heic0411a.jpg

Espaço tridimensional:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Espa%C3%A7o_tridimensional#/media/Ficheiro:Cartesien-system.svg

Medida comum e simples do espaço:

https://es.wikipedia.org/wiki/Instrumento_de_medici%C3%B3n#/media/Archivo:Lineale.jpg

Medida em largura, altura e profundidade (o litro):

https://en.wikipedia.org/wiki/Litre#/media/File:CubeLitre.svg

ESPAÇO-TEMPO (CIÊNCIA ATUAL):

https://en.wikipedia.org/wiki/Spacetime#/media/File:GPB_circling_earth.jpg

Interessante dizer que, nos séculos seguintes (séculos XIX  e XX), Sigmund Freud, outro alemão, viria a perceber que o ser humano não é puramente racional – carrega consigo o INCOSCIENTE. Quanto ao tempo e ao espaço, um físico-matemático desse tempo, também alemão, foi Albert Einstein. Este será estudado mais adiante.

Revejam o vídeo de Viviana Mosé. Vale a pena. Gostando, vejam outros.

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