quarta-feira, 21 de setembro de 2016

FILOSOFIA EM POESIA: DOIS FILÓSOFOS POLÍTICOS MODERNOS - HOBBES e ROUSSEAU. (Prof. José Antônio Brazão.)

FILOSOFIA EM POESIA: DOIS FILÓSOFOS POLÍTICOS MODERNOS (Prof. José Antônio Brazão.)



Como surgiu a primeira sociedade?

Perguntavam-se certos filósofos modernos.

E, na busca de entendimento,

Acabaram imaginando um estado de natureza

E um contrato aí ocorrido.

 

O estado de natureza não era pura fraternidade,

Mas um estado de luta incessante,

Para o domínio de uns sobre os outros,

Conforme acreditava Thomas Hobbes.

Pois o homem é o lobo do homem.

 

Para não se destruírem mutuamente,

As pessoas resolveram um pacto fazer,

Escolhendo um governante com grande poder.

Cada qual aceitou o poder sobre sua vida entregar

Ao governante, se outros fizessem o mesmo.

 

Ao governante central, dando-lhe poder total,

Comparável ao Leviatã, dos grandes mares

O todo-poderoso, temível monstro do oceano;

Poder sobre dos súditos a vida e a morte,

Poder de proteger deles a vida e a propriedade.

 

O Leviatã, de proporções gigantes,

O governante com corpo composto

Por todos os seus súditos,

Numa das mãos tendo a espada,

Na outra, o báculo sagrado.

 

A espada, para fazer uso das armas

Quando quer que ele necessitasse,

O báculo sagrado, para dirigir

Com poder espiritual,

Tendo acima de si somente Deus.

 

Culpar o governante pelos males

Seria, pois, culpar-se a si mesmo,

Porquanto fora livre a entrega

Do poder sobre si de cada indivíduo.

Poder real, inalienável e indiviso.

 

Poder inigualável e descomunal.

Poder de um indivíduo ou assembleia,

Formado pelo pacto originante

Que trazia a saída do estado natural.

Similar ao poder monárquico.

 

Doutro modo entendeu

Jean-Jacques Rousseau

Do estado de natureza,

De sua saída

E da formação da sociedade.

 

Imposto um pacto pelos mais fortes,

Os mais fracos o tiveram que aceitar,

Formando-se assim a primeira sociedade.

No estado de natureza o homem era bom,

A vida social, porém, trouxe a maldade.

 

Teria evitado grandes males

Aquele que, ouvindo alguém dizer

Este pedaço de terra é meu,

Tivesse tido a coragem

De frontal e firmemente discordar.

 

Usurpadores, os mais fortes

Tomaram da propriedade coletiva

O seu torrão, umas boas partes.

Do que antes era de todos,

Agora não havia nem a metade.

 

A sociedade é má:

Com sua estupidez,

O homem destrói a natureza,

Com sua grande cupidez,

A polui e a fere, com certeza.

 

Por séculos, as humanas ações

Têm imposto à natura

A sua social estrutura,

Prejudicando a muitos seres

Dos mundos natural e social.

 

Perdido o contato com a natureza,

O humano se bestializou,

Porém uma saída é possível:

Uma educação que leve

O humano a redescobrir o que perdera.

 

Escreveu Rousseau um livro, então,

Tratando dos cuidados de um menino,

Desde a mais tenra infância até já crescido,

De língua francesa e de boa condição:

O belo texto Emílio ou Da Educação.

 

Educação prática, direta,

Em contato com a natureza:

Ao longo de caminhos,

Por meio de observações

E de puras e saudáveis emoções.

 

Educação que seja experimental,

Que ensine à criança experimentar

E a sentir a beleza do mundo natural,

A viver o respeito profundo por cada ser,

Desde a árvore, o pássaro, até simples flor.

 

O que torna uma vida grandiosa

Não é, segundo Rousseau,

A extensão dos dias vividos,

Mas a qualidade e o saborear de cada

Dia vivenciado e das coisas experimentadas. [Emílio]

 

Rousseau já havia tratado

De uma tal de vontade geral

E de um certo pacto social,

Derrubando o primeiro, imposto e injusto,

Um novo Contrato Social.

 

Nova sociedade se formaria,

Fundada no respeito do coletivo,

No cuidado de todos,

Que cada um assumiria,

E na vontade da maioria.

 

A rousseauniana visão de um homem bom

No original estado de natureza

À literatura indianista brasileira deu o tom:

José de Alencar, com Ubirajara, O Guarani e Iracema,

Gonçalves Dias, com Os Timbiras e I-Juca-Pirama.

 

Nestes exemplos de livros e noutros

Destaca-se o índio forte, denodado, valoroso,

De porte firme e corajoso,

Moralmente preocupado com os outros,

Fruto de um idealizado mundo natural.

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