Filosofia no Dia a Dia

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

APOSTILA SIMPLES DE FILOSOFIA COM CAÇA-PALAVRAS [PARTE1] (Prof. José Antônio Brazão.)














































Postado por José Antônio Brazão às 19:15 Nenhum comentário:
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David Hume (1711 -1776)

David Hume (1711 -1776)
Filósofo escocês que chegou a afirmar que, além da experiência, é preciso algo mais que permita a construção do conhecimento: o hábito.

Baruch Spinoza (Benedito Espinosa) (1632 -1677)

Baruch Spinoza (Benedito Espinosa) (1632 -1677)
Filósofo luso-holandês, escritor da Ética Demonstrada à Maneira dos Geômetras.

John Locke (1632 - 1704)

John Locke (1632 - 1704)
Filósofo inglês, empirista. Dizia que a mente é como uma tabula rasa (papel em branco), na qual as informações sensoriais, advindas da experiência, são escritas, gravadas.

René Descartes (1596 -1650)

René Descartes (1596 -1650)
Filósofo e matemático francês, famoso pela frase "Penso, logo existo.", na qual resume um forte racionalismo. Desenvolveu as coordenadas cartesianas.

Isaac Newton (1642 -1727)

Isaac Newton (1642 -1727)
Matemático e cientista inglês que fez descobertas fundamentais a respeito da luz, da gravidade, do movimento, dentre outras.

João Kepler (1571 - 1630)

João Kepler (1571 - 1630)
Matemático e astrônomo alemão responsável pela descoberta das órbitas elípticas. As órbitas não são circulares, como se pensava até Copérnico e Galileu, mas têm uma forma elíptica.

Galileu Galilei (1564 - 1642)

Galileu Galilei (1564 - 1642)
Matemático e astrônomo moderno que defendeu o heliocentrismo e pôs abaixo muitas das teorias de Aristóteles.

Nicolau Copérnico (1473 - 1543)

Nicolau Copérnico (1473 - 1543)
Astrônomo e matemático polonês que propôs o heliocentrismo moderno.

Guilherme de Ockham (1285-1347/1349?)

Guilherme de Ockham (1285-1347/1349?)
Teólogo e filósofo inglês. Refletiu sobre teologia, lógica, filosofia geral e política.

João Duns Scoto (c. 1266-1308)

João Duns Scoto (c. 1266-1308)
Filósofo escolástico escocês.

Raimundo Lúlio (1232-1316)

Raimundo Lúlio (1232-1316)
Filósofo escolástico catalão.

Roger Bacon (1214-1294)

Roger Bacon (1214-1294)
Teólogo e filósofo inglês. Deu ênfase à experiência no conhecimento da realidade e ao cálculo matemático.

Tomás de Aquino (1224-1274)

Tomás de Aquino (1224-1274)
Teólogo e filósofo escolástico. Escreveu várias sumas, das quais se destaca sua conhecida Suma Teológica, na qual aplica filosofia como instrumento de maior compreensão da teologia, principalmente a filosofia aristotélica.

Alberto Magno (1193-1280)

Alberto Magno (1193-1280)
Teólogo e filósofo escolástico, foi mestre de Tomás de Aquino. Um dos grandes estudiosos e divulgadores da filosofia aristotélica de seu tempo.

Roberto de Grosseteste (1175-1253)

Roberto de Grosseteste (1175-1253)
Filósofo escolástico de grande influência na Inglaterra e na Europa.

Bernardo de Claraval (1090-1153)

Bernardo de Claraval (1090-1153)
Iluminura medieval retratando o filósofo.

Pedro Abelardo e Heloísa (seg. met. do século XI e primeira met. do séc. XII)

Pedro Abelardo e Heloísa (seg. met. do século XI e  primeira met. do séc. XII)
Filosofia e paixão no mundo medieval.

Anselmo (1033 a 1109)

Anselmo (1033 a 1109)
Teólogo e filósofo italiano.

Moisés ben Maiônides (1135-1204)

Moisés ben Maiônides (1135-1204)
Filósofo, matemático e físico judeu.

Ibn Gabirol (1021-1058)

Ibn Gabirol (1021-1058)
Filósofo e poeta judeu espanhol.

Avicena (980-1037)

Avicena (980-1037)
Filósofo islâmico de grande influência no pensamento medieval.

Al-Kindi (801-873)

Al-Kindi (801-873)
Filósofo árabe medieval.

Iluminura Medieval contendo o zodíaco.

Iluminura Medieval contendo o zodíaco.
No mundo medieval o estudo dos astros ligava-se também à astrologia.

Iluminura medieval

Iluminura medieval
Imagens e gravuras enriqueciam os conteúdos dos manuscritos medievais.

Boécio (c.480-524).

Boécio (c.480-524).
Iluminura medieval retratando Boécio na prisão.

Aurélio Agostinho (354-430)

Aurélio Agostinho (354-430)
Teólogo cristão, um dos Padres da Igreja, cujo pensamento ecoou por toda a Idade Média. Sofreu influência particular do Neoplatonismo. Patrística 6.

Jerônimo (345-419)

Jerônimo (345-419)
Tradutor da Bíblia, dos originais para o latim. Sua tradução é conhecida como Vulgata. Patrística 5.

Tertuliano (160-220)

Tertuliano (160-220)
Apologeta do cristianismo. Patrística 4.

Clemente de Alexandria (c.150-215)

Clemente de Alexandria (c.150-215)
Patrística 3.

Irineu (140?-202)

Irineu (140?-202)
Ferrenho opositor às heresias de seu tempo. Defensor do cristianismo. Patrística 2.

Justino Mártir (c.100-165)

Justino Mártir (c.100-165)
Um dos primeiros apologistas do cristianismo. Patrística 1.

Paulo de Tarso (séc. I)

Paulo de Tarso (séc. I)
Um dos grandes pregadores cristãos, defrontou-se com a filosofia grega no Areópago, em Atenas, numa discussão com filósofos e intelectuais gregos a respeito do cristianismo e de suas bases.

Jesus e João Batista (séc. I)

Jesus e João Batista (séc. I)
Início do Cristianismo

Zenão de Cício (final do séc.IV-início do séc. III a.C.)

Zenão de Cício (final do séc.IV-início do séc. III a.C.)
Estoicismo

Epicuro (341-270 a.C.)

Epicuro (341-270 a.C.)
Fundador do Epicurismo

Pirro (c.360-c.272 a.C.)

Pirro (c.360-c.272 a.C.)
Ceticismo

Diógenes de Sínope (c.412-323 a.C.)

Diógenes de Sínope (c.412-323 a.C.)
Aluno de Antístenes, um dos cínicos.

Antístenes (c.444-c.371 a.C.)

Antístenes (c.444-c.371 a.C.)
Fundador do Cinismo.

O fogo.

O fogo.
Heráclito, com certeza, olhava os fenômenos naturais e se admirava da força do fogo, a ponto de tomá-lo como princípio.

O átomo.

O átomo.
Demócrito acreditava ser uma partícula indivisível. Hoje se sabe que pode ser dividido em partículas ainda menores! Ainda que não corresponda perfeitamente ao que provavelmente Demócrito pensava ser o átomo, esta imagem nos dá uma idéia da genialidade humana, inclusive de Leucipo e de Demócrito.

A cidade de Abdera e parte do mundo grego.

A cidade de Abdera e parte do mundo grego.
Demócrito, o atomista, era de Abdera.

Um templo greco-romano.

Um templo greco-romano.
A harmonia natural e a harmonia dos traços constitutivos da obra humana.

A natureza em seu esplendor.

A natureza em seu esplendor.
As harmonias cósmica e natural sempre deixaram os seres humanos impressionados. Também os filósofos gregos.

Os quatro elementos de Empédocles.

Os quatro elementos de Empédocles.
Teoria que reapareceu e reaparece ao longo da história.

A água como princípio - Tales.

A água como princípio - Tales.
Curiosamente, de acordo com teorias atuais, a vida surgiu na água.

Filosofia e matemática

Filosofia e matemática
A pirâmide e o teorema de Pitágoras

Filosofia e matemática

Filosofia e matemática
O teorema de Tales

Aristóteles e Platão

Aristóteles e Platão
Parte da pintura "Escola de Atenas", de Rafael Sanzio, renascentista.

Sócrates

Sócrates
Filósofo ateniense, usava a ironia e a maiêutica em seus debates filosóficos.

Protágoras

Protágoras
Um dos grandes sofistas gregos

Demócrito de Abdera

Demócrito de Abdera
Juntamente com Leucipo, os átomos como partículas básicas e indivisíveis da matéria.

Leucipo

Leucipo
Juntamente com Demócrito, afirmou a existência dos átomos.

Empédocles de Agrigento

Empédocles de Agrigento
Os quatro elementos como arqué.

Pitágoras de Samos

Pitágoras de Samos
Ao apresentar os números como fundamento da realidade, Pitágoras abriu caminho, por exemplo, para a leitura futura de Galileu a respeito da matemática do universo.

Zenão de Eléia

Zenão de Eléia
Os paradoxos e a dialética.

Parmênides de Eléia

Parmênides de Eléia
"O ser é; o não ser não é." "Pensar e ser são o mesmo."

Heráclito de Éfeso

Heráclito de Éfeso
O fogo como arqué e o devir como elemento presente na realidade

Anaxágoras de Clazômenas

Anaxágoras de Clazômenas
A terra como arqué.

Anaximandro de Mileto

Anaximandro de Mileto
O ápeiron está na origem de tudo

Anaxímenes de Mileto

Anaxímenes de Mileto
Um dos filósofos milesianos.

Tales de Mileto

Tales de Mileto
Primeiro filósofo grego pré-socrático

Aedo grego

Aedo grego
Os aedos recitavam poemas e apresentavam, na Grécia antiga, relatos da mitologia.

Cidade marítima da Grécia atual

Cidade marítima da Grécia atual
Do mar se extraía e se extrai parte da economia grega

Construção grega

Construção grega
Simetria geomética

Difusão dos gregos antigos pelo Mediterrâneo

Difusão dos gregos antigos pelo Mediterrâneo
Formação de colônias gregas, onde nasceria a filosofia ocidental

Mapa da Grécia e do Mediterrâneo

Mapa da Grécia e do Mediterrâneo
As colônias gregas foram formadas nas costas de regiões do mar Mediterrâneo

Teatro grego

Teatro grego
Simetria geométrica nas construções

Mapa da Grécia Antiga

Mapa da Grécia Antiga
A Grécia Antiga e suas cidades-Estados

As cidades gregas.

As cidades gregas.
O exemplo da Ácrópole de Atenas

Veja também:

  • Academia Brasileira de Filosofia
  • Departamento de Filosofia da UFG
  • Departamento de Filosofia da UFMG
  • Departamento de Filosofia da UnB
  • Departamento de Filosofia da USP
  • Enciclopédia Ágora (em francês)
  • Episódios do Globo Ciência, alguns sobre filósofos.
  • Filosofia na Wikipédia
  • Filosofia no site Brasil Escola
  • Filosofia no site da BBC de Londres (em inglês)
  • Guia de Tecnologias Educacioniais do MEC
  • IFCH - UNICAMP
  • Internet Encyclopedia of Philosophy
  • Laboratório de Prática de Ensino de Filosofia da UFU
  • Lista de filósofos na Wikipédia
  • Livros de Filosofia, em inglês, na Online Library of Liberty (Biblioteca da Liberdade Online)
  • O que é filosofia e por que vale a pena estudá-la.
  • Portal Brasileiro da Filosofia
  • Portal do Professor
  • Recursos didáticos de Filosofia no site da Secretaria de Educação do Paraná
  • Só Filosofia
  • STANFORD ENCYCLOPEDIA OF PHILOSOPHY
  • TV ESCOLA

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O QUE É FILOSOFIA? (Prof. José Antônio Brazão.)

No transcurso dos milênios de sua história, a humanidade vem produzindo uma enorme gama de conhecimentos, fruto de necessidades e interesses os mais variados dos diferentes grupos humanos. Dentre esses conhecimentos encontra-se a filosofia.
A filosofia ocidental nasceu entre os antigos gregos. A palavra deriva do grego e significa, justamente: amizade com a sabedoria ou amor à sabedoria. Philo(gr.) = amigo. Sophia(gr.) = sabedoria. Mas o que é sabedoria? Essa palavra tem diversos significados. Reflita e anote alguns deles, brotados da reflexão. A seguir, busque também em dicionários de língua portuguesa e, principalmente, de filosofia, a fim de obter um entendimento maior a respeito dessa palavra. (Sugestão para professoras e professores: discutam com seus alunos e vão colocando no quadro os diversos significados por eles e elas apresentados. A seguir, resumam, expliquem, debatam novamente com a turma.)
Ela trata de assuntos variados, buscando uma reflexão mais aprofundada e crítica sobre eles, no intuito de ir a fundo em sua compreensão. De forma crítica quer dizer questionadora de pressupostos (ideias básicas), valores, preconceitos, ideias gerais a respeito do mundo e das pessoas, etc.
A filosofia não se pretende, em hipótese nenhuma, ser dona da verdade e, de fato, não é. A filosofia é um conhecimento interdisciplinar, ou seja, que busca contínuo diálogo com outras áreas do conhecimento, como a história, a sociologia, a antropologia e outras ciências. Esse diálogo contribui para que não haja absolutização da verdade, nem dogmatismo (afirmação, lei ou norma tomada como dogma, como verdade inquestionável e incontestável).
O dogmatismo é perigoso. Ao longo dos séculos, gerou até mesmo perseguições, sofrimentos e mortes – três bons exemplos disto são: a Inquisição (surgida na época medieval e que perdurou até o século XVIII, aproximadamente), o fascismo e o nazismo (doutrinas totalitárias desenvolvidas e praticadas no século XX). Ao posicionar-se reflexiva e criticamente, dialogando com outras áreas de conhecimento, a filosofia quer, exatamente, questionar e desalojar os fundamentos do dogmatismo.
Além disto, a filosofia empenha-se por refletir sobre a vida humana, levantando questões e colocando-se numa busca contínua, permanente, de respostas, jamais acabadas e dogmatizadas, mas em constante construção e reelaboração. A filosofia cruza-se com a vida e empenha-se por obter uma compreensão da mesma. Os problemas e as questões vitais não fogem a ela, mas servem de matéria-prima para as discussões filosóficas. Daí, constantemente ver-se temas como a origem, a liberdade, a angústia, o desespero, o sofrimento, o amor, etc., aparecerem e reaparecerem na filosofia, desde a antiguidade até hoje.
O que é a vida? De onde tudo surgiu? Como? O que é o mundo? Quem somos nós? Por que existimos? Por que há muitas pessoas preconceituosas? O que são preconceitos? Por que as pessoas vivem juntas? Como surgiu a sociedade? O dogmatismo interessa a quem e por quê? Por que há miséria no mundo? A quem interessa a miséria e por quê? Por que há desemprego? A quem este interessa no mundo atual e por quê? A vida tem um sentido mais profundo? O que é eternidade? Por que as coisas mudam, se transformam, continuamente? Para além dessas transformações há algo que permanece, que é eterno? O que é o amor? Etc.
Perguntas como estas e muitas outras fizeram e fazem com que as pessoas parem e busquem respostas. A filosofia questiona e busca respostas mais claras e objetivas (precisas), embasadas na pesquisa profunda das raízes daqueles problemas. Ao mesmo tempo, quer ajudar a buscar e apontar caminhos para a solução desses problemas que aparecem, brotados da concretude da vida humana.
As ideias expostas acima são uma pequena reflexão a respeito do que é filosofia. Vale a pena ver outros autores que tratam do assunto, a fim de obter outras visões e enriquecer a compreensão a respeito do que seja a filosofia! Procurar também em dicionários de filosofia. Podem ajudar muito.

O USO DO VÍDEO NO ENSINO DE FILOSOFIA. Prof. José Antônio Brazão.

VÍDEO-DOCUMENTÁRIO “COSMOS, EPISÓDIO 7: A ESPINHA DORSAL DA NOITE”, DE CARL SAGAN: (Prof. José Antônio Brazão.)

O astrônomo estadunidense Carl Sagan, no episódio 7 da série-documentário “COSMOS”, propõe-se buscar as origens da ciência ocidental. Curiosamente, tais origens são, exatamente, as da filosofia.

Carl Sagan toma como ponto de partida, inicialmente, o bairro em que viveu em Nova Iorque. Sagan fala de seu interesse científico desde a infância. Exemplifica esse interesse com uma pergunta que fez a adultos: “O que são as estrelas?”. Descontente com as respostas simples das pessoas, que diziam-lhe serem elas luzes no céu, resolveu investigar por conta própria e se dirigiu a uma biblioteca não muito distante do local onde morava. Ali encontrou um livro que lhe disse que elas são sóis, porém estando muito distantes. O Sol seria, pois, uma estrela próxima.

A seguir, para demonstrar como a curiosidade é inerente às crianças, foi até a escola em que estudou naquele bairro e visitou a turma que, naquele ano, ocupava uma sala em que ele mesmo havia estudado. Sagan conversou com as crianças a respeito da astronomia e da ciência, tendo-lhes dado inclusive fotos tiradas pelas naves Voyager, referentes a planetas, à Via Láctea e ao Sistema Solar. Tirou dúvidas das crianças – “O que é a Via Láctea?”, “Por que a Terra é redonda e não de outra forma?”, etc. A Via Láctea, esclareceu, é uma galáxia onde se encontram milhões de estrelas. A Terra é redonda por causa da força da gravidade, que puxa tudo para o centro.

Sagan elogia os pais e os professores que teve, os quais o incentivaram e instigaram sua curiodidade. A respeito da curiosidade das crianças, Sagan afirma que elas têm um grande senso de curiosidade e uma mente aberta.

Na cena seguinte, Sagan aparece em um ancoradouro junto ao mar, onde, através da fala, faz uma volta ao passado da história humana, até sociedades tribais. Segundo ele, alguém, no passado distante, deve ter-se perguntado acerca do que seriam aquelas luzes no céu. Para uma tribo de caçadores, por exemplo, poderiam ter sido consideradas fogueiras no céu, mantidas por seres que deveriam ter, portanto, grandes poderes. Com isto, Sagan faz uma consideração a respeito da origem de deuses e mitos.

Continuando, Sagan cita o exemplo de uma tribo africana para a qual a Via Láctea era considerada a espinha dorsal dos céus noturnos. Por sua vez, para os gregos antigos, ela seria o leite derramado da deusa Hera. Isto demonstra que os mitos e as religiões são formas explicativas da realidade. Ambos nasceram a partir de perguntas como aquela das estrelas, fruto da curiosidade humana. Acreditando na existência de seres celestiais, cujos poderes seriam enormes, relatos foram sendo criados, frutos da imaginação. Deuses e deusas foram surgindo, bem como a necessidade de cultuá-los. Com isto, também sacerdotes, mediadores do culto.

Na ilha de Samos, Sagan mostra ruínas de um antigo templo dedicado à deusa Hera, feito com uma simetria e uma precisão muito grandes. Sagan fala de cultos sangrentos e de outros, que por sua vez, eram simples e suaves.

Sagan adentra na origem da ciência – e, com ela, da filosofia ocidental – e diz que ela surgiu nas “remotas ilhas do Mar Egeu”. Mas, por que ali? Justamente porque ali houve liberdade de pensar suficiente para o surgimento de novas ideias. Aquelas ilhas não eram sedes de grandes impérios, nem de estados em que a religião já se havia cristalizado e nos quais tinha poder. Além disto, aquela foi uma região em que aportavam mercadores e marinheiros de diversos lugares dos mares próximos, do Mediterrâneo. Havia ali também pescadores. O comércio incrementou o movimento e os contatos entre culturas e ideias diferentes. A soma desses fatores tornou possível o livre pensar e o viajar da mente em busca de outras respostas para as perguntas acerca da origem das coisas e do mundo.

Dois deuses (ou mais) reivindicando a origem: um deles deve estar certo e o outro errado. “Por que não os dois?” Dúvidas surgiram e com elas a busca de respostas, não mais partindo da religião e dos mitos, mas da própria natureza.

A ilha de Samos, séculos antes de Cristo, foi governada por Polícrates, um ditador que fez construir uma extensa muralha e um canal subterrâneo que levou cerca de quinze anos para ser construído, projeto do arquiteto Teodoro, fruto do uso brilhante da mente. Diz Sagan que, segundo relatos antigos, Teodoro teria sido também o criador da chave, da régua e do esquadro.

Nesse contexto histórico e cultural, entre 600 e 500 a.C., surgiram os primeiros cientistas – os primeiros filósofos do Ocidente, gregos – em Mileto, junto ao Mar Egeu: Tales, Anaximandro e Anaxímenes. Apareceram também, em outras cidades, Empédocles, Pitágoras, Demócrito, dentre outros.

Sagan fala, então, de Tales de Mileto, que acreditava ser a água o elemento primordial de tudo que existe. Mas como explicar a terra seca? De acordo com o mito, o deus babilônico Marduk teria lançado um manto sobre as águas e com ele fez a terra seca. Tales, não admitindo as explicações míticas, deve ter partido de informações de que as águas do rio Nilo, na África, durante as inundações, depositava sedimentos sobre as terras. Conforme Sagan, para Tales, nos princípios, a formação da terra seca deve ter seguido um processo similar.

Sagan refere-se, a seguir, a Anaximandro, conterrâneo de Tales, que aprendeu a fazer uso de um bastão para medir o tempo, por meio da sombra (relógio solar), servindo-lhe inclusive para medir as estações as estações do ano. Sagan diz, então, que, durante séculos, os seres humanos usaram bastões para ferir, machucar. Anaximandro aprendeu a utilizá-lo para medir o tempo.

Na sequência, Sagan fala de Anaxímenes, que fez uma descoberta impressionante: a de que o ar é uma matéria extremamente fina. Um raciocínio desse tipo viria a permitir, posteriormente, o lampejar daquilo que Demócrito afirmaria ser o átomo.

Na linha de Anaxímenes, Empédocles de Agrigento fez uma experiência interessante – retomada por Sagan: colocou em um balde de água um instrumento de cozinha chamado “ladrão de água”, composto de uma esfera metálica perfurada contendo um gargalho com um furo que dá para o exterior. Ao colocá-lo na água, ele se enchia. Tapando com o dedo o orifício do gargalo era possível retirar água do balde e de despejá-la em outro utensílio ou mesmo no balde. Colocando esse instrumento como gargalo fechado, não havia possibilidade de entrada da água. O que isto queria dizer? Que havia algo que bloqueava a entrada? O quê? Empédocles identificou-o com o ar. Estudando-o, percebeu sua finura, de modo até mesmo a permitir ver através dele. O caminho para o levantamento daquela hipótese do átomo estava assim aberto.

Sagan aparece em meio a um grupo de pessoas que estavam festejando, ali na ilha. Fala então de Demócrito, que afirmava que na escala do muito pequeno existe uma partícula diminuta e incortável, indivisível, à qual deu o nome de átomo. Os átomos seriam, pois, os elementos primordiais que tudo compunham.

Ao longo dos séculos seguintes, as descobertas daqueles cientistas (filósofos) foram avante? De acordo com Sagan, não. Por quê? Em razão do pensar científico-filosófico ter tomado um outro rumo: o do misticismo. A título de exemplo, Sagan cita um grupo de filósofos místicos e que se reuniam, de acordo com a tradição, em uma caverna: os pitagóricos. Pitágoras e seus discípulos fizeram vários estudos matemáticos, tendo descoberto as propriedades de figuras matemáticas como o cubo, a pirâmide, o dodecaedro e outras duas.

Ao trabalhar com cálculos relacionados ao dodecaedro, os pitagóricos depararam-se com uma raiz quadrada de dois, cujo resultado era irracional. Ora, o irracional não seria admissível. Portanto, a raiz quadrada de dois e o dodecaedro deveriam ser escondidos do público. Aliás, as próprias reuniões realizadas pelos pitagóricos eram secretas. Para eles o mundo material era passageiro e enganador. Caíram no misticismo.

O misticismo pitagórico entrou de cheio no pensamento de Platão, filósofo ateniense que viveu entre os séculos V e IV a.C. Platão radicalizou o idealismo pitagórico e suprimiu a pesquisa com experimentos, criticou e não retomou as ideias de dos filósofos que o precederam, como as de Demócrito, por se voltarem em direção ao mundo material.

Platão e seu discípulo Aristóteles concordavam com a escravidão, dada a diversidade natural das pessoas, sendo que algumas nasceram para mandar e outras para obedecer.

Muitos séculos depois, na época moderna (séculos XV d.C. em diante), segundo Sagan, as ideias daqueles primeiros filósofos foram redescobertas, aparecendo no novo estilo de pesquisar e explicar o mundo, sem idealismo. Sagan cita como exemplo Christian Huygens, cientista holandês do século XVII, que fez estudos sobre o universo e as estrelas. Para demonstrar as grandezas das estrelas, Huygens fez furos, com tamanhos diferentes, em um disco de metal. Por meio deles, Huygens estudou a intensidade do brilho de estrelas e pôde determinar a grandeza de muitas delas.

Sagan, enfim, conclui dizendo que, no passado, fomos navegantes – como aqueles marinheiros e pescadores das antigas colônias gregas – e assim continuamos a ser, sempre buscando o conhecimento do mundo que nos rodeia.

O vídeo-documentário de Sagan é muito rico. Ao tratar das origens da ciência – e portanto da filosofia – ocidental, traça um percurso que parte desde sua própria experiência pessoal, de sua curiosidade infantil, passando pela escola em que estudou, chegou à Grécia e voltou ao presente. É uma forma didática curiosa de apresentação, sem dúvida, mostrando também lugares, nomes, breves informações biográficas, filosóficas e científicas, dentre outros recursos. Fazendo uso dos instrumentos áudio-visuais, como a câmera e o computador, junto com outros aparelhos e locais, Sagan conseguiu fazer uma viagem que ia da realidade presente, passando pelas origens do mito e da religião, até chegar às origens da ciência (e da filosofia!).

Esse vídeo é um instrumento valioso que pode ser utilizado na escola, principalmente no ensino de Filosofia, enriquecendo e aprofundando informações contidas em livros e na fala do professor e da professora.

Ao trabalhá-lo com os alunos, é bom ter alguns cuidados básicos:

Primeiramente: Não utilizar o vídeo como “tapa-buraco”, isto é, como meio de substituição de aulas. Pelo contrário, pode e deve introduzir o conteúdo a ser desenvolvido, durante a exposição deste ou seguindo-o.

Em segundo lugar: Solicitar que os estudantes façam, de memória, em pequenos grupos, um resumo do vídeo. Isto permite a fixação, a memorização das informações e demanda, da parte deles, uma maior atenção durante a exposição.

Em terceiro lugar: É interessante, também, discutir o conteúdo do vídeo. Isto pode ser feito por meio de uma técnica chamada GV/GO – Grupo Verbalizador/Grupo Observador. Em dois círculos: um grupo de fora, ouvindo, observando a fala e o debate dos colegas, e um grupo interno, que faz uma verdadeira “tempestade de idéias”, falando de tudo que vem à cabeça a respeito do vídeo. Depois de um tempo marcado, os dois grupos trocam de posição. O professor ou a professora, ao término do debate, faz um apanhado geral e uma síntese do que foi debatido.

Em quarto lugar: Você, professor, professora, pode trabalhar também com uma ficha de vídeo, isto é, uma ficha em que sejam solicitados aspectos gerais e específicos do vídeo. Ela deve ser entregue antes da assistência do vídeo e pode ser feita em grupos. Deve-se tomar cuidado para que a turma, no momento da assistência, na esteja mais preocupada em preencher a tal ficha que ver o documentário. Nesse sentido, pode ser apresentada a ficha antes do vídeo, oralmente, e depois entregue aos grupos. Podem ser feitos pequenos grupos em sala, a fim de preencherem as fichas.

Em quinto lugar: Preenchidas as fichas, poderão, a seguir, serem lidas e discutidas. Professor(a), você pode pedir, por exemplo, que cada grupo ou um representante sorteado ou escolhido vá à frente e apresente a ficha do grupo. Depois, o debate conjunto. Portanto, é preciso que as carteiras estejam dispostas em um círculo maior, englobando a todos. Enfim, professor(a), faça as considerações finais e estabeleça um nexo entre o conteúdo estudado e o conteúdo do vídeo.



REFERÊNCIA DO DVD:

SAGAN, Carl. A Espinha Dorsal de Noite. 2.ed. São Paulo, Abril Cultural, 2008. (DVD da Série Cosmos, Vol. 3, episódio 7) Parte do Programa Nacional Biblioteca da Escola para o Ensino Médio – PNBEM 2008, do Ministério da Educação.

A TVESCOLA publicou esse vídeo, em português, em:

http://tvescola.mec.gov.br/

Videoteca. Letra E: Espinha Dorsal da Noite, A.

Será preciso fazer uma inscrição, mas é simples e rápida. Vale a pena. Aproveite também para ver outros vídeos aí gravados.



O mito

O ser humano sempre foi curioso em relação ao mundo que o envolve. Desde a antiguidade, uma busca incessante de compreensão da realidade: quem somos nós? de onde viemos? de que somos formados? o que deu origem a tudo?
Dentre as formas encontradas pelo ser humano para encontrar respostas encontram-se: o mito, as religiões, a filosofia e a ciência.
O mito constitui-se num relato sagrado a respeito das origens e dos fundamentos da realidade. Desde sociedades ditas "primitivas", como tribos indígenas, até sociedades mais complexas, com um maior desenvolvimento econômico, social e político, como gregos e romanos, fizeram uso do mito.
O mito é uma forma de explicação do real, mas também a busca de um certo "domínio" sobre a mesma. Aliando-se ao rito, o mito possibilita, de certa forma, controlar as forças que atuam sobre o mundo e sobre a vida. Os vikings, por exemplo, contam a história de Thor e de seu poderoso martelo, através do qual juntava as nuvens e emitia raios, destroçando inimigos do reino de Asgard.Tal mito tem um fundamento na realidade natural e humana: os ciclos naturais, responsáveis pelo plantio e a colheita. De fato, as chuvas eram e são importantes para a agricultura. Cultuar os deuses e recordar os mitos primordiais constituíam formas de manter as forças cósmicas de modo favorável, em benefício da sociedade.
Até hoje, curiosamente, em épocas de secas prolongadas, particularmente no interior do Brasil, mulheres se juntam e fazem orações junto a cruzes, jogando água e pedindo o envio das chuvas necessárias. Entre tribos indígenas, a dança da chuva. Esses exemplos servem para mostrar o quanto o mito adentrava (e ainda adentra) na vida das pessoas, tornando-se parte do seu cotidiano.
O mito é fruto, em boa parte, da observação do mundo e, aliado a esta, do uso da imaginação. Só para lembrar, imaginação é a capacidade de formar imagens na mente, integrá-las e defini-las. No caso do mito, para dar um pequeno exemplo de seu uso, a imaginação cria seres a partir da junção de partes de outros. Por exemplo: a esfinge consta da imagem de duas ou três partes de seres fundidas: corpo de leão e cabeça de homem ou corpo de leão, cabeça humana e asas; o unicórnio corresponde à fusão de um cavalo com um chifre pontiagudo; o minotauro é a fusão do corpo de homem com a cabeça de touro; na Medusa foram fundidas a figura de uma mulher e serpentes na cabeça; o centauro é a fusão do corpo de um cavalo com o tronco e a cabeça de homem.
O mito exerce fascínio ainda hoje. Para se ter uma idéia, está presente constantemente no cinema. Filmes como Tróia, Odisséia, O Senhor dos Anéis, Rei Arthur, As Crônicas de Nárnia, dentre outros, são uma prova clara disto. Filmes assim constumam lotar os cinemas!
No que se refere ao rito, um tipo curioso de celebrações são os ritos de passagens, isto é, ritos ligados às passagens de uma condição a outra da vida humana. Houve e há tribos indígenas que faziam e ainda fazem rituais de passagem a partir do momento em que a pessoa chega ao período da puberdade. Através deles, os iniciados nesses ritos conseguem elevar-se à maturidade, podendo, no caso dos rapazes, acompanhar os mais velhos em caçadas ou até mesmo realizá-las por si. Em alguns casos, rapazes e moças podem também se casar.
No mundo atual, a festa de debutantes é um claro exemplo de ritual de passagem, celebrações e festas de casamento, dentre outras, que também são. Ritualizar, celebrar, é algo que, como se vê, faz parte integrante da vida humana!
Professor José Antônio Brazão.

Dança da chuva

Dança da chuva
Invocando as forças cósmicas

A ILÍADA E A ODISSÉIA, DE HOMERO (Prof. José Antônio Brazão.)

Homero, poeta grego do século IX a.C., compôs dois poemas fundamentais da cultura grega da antigüidade: A Ilíada e a Odisséia. Se ambos são realmente de Homero, é controverso, porém não se vai, aqui, entrar nessa questão. A finalidade, neste texto, é justamente, apresentar, em linhas gerais, o conteúdo dos dois poemas, como exemplos da elaboração mítico-poética.
A Ilíada é um poema que trata da guerra de Tróia, ocasionada pelo rapto de Helena pelos troianos. Segundo a ENCARTA:
“Helena de Tróia, na mitologia grega, a mulher mais bela da Grécia, filha do deus Zeus e de Leda, mulher do rei Tíndaro de Esparta. Quando criança foi raptada pelo herói Teseu, que esperou o tempo necessário para se casar com ela, mas foi resgatada por seus irmãos, Castor e Pólux. Mais tarde, sua beleza fatal foi a causa direta da guerra de Tróia.” (Microsoft ® Encarta ® Encyclopedia 2002. © 1993-2001 Microsoft Corporation. Todos os direitos reservados.)
Os gregos foram convocados e colocados sob a liderança do general Agamemnon. A guerra contra os troianos foi difícil, em razão das fortes muralhas e do esforço de guerra troiano. Vários anos se passaram até o desfecho de tal guerra. Juntamente com a ação dos soldados gregos e troianos, a freqüente intervenção dos deuses do Olimpo, alguns a favor do exército grego, outros a favor do troiano. Do lado grego, dois homens se destacaram: Aquiles, que, além de grande guerreiro, era um grande corredor, e Ulisses (ou Odisseu), soldado muito sagaz. Do lado troiano, Heitor, filho do rei Príamo, que também foi grande guerreiro, tendo sido morto por Aquiles em uma batalha ocorrida durante aquela guerra. Em outra batalha, Aquiles veio flechado no único ponto fraco de seu corpo, seu calcanhar, e, enfim, derrotado, morto. Muitos guerreiros foram mortos durante essa guerra e encaminhados para o lugar dos mortos, segundo a mitologia grega, isto é, o Hades. O texto termina com os funerais de Heitor e de Aquiles.
A guerra foi, finalmente, vencida pelos gregos, tendo estes tido o auxílio de um artifício de Ulisses (Odisseu): percebendo que seria difícil ultrapassar as muralhas de Tróia pelos meios comuns de guerra, Ulisses sugeriu que fosse construído um enorme cavalo de Madeira e que seria entregue de presente aos troianos em homenagem pela pretensa “vitória”. Dentro do cavalo, porém, se postariam soldados gregos que, estando no interior da cidade de Tróia, ao anoitecer, desceriam, matariam as sentinelas e abririam os portões. Enquanto isso, os navios gregos, com poucos soldados, zarpariam, finjidamente, em direção ao mar, como se estivessem voltando para a Grécia, e o exército grego preparado para a invasão. Assim foi feito e Tróia foi totalmente destruída e saqueada pelos gregos.
A Odisséia, por sua vez, faz um relato da volta de Ulisses à ilha de Ítaca, seu reino. O nome Odisséia provém do nome grego de Ulisses: Odisseu. Tendo-se vangloriado da vitória contra os troianos, a ponto de menosprezar a ação dos deuses, estes, irados, tornaram a viagem de volta de Odisseu extremamente difícil. Ele, de fato, teve que vagar, por vários anos, com seus marinheiros, pelo mar. Enfrentou tempestades, monstros, barreiras e muito sofrimento. Na busca do caminho que o levaria de volta à sua terra, entrou no reino dos mortos, pedindo a Tirésias, um vaticinador, que lhe mostrasse o caminho e o que fazer. Aí encontrou muitos mortos, dentre colegas de batalha e inclusive sua mãe, que havia morrido de desgosto pela possível morte do filho, ao qual tanto amava. Passou por reinos divinos e humanos, teve que passar pelo reino das sereias, cujo canto levava marinheiros ao suicídio no mar. Tendo tapado, com cera, os ouvidos de seus marinheiros, Ulisses solicitou que fosse amarrado fortemente ao mastro, a fim de poder ouvir o belo e perigoso canto das sereias. Enfim, depois de longo tempo e de outras dificuldades, chegou à ilha de Ítaca. Porém, não pôde entrar de imediato em seu palácio, pois estava ocupado por reis que queriam a mão de Penélope em casamento, tomando por certo a morte do marido desta. Auxiliado por uma deusa, Ulisses disfarçou-se de velho e adentrou no palácio, procurando perceber o que estava realmente acontecendo. Ao final, com o apoio de criados fiéis que o reconheceram, liquidou seus inimigos e retornou aos braços de sua amada Penélope, tendo então reconquistado seu reino.
A breve síntese acima é, na verdade, um convite a todos os leitores interessados, ao estudo desses poemas, além de dar uma pequena contribuição para a percepção e compreensão de facetas do mito.
A importância de tais poemas reside, justamente, no fato de que expressam valores, idéias, modos de pensar e de viver dos gregos antigos, sendo, juntamente com pesquisas arqueológicas, fontes substanciais de informação sobre a história helênica do período que cobrem. Além disto, mostram claramente como eram concebidos os antigos deuses gregos, com traços humanos marcantes, porém carregando consigo a imortalidade e grande poder sobre os mundos natural e humano. O antropomorfismo dos deuses gregos é bem expresso nesses poemas.
A nível de educação, ao longo dos séculos subseqüentes, os poemas homéricos serviram como bases do aprendizado de muitas crianças gregas, tanto do conhecimento da língua escrita quanto da religião, quanto de valores essenciais para os gregos, particularmente de valores aristocráticos como a nobreza, a valentia, a galardia, dentre outros presentes nos guerreiros que entraram em embates no transcorrer da guerra.
Algo curioso com os poemas de Homero é que os mitos são postos por escrito, em forma poética. A escrita exige, por sua vez, certo grau de racionalização, o que será, juntamente com outros fatores, posteriormente, fundamental para o surgimento da própria filosofia entre os gregos.
JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.

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