SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS
COORDENAÇÃO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE EDUCAÇÃO DE
GOIÂNIA
COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS
ENSINO MÉDIO
EaD 2020 – FILOSOFIA – PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULA ZOOM DE 02 DE DEZEMBRO DE 2020
APONTAMENTOS SOBRE IMMANUEL KANT (1724 A 1804)
(Prof. José Antônio Brazão.)
Vejamos o vídeo a seguir, como introdução.
É um vídeo de poucos minutos, feito pela Professora e Filósofa Viviana Mosé
sobre Immanuel Kant:
https://www.youtube.com/watch?v=sLvCwa3SoHU
(MOSÉ,
Viviana. Ser Ou Não Ser Immanuel Kant
Limite da Razão. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=sLvCwa3SoHU
> Acesso em 01 de dezembro de 2020.)
Quem foi Immanuel Kant e
que ideias dele podemos apresentar? Immanuel Kant foi um filósofo alemão do
século XVIII, época do grande ILUMINISMO. O Iluminismo tem suas raízes no
século XVII, mas foi no século XVIII que ele tomou força dentro da Europa, em
diferentes países, com destaque para França, Inglaterra e Alemanha, além de
outros.
O Iluminismo foi um
movimento filosófico e intelectual que valorizava imensamente os poderes e
capacidades da razão humana, enquanto capaz de conhecer a natureza e o
universo, capaz de criar, de inventar, de descobrir, entre outras atividades
importantes. O próprio nome Iluminismo vem de Iluminar, expor diante da luz,
fazer brilhar a luz num dado lugar. Qual luz? A LUZ, ou melhor, as luzes, DA
RAZÃO.
A razão é a capacidade
mental que permite ao ser humano pensar, refletir, formar ideias, raciocinar,
calcular, junto com a imaginação, duvidar (o que faz lembrar de René Descartes,
francês um pouco anterior a Kant), entre outras ações.
O material da razão, de
acordo com os filósofos empiristas – que acreditavam que nada pode ser
conhecido que não tenha passado, antes, pela experiência sensível (empiria, em grego) –, são, exatamente,
os materiais fornecidos pela experiência sensível (dos cinco sentidos: sabores,
pelo paladar; cheiros, pelo olfato; lisura ou aspereza, pelo tato; imagens e formas,
pela visão; sons captados via audição; etc., tudo que os cinco sentidos possam
fornecer). Dos empiristas da história moderna (séculos XV a XVIII,
aproximadamente) podem ser citados Francis Bacon, John Locke e David Hume.
SOBRE
OS CINCO SENTIDOS:
(Mostrar só um ou outro, por conta do tempo.)
PALADAR
(clique no link e observe, depois vá passando as imagens):
https://en.wikipedia.org/wiki/Food#/media/File:Good_Food_Display_-_NCI_Visuals_Online.jpg
TATO
(clique no link e observe, depois vá passando as imagens):
OLFATO
(clique no link e observe, depois vá passando as imagens):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Flor#/media/Ficheiro:Bluete-Schema.svg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Perfume#/media/Ficheiro:Perfumes.jpg
AUDIÇÃO
(clique no link e observe, depois vá passando as imagens):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Audi%C3%A7%C3%A3o
VISÃO
(clique no link e observe, depois vá passando as imagens):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Natureza#/media/Ficheiro:Top_of_Atmosphere.jpg
De acordo com os
filósofos racionalistas, todo conhecimento verdadeiro funda-se na razão (ratio, na língua latina, raiz de racionalismo).
Todo conhecimento verdadeiro advém da
razão. A experiência sensível é essencial, verdadeiramente, mas ela é enganosa –
por exemplo: um lápis comum, colocado dentro de um copo de água, parece
quebrado, uma ilusão causada, como se sabe, pela refração da luz, mas que não
deixa de fazer transparecer o engano da visão. René Descartes foi um grande
racionalista, como já foi comentado.
Os filósofos,
principalmente os empiristas, punham o sujeito cognoscente (o sujeito que conhece, o ser humano enquanto ser
pensante) girando ao redor do objeto, seja a realidade direta ou aquela do
universo.
E Kant, como entra nessa
história? Kant irá reunir o que havia de rico no empirismo com o que havia de
rico no racionalismo, desejando fazer uma crítica (um estudo problematizador,
analisador...) da razão. Fez, então uma revolução copernicana do conhecimento:
colocou o sujeito cognoscente no centro e os objetos do conhecimento girando ao
redor dele. Assim como Nicolau Copérnico, na passagem do século XV para o XVI,
ousou tirar a Terra do centro do universo e aí colocar o Sol, vendo a Terra
como um planeta a girar ao redor deste com o movimento de rotação e o de
translação, Kant deslocou o objeto de seu lugar.
O que é o objeto? O
mundo, composto pela realidade, a natureza, os seres, incluindo o ser humano
enquanto animal natural. O mundo perceptível pelos sentidos e apreendido abstratamente
pela razão (abstrato é o que não é concreto; neste caso, abstrato são as
ideias, o pensamento, não apalpáveis, não tocáveis, mas que fazem parte do
trabalho da razão).
Qual foi a genialidade de
Kant? Ver que sem a razão não é possível compreender o mundo, não é possível investiga-lo,
conhece-lo, entender suas leis. E a razão se encontra em quem? No sujeito
cognoscente (o sujeito que conhece), o próprio ser humano. Kant põe esse
sujeito no centro. É claro, com isto, pode-se ver certa queda de Kant pelo
racionalismo. Entretanto, Kant faz a CRÍTICA DA RAZÃO, ou seja, uma reflexão
analítica para entender até onde a razão é capaz de ir e seus limites.
Curiosamente, o grande
livro de Immanuel Kant é, justamente, a CRÍTICA
DA RAZÃO PURA, no qual trata, exatamente, do conhecimento, buscando ir além
do que os filósofos que o antecederam, inclusive os iluministas de seu tempo,
empenharam-se por fazer.
Acerca da capacidade da
razão, vale a pena ver as seguintes imagens:
SOBRE
A RAZÃO (INTELECTO HUMANO):
(Aqui imagens que definem o poder da razão.)
Imagem 1 (clique
no link e veja, depois vá passando as imagens):
Imagem 2 (clique
no link e veja, depois vá passando as imagens):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Geometria#/media/Ficheiro:Teorema_de_desargues.svg
Imagens 3 e 4
(clique no link e veja, depois vá passando as imagens):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Computador#/media/Ficheiro:Computer_home_station.jpg
Curiosamente, o
Iluminismo, ao prezar os poderes da razão, opunha-se à ignorância (falta de
conhecimento, principalmente do conhecimento da verdade, do mundo e da
realidade), à superstição (crenças absurdas e sem sentido, que só servem para
enganar as pessoas) e à intolerância (a falta de respeito e de entendimento
para com o diferente – por exemplo, muito comum naquele tempo [e até hoje], a
intolerância religiosa, a não aceitação da religião e das crenças diferentes de
outras pessoas). Kant sabia disto, tanto que escreveu um livreto chamado O QUE É ILUMINISMO?, no intuito de
responder a essa pergunta feita por um sacerdote, em um jornal.
Voltando à razão, esta
não é capaz de conhecer tudo, de dar respostas para tudo, ela tem seus limites
(o vídeo visto bem o exemplifica), ainda que seja capaz de fazer ciências, como
a Física (vale lembrar que Isaac Newton, entre o século XVII e o XVIII, deixou
grande legado [herança] de descobertas), a Metafísica (que estuda o ser
enquanto ser, a substância, a essência e outros conceitos muito abstratos
[frutos do trabalho da razão]), Matemática, entre outras áreas de conhecimento
humano.
Ainda hoje razão tem seus
limites, apesar de realizar coisas grandiosas, sem sombra de dúvidas!
Kant refletiu também
sobre os conceitos de TEMPO e ESPAÇO, muito presentes, por exemplo, na ciência
newtoniana (de Isaac Newton) e na de outros cientistas (p. ex.: Galileu
Galilei). O tempo e o espaço não são inatos no ser humano, ou seja, não nascem
com o ser humano. São formas a priori
da sensibilidade. Que é isto? São formas que tornam possível a reunião de
informação dos cinco sentidos e as organizar, transformando-as em conhecimento.
A
priori (=aquilo que vem antes da experiência; aquilo que se
encontra antes da experiência), porque antecedem a experiência (o contato
direto com o mundo a partir dos cinco sentidos). Nasceram com os seres humanos
então (são inatas)? NÃO. Por quê? Porque não pode haver formas da sensibilidade
sem a sensibilidade (o aparato humano que permite conhecer o mundo – o aparato
dos cinco sentidos).
Vale aqui um exemplo bem
simples, talvez errôneo, mas que pode ser citado e do qual gosto de fazer uso
ao tocar no assunto: o da produção de um bolo. Para este são necessários
ingredientes, alguém que os misture bem e os ponha para assar em um fogão. Ora,
para assar não se pode jogar, simplesmente, dentro do forno: é necessária uma
ou mais formas (também com circunflexo: fôrmas, palavra mantida pela Nova
Ortografia da Língua Portuguesa). Se for um bolo de camadas, mais de uma fôrma
(forma).
Os ingredientes, no caso do bolo do conhecimento, são os materiais fornecidos pelos cinco sentidos (experiência sensível), reunidos pela mente e trabalhados pela razão. Mas não reunidos aleatoriamente (sem eira nem beira): são organizados por formas – as formas da sensibilidade –, isto é, o tempo e o espaço. A mente humana é o forno. As fôrmas, ou melhor, formas (acentuando-se o O) que contribuem para a organização do bolo – o delicioso bolo do conhecimento humano –, as formas do tempo e do espaço.
Vale a pena ver:
https://en.wikipedia.org/wiki/Sheet_pan#/media/File:USS_John_C._Stennis_baker.jpg
OU (texto inteiro, traduzível via tradutor
online):
https://en.wikipedia.org/wiki/Sheet_pan
Bolo: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bolo#/media/Ficheiro:Wiki-cake_1.jpg
Assim como a massa
misturada (de certa maneira, caótica) não é jogada simplesmente no forno, de
qualquer maneira, mas é posta aí dentro de fôrmas (formas), que a organizam, de
modo similar, a massa das percepções sensoriais (aquilo que os cinco sentidos
percebem) não é posta desorganizadamente, de modo caótico, na mente humana, mas
organizada com a ajuda das formas a
priori da sensibilidade: tempo e espaço. Preparam o caminho para o trabalho
abstrato (a nível mental, não concreto, mas de ideias) da razão, na transformação daquele material em conhecimento.
Daí a importância de se ver o aprendizado para além da maneira como se
está acostumado a vê-lo. Não o vendo como uma obrigação, mas como algo de enorme
valor, apesar dos limites e do contínuo desenvolvimento de novos conhecimentos,
de novos saberes acerca do mundo e de cada ser humano.
SOBRE
O TEMPO E O ESPAÇO (REF. A IMMANUEL KANT E DEMAIS):
Só
para se ter uma pequena ideia dos conceitos de tempo e espaço.
TEMPO:
https://en.wikipedia.org/wiki/Time#/media/File:MontreGousset001.jpg
ESPAÇO:
Espaço local:
Espaço
interestelar:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Meio_interestelar#/media/Ficheiro:Heic0411a.jpg
Espaço
tridimensional:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Espa%C3%A7o_tridimensional#/media/Ficheiro:Cartesien-system.svg
Medida comum e
simples do espaço:
https://es.wikipedia.org/wiki/Instrumento_de_medici%C3%B3n#/media/Archivo:Lineale.jpg
Medida em largura,
altura e profundidade (o litro):
https://en.wikipedia.org/wiki/Litre#/media/File:CubeLitre.svg
ESPAÇO-TEMPO
(CIÊNCIA ATUAL):
https://en.wikipedia.org/wiki/Spacetime#/media/File:GPB_circling_earth.jpg
Interessante dizer que,
nos séculos seguintes (séculos XIX e XX),
Sigmund Freud, outro alemão, viria a perceber que o ser humano não é puramente
racional – carrega consigo o INCOSCIENTE. Quanto ao tempo e ao espaço, um
físico-matemático desse tempo, também alemão, foi Albert Einstein. Este será
estudado mais adiante.
Revejam o vídeo de
Viviana Mosé. Vale a pena. Gostando, vejam outros.
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