quinta-feira, 13 de agosto de 2015

PEQUENAS OBRAS FILOSÓFICAS E OUTRAS QUE POSSIVELMENTE PODEM SER LIDAS POR ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO (Prof. José Antônio Brazão)


LIVROS BÁSICOS  E CURTOS DE FILOSOFIA E INTERDISCIPLINARES QUE PODEM POSSIVELMENTE SER LIDOS POR ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO (Prof. José Antônio Brazão.)

A maioria dos livros citados a seguir são curtos, com menos de cem páginas ou pouco mais e nada além, em formato pequeno ou de bolso, podendo ser lidos e relidos em um espaço pequeno ou médio de tempo. É claro, é preciso levar em conta o grau de aprendizagem de cada turma, de cada ano do ensino médio, da escola em que você, professor(a) de Filosofia, trabalha. De um modo geral, podem, com certeza, ser lidos sem grandes dificuldades. Exercícios adaptados, debates, apresentações, entre outros meios de avaliação poderão ser solicitados e ajudar no reforço e compreensão dos livros que venham a ser lidos.

OPÚSCULOS FILOSÓFICOS E OUTRAS OBRAS DE POSSÍVEL LEITURA NO ENSINO MÉDIO:

A Ilíada. De Homero. Em forma de poema. É um pouco extenso, mas poético e belo. Mitologia grega!

A Odisseia. De Homero. Em forma de poema. Também um pouco extenso, mas muito interessante, como A Ilíada. Mitologia grega!

A Peste. De Albert Camus. Um pouco mais extenso, mas tem uma linguagem boa e é muito rico, tratando da existência humana e de valores nela contidos, como a amizade, a perseverança, a coragem de lutar, entre outros.

Apologia de Sócrates. De Platão.

Assim Falou Zaratustra. De Friedrich Nietzsche. É um pouco mais extenso, mas é uma obra-prima e tanto da filosofia ocidental. É denso, mas não difícil. Curiosamente, como a Utopia, de More, A Nova Atlântida, de Bacon, e Cândido, de Voltaire, trata de uma viagem do profeta Zaratustra, o anunciador do Além-do-Homem (ou Super Homem) e do eterno retorno do mesmo.

Cândido. Outro conto de Voltaire.

Cartas a Lucílio. De Sêneca. Um livro em que Sêneca, filósofo estoico romano, deixa transparecer marcas do estoicismo. Toca em temas da vida.

Cartas Filosóficas. De Voltaire.

Confissões. De Jean-Jacques Rousseau. Segue o estilo de Agostinho. Do século XVIII. Trata das vicissitudes (idas e vindas, coisas boas e ruins, da vida humana) da vida de Rousseau.

Confissões. De Santo Agostinho. É um pouquinho longo, em relação a outros citados, mas muito bom. Tem discussões sobre o tempo que são um primor e apresenta pontos da filosofia patrística muito bons!

Críton. De Platão.

Ecce Homo. De Nietzsche. Apresenta posições fortes de Nietzsche em relação ao cristianismo e ao platonismo. As discussões de Nietzsche em torno do cristianismo e do platonismo põem também em discussão a lógica de rebanho (palavra que hoje tem um paralelo: massa – por exemplo: comunicação de massa –, que, no fundo, pode traduzir parte do pensamento nietzschiano), o fanatismo e a intolerância religiosa (e social). Pode ser interessante comparar com a indústria cultural, de Adorno e Horkheimer, os quais também estudaram aquele filósofo.

Elogio da Loucura. De Erasmo de Roterdã.

Emílio ou Da Educação. De Jean-Jacques Rousseau. (Extenso. Talvez, por conta da extensão. Não é nada curto, mas tem um linguajar razoável.)

Entre quatro paredes. De Jean-Paul Sartre. Peça teatral que põe em discussão diversos temas existencialistas, dentre os quais o amor homossexual e  heterossexual. Muito atual!

Fédon. De Platão. (Talvez a trilogia ApologiaCrítonFédon, tendo em vista o fato de formarem uma sequência.)

Manifesto do Partido Comunista. Karl Marx e Friedrich Engels.

Micrômegas. Conto de Voltaire.

No que acredito. De Bertrand Russell.

Nova Atlântida. De Francis Bacon.

O Banquete. De Platão. (É um pouco mais longo, porém discute o tema do amor e questões acerca dele que são atuais, como, por exemplo, a androginia.)

O Contrato Social. De Jean-Jacques Rousseau.

O Ensaiador. Também de Galileu Galilei. (Filosofia da Ciência.)

O livre arbítrio (De libero arbítrio). Santo Agostinho.

O Mensageiro das Estrelas. De Galileu Galilei. (Filosofia da Ciência.)

O Mundo de Sofia. De Jostein Gaarder. Romance de história da filosofia, próprio para adolescentes e jovens.

O Nascimento da Tragédia. Também de Nietzsche. Talvez, por ser um pouco mais exigente e denso, mas é curto. Fala dos princípios apolíneo e dionisíaco na arte grega. Para quem gosta de arte grega, ou tem curiosidade em relação a ela, vale a pena.

O Príncipe. De Nicolau Maquiavel.

Os contos de Voltaire – talvez todos [ou alguns (veja 8 e 9)], ainda que um pouco extenso.

Os Filósofos Pré-Socráticos. De Gerd Bornheim. Curto e interessante.

Os Lusíadas. De Luís Vaz de Camões. Livro de literatura portuguesa. Dispõe de um elemento que pode ser trabalhado interdisciplinarmente com a Filosofia: a mitologia greco-romana. Manifesta bem o classicismo e o humanismo típicos do Renascimento. Pode ilustrar e enriquecer aulas sobre mitologia e outras.

Sonetos. De Camões. Outro livro de literatura, mas que mostra uma forte marca do amor platônico, do neoplatonismo renascentista. É de Língua Portuguesa. A interdisciplinaridade pode enriquecer bem o aprendizado, tanto o da língua, quanto o de Filosofia. Talvez possa ser lido com O Banquete, de Platão, de modo paralelo.

Teogonia. De Hesíodo. Existe tradução dela para o português, recente. É um texto curto, belíssimo.

Utopia. De Thomas More.

OBS.: Professor(a), você pode fazer um levantamento e acrescentar outros à lista. No mais, faça bom uso desta proposta.

OBRAS DE APOIO CURTAS:

A Vingança de Ishtar. Ludmila Zeman (ilustradora). Editora Projeto. (Temática: Mitologia babilônica).

Última Busca de Gilgamesh. Ludmila Zeman (ilustradora). Editora Projeto. (Temática: Mitologia babilônica).

Rei Gilgamesh. Ludmila Zeman (ilustradora). Editora Projeto. (Temática: Mitologia babilônica).

Fernão Capelo Gaivota. De Richard Bach. (Temáticas: Existência, busca de superação, aprimoramento do ser.)

Mitos Brasileiros em Cordel. De César Obeid. Editora Salesiana.

O Mensageiro das Estrelas. De Peter Sís. Editora Ática. (Temática: Galileu Galilei.) Livro ilustrado.

O Pequeno Príncipe. De Antoine de Saint-Exupéry. (Temáticas: amizade, busca do conhecimento, existência, etc.).   Outros: levantamento!

Professor(a) de Filosofia, faça um levantamento de mais livros curtos (opúsculos) de filosofia e de apoio que possam auxiliar no aprendizado de seu componente curricular de ensino. Onde você pode fazer esse levantamento:

1)      Na biblioteca ou sala de leitura de sua escola.

2)      No site Domínio Público. Entre com o nome Domínio Público num site de pesquisa e vá a esse site. Lá encontram-se obras diversas, disponibilizadas gratuitamente. De repente, se sua escola tiver laboratório de informática, a leitura de cada estudante poderá ser feita nos computadores que aí estiverem à disposição.

3)      Numa biblioteca pública.

4)      Em sites da internet. Procure por: sites de livros de filosofia gratuitos.

5)      Junto às turmas de estudantes. Podem, talvez, se encontrados(as) alguns(mas) que dispõem de livros em casa. Peça que tragam para a escola e\ou que leiam em casa.

6)      Em bancas de revistas. Há livros de filosofia e de literatura mundial que costumam ser vendidos de forma barata em bancas de revistas (revistarias).

7)      Outros. Procure!

Como conseguir livros de filosofia e outros para a biblioteca de sua escola: (1) Verbas que possam ser solicitadas ou em que os livros possam ser incluídos. (2) Pedidos de doações à comunidade escolar (pais, mães, familiares, colegas, etc.). (3) Campanhas de arrecadação de livros, de tempos em tempos, na escola. (4) Venda de recicláveis (p.ex.: latinhas) para a compra de livros. Esse material pode ser obtido com a comunidade. (5) Sebos, que costumam vender bons livros, de forma barata. Etc. Investigue e aja!
Exemplo de uma obra lida por estudantes escolhidas no Colégio Estadual Deputado José de Assis, de Goiânia, GO: o opúsculo NOVA ATLÂNTIDA, de Francis Bacon (interdisciplinaridades: Língua Espanhola e Língua Portuguesa). Veja as imagens:













 
A leitura o livro (opúsculo) Nova Atlântida, do filósofo inglês empirista Francis Bacon, do século XVII, foi uma proposta que fiz a algumas alunas escolhidas, como leitura, a partir de um roteiro dado. Esse roteiro, como se pode ver nas imagens, inclui análise de aspectos linguísticos, históricos e filosóficos, além de uma redação em língua portuguesa.
Todos os trabalhos ficaram excelentes, apesar de pequenas falhas aqui e ali, normais. Todos ficaram excelentes, em razão de ter sido a primeira vez que pedi uma leitura completa de obra filosófica a estudantes de ensino médio. Eu queria ver se o grupo conseguiria ler um livro básico de filosofia, de relativamente fácil leitura, e interpretá-lo e que o lessem em espanhol, por conta da Língua Espanhola ser uma matéria estudada nos três anos do ensino médio. Ao final, pedi que ajudassem Francis Bacon a elaborar uma conclusão para seu livro, pois, por conta de seu falecimento, o filósofo deixou-o inacabado. Essa conclusão, na verdade, foi e é um exercício que demanda atenção, boa leitura e criatividade, levando em consideração o tempo em que foi escrita a obra (neste caso, o século XVII).
Foi, para mim, uma experiência muito interessante e gratificante, superando minhas expectativas. Experiência que abre possibilidade para outras propostas de leituras futuras, para grupos maiores de estudantes.
Às três estudantes, Carolina, Laísa Beatriz, ambas do terceiro ano do ensino médio, e Maria Luísa, do segundo ano, meus sinceros e imensos agradecimentos, por conta de seu empenho, de seu esforço e da capacidade que demonstraram na realização do desafio proposto. A vocês, meu muito obrigado!

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