Como
surgiu a primeira sociedade?
Perguntavam-se
certos filósofos modernos.
E,
na busca de entendimento,
Acabaram
imaginando um estado de natureza
E
um contrato aí ocorrido.
O
estado de natureza não era pura fraternidade,
Mas
um estado de luta incessante,
Para
o domínio de uns sobre os outros,
Conforme
acreditava Thomas Hobbes.
Pois
o homem é o lobo do homem.
Para
não se destruírem mutuamente,
As
pessoas resolveram um pacto fazer,
Escolhendo
um governante com grande poder.
Cada
qual aceitou o poder sobre sua vida entregar
Ao
governante, se outros fizessem o mesmo.
Ao
governante central, dando-lhe poder total,
Comparável
ao Leviatã, dos grandes mares
O
todo-poderoso, temível monstro do oceano;
Poder
sobre dos súditos a vida e a morte,
Poder
de proteger deles a vida e a propriedade.
O
Leviatã, de proporções gigantes,
O
governante com corpo composto
Por
todos os seus súditos,
Numa
das mãos tendo a espada,
Na
outra, o báculo sagrado.
A
espada, para fazer uso das armas
Quando
quer que ele necessitasse,
O
báculo sagrado, para dirigir
Com
poder espiritual,
Tendo
acima de si somente Deus.
Culpar
o governante pelos males
Seria,
pois, culpar-se a si mesmo,
Porquanto
fora livre a entrega
Do
poder sobre si de cada indivíduo.
Poder
real, inalienável e indiviso.
Poder
inigualável e descomunal.
Poder
de um indivíduo ou assembleia,
Formado
pelo pacto originante
Que
trazia a saída do estado natural.
Similar
ao poder monárquico.
Doutro
modo entendeu
Jean-Jacques
Rousseau
Do
estado de natureza,
De
sua saída
E
da formação da sociedade.
Imposto
um pacto pelos mais fortes,
Os
mais fracos o tiveram que aceitar,
Formando-se
assim a primeira sociedade.
No
estado de natureza o homem era bom,
A
vida social, porém, trouxe a maldade.
Teria
evitado grandes males
Aquele
que, ouvindo alguém dizer
Este
pedaço de terra é meu,
Tivesse
tido a coragem
De
frontal e firmemente discordar.
Usurpadores,
os mais fortes
Tomaram
da propriedade coletiva
O
seu torrão, umas boas partes.
Do
que antes era de todos,
Agora
não havia nem a metade.
A
sociedade é má:
Com
sua estupidez,
O
homem destrói a natureza,
Com
sua grande cupidez,
A
polui e a fere, com certeza.
Por
séculos, as humanas ações
Têm
imposto à natura
A
sua social estrutura,
Prejudicando
a muitos seres
Dos
mundos natural e social.
Perdido
o contato com a natureza,
O
humano se bestializou,
Porém
uma saída é possível:
Uma
educação que leve
O
humano a redescobrir o que perdera.
Escreveu
Rousseau um livro, então,
Tratando
dos cuidados de um menino,
Desde
a mais tenra infância até já crescido,
De
língua francesa e de boa condição:
O
belo texto Emílio ou Da Educação.
Educação
prática, direta,
Em
contato com a natureza:
Ao
longo de caminhos,
Por
meio de observações
E
de puras e saudáveis emoções.
Educação
que seja experimental,
Que
ensine à criança experimentar
E
a sentir a beleza do mundo natural,
A
viver o respeito profundo por cada ser,
Desde
a árvore, o pássaro, até simples flor.
O
que torna uma vida grandiosa
Não
é, segundo Rousseau,
A
extensão dos dias vividos,
Mas
a qualidade e o saborear de cada
Dia
vivenciado e das coisas experimentadas. [Emílio]
Rousseau
já havia tratado
De
uma tal de vontade geral
E
de um certo pacto social,
Derrubando
o primeiro, imposto e injusto,
Um
novo Contrato Social.
Nova
sociedade se formaria,
Fundada
no respeito do coletivo,
No
cuidado de todos,
Que
cada um assumiria,
E
na vontade da maioria.
A
rousseauniana visão de um homem bom
No
original estado de natureza
À
literatura indianista brasileira deu o tom:
José
de Alencar, com Ubirajara, O Guarani e Iracema,
Gonçalves
Dias, com Os Timbiras e I-Juca-Pirama.
Nestes
exemplos de livros e noutros
Destaca-se
o índio forte, denodado, valoroso,
De
porte firme e corajoso,
Moralmente
preocupado com os outros,
Fruto
de um idealizado mundo natural.
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