COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
QUARTO BIMESTRE – RECUPERAÇÃO DO SEGUNDO SEMESTRE:
AULA 39 DE SOCIOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS:
KARL MARX E MAX WEBER
(Prof. José Antônio Brazão.):
Karl Marx e Max Weber têm
em comum o fato de terem vivido no século XIX, sendo que Weber viveu um pouco
mais no século XX. Ambos conviveram com a Revolução Industrial e com os
contrastes sociais impostos por ela: de um lado, muita riqueza por parte da burguesia;
do outro, a pobreza e a falta de condições adequadas de vida, nas cidades, para
o proletariado (trabalhadores pobres, com muitos filhos, em boa parte).
Segundo KARL MARX, o
capital era um elemento fundamental de investigação, sendo ele qualquer bem que
possa ser investido para gerar mais lucro. O capital é constituído: pelos bens
do capitalista (o possuidor do capital), como a indústria, as máquinas e outros
bens por ele adquiridos; pelo controle da força de trabalho, necessária à
produção capitalista; pelo dinheiro; pelos investimentos que o capitalista faz
visando lucros. Ou seja, o capital tem uma dimensão que vai além do dinheiro.
Ao sofrer uma terrível
dominação e uma exploração exacerbada, o trabalhador também sofre com a
alienação, a qual se dá por conta do trabalhador passar a fazer parte do
processo de produção e, consequentemente, perder a noção do valor de seu
trabalho.
Karl Marx desenvolveu,
com certa ajuda de Friedrich Engels, o conceito de materialismo histórico,
definindo que a condição material dos indivíduos determina os demais aspectos
de sua vida, inclusive sua consciência, seu modo de pensar e de agir. Marx estuda
a produção da vida material, tal como ela se deu ao longo dos milênios de
história do ser humano. Daí tendo, inclusive, tirado a ideia de modos de
produção (MPs): M.P. comunitário; M.P. asiático, M.P. escravista, M.P. feudal,
M.P. capitalista e M.P. socialista (este último, desejado). Claro que a
passagem de um modo de produção a outro se dá em forma dialética, por conta das
contradições das forças produtivas, sendo que as novas nascem no ambiente das
antigas e as vão superando. Dentro dos modos de produção, a luta de classes.
Segundo Marx e Engels
expressam no Manifesto Comunista ou Manifesto do Partido Comunista, a história,
até o momento, tem sido a história das lutas de classes: senhores versus
escravos, patrícios versus plebeus, senhores feudais versus servos, capitalistas
versus proletários, etc., ora aberta, ora camuflada, mas ainda assim viva.
No que tange à alienação
da produção, o trabalhador se torna outro ser, perdendo sua identidade,
torna-se uma coisa – daí o termo reificação (coisificação, de res, latim,
coisa). O comportamento alienado significa que o trabalhador está afastado da
vida política, não se enxerga como ser produtor, a ponto de não se conhecer
naquilo que produz.
Uma frase que deixa bem
clara a alienação, segundo Alain de Botton, é: “Há muitas semelhanças entre o
homem e a ovelha. Não fabricamos lã nem balimos. Mas, muitas vezes, seguimos o
rebanho passivamente e temos favor de nos separarmos do grupo.” Ou seja, a
pessoa alienada segue o rebanho, um grupo de muitas pessoas que não reage, mas
que se mistura indistintamente, sendo explorado e espoliado sem reagir.
MAX WEBER, diferentemente
de Marx, sem esquecer a classe, dá uma ênfase particular sobre o indivíduo (a
pessoa) e na importância e no peso de suas ações no interior da sociedade,
impactando, com elas, a vida social. Segundo Max Weber, a ação social é uma
ação que afeta o indivíduo e a sociedade, a começar dos grupos sociais dos
quais participa e de sua classe, portanto, é uma ação que se dá na interação
com outros indivíduos (pessoas).
Weber define quatro tipos
de ações sociais:
1)
Ação social tradicional – é aquela que se dá de
acordo com as tradições sociais, os costumes e os hábitos. Um bom exemplo dela
é a ida para a escola – ir para a escola é algo habitual, costumeiro, que
ocorre vários dias na semana, sendo, pois, tradicional. E na escola não se
estuda sozinho(a), sendo que a transmissão de conhecimentos se dá
coletivamente. Uma festa junina pode ser dada como outro exemplo, visto que
ocorre anualmente, tradicionalmente, e envolve indivíduos e grupos diversos
para sua realização.
2)
Ação social afetiva é aquela ação na qual estão
envolvidos sentimentos, afetos, não podendo se dar sozinho(a), portanto. Um
pequeno exemplo, o namoro envolve o sentimento do amor e o da paixão. Com o
tempo, vem o casamento, a formação da família, que é uma das células
fundamentais no interior da sociedade. Um namoro envolve também as famílias das
pessoas amadas. O choro em um funeral, a lástima pela perda de um ente querido
– um funeral envolve sempre mais de um indivíduo e é um aspecto da vida social.
3)
Ação social com relação a fins. É aquela ação que
tem um fim (finalidade, objetivo) determinado a ser alcançado. Um bom exemplo:
estudar para passar no ENEM – ação: estudar; fim (finalidade): passar no ENEM.
E o ENEM é coletivo, envolve muitas pessoas e tem impacto social.
4)
Ação social com relação a valores. Segundo Weber, é
aquela ação que é levada adiante por conta de valores em que a pessoa acredita
ou carrega dentro de si, aprendidos com a família, a religião, a escola e em
outras instituições sociais. Por exemplo: praticar um gesto de caridade. O
gesto é a ação, a caridade é o valor que impulsiona a realização do gesto.
Max Weber teve uma
preocupação muito grande também no que diz respeito ao poder. Ora, não existe
sociedade na qual o poder, de alguma maneira seja exercido, fundamental à ordem
social. Weber fala de dominação, isto é, o exercício do poder no interior da sociedade.
E Weber trata de três tipos básicos de dominação.
Segundo Weber, há três
tipos de dominação, a saber:
1)
Dominação tradicional. É aquela dominação que se
exerce por conta dos costumes e da tradição. Tradição, vale lembrar, é
transmissão. Um bom exemplo de dominação tradicional é a que ocorre em países
onde há reis e rainhas – o poder se transmite, tradicionalmente, de pai para
filho. Nessa forma de dominação há o governante e há os súditos. Um outro
exemplo, na Bíblia, o poder dos patriarcas bíblicos do Antigo Testamento, que
se dava de forma tradicional.
2)
Dominação carismática. Segundo Weber, é aquela
dominação exercida por um sujeito ou um grupo que tem carismas, isto é,
habilidades e qualidades que levam as pessoas à sua aceitação e à submissão a
ele. Dois bons exemplos de dominação carismática foram: uma negativamente,
exercida por Hitler, auxiliado por uma cúpula nazista, homem de grande
eloquência e liderança, que, infelizmente, fez mal uso, com seu grupo de
nazistas, do poder, enveredando a Alemanha numa guerra terrível (II Guerra
Mundial); um exemplo muito positivo foi o de Mahatma Ghandi, na Índia, que
soube liberar seu povo até a independência em relação ao Império Britânico.
Ghandi era um sujeito muito carismático e tornou-se muitíssimo respeitado pelo
povo indiano.
3)
Dominação legal. Como o próprio nome indica, é
aquela dominação fundada nas leis. Um exemplo disto está no Brasil e em outros
países que têm a divisão tripartite: poder executivo, poder legislativo e poder
judiciário, cada qual ligado ao outro e, ao mesmo tempo, separado conforme o
desempenho de cada um, sendo que todos seguem as mesmas leis e as respeitam.
Weber, ao estudar a
religião, viu, em seu livro A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, uma forte influência do
protestantismo no pensar capitalista, valorizando a riqueza como sinal da
bênção divina, vendo no trabalho um meio de autodisciplina e de organização,
além do ganho de dinheiro e produção de riquezas pessoais, familiares e
sociais.
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