domingo, 6 de dezembro de 2015

REPENTE FILOSÓFICO: (Prof. José Antônio Brazão.)

Repente é um tipo de música improvisada popular, muito presente no Nordeste do Brasil. Ela combina versos e rimas em torno de uma temática dada ou proposta (ex.: futebol, sogra, mulher, homem, o mundo e muitas outras temáticas). O repente, muitas das vezes, é cantado por um ou dois cantores (ou mais), chamados repentistas. Por conta de suas rimas, de sua sonoridade e de sua rica expressividade, além do caráter popular, o repente pode, com certeza, tornar-se um rico recurso de ensino-aprendizagem de Filosofia! Um exemplo possível, que pode ser melhorado:

REPENTE DO FILÓSOFO FRANCÊS: (Prof. José Antônio Brazão.)

(Refrão)

As ideias filosóficas

Vale a pena estudar

A filosofia de Descartes

Pra você eu vou contar.

(Estrofe 1)

Descartes foi um filósofo francês

Entender o conhecimento

Da cabeça e da vida alimento

Foi uma das coisas que ele fez.

(Refrão.)

(Estrofe 2.)

Também foi matemático

Descobriu as coordenadas

Que no estudo algébrico e geométrico

Cartesianas são chamadas.

(Refrão.)

(Estrofe 3)

Ele escreveu as meditações

Dos fundamentos do conhecimento

São verdadeiras reflexões

Para deste encontrar o primeiro fundamento.

(Refrão.)

(Estrofe 4)

Para melhor o conhecimento entender

Uma viagem pelo pensamento

Ele resolveu empreender

Pondo em dúvida todo intento.

(Refrão.)

(Estrofe 5)

Hiperbólica chama-se a dúvida

Com o rigor da matemática

Igualmente tida por metódica

Como um caminho em sua ida.

(Refrão.)

(Estrofe 6)

Duvidando dos sentidos

Por quanto são enganosos

Desde o início firmemente

O caminho foi seguido.

(Refrão.)

(Estrofe 7)

Imaginou um espírito enganador

Que a matemática lhe ensinou

A esta resolveu pôr em dúvida

Para não cair nas manhas do ludibriador.

(Refrão.)

(Estrofe 8)

Radicalizou tanto a dúvida

Que, após duvidar até de Deus,

Até ao fundo do poço chegou

E algo, enfim, ali encontrou.

(Refrão.)

(Estrofe 9)

Existir uma primeira certeza ele concluiu

Tendo descoberto o cogito

Eu penso, eu existo

Foi o que Descartes descobriu.

(Refrão.)

(Estrofe 10.)

Na mente a existência de uma ideia inata

Descartes percebeu

De Deus era essa ideia

Que com ele nasceu.

(Refrão.)

(Estrofe 11)

Deus é criador do mundo

E do mundo a existência

A certeza felizmente pôde ter

E portanto é certo de cada sentido o perceber.

(Refrão.)

(Estrofe 12)

Da matemática também tomou acerto

Pois o Divino Deus

Não permitiria um dos filhos seus

Ser enganado por um espírito astuto.

(Refrão.)

(Estrofe 13)

Nesse caminho de volta

Descartes pôde finalmente confirmar

Que a razão humana por ser a base

Com os conhecimentos as pessoas podem muito realizar.

(Refrão.)

(Estrofe 14)

Hoje as coordenadas cartesianas

Permitem gráficos e cálculos elaborar

E o pensamento, cogitando,

Grandes ideias formular.

(Refrão.)

(Observação: Esta proposta de repente de Filosofia pode ser melhorada, corrigida, reelaborada, musicalizada. Outros repentes podem ser criados por docentes e estudantes. O texto é também poesia muito simples. Tem finalidade educativa.)

A música popular (aqui, especificamente, o repente) pode ser um rico veículo de aprendizado de Filosofia e de outros componentes curriculares na escola. E é boa como meio de memorização e de mais tranquila compreensão dos conteúdos nela expressos.



Esta atividade pode ser feita em parceria da Filosofia com a Língua Portuguesa. Trabalhando interdisciplinarmente, tanto um componente curricular quanto o outro poderão se ajudar imensamente, aprimorando, corrigindo e combinando ideias para um aprendizado mais efetivo e eficaz de ambos componentes, além de outros possíveis que também poderão fazer parte de tal trabalho, como a História e a Geografia.

Outros tipos de músicas poderão ser trabalhados, de diferentes regiões do Brasil, entrando também no campo da Arte, outro componente curricular valiosíssimo nos ensino médio e fundamental, tendo em vista que a música é uma arte por excelência. O aprendizado de Filosofia pode tornar-se muito mais interessante com esses diálogos interdisciplinares. As e os estudantes poderão perceber ainda mais que existe uma conexão profunda entre as diferentes áreas de conhecimento.

No que tange à Língua Portuguesa, a escrita poética das palavras contidas no repente e em outros tipos de músicas, sua versificação rigorosa ou livre, suas rimas ricas e\ou pobres, sua sintaxe e tantos outros elementos do estudo da língua poderão ser explorados. E, ao mesmo tempo em que lê, elabora, analisa e ouve as músicas, como o repente, cada estudante passa a ter mais condições de aprender mais clara e criativamente a Filosofia! Um repente que trate da filosofia moderna e de suas características pode falar do neoplatonismo renascentista, com as traduções de Platão e de outros filósofos neoplatônicos, no chamado classicismo (busca renascentista de inspiração nos modelos antigos, greco-romanos). Poemas de amor de Camões e Shakespeare, por exemplo, relatam bem esse neoplatonismo.

No que diz respeito à História, o repente e outras músicas criadas poderão conter pontos de contextualização, que permitam, no modo poético de exposição musical, perceber que cada pensador(a), filósofo e\ou filósofa, situa-se num dado momento do tempo histórico das sociedades humanas e da filosofia. O mesmo com a Geografia, etc.

Com o trabalho interdisciplinar todo mundo tem muito a ganhar, como se pode perceber. Professor(a) de Filosofia, proponha essa ideia. E crie!
 
 
 

Um comentário:

Adriana disse...

Sou professor de História e filosifia e sou sou fã do seu
Método de ensinar.