segunda-feira, 16 de novembro de 2020

AULA ZOOM DE FILOSOFIA DE 17 DE NOVEMBRO DE 2020. TERCEIROS ANOS: ESTÉTICA - A ARTE RENASCENTISTA, O NEOPLATONISMO E O AMOR PLATÔNICO. (Prof. José Antônio Brazão.)

 

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

COORDENAÇÃO REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA

COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS

EaD – EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

ENSINO MÉDIO – TERCEIROS ANOS

FILOSOFIA – PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.

TEMA: ESTÉTICA. Aula de 17 de novembro de 2020.

A ARTE RENASCENTISTA, O NEOPLATONISMO E O AMOR PLATÔNICO (Prof. José Antônio Brazão.)

Já falamos da arte como ela foi vista por um ou outro filósofo contemporâneo. Por exemplo: Theodor Adorno e Max Horkheimer, da Escola de Frankfurt, sobre a Indústria Cultural; Walter Benjamin, também dessa escola, que viu na reprodutibilidade técnica da arte, ao mesmo tempo, uma possibilidade de acesso de um número de pessoas às obras de arte, em todo o mundo, e, ao mesmo tempo, o fim da aura (aquele elemento similar ao sagrado/divino contido na arte por muito tempo); Friedrich Nietzsche, que viu no teatro e na arte da Grécia antiga a presença de dois princípios intimamente interligados , integrados ( o apolíneo e o dionisíaco). Agora vamos voltar a uma época em que a arte ocidental se manifestou com grande força, após um longo período em que esteve muito ligada ao religioso: a era do Renascimento Artístico-Cultural (séculos XV – XVII, aproximadamente). Agora, a profunda influência de uma filósofo da Grécia Antiga.

Entre os artistas desse tempo (séculos XV e XVI, particularmente) destacaram-se, por exemplo: Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti, Rafael Sanzio, os três italianos, Jan van Eyck (holandês),  Jan (ou Johannes) Vermeer (outro holandês), entre outros tantos. A obra artística deles é marcada pela preocupação imensa com a forma, tendo como grandes características: o naturalismo, a perspectiva, o classicismo greco-romano, o neoplatonismo.

O naturalismo, que pode ser entendido como uma volta marcante e intensa à natureza e, ao mesmo tempo, um modo de expressar a arte de forma tão natural que a obra de arte assemelha-se ao que se encontra na natureza, como um retrato extremamente detalhado. De fato, o naturalismo manifesta-se na precisão com que os artistas realizavam seu trabalho: desenhos e pinturas muito precisos. Conta-se a história de que Michelangelo, ao terminar o Moisés para o túmulo de um papa, tocou-o de disse: “Fala!” Se é uma anedota ou não, o fato é que o trabalho era feito detalhadamente, a ponto de assemelhar-se ao real. Aqui, uma enorme preocupação com a FORMA. Ora, a preocupação com a forma remete a PLATÃO, filósofo grego que viveu por volta do final do século V e parte do IV a.C. Neoplatonismo.

Platão, de fato, defendeu a existência de dois mundos: o mundo sensível, que é este em que as pessoas vivem, e, para além dele, o mundo inteligível ou das Formas (Ideias) perfeitas de tudo quanto existe. Platão acreditava que, no mundo inteligível ou das Ideias, as Formas (Ideias) perfeitas de tudo que existe. Se há o cavalo aqui é porque existe o cavalo perfeito no Mundo as Ideias e assim por diante. Ora, essa preocupação com as Formas atinge profundamente o gosto dos artistas renascentistas, preocupados com a beleza e a precisão, a preocupação com os detalhes. Uma arte belíssima, de fato. Por exemplo, no site a seguir, que mostra obras do Renascimento:

https://www.google.com/search?q=renascimento+naturalismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjbmu_JpIjtAhXdHrkGHespB6UQ_AUoAXoECA8QAw&biw=1242&bih=597

O classicismo greco-romano, outro elemento fundamental, que foi a redescoberta das artes grega (principalmente) e romana. Ou seja, a tomada da cultura e da arte greco-romanas como fonte de inspiração e como modelos. Entram aqui tanto a mitologia quanto a filosofia e a cultura em geral do mundo grego ou greco-romano. Os artistas não buscaram inspiração na Idade Média, considerada como era do obscurantismo (escuridão) – daí Renascimento, para se referirem à arte que vinha, então, surgindo e tomando força. Veja-se comparativamente, por exemplo:

Arte grega (imagens): https://en.wikipedia.org/wiki/Ancient_Greek_art

Arte da Roma Antiga (imagens): https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_da_Roma_Antiga

Renascimento: https://pt.wikipedia.org/wiki/Renascimento

O classicismo greco-romano, com a mitologia, aparece com grande força no livro OS LUSÍADAS, de Camões, livro que, a todo momento, faz referências deuses, deusas e outras divindades greco-romanas e ainda tem uma grande preocupação com a precisão métrica das estrofes e dos versos. Essa preocupação com a precisão na forma da apresentação igualmente manifesta, sem dúvida, o NEOPLATONISMO, essa retomada do pensamento de Platão e das formas platônicas.

Outro elemento importante: a perspectiva. Isto é, a visão de profundidade!

No que diz respeito ainda ao NEOPLATONISMO, a influência do amor ideal platônico (o Amor enquanto Ideia perfeita no mundo das Ideias ou mundo Inteligível). Um amor idealizado! Aparece, por exemplo, no Renascimento: em Romeu e Julieta, peça teatral de William Shakespeare; nos Sonetos, de Camões. Vale a pena citar o Soneto 5, muito conhecido, de Luís Vaz de Camões:

Amor é fogo que arde sem se ver,

é ferida que dói, e não se sente;

é um contentamento descontente,

é dor que desatina sem doer.

 

É um não querer mais que bem querer;

é um andar solitário entre a gente;

é nunca contentar-se de contente;

é um cuidar que ganha em se perder.

 

É querer estar preso por vontade;

é servir a quem vence, o vencedor;

é ter com quem nos mata, lealdade.

 

Mas como causar pode seu favor

nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor

CAMÕES, Luís Vaz. Soneto 5. Disponível em: < https://www.culturagenial.com/poema-amor-e-chama-que-arde-sem-se-ver-de-luis-vaz-de-camoes/ > Acesso em 16/11/2020.

Vale bem observar aí nesse poema o amor profundamente idealizado, amor platônico! Nesse poema pode-se entender bem o que se quer dizer, ainda hoje, ao se usar a expressão Amor Platônico. Curiosamente, a palavra Amor, no final, aparece com a primeira letra maiúscula, indicando um amor elevado, muito elevado.

Como se pode ver, a arte, às vezes, reflete a filosofia e esta, por sua vez, reflete profusamente (generosamente, abundantemente) sobre a aquela.

REFERÊNCIAS SIMPLES:

CAMÕES, Luís Vaz. Soneto 5. Disponível em: < https://www.culturagenial.com/poema-amor-e-chama-que-arde-sem-se-ver-de-luis-vaz-de-camoes/ > Acesso em 16/11/2020.

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. (livro didático)

GOOGLE IMAGENS.

WIKIPÉDIA. Verbetes: Renascimento, Arte Grega, Arte na Roma Antiga, entre outros.

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