UMA BELA
HISTÓRIA (Prof. José Antônio Brazão.)
Uma
bela história registrar
O
nascimento da filosofia
Em
suas origens
Eu
vou narrar.
No
início, de deuses e deusas
Por
mitos se contava
Histórias
fabulosas
Que
a imaginação criava.
Deusas
e deuses, de imensos poderes,
Na
natureza e no cosmos atuavam
Para
obter seus favores
Os
seres humanos oravam.
Poetas
chamados aedos
E
outros conhecidos por rapsodos
Em
seus poemas os cantavam
E feitos
divinos registravam.
Agricultura,
comércio, guerras e escravidão
Póleis,
cidades-estados, a crescer
Monumentos
e magníficos prédios em construção
Nesse
contexto, novas ideias a florescer.
Por
toda a Grécia antiga
Aqueles
poetas se espalhavam
De
deuses e deusas até alguma intriga
Não
ocultavam.
Muito
humanos os seres divinos pareciam
Seres
poderosos eram com certeza
Eternos
e imortais os relatos os definiam
Dos
poetas que os contavam com presteza.
Ouvindo
de outros povos pessoas comuns e mercadores
De
deusas e deuses as histórias que contaram
Alguns
homens argutos e observadores
Por
serem diferentes desconfiaram.
Querendo
melhor a natureza e o mundo entender
Respostas
mais claras e profundas queriam achar
Observações
e estudos começaram a empreender
E
em princípios criam as poder encontrar.
Nas
colônias gregas viviam
Da
Ásia Menor e da Magna Grécia
Buscando
fugir das certezas a inércia
Contrapondo
ao que os mitos diziam.
O
primeiro princípio foi a água
Do
filósofo Tales de Mileto
Para
além dos mitos navegava
Certo
de que por ela tudo é feito.
A
seguir, outros princípios
Por
filósofos
Foram
levantados
Dando
à filosofia seus inícios.
Dizia
Anaxímenes que tudo do ar viera
Anaximandro,
de um tal Ápeiron
Ou
da terra de Xenófanes de Cólofon
Todo
existente nascera.
Dos
números surgiu o cosmos, como na música os sons
Segundo
o filósofo de Samos, que Pitágoras se chamava,
Da
música a harmonia o inspirava
Percebendo
nela o enlace de diferentes tons.
Da filosofia o nome se originou
Do fato de que, com muita alegria,
Por crer-se amigo da sabedoria
Pitágoras filósofo se chamou.
De
fogo, o princípio, para Heráclito de Éfeso
Todo
existente se compõe
Mas
algo mais viu o filósofo:
Em
tudo o devir-movimento se dispõe.
Parmênides
de Eleia a Heráclito contradiz
Movimento
é ilusão
Para
os olhos falsa diversão
Mas
que de nada é matriz.
Em
Eleia outro filósofo apareceu
Zenão
por nome tratamento
Do
mestre Parmênides o pensamento
Na
forma de argumentos defendeu.
Empédocles
quatro princípios resolveu juntar
Ar,
água, terra e fogo
Que
variados seres formam logo
Ao
dar-se em precisos modos seu combinar.
Anaxágoras
minúsculas partículas dizia
Comporem
toda a pluralidade
Por
disporem, em cada diverso, igualdades
Cada
uma delas denominou homeomeria.
Leucipo
e Demócrito observaram dos seres o dividir
A
existência de muitas partículas indivisíveis
Aos
olhos humanos, sozinhas, invisíveis
Usando
a inteligência, acabaram por concluir.
Os
átomos, indivisíveis partículas eram tidas,
Milênios
depois, por cientistas comprovados
Postos
em tabela por períodos dividida
Hoje,
por fissão nuclear estilhaçados.
Da
filosofia a grande história aí se iniciou
Com
o uso do logos-palavra-razão-discurso
Nas
colônias da antiga Grécia o curso
De
um novo modo de pensamento se firmou.
Vale
lembrar que um modo de apresentação do pensamento filosófico, em suas origens,
na Grécia antiga, foi a poesia, seguindo o modo poético de exposição dos
próprios mitos gregos – por exemplo: Homero e Hesíodo. A poesia foi,
seguramente, um meio didático de histórias no passado, como entre os gregos
mencionados, e pode, hoje também, contribuir para uma exposição rica de ideias
filosóficas. Poesias que tratem da história da filosofia poderão ser feitas
pelo(a) professor(a) e por estudantes, de diferentes turmas, que possam com as
suas contribuir. Nesse sentido, é bom que seja feito um arquivo de poesias,
seja numa pasta de papel, seja em pasta de computador, as quais poderão ser
trocadas e apresentadas em turmas e grupos diversos. Ademais, de preferência,
que sejam feitas em diálogo fecundo com a Língua Portuguesa. O trabalho interdisciplinar
pode ser, portanto, muito valioso.
A
poesia facilita a assimilação de conteúdos, podendo enriquecer imensamente o
aprendizado, quer seja de Filosofia, quer de Língua Portuguesa, quer de Arte, a
qual também pode entrar no trabalho interdisciplinar. Com efeito, ao lidar com
a poesia, cada estudante toma contato com a versificação, a construção de
estrofes, com as rimas e sílabas poéticas, entre outros elementos do estudo
linguístico da poesia. Mais diálogos interdisciplinares são possíveis: com a
História, com a Geografia, a Matemática, etc.
Outro
elemento que a criação de poesias filosóficas põe em ação é o aprendizado de
novas palavras, por conta da poesia demandar leituras, pesquisa, estudo de
recursos poéticos, etc. Poesias simples, sem muito rigor, pelo fato de nem o(a)
professor(a) de Filosofia, nem as suas e os seus estudantes serem poetas de
profissão. Vale a pena tentar. Para tanto, o conhecimento, advindo do
aprendizado constante, tornar-se imprescindível: conhecimento básico de
filosofia, de língua portuguesa e da arte.