Inteligência
é uma capacidade mental que o ser humano dispõe e que lhe permite entender,
interligar ideias e informações, analisar, avaliar, calcular, interpretar o
mundo que o rodeia, refletir sobre este e explica-lo, além de muitas outras,
conforme cada aspecto que a psicologia, a filosofia e outras ciências tomem
como próprio dela. Artificial é tudo o que é feito ou criado pelo ser humano.
Inteligência artificial, portanto, é um tipo de inteligência criada pelos seres
humanos, na forma de máquinas que realizam funções similares às da inteligência
humana. Dentre essas máquinas destaca-se o computador.
Desde
a mais remota antiguidade, os seres humanos vêm buscando formas de tornar sua
vida mais fácil e de melhor enfrentar os desafios impostos pela natureza. Ao
longo do tempo, aprenderam a criar ferramentas e instrumentos que ampliaram o
poder de seus braços, de suas mãos, enfim, de seu corpo: pedras talhadas e
pontiagudas, flechas, a agulha, a alavanca, a roda, o arado e tantos outros.
Também em termos mentais, com a finalidade de ampliar sua memória, gravar
informações da produção material, bem como facilitar seu entendimento do mundo
e da vida material: desenhos nas
cavernas e rochas, pedrinhas (literalmente: cálculos) para contar e registrar a
quantidade de animais, o ábaco, sistemas de medição com auxílio de réguas de
madeira resistente, a escrita em suas diferentes formas (hieroglífica,
cuneiforme, alfabética e outras). Armas permitiram aos seres humanos caçarem
animais, se protegerem de forma mais eficiente, mas também atacarem e até mesmo
escravizarem outros.
No
mundo antigo, instrumentos de cálculo, como a régua, o compasso, o esquadro,
etc., foram fundamentais no aperfeiçoamento e na aceleração do trabalho e da
ciência antiga, permitindo que homens como Euclides e Arquimedes pudessem contribuir
para o evoluir da matemática. Arquimedes, inclusive, inventou máquinas
fantásticas e valiosas para seu tempo: o parafuso de Arquimedes, o uso da
alavanca, instrumentos de guerra para proteger Siracusa e outros mais. Além
destes dois, vale a pena citar o mecanismo de Anticítera, que, dispondo de
peças e mecanismos engenhosamente elaborados e dispostos, permitia calcular e
oferecer informações acerca do movimento dos astros em diferentes tempos da
história passada, presente e até mesmo futura, um verdadeiro trunfo da
capacidade dos antigos. Tal mecanismo era, dito de forma geral, como um
computador!
À
medida que a produção da vida material e novas necessidades foram surgindo,
ferramentas novas foram sendo criadas, aparelhos, instrumentos e meios diversos
de melhoria da capacidade corporal humana. Necessidades materiais novas, postas
por cada modo de produzir ou até mesmo responsáveis por estes, juntamente com a
capacidade humana de imaginar e de criar, puseram em ação, cada vez mais, novas
forças e, com estas, mais novidades. Descobertas foram sendo feitas, desafiando
antigas ideias e até mesmo o poder que sobre estas se sustentava: o telescópio
de Galileu permitiu-lhe ver que a tradição científico-religiosa de seu tempo
não conseguia mais explicar o mundo, o universo, como este devia ser,
observações, estudos e cálculos matemáticos permitiram que Kepler e Newton
dessem passos fundamentais adiante na compreensão do cosmos: órbitas elípticas
e suas leis, no caso do primeiro; lei da gravidade, estudos sobre o movimento,
estudos e descobertas sobre a luz, etc., do outro.
No
campo dos cálculos, os filósofos e matemáticos Pascal e Leibniz desenvolveram
máquinas de calcular cheias de mecanismos e pequenas peças que efetuavam
cálculos rápidos e precisos, tornando-se, com o tempo e com aprimoramentos
posteriores, instrumentos muito úteis no comércio e, inclusive, no dia a dia de
muita gente. Elas demonstram o quanto a necessidade de ampliar o poder da mente
foi se pondo como necessidade, até mesmo na ciência, tornando-o mais célere e
exato.
Num
momento avançado da Revolução Industrial europeia, que se deu entre os séculos
XVIII e XIX, foram inventados cartões, com código binário (0 ou 1), que
permitiam às máquinas de tecelagem tecerem padrões os mais diversos de tecidos.
As descobertas e o uso mais e mais presente da energia elétrica permitiram, por
seu turno, a criação de aparelhos, como o telégrafo a fio e sem fio, o telefone
e muitos mais.
No
século XX, as duas grandes guerras de sua primeira metade (1914 – 1918; 1939 –
1945) puseram em ação forças descomunais, com armas extremamente letais e com
aparelhos e instrumentos que ampliavam, mais ainda, a capacidade humana de
cálculo, envio e decifração de mensagens codificadas, como foi o caso da
máquina alemã chamada Enigma, bem complexa em seus mecanismos. Tendo-a
descoberto em um submarino alemão capturado, os aliados, através de seus
cientistas, puseram-se a estuda-la e decifrá-la. Mais ainda, com o cientista
inglês Turing e outros, inventaram um protótipo muito grande de computador, que
funcionava a base de energia elétrica, com válvulas, tubos, mecanismos
diversos, junto com cartões similares àqueles das máquinas de tecelagem. Com este,
gradativa e mais rapidamente, foram conseguindo decifrar códigos dos diversos
inimigos, agindo com mais presteza no ataque a eles e na própria defesa contra
os ataques por eles desfechados. Ampliava-se, então, o desenvolvimento da hoje
chamada inteligência artificial: a inteligência presente em máquinas,
constituída por meio de mecanismos cada vez mais complexos e, progressivamente,
menores.
Do
computador a válvulas e mecanismos, gigante e melhorado no decurso das décadas
que se seguiram, até os computadores pessoais, a passagem foi progressiva,
dada, principalmente, nas décadas de 1970 e 1980, pelos trabalhos de Steve Jobs
e Bill Gates, com suas respectivas equipes. Novos computadores, usando placas,
microcircuitos e microprocessadores, foram sendo inventados e melhorados, ano
após ano, até hoje! Estes, atualmente, encontram-se em casas, escolas, bancos,
fábricas, centros de pesquisa científica e em muitos outros lugares, por todo o
mundo. Eles, como outros mais antigos, são fruto do entendimento do
funcionamento da mente humana (um neurônio liga-se a outros, formando teias de
bilhões de células, que necessitam de alimento e energia), bem como de
descobertas levadas adiante, anteriormente, nos campos da eletricidade, da
química, da física, da eletrônica e outros.
Robôs
foram criados e, atualmente, carregam dentro deles verdadeiros computadores
que, programados, permitem que aqueles realizem tarefas diversas. Há robôs que
já foram enviados até para o planeta Marte! Tais robôs são uma demonstração
clara de até que ponto a inteligência artificial é capaz. Há ainda os
supercomputadores, capazes de processar milhões de informações em poucos
segundos.
A
inteligência dos computadores e de outras máquinas que a eles se assimilam,
como os celulares, os tablets e os ipads, tem como base o código binário. Cada
um desses inventos é capaz de ler e decifrar sequências de 0 e\ou 1,
aprimoradas por softwares (programas) cada vez mais perfeitos, permitindo a
assimilação de várias descobertas humanas e uma única. Com efeito, cada
computador tem softwares de textos, de internet, de vídeo e áudio, de imagens,
de cálculos, de memória e uma grande gama de outros. Ampliou-se o poder da
mente humana!
Mas
um computador é capaz de substituir a mente humana? Em parte, sim, naquilo que
a mente humana levaria muito tempo para efetuar, para calcular, realizar.
Porém, em outra parte, não, pois a inteligência humana é inventiva, intuitiva,
convive com sentimentos e valores, dos quais depende e os quais, por sua vez,
com seu auxílio, podem ser entendidos e melhor expressos. Da inteligência
humana depende a manutenção daquelas máquinas fantásticas!
Os
computadores são capazes de resolver os problemas humanos? São capazes de
ajudar na sua solução, porém, sozinhos, por mais capazes, poderosos, que sejam,
não podem fazer nada: agir contra a fome, a miséria, contra catástrofes ambientais
e outros problemas humanos e naturais, depende muito mais das ações políticas e
dos interesses econômicos, sociais, políticos e mesmo militares de quem tem o
poder político-econômico em suas mãos. Mas esse agir, de forma parecida,
depende das ações de pessoas comuns: ações educadas e preocupadas com o meio
ambiente e com os semelhantes, com a melhoria de sua realidade social, que se
empenhem coletiva e pessoalmente por mudanças no mundo em que vivem.
Os
computadores, com sua inteligência artificial primorosa, são neutros? Nenhuma
invenção ou descoberta humana foi ou é neutra, em termos de poder, seja ele
econômico, político, militar, religioso ou em qualquer outra forma. Hackers e
crackers são capazes de entrar em computadores do sistema financeiro e de
pessoas comuns, por meio de programas determinados (vírus). Há empresas de
espionagem cibernética que trabalham para governos e empresas que as podem
pagar e manter, chegando a ferir direitos internacionais e regras
ético-políticas definidas pelas nações (pela ONU, p.ex.). O caso Snowden mostra
bem isto. Existem armas tecnológicas que são programadas e capazes de tomar
decisões com base nesses programas. Algumas são guiadas a longas distâncias
sem, sequer, terem pilotos dentro delas, mas dispondo de circuitos e pequenos
computadores dentro delas, servindo à vigilância e podendo carregar mísseis e
armas, sendo, portanto, letais!
Satélites
e telescópios espaciais são capazes de dar imagens nítidas do mundo, das
condições do clima e uma infinidade de informações sobre a Terra e o universo.
Porém, também possibilitam ver detalhes de terrenos, de nações e de grupos de
pessoas consideradas potencial ou efetivamente perigosas à “ordem mundial”!
Sem
dúvida, tanto a inteligência natural dos seres humanos como as diferentes
formas de inteligência artificial que criaram, nas últimas décadas e, hoje,
mais que nunca, proporcionam benefícios imensos à humanidade, contudo,
igualmente, por conta de interesses diversos, põem desafios à ética e à vida
político-social, tanto internacional
quanto pessoal. Isto não desmerece todo o trabalho histórico de milhares
de pessoas que contribuíram para o desenvolvimento de máquinas inteligentes que
pudessem ajudar os grupos humanos, mas, com certeza, lembra a necessidade de conhecimento
da realidade e da falta de neutralidade no uso daqueles equipamentos.
No
campo educacional, por um lado, sem dúvida, o uso das diferentes formas de
expressão da inteligência artificial (equipamentos e computadores) traz consigo
grandes benefícios, tornando possíveis aulas mais dinâmicas e um acesso a uma
imensa bagagem de conhecimentos humanos. Por outro lado, ainda em termos
educacionais, no Brasil e em outras partes do mundo, o ampliar do uso de
equipamentos como celulares e programas extremamente atrativos da internet
impõe desafios, como a redução do tempo de estudos em casa (tempo maior é
dedicado ao uso quase vago da internet, em sites de relacionamentos entre
pessoas, que à leitura e ao estudo, em muitos casos), o atrapalhar do andamento
de aulas em diferentes conteúdos escolares, certa perda de momentos ricos de
aprendizagem que poderiam ser melhor aproveitados. É claro, esta realidade
impõe-se como um desafio às comunidades escolares. Sua solução é possível,
todavia depende do empenho de todos.
O
uso de sites e mensagens que contêm bullying
é outro problema, nos campos da educação e do trabalho, prejudicando a muita
gente. Diante disto, dessa quebra da ética, novamente, vale lembrar da
necessidade de conhecimento tanto das tecnologias quanto das leis que protegem
as pessoas, como a Lei Carolina Dieckmann, o Código de Direito Civil e outros,
conforme cada lugar em que se esteja no mundo ou, especificamente, no Brasil.
O
uso da inteligência artificial em múltiplas máquinas – desde um supercomputador
até um telefone celular –, como se pôde ver, traz consigo usos maravilhosos,
mas também levanta questões éticas e até políticas. Contudo, é inegável a
capacidade humana, dentro de cada contexto histórico-econômico, de buscar
construir ferramentas e máquinas que impulsionem o poder do corpo e da própria
mente, ampliando suas capacidades e contribuindo para que novas descobertas
surjam, para que que o próprio universo seja mais ampla e precisamente
conhecido, para que o próprio clima e as intervenções humanas, positivas e\ou
negativas, sejam compreendidas, moléculas e átomos sejam analisados em detalhes
os mais mínimos possíveis, etc.
Quanto
ao aspecto ético-político é preciso conhecimento e vigilância, em ações
coletivas que mostrem os perigos do mal uso de máquinas que dispõem de inteligência
artificial, sem radicalismos mas firmemente!
PARA
SABER MAIS:
http://plato.stanford.edu/entries/logic-ai/ (Em inglês. Use tradutores online, dão uma
ideia boa do conteúdo do texto. Ex.: Google Tradutor, além de outros.)
http://plato.stanford.edu/entries/turing/ (Também em inglês. Idem.)