domingo, 17 de agosto de 2025

TERCEIRO BIMESTRE - AULA 25 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS ANOS. KARL MARX E FRIEDRICH ENGELS em poesia (Prof. José Antônio Brazão.)

 

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

TERCEIRO BIMESTRE

AULA 25 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS ANOS:

O TRABALHO EM MARX, DURKHEIM E WEBER:

KARL MARX E FRIEDRICH ENGELS (Prof. José Antônio Brazão.)

 

Dezenove e vinte os séculos

Do neocolonialismo grande expansão,

Do capitalismo e seus tentáculos

E de humana grande exploração.

 

Séculos de científicas

Ainda maiores descobertas

Químicas, biológicas e físicas:

Um mundo novo de portas abertas.

 

Séculos de filosóficas reflexões,

Ideias novas e novas temáticas

Capazes de levar a revoluções

Na história e até nas matemáticas.

 

Na Alemanha, um menino nasceu,

Karl Marx, de família judia,

Ao luteranismo, por trabalho, convertida,

Que em Tréveris se estabeleceu.

 

Da herança judaica

Imenso desejo pelo conhecimento,

Desde muito jovem, da teoria à prática,

Alcançou com bom entendimento.

 

Na Faculdade de Direito

Os caminhos do pai advogado

Marx deveria seguir o empreito,

Mas seria pela História e a Filosofia entusiasmado.

 

À Filosofia e à História pôs o interesse a verter,

À Economia, desejando seus fundamentos,

Com muita dedicação, entender,

E nelas fez grandes empreendimentos.

 

Marx, de Jenny enamorado,

Com ela veio a ser casado.

Pais de sete filhos e filhas,

Ampliou-se a família.

 

Karl Marx, o alemão,

Por meio de ideias, ações e textos críticos,

Viria a chamar muita atenção

De governos e grupos contrários.

 

Perseguições sofreu com ferina sanha,

Bem com exílios:

Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha,

Indo de um lugar a outro com esposa e filhos.

 

Na Bélgica amizade fez com Engels,

Ambos agora do Partido Comunista.

Juntos escreveram várias obras,

Adentrando nas bases do sistema capitalista.

 

Marx estudou com presteza

De Hegel o pensar dialético,

A economia política inglesa

E o socialismo utópico.

 

Investigando a humana história,

Modos de produção Marx descobriu

E neles a luta de classes via

Como um condutor fio.

 

No Manifesto do Partido Comunista,

De modo claro essa luta aparece

De forma tão bem descrita

Que a leitores facilmente esclarece.

 

Senhores versus escravos,

Patrícios versus plebeus,

Seres pela exploração marcados

Contra os cruéis exploradores seus.

 

Marx e Engels a hegeliana dialética

No entendimento da história aplicaram

Para além da visão idealística

A realidade humana concreta apresentaram.

 

Não é a consciência, diz Marx,

Da vida material a determinante,

Mas a vida material que é capaz

De determinar o mundo consciente.

 

A história não é guiada pelo hegeliano Espírito,

Mas pelo de classes aberto conflito,

Em diferentes modos de produção,

Fruto da natureza, pelo trabalho, a transformação.

 

Influenciados pela análise feuerbachiana

A respeito da religiosa alienação,

Ambos a perceberam na geração do capital insana,

Em que o trabalhador não se vê como chave da produção.

 

Do homem e do trabalho é bem revelada,

Em “Eu, etiqueta”, da alienação a verdade,

Por escritor brasileiro, em poema, retratada:

Carlos Drummond de Andrade.

 

OBS.: Ler, discutir e analisar, com as turmas, o texto do poema EU, ETIQUETA, de Carlos Drummond de Andrade, fazendo ligação entre o estudo da Sociologia e o da Literatura – caráter interdisciplinar. Diálogo com a Língua Portuguesa.

 

POEMA EU, ETIQUETA – de Carlos Drummond de Andrade:

 

Em minha calça está grudado um nome

que não é meu de batismo ou de cartório,

um nome... estranho.

Meu blusão traz lembrete de bebida

que jamais pus na boca, nesta vida.

Em minha camiseta, a marca de cigarro

que não fumo, até hoje não fumei.

Minhas meias falam de produto

que nunca experimentei

mas são comunicados a meus pés.

Meu tênis é proclama colorido

de alguma coisa não provada

por este provador de longa idade.

Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,

minha gravata e cinto e escova e pente,

meu copo, minha xícara,

minha toalha de banho e sabonete,

meu isso, meu aquilo,

desde a cabeça ao bico dos sapatos,

são mensagens,

letras falantes,

gritos visuais,

ordens de uso, abuso, reincidência,

costume, hábito, premência,

indispensabilidade,

e fazem de mim homem-anúncio itinerante,

escravo da matéria anunciada.

Estou, estou na moda.

É duro andar na moda, ainda que a moda

seja negar minha identidade,

trocá-la por mil, açambarcando

todas as marcas registradas,

todos os logotipos do mercado.

Com que inocência demito-me de ser

eu que antes era e me sabia

tão diverso de outros, tão mim mesmo,

ser pensante, sentinte e solidário

com outros seres diversos e conscientes

de sua humana, invencível condição.

 

Agora sou anúncio,

ora vulgar ora bizarro,

em língua nacional ou em qualquer língua

(qualquer, principalmente).

E nisto me comparo, tiro glória

de minha anulação.

Não sou - vê lá - anúncio contratado.

Eu é que mimosamente pago

para anunciar, para vender

em bares festas praias pérgulas piscinas,

e bem à vista exibo esta etiqueta

global no corpo que desiste

de ser veste e sandália de uma essência

tão viva, independente,

que moda ou suborno algum a compromete.

Onde terei jogado fora

meu gosto e capacidade de escolher,

minhas idiossincrasias tão pessoais,

tão minhas que no rosto se espelhavam

e cada gesto, cada olhar

cada vinco da roupa

sou gravado de forma universal,

saio da estamparia, não de casa,

da vitrine me tiram, recolocam,

objeto pulsante mas objeto

que se oferece como signo de outros

objetos estáticos, tarifados.

Por me ostentar assim, tão orgulhoso

de ser não eu, mas artigo industrial,

peço que meu nome retifiquem.

Já não me convém o título de homem.

Meu nome novo é coisa.

Eu sou a coisa, coisamente.

 

REFERÊNCIAS:

RODRIGUES, Stefany. Maré de Livros. Disponível em: < https://maredelivross.wordpress.com/2016/11/06/poema-eu-etiqueta-por-carlos-drummond-de-andrade/ > Acesso em 15/08/2025.

ROMEIRO, Julieta et alii. Diálogo: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São Paulo, Moderna, 2020. (Seis volumes.) [Conjunto de livros didáticos.]

TERCEIRO BIMESTRE - AULA 25 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS. AS FILOSOFIAS DE PLATÃO E ARISTÓTELES (Prof. José Antônio Brazão.)

 

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

TERCEIRO BIMESTRE

AULA 25 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS

AS FILOSOFIAS DE PLATÃO E ARISTÓTELES (Prof. José Antônio Brazão.)

 

Rodeado de amigos, até o último dia,

Com eles Sócrates tratou da alma a imortalidade,

Defendendo-a, por argumentos, como bem sabia,

Diante dos deuses comparecer, plena liberdade.

 

Serem bons homens e cidadãos

Aos amigos Sócrates pedia,

Pelo bem da cidade cada ação

Respeitar as leis deveria.

 

Discípulos de suas palavras lembraram

Para as socráticas ideias não perder

A forma de diálogo Platão e Xenofonte aplicaram

E por palavras e escritos as resolveram vivas manter.

 

Nos socráticos platônicos diálogos, o amor, o poder e a guerra,

Por seu valor, vieram a aparecer,

Também coisas divinas e coisas da Terra,

A atenção do discípulo filósofo puderam merecer.

 

Enfrentando do pensamento novos desafios, divergindo dos sofistas,

Filósofos-professores no mundo grego itinerantes,

Para além das ideias desses pensadores relativistas,

A verdade e os valores são realidades vivas e operantes.

 

Platão, seguindo os passos do mestre,

Muito dele, por anos, incansavelmente, aprendeu

E mesmo com a morte de Sócrates

De seus pensamentos e valores jamais se esqueceu.

 

Da caverna um mito ou alegoria

N’A República uma história a todos contou

Uma prisão de pessoas, sem vera alegria,

Naquele lugar subterrâneo imaginou.

 

Homens, mulheres, meninas e meninos

Naquela caverna, voltados para um paredão

Se encontravam presos desde pequeninos

E ali de sombras vistas criam na ilusão.

 

Certo dia, um dos prisioneiros foi liberto

Obrigado a sair, ficou da luz de uma fogueira quase cego,

Mas por um caminho a saída e lá fora, por esforço certo,

Vendo coisas novas, a verdade, superou o mal do ego.

 

Voltando à antiga prisão,

Para as coisas belas e novas lá de fora

Dos amigos e amigas chamou a atenção

Sair da caverna seria, de fato, boa hora.

 

Apesar de pelos ex-companheiros mal julgado,

O liberto não desistiu

Da verdade, insistente e ousado,

Ainda que sob risco de morte servil.

 

Para além daquela imaginária história,

Num mundo imutável Platão vinh’acreditar

Das ideias, formas perfeitas e eternas, pela memória,

Reminiscência, meio para as almas presas do sensível mundo se libertar.

 

No mesmo político livro, sem aristofânicas galhofas,

Uma cidade ideal o filósofo apresentou,

Governada por filósofos e filósofas

O platônico pensamento a vislumbrou.

 

Em diálogos, seguindo do antigo mestre a ironia e a maiêutica,

Sobre o amor, a imortalidade e a justiça ele escreveu

Das discussões à maneira socrática

Calorosos debates Platão descreveu.

 

Em Atenas, uma nova escola Platão fundou

Da filosofia e das verdadeiras ciências o conhecimento

Nova maneira de encarar se disseminou,

Abrindo de grandes discípulos, por séculos, o entendimento.

 

Destacando-se entre todos, na Academia, entre eles,

Um macedônico discípulo apareceu,

Nobre intelectual, filho de médico da corte, Aristóteles,

O Leitor por Platão apelidado, o nome era seu.

 

Tendo muito lido e por imenso empenho se destacando,

Aristóteles homem extremamente culto se tornou,

Do mestre Platão, um mundo das Ideias não aceitando,

Nem ideais, uma filosofia muito própria fundou.

 

Em seus livros, condensou-se o aristotélico conhecimento:

Política, Ética, Física, Metafísica, do mundo e da natureza,

Pois por muitos temas  interessou-se seu filosófico pensamento

E sobre todos eles escreveu e, no Liceu, ensinou com saber e destreza.

 

Ideias grandes teve o estagirita,

Por estudos muitos contidas no pensamento,

Do mundo seria mais rica pepita,

De aurífera grandeza, o conhecimento.

 

Sabendo de Empédocles as sentenças,

Aristóteles concordou que por quatro elementares

Princípios são feitas as coisas terrenas:

Terra, água, ar e fogo, esteios basilares.

 

Conforme reflexões do agrigentino,

Arqués unidas por força do Amor

E desarticuladas pelo Ódio ferino,

Princípios de união e desagregação.

 

Para dar à linguagem fundamentação,

Criou Aristóteles o raciocínio silogismo:

De duas premissas tirando a conclusão,

Na lei geral o caso particular necessaríssimo.

 

Do que são os céus feitos,

Perguntava-se o peripatético,

De modo a serem tão perfeitos,

Senão do éter puro, arquetípico?

 

Do aristotélico éter a tese, há tempos, descartada,

Hoje, de cósmicas ondas gravitacionais o requinte,

Na união espaço-tempo, a hipótese comprovada

De um germânico cientista do século vinte.

 

Mas para Aristóteles e seu tempo um universo geocêntrico

Era, por conta do senso comum, uma imensa certeza,

Composto de planetares círculos concêntricos,

De cósmica harmonia e extrema beleza.

 

Sobre a queda dos graves corpos refletindo

Na sublunar, terrena, realidade,

O mais pesado ao chão primeiro acaba indo

Eis algo do que cria ser a mais pura verdade.

 

Matutando da ética o humano destino,

Acerca do que seria a virtude

Concluiu ser esta do meio o caminho,

Como a temperança, no alimentar boa atitude.

 

 

OUTRA AULA (AULA 27): A TEORIA DAS QUATRO CAUSAS DE ARISTÓTELES.

 

REFERÊNCIA:

ROMEIRO, Julieta et alii. Diálogo: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São Paulo, Moderna, 2020. (Seis volumes.) [Conjunto de livros didáticos.]

 

domingo, 10 de agosto de 2025

TERCEIRO BIMESTRE - AULA 24 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS ANOS. O TRABALHO EM MARX, WEBER E DURKHEIM. PARTE 1: KARL MARX (1818 -1883) - O PODER A NÍVEL AMPLO, SOCIAL E ECONÔMICO (Prof. José Antônio.)

  

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

TERCEIRO BIMESTRE

AULA 24 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS ANOS:

O TRABALHO EM MARX, WEBER E DURKHEIM (Prof. José A. Brazão.)

PARTE 1: KARL MARX (1818 -1883) - O PODER A NÍVEL AMPLO, SOCIAL E ECONÔMICO  (Prof. José Antônio.)

(Usar MAPAS, LIVROS DE ARTE E BANNERS da biblioteca da escola. Complemento\exposição.)

Karl Marx, alemão, viveu no século XIX e teve uma tripla formação intelectual: economia, filosofia e história.

Para bem compreender suas ideias é preciso situá-lo no contexto histórico em que viveu. O século XIX presenciou a afirmação definitiva do modo de produção capitalista. A burguesia, que vinha sendo ainda mais enriquecida com a revolução industrial, há mais de um século, reforçou sua exploração sobre os trabalhadores, cuja forma principal era e ainda é o que Marx chamou de mais valia, isto é, um trabalho extra, não pago ao trabalhador, que se transforma em lucro para os capitalistas, dentre os quais podiam se destacar industriais, comerciantes, grandes fazendeiros, grandes banqueiros e outros enriquecidos. Em cada indústria, fábrica, a exploração era intensa.

A exploração dos trabalhadores nas fábricas era terrível e fonte de altos lucros para os capitalistas. Homens, mulheres e até crianças trabalhavam 14, 15, 16 horas a fio, em troca de um mísero salário. A imensa miséria do proletariado (trabalhadores) constrastava com a enorme riqueza dos poucos donos dos meios de produção, do capital. Não havia direitos trabalhistas definidos legalmente, de forma nítida. Estes, com efeito, vieram a ser fruto de muitas lutas e mesmo de mortes de muitos trabalhadores. Milhares e milhares de crianças eram obrigadas a trabalhar nas fábricas para complementar aquilo que os pais recebiam e, como as mulheres, recebiam pagamentos inferiores aos dos homens e adultos. A exploração é histórica.

O que cada trabalhador e os trabalhadores recebiam servia basicamente para a sobrevivência e à reprodução da força de trabalho, ou seja, poderem trabalhar no dia seguinte e serem obrigados a isto. Os lucros dos capitalistas eram exorbitantes.

Diante desta realidade, e já tendo tido contato com sindicatos e grupos de luta em prol dos trabalhadores, Marx engajou nessa luta, seja diretamente, através de participação em passeatas, manifestações e no Partido Comunista, seja através de um estudo sistemático e minucioso do funcionamento do sistema capitalista, buscando uma compreensão mais profunda de suas raízes na própria história humana. Marx, de fato, foi um grande pesquisador, cientista político-econômico e filósofo, homem muito culto. Todas as suas obras praticamente nasceram desse empenho pela compreensão da realidade histórica, econômica e filosófica.

Dentre as pessoas com quem conviveu encontrou-se Friedrich Engels, filho de um industrial alemão. Outro homem de excepcional cultura que, como Marx, também interessava-se por economia, história e filosofia, além de dispor de grande cultura geral. Sua parceria com Marx se manifestou na participação no Partido Comunista e na elaboração de diversas obras pessoais e, algumas, conjuntas, sempre trocando ideias entre si. Juntos, a pedido do Partido Comunista, elaboraram o Manifesto do Partido Comunista (ou, simplesmente, Manifesto Comunista), no qual tratam de temas como a exploração capitalista, as lutas dos trabalhadores, as contradições internas do capitalismo, o socialismo e o comunismo, terminando por convocar os trabalhadores do mundo inteiro à luta em prol de uma nova sociedade, livre das relações de exploração entre os homens e, mais especificamente, livre da exploração capitalista. A frase final é, justamente: “Trabalhadores de todos os países, uni-vos.”

Dentre as influências teóricas sofridas pelo pensamento de Karl Marx encontram-se a dialética hegeliana, a economia política inglesa e o pensamento dos chamados socialistas utópicos.

Friedrich Hegel (1770 – 1831), filósofo alemão, havia dito que o espírito (a cultura e as realizações intelectuais) evolui dialeticamente, isto é, por meio da contradição interna, que se encontra em sua evolução, com diferentes etapas, não destruídas ou separadas de forma estanque, mas que são assimiladas e superadas através de um processo de tese (afirmação), antítese (negação) e síntese (negação da negação, envolvendo as etapas anteriores). A síntese torna-se uma tese que, por sua vez, carregando consigo sua própria contradição, é superada pela antítese e esta pela síntese, continuamente. O espírito absoluto é o auge dessa evolução, etapa na qual o espírito se reconhece como realizador da história. Eis aí uma dialética idealista.

Marx, tendo estudado a dialética hegeliana, aplicou-a na compreensão da história concreta humana, vendo-a como uma realização de pessoas concretas e não como resultante da evolução do espírito. Muito pelo contrário, Marx perceberá que mesmo as realizações espirituais, intelectuais e ideais humanas são fruto, em sua base, de relações materiais de produção que se estabelecem entre as pessoas, a partir do momento em que passam a transformar a natureza através de seu trabalho.

Se, para Hegel, o movimento dialético do Espírito, passando por várias etapas, até o Espírito Absoluto, portanto a consciência, é o que determina a história, para Marx, ao contrário, é a vida que determina a consciência, isto é, são as relações de produção, ligadas ao(s) modo(s) de produção de cada época, é que determinam a consciência, ou seja, o pensamento, a compreensão de mundo, o Direito, a religião e a cultura em geral.  O ser humano é um ser que produz os bens necessários ao seu viver, dentro de condições dadas, em determinada época histórica, sendo que as relações que aí se instauram e as condições materiais de vida, de produção, exercem diretamente influência sobre como esse mesmo ser humano articula suas ideias a respeito de si e do mundo em que vive. Isto não quer dizer que as ideias também não provoquem mudanças. Muito pelo contrário, elas podem provocar, mas têm sua origem dentro da vida material concreta e das condições impostas por esta, inerentes a ela.

A dialética explica a história por meio da contradição, tendo, em Marx, um caráter materialista. Para Marx, com efeito, a história humana manifesta conflitos que brotam no interior dos modos de produção que surgem ao longo daquela, com destaque para os conflitos entre grupos e classes sociais determinados.

Marx parte da produção concreta da vida material humana e afirma que ela é o que define seu modo de viver, de ser e de agir, até mesmo suas idéias e realizações culturais, como o direito, a educação, a religião, etc. O modo de produção de uma determinada época determina a vida das pessoas, ainda que não absolutamente, mas dialeticamente, pois, dentro de si mesmo, ele carrega sua contradição. Por exemplo: a burguesia que viria a tomar o poder, depois de vários séculos, nasceu dentro do próprio modo de produção feudal.

A produção da vida material é o que move a história e, mais especificamente, transformada em conflito, através da luta de classes: senhores x escravos, patrícios x plebeus, burgueses x senhores feudais, proletariado x burguesia, etc. De acordo com a Wikipedia:

Modo de produção, em economia marxista, é a forma de não organização socioeconômica associada a uma determinada etapa de desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção. Reúne as características do trabalho preconizado, seja ele artesanal, manufaturado ou industrial. São constituídos pelo objeto sobre o qual se trabalha e por todos os meios de trabalho necessários à produção (instrumentos ou ferramentas, máquinas, oficinas, fábricas, etc.” (In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Modo_de_produ%C3%A7%C3%A3o)

Dentre os modos de produção surgidos no transcurso da história estão: o modo de produção primitivo, o asiático, escravista, feudal, capitalista e comunista.

O modo de produção comunitário, primitivo caracterizou-se por uma forma de produzir simples, baseada na caça e na coleta, principalmente, não havendo divisão acentuada do trabalho nem divisão em classes sociais. Porém, à medida em que as relações de trabalho foram se complexificando, começou a ocorrer uma divisão do trabalho cada vez mais acentuada e nítida: entre o trabalho da mulher e o do homem, entre o trabalho manual e o intelectual (incluindo-se aqui o sagrado).

Alguns membros da comunidade começaram a usurpar parte dos bens pertencentes à coletividade, tomando-os como seus. Além disto, aprenderam que, escravizando outros, poderiam desocupar-se dos trabalhos duros e difíceis e colocar outros para trabalhar em seu lugar. Surgiu, então, o modo de produção escravista. Como seu próprio nome dias, sua base foi a escravidão. Os escravos advinham, basicamente, de algumas fontes, como a guerra (todos os sobreviventes derrotados eram escravizados) e as dívidas.

Dentre as sociedades escravistas antigas, no mundo ocidental, as que mais se destacaram foram a Grécia e Roma. A escravidão predominou fortemente nessas duas sociedades, sendo que o escravo era tido como uma mercadoria. O filósofo Cícero falou sobre ela. Contudo, o escravismo reapareceu em outras épocas e em outros modos de produção. No mundo moderno ocidental, destacadamente a partir do século XVI em diante, a escravidão de indígenas e, sobretudo, de negros africanos foi muito acentuada.

Quanto ao modo de produção asiático:

O chamado modo de produção asiático ou sociedades hidráulicas, caracteriza os primeiros Estados surgidos na Ásia Oriental, Índia, China e Egito. A agricultura, base da economia desses Estados, era praticada por comunidades de camponeses presos à terra, que não podiam abandonar seu local de trabalho e viviam submetidos a um regime de trabalho compulsório. Na verdade, esses camponeses (ou aldeões) tinham acesso à coletividade das terras de sua comunidade, ou seja, pelo fato de pertencerem a tal comunidade, eles tinham o direito e o dever de cultivar as terras desta.” (In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Modo_de_produ%C3%A7%C3%A3o_asi%C3%A1tico)

O trabalho compulsório era um trabalho obrigatório que era prestado pelos camponeses e cidadãos pobres, com destaque para as obras realizadas pelo Estado. No Egito antigo, por exemplo, em construções, monumentos, na construção de canais para o escoamento das águas e da irrigação, etc. Havia também escravidão, sem dúvida. Por exemplo, para citar um documento antigo: na Bíblia fala-se da escravidão de José, um dos patriarcas, no Egito (ver livro do Gênesis), juntamente com outros, e dos hebreus (no livro do Êxodo).

Na Europa, com a decadência do Império Romano, que adotara o modo de produção escravista, por volta dos séculos IV/V da era cristã, foi-se formando uma maneira diferente de produzir: grandes unidades de terras (latifúndios) foram se formando, controladas por senhores e trabalhadas por servos (camponeses), que  não eram escravos, mas estavam ligados à terra. Progressivamente, foi-se formando uma sociedade estratificada, tendo o poder político sido concentrado nas mãos dos senhores feudais e da Igreja Católica Romana – também detentora de terras, do poder religioso e intelectual, além de exercer forte influência política. Formou-se, então, paulatinamente, o que viria a ser chamado modo de produção feudal. A produção era basicamente a produção agrícola. Os servos pagavam tributos, seja em espécie, seja, com o passar do tempo, em moeda, para os senhores feudais e a Igreja, e ainda trabalhavam nas terras dos respectivos senhores feudais em determinados dias da semana. Dispunham de parte da terra do feudo e nela trabalhavam.

Os senhores feudais tinham sob seu comando exércitos próprios. Diversos feudos formavam reinos, dirigidos por reis que, por sua vez, eram senhores feudais e definidos entre seus iguais, cada rei sendo um primus inter pares (latim), isto é, o primeiro entre os iguais. A base da sociedade, como se pôde ver acima, era composta, principalmente, pelos servos (camponeses), mas havia também tecelões, sapateiros e outros artesãos, além de comerciantes.

O comércio não acabou no modo de produção feudal. Com o crescimento populacional e das cidades, esse comércio foi-se intensificando cada vez mais. Com isto, a burguesia (comerciantes) fortaleceu-se gradativamente, enriquecendo-se. O capitalismo estava, então, em gestação. Posteriormente, com as grandes navegações, o Renascimento, a Reforma e a Revolução Industrial, a burguesia foi tomando, cada vez mais, espaços no meio social, até que, entre os séculos XVII e, sobretudo, XVIII e XIX, foi-se rebelando contra a ordem feudal e implementou sociedades cujo poder passou a ser dirigido por ela mesma. Exemplos disto foram as Revoluções Inglesas, Industrial, Francesa e a Independência dos EUA. A base desse novo modo de produção capitalista continuará sendo a exploração do trabalhador, com a destituição deste em relação às suas ferramentas e a outros meios de produção, que passaram para as mãos da burguesia. A mais valia passou a ser um dos instrumentos de exploração dos trabalhadores e de enriquecimento burguês. No entanto, de acordo com Marx, o capitalismo criou também aqueles que serão os responsáveis por sua queda: os componentes do proletariado. Em nome dos ideais socialistas, Marx invoca-os à luta.

Marx e Engels defenderam a luta dos trabalhadores e a implementação do socialismo por meio da revolução (armada, inclusive) e, posteriormente, do comunismo. Suas ideias, sem dúvida, influenciaram, no século XX, as mentes daqueles que viriam a levar adiante a Revolução Russa, a Revolução Chinesa, a Revolução Cubana e tantas outras, além de partidos e sindicatos que se espalharam, praticamente, pelo mundo todo em defesa das causas dos trabalhadores.

ATIVIDADES COMPLEMENTARES POSSÍVEIS:

1ª)  LEITURA DE PEQUENOS LIVROS/TEXTOS SOBRE ORIGENS DO SOCIALISMO:

·       Livro I de A República, de Platão. (A cidade [pólis] ideal). Audiobook: < https://www.youtube.com/watch?v=8eWM7G5JlPY > Acesso em 04/08/24.

·       Atos dos Apóstolos capítulos 2, 3, 4 e 5. (Socialismo cristão.) Disponível em: < https://www.bibliaonline.com.br/acf/atos > Acesso em 04/08/24.

·       Utopia, de Thomas More. (Socialismo cristão.) Audiobook disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=RlwHGyi9QbY > Acesso em 04/08/24.

·       Nova Atlântida, de Francis Bacon. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_autor=155 > Acesso em 04/08/24.

·       A Cidade do Sol. De Tomás [Tommaso] Campanella. (Socialismo cristão.) Audiobook disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=xoDiPxa2kys > Acesso em 04/08/24.

·       Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels. Audiobook disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=PgDcpXNSdJs > Acesso em 04/08/24.

 

2ª) JORNALZINHO FILOSÓFICO: a partir das redações elaboradas, pedir a turma que componha um jornalzinho, digitando, em colunas, esses mesmos textos. No jornalzinho ainda poderão ser acrescentadas charges feitas pelos(as) estudantes, textos descritivos, dentre outros recursos jornalísticos (pesquisar). POSSIBILIDADE.

 

3ª) Na página seguinte: CAÇA-PALAVRAS KARL MARX.

 

 

CAÇA-PALAVRAS - KARL MARX (Prof. José A. Brazão.)

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DA DIREITA PARA A ESQUERDA E VICE-VERSA, NA HORIZONTAL, NA VERTICAL E NA DIAGONAL.

TAREFA: Procure no dicionário e\ou na internet todas as palavras marcadas e anote os significados no caderno. Finalidade: ampliar seu vocabulário de língua portuguesa e entender ainda melhor o texto.