domingo, 25 de setembro de 2022

TERCEIRO BIMESTRE – AULA 9 DE ATUALIDADES POLÍTICAS, ECONÔMICAS E SOCIAIS DOS TERCEIROS ANOS: AS CONQUISTAS ESPACIAIS (Prof. José Antônio Brazão.)

  

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica


TERCEIRO BIMESTRE – AULA 9 DE ATUALIDADES POLÍTICAS, ECONÔMICAS E SOCIAIS DOS TERCEIROS ANOS:

AS CONQUISTAS ESPACIAIS (Prof. José Antônio Brazão.)

É muito comum se falar, hoje, em conquistas espaciais e da busca de habitação humana da lua e de outros planetas, como é o caso de Marte. Há, inclusive, filmes que tocam no assunto, como Perdido em Marte, Star Wars, além de outros tantos. O ser humano se pergunta, até mesmo, se está sozinho no universo e, em muitos casos, sonha encontrar alienígenas inteligentes.

IMAGENS:

https://www.google.com/search?q=descobertas+espaciais&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiwzMu9krD6AhVejZUCHUbnCCgQ_AUoAnoECAIQBA&biw=1536&bih=746&dpr=1.25#imgrc=FMyLfm1hdaeGdM

O trabalho do empresário e bilionário Elon Reeve Musk (dono da Tesla e da SpaceX) é muito destacado, por conta do interesse em querer levar os avanços espaciais à transposição de limites cada vez maior. Além dele, entre 2021 e 2022 e outros anos que virão, outro destaque de extrema importância está no telescópio James Webb (em homenagem a antigo diretor da NASA), da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), que tem permitido a percepção de imagens do universo e do sistema solar nunca antes vistas.

IMAGENS:

SpaceX:

https://www.spacex.com/launches/

NASA:

https://www.nasa.gov/

Existindo ainda hoje, vale destacar o trabalho realizado por meio do telescópio Hubble, lançado pela NASA em 1990, a bordo do ônibus espacial Discovery. Desde 1990 até hoje, milhares e milhares de fotos e imagens do universo têm contribuído para o esclarecimento cada vez maior acerca do universo. E, como foi dito, atualmente, com o acréscimo do James Webb.

IMAGENS:

Hubble Project (Projeto Hubble), da NASA:

https://www.nasa.gov/mission_pages/hubble/main/index.html

James Webb Space Telescope (Telescópio Espacial James Webb):

https://www.nasa.gov/mission_pages/webb/main/index.html

Há, a décadas, uma corrida espacial, entre os EUA (Estados Unidos da América) e a Rússia, à qual, hoje, se somam outros países, como a China e a Arábia Saudita, que mandaram, há pouco tempo, instrumentos robóticos a Marte. Os EUA, a mais tempo.

IMAGENS:

https://www.google.com/search?q=ar%C3%A1bia+saudita+e+china+na+disputa+espacial&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiiq6XYlLD6AhVjLrkGHQbuCOIQ_AUoAnoECAIQBA&biw=1536&bih=746&dpr=1.25#imgrc=vDugTA59wGjTYM

Mas como surgiu esse impulso enorme no desenvolvimento de foguetes e naves espaciais, da conquista do espaço sideral? No século XX, um elemento que contribuiu imensamente para um ampliar das investigações e das investidas em direção ao espaço foi a CORRIDA ESPACIAL, que tomou impulso depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) entre os EUA e a antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Mas que tem frutos advindos do que antecedeu a guerra e se seguiu durante a mesma. Vejamos.

IMAGENS:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Corrida_espacial#/media/Ficheiro:Sputnik_asm.jpg

O Partido Nazista, ao tomar o poder na Alemanha, em 1933 e o manter até 1945, rasgou o Tratado de Versalhes (de depois da Primeira Guerra Mundial, que proibia o desenvolvimento do setor bélico alemão), investiu imensamente os recursos científicos, tecnológicos e o trabalho de muitos cientistas e engenheiros na fabricação de armas cada vez mais potentes e letais: aviões, submarinos, torpedos, mísseis, bombas, armas cada vez mais bem construídas e com poderes até então inimagináveis. Um destaque se deu com as pesquisas do cientista e engenheiro Werner Magnus Maxilian von Braun (1912 – 1977).

IMAGENS:

Conjunto 1: Von Braun.

https://en.wikipedia.org/wiki/Wernher_von_Braun#/media/File:Wernher_von_Braun_1960.jpg

Conjunto 2: Foguete V2.

https://pt.wikipedia.org/wiki/V-2#/media/Ficheiro:Fus%C3%A9e_V2.jpg

Von Braun, desde menino, muito interessado no estudo dos foguetes, em sua juventude fez diversos destes. Com os estudos na área de engenharia, aprimorou mais ainda esses foguetes, sonhando com o uso destes para futuras viagens espaciais, além, é claro, de seu potencial uso bélico. Contratado pelos nazistas, foi um dos responsáveis (o principal) pelo desenvolvimento dos foguetes V2, que iriam atingir, de cheio, a Inglaterra, em guerra contra a Alemanha.

Além do mais, engenheiros nazistas desenvolveram aviões com turbinas, hoje muito usadas em diferentes tipos de aviões, inclusive comerciais. Queriam inventar a bomba atômica, mas foram impedidos pelos Aliados – ela seria feita pelos EUA durante a II Guerra Mundial e lançada sobre duas cidades japonesas (Hiroshima e Nagasaki), em 1945.

Von Braun e sua equipe, ao final da II Guerra Mundial, se entregaram aos Aliados, vindo a trabalhar, durante muitos anos, naquele que viria a ser o programa espacial norte-americano, tendo, nas décadas de 1960 e 1970, até mesmo levado homens à Lua. Quanto à URSS, fez o mesmo com cientistas alemães, além dos seus próprios. Aliás, a URSS antecedeu em duas vezes as conquistas espaciais norte-americanas – com o satélite Sputnik (o mesmo que deu nome à vacina Russa atual contra a COVID-19), em 1957, e o primeiro astronauta, Yuri Gagarin, que em 1961 foi o primeiro homem a dar voltas na Terra no espaço sideral. Daí para diante, o empenho de cada lado (capitalistas e comunistas) em conquistarem o espaço.

Tanto soviéticos quanto americanos queriam chegar à Lua primeiro e trazer de volta à Terra. O feito foi realizado, em 1969, por astronautas estadunidenses. E não parou por aí: sondas espaciais, de um lado e do outros, viriam a ser lançadas na exploração de planetas, foguetes de excelente qualidade, entre outros, com destaque para as estações espaciais. Décadas depois, os EUA desenvolveram os ônibus espaciais, capazes de levar vários astronautas, ao mesmo tempo, ao espaço, impulsionados, da Terra, por enormes foguetes aos quais se acoplavam. Como era extremamente caro, o programa dos ônibus espaciais teve uma parada, mas não a pesquisa e o aprimoramento de foguetes e telescópios, além de satélites artificiais.

Das sondas espaciais estadunidenses, duas se destacam: as Voyager 1 e 2, lançadas em 1977 e ainda em funcionamento parcial, atualmente encontrando-se para além dos limites do sistema solar.

O Japão, a Índia, entre outros países, também o Brasil, têm se preocupado, como os citados (EUA, Rússia e China). O Brasil, inclusive, anos atrás, mandou o primeiro astronauta para o espaço, no trabalho, por alguns dias, numa estação espacial, o tenente-coronel Marcos Pontes, hoje com 59 anos de idade.

No mundo atual, há empresas particulares que também fabricam foguetes e outros veículos aéreos e espaciais, como é o caso da SpaceX.

Estas e muitas outras descobertas e invenções espaciais foram e continuam sendo avanços enormes da humanidade, em seu sonho antigo de conquistar os céus, desde a mitologia grega, com Dédalo e seu filho Ícaro, que haviam fugido do labirinto do Minotauro com asas projetadas pelo genial arquiteto-inventor. Eis o que se diz deles:

“Ícaro era filho de Dédalo, o genial arquiteto e inventor que trabalhava para o Rei Minos, na Ilha de Creta. Foi Dédalo quem projetou o labirinto onde vivia o temível Minotauro, e foi também ele quem ensinou a Princesa Ariadne como ajudar Teseu a entrar e sair do labirinto sem se perder em seus corredores.

Depois que Teseu derrotou o Minotauro (essa história a gente conta outro dia...), Dédalo foi preso no labirinto, junto com seu filho, Ícaro.

Para conseguirem fugir, ele teve a ideia de construir asas feitas com penas de gaivotas coladas com cera de abelhas. E, como era um grande inventor, suas asas realmente funcionaram e os dois saíram voando do labirinto e fugiram de Creta.

Porém, ao sentir-se livre como um pássaro, voando pelos céus, Ícaro pensou que era tão poderoso quanto um deus e voou cada vez mais alto, sem ouvir os conselhos de seu pai, que alertava para o perigo de um voo tão ousado.

O castigo pela ousadia não demorou. Pouco a pouco, o calor do sol foi derretendo a cera e descolando as penas, desfazendo as asas. Sem poder ajudar o filho, Dédalo assistiu horrorizado enquanto Ícaro despencava das alturas até cair no mar Egeu, onde acabou se afogando.

Mas o sonho de voar como os pássaros não morreu junto com Ícaro, pelo contrário. Continuou a inspirar inventores tão geniais quanto o lendário Dédalo, entre eles Leonardo da Vinci e o brasileiro Santos-Dumont, o inventor do avião.” (MULTIRIO. Ícaro. Disponível em: < http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/multiclube/3a5/diz-a-lenda/10304-%C3%ADcaro > Acesso em 25 de setembro de 2022.)

Além do mais, o sonho humano de chegar a outros planetas pode ser claramente mostrado no caso do livro Da Terra à Lua, do francês Júlio Verne, em que imagina uma nave projetada por tiro de enorme canhão até o espaço, em direção à Lua e seu retorno à Terra, depois de descobertas feitas ali.

Além deles, desde tempos muito antigos, o desejo humano de conhecer o universo, de o entender, de o explicar, por conta da curiosidade, da observação dos céus, mesmo a olhos nus, da percepção da regularidade dos movimentos celestiais, como as fases da Lua, o movimento contínuo dos astros, entre outros fenômenos ligados aos céus. Houve até mesmo a crença da influência deles sobre a vida e as ações humanas, como é o caso da Astrologia, que viria a ser contrastada pela Astronomia.

Muitos nomes poderiam ser citados nessa busca humana de conhecimento do universo, com destaque, no mundo ocidental, para Aristóteles, Cláudio Ptolomeu, Dante Alighieri (que descreve uma ida da Terra às partes mais externas do sistema geocêntrico em seu livro A Divina Comédia), Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Isaac Newton, William Herschel e sua esposa, Albert Einstein, Edwin Hubble, Cecilia Payne, Carl Sagan, Stephen Hawking, Neil deGrasse Tyson, entre muitos outros e outras.

O Brasil ainda tem muito a desenvolver nesse campo. Cabeças científicas, grandes estudiosos e estudiosas não faltam. Precisa, inclusive, voltar seu programa espacial futuramente, parado há algumas décadas, desde o governo FHC.

 

 

TERCEIRO BIMESTRE – AULA 09 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DO PRIMEIRO ANO: CORREÇÃO DA PROVA BIMESTRAL (Prof. José Antônio Brazão.)

  

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

 

TERCEIRO BIMESTRE – AULA 09 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS -

PRIMEIROS ANOS

CORREÇÃO DA PROVA BIMESTRAL (Prof. José Antônio Brazão.)

PROVA BIMESTRAL

CONTEXTO HISTÓRICO INTERNACIONAL NA ÉPOCA DA COLONIZAÇÃO DE GOIÁS (UM POUCO ANTES E DURANTE), ALGUNS ELEMENTOS (Prof. José Antônio Brazão.):

A cultura colonial goiana, entre fins do século XVII e o século XVIII, encontra-se situada num contexto, conjunto de fatores e acontecimentos que veio (vieram) a influenciar profundamente a constituição dos estabelecimentos, da formação de vilas e, com o tempo, cidades, que nasceram em torno de necessidades, particularmente, econômicas, como a agricultura, a criação de animais e, de modo profundamente marcante, a mineração, além da busca de expansão de territórios sob o controle da Coroa Portuguesa. Os bandeirantes, desbravadores portugueses ou filhos de portugueses, tiveram papel extremamente importante na expansão territorial e na busca de ouro e pedras preciosas, abrindo caminhos para a formação, inclusive de vilas e cidades – dentre as cidades históricas de Goiás, por exemplo, destaque para a Cidade de Goiás, carinhosamente chamada Goiás Velho.

A história de Goiás Velho tem seu início com a busca de ouro e outras pelos bandeirantes, devendo-se citar Bartolomeu Bueno Silva, tanto o pai quanto o filho, particularmente este, conhecido como Anhanguera. Entre os séculos XVII e XVIII. Depois de incansável procura, o Anhanguera acabou achando ouro. Goiás teve sua fundação no ano de 1729 e concentrou o poder de capital do Estado até a primeira metade do século XX (1933). Goiás veio a ter, no período colonial, por conta dos Goyases, índios habitantes de parte da região central do Brasil, que, porém, não subsistiram, por conta de ataques de bandeirantes e de membros de agrupamentos que para cá vieram, levando, enfim, à sua extinção.

Alguns fatos antecedentes e da época da colonização de Goiás, de vital importância para a formação, devem ser mencionados também:

A ERA DOS DESCOBRIMENTOS (AS GRANDES NAVEGAÇÕES):

O ouro e as pedras preciosas, além de outras riquezas da América do Sul e Central, incluindo o Brasil (e dentro deste as regiões de Minas Gerais e de Goiás, além de São Paulo), eram levados em barcos, pelo Oceano Atlântico, para Portugal e, daí, com certeza, entravam, de diferentes formas, como o comércio, em outros países, como Inglaterra, França, Itália, além de outros, vindo a financiar a economia, mas também as artes e até mesmo guerras.

O Renascimento Cultural e Artístico europeu, que teve seus inícios por volta do século XV da era cristã, talvez um pouco antes. Foi um período de grande desenvolvimento das artes na Europa. Mas foi o BARROCO, que sucedeu ao Renascimento, que acompanhou o boom (a expansão) do CICLO DO OURO no Brasil, chegando até GOIÁS. Na cidade de Goiás Velho, por exemplo, existem igrejas desse período barroco, cujas paredes são muito grossas, próprias dos tipos de construções daqueles tempos coloniais. Elas também têm entalhes e parte de cobertura em ouro, ainda que nem sequer cheguem à quantidade de ouro empregada em igrejas de Minas Gerais (Ouro Preto e Mariana, por exemplo), do Rio de Janeiro e de Salvador (Bahia). (Imagens logo acima.)

REFORMA PROTESTANTE NA EUROPA:

A cultura goiana foi profundamente marcada pelo catolicismo, por, pelo menos, dois ou quase três séculos, desde a colonização e ocupação das terras goianas. Um fator que contribuiu, seguramente, para isto, foi a REFORMA PROTESTANTE, que ocorreu no século XVI, vinha e vem se ampliando, com novas igrejas cristãs, desde então. Só para termos uma curiosidade, atualmente, em pleno século XXI, Goiânia é uma das capitais onde o evangelicismo (protestantismo) tem maior amplitude, com muitas igrejas evangélicas e pentecostais, além, é claro, de muitas paróquias e igrejas católicas.

QUESTÃO 1: Os bandeirantes, desbravadores portugueses ou filhos de portugueses, tiveram papel extremamente importante na expansão territorial e na busca de ouro e pedras preciosas, abrindo caminhos para a formação, inclusive de vilas e cidades – dentre as cidades históricas de Goiás, por exemplo, destaque para a Cidade de Goiás, carinhosamente chamada Goiás Velho. Na cidade de Goiás, um marco demarcatório da presença da Coroa Portuguesa e da Igreja Católica nestas terras encontra-se:

(a)(  X ) Uma cruz que carrega a memória também de Bartolomeu Bueno da Silva.

Obs.: Lembrete: Essa cruz se chama Cruz do Anhanguera. Fica junto de um marco que firmava (e hoje recorda) o poder português colonial naquelas terras, além da presença da Igreja Católica.

(b)(     ) Uma trilha pela qual passaram os bandeirantes.

(c)(     ) A estátua do bandeirante.

(d)(     ) Um memorial aos bandeirantes.

(e)(     ) Um conjunto de igrejas.

QUESTÃO 2: A história de Goiás Velho tem seu início com a busca de ouro e outras pelos bandeirantes, devendo-se citar Bartolomeu Bueno Silva, tanto o pai quanto o filho. Entre os séculos XVII e XVIII. O filho, especialmente, é conhecido mais pelo apelido:

(a)(     ) Piracanjuba.

(b)(     ) Ubirajara.

(c)(  X   ) Anhanguera.

OBS.: Significado de Anhanguera:

substantivo masculino[Popular] O diabo; gênio manhoso; anhangá.Pessoa bravia, ousada, valente.adjetivoQue é valente, destemido.Etimologia (origem da palavra anhanguera). Do tupi añang-wéra. (Fonte: Dicio – Dicionário Online de Português.)

Obs. 2: Anhanguera é o nome dado a Bartolomeu Bueno da Silva, dado pelos índios tanto ao pai quanto ao filho, que tinham o mesmo nome.

(d)(     ) Peri.

(e)(     ) Raoní.

QUESTÃO 3: Goiás teve sua fundação no ano de 1729 e concentrou o poder de capital do Estado até a primeira metade do século XX. O nome do Estado de Goiás tem sua origem na cultura:

(a)(     ) Branca, europeia.

(b)(   X  ) Indígena, da região central do Brasil.

OBS.: O nome Goiás vem de um grupo de índios, chamados goyases, que viveram na região, hoje, infelizmente, extintos.

(c)(     ) Negra, de diferentes  regiões da África.

(d)(     ) Japonesa, que migrou para o Brasil, deixando neste a sua marca.

(e)(     ) Espanhola, com desbravadores que avançaram e conquistaram terras nas Américas do Sul e Central.

QUESTÃO 4: O BARROCO, que sucedeu ao Renascimento, que acompanhou o boom (a expansão) do CICLO DO OURO no Brasil, chegando até GOIÁS. Na cidade de Goiás Velho, por exemplo, existem igrejas desse período barroco, cujas paredes são muito grossas, próprias dos tipos de construções daqueles tempos coloniais. Elas também têm entalhes e parte de cobertura em ouro. Em Goiás, outra cidade que se destacou imensamente no que tange ao Barroco, deixando grande herança, foi:

(a)(   X  ) Pilar de Goiás.

OBS.: Pilar de Goiás é a única cidade goiana que aparece aqui. Ademais, basta reparar bem o nome Goiás ao final! De fato, é uma cidade que guarda bom acervo da cultura barroca em Goiás, dos tempos da mineração.

(b)(     ) Mariana.

(c)(     ) Ouro Preto.

(d)(     ) Salvador.

(e)(     ) Petrópolis.

QUESTÃO 5: Marque a alternativa errada. A cultura goiana foi profundamente marcada pelo catolicismo, por, pelo menos, dois ou quase três séculos, desde a colonização e ocupação das terras goianas. Um fator que contribuiu, seguramente, para isto, foi a REFORMA PROTESTANTE, que ocorreu no século XVI, vinha e vem se ampliando, com novas igrejas cristãs, desde então. Ao aliar-se ao Estado Português na empreitada colonizadora, a Igreja Católica buscou:

(a)(     ) Aumentar o número de fiéis.

(b)(     ) Converter índios e outros à fé católica.

(c)(     ) Afirmar e reafirmar suas doutrinas, evitando o perigo das heresias.

(d)(  X   ) Um diálogo profícuo com as religiões cristãs então em desenvolvimento.

OBS.: A religião predominante, na época colonial, no Brasil e em Goiás, foi a Religião Católica. Guardando as normas que vinham desde o Concílio de Trento, da Europa, buscou combater o protestantismo e aumentar o número de fiéis.

(e)(     ) Atender religiosamente as famílias que vieram para Goiás, em particular, a fim de manter firme seu redil.

QUESTÃO 6: Aponte duas ações realizadas pelos bandeirantes que vieram para Goiás.

OBS. Possíveis respostas: Encontrar ouro e pedras preciosas, ampliar as terras de domínio da Coroa Portuguesa, caçar e escravizar índios, caçar escravos fugidos de fazendas.

QUESTÃO 7: Entre os artistas do BARROCO brasileiro, é goiano e teve grande destaque:

OBS. Resposta: José Joaquim da Veiga Valle [que viveu entre 1806 e 1874].

QUESTÃO 8: O Barroco teve uma relação profunda com a vida religiosa das pessoas no período colonial, em Goiás e em outros lugares do Brasil. As obras de destaque do Barroco brasileiro chamam atenção para a devoção e o incentivo desta. Que tipos de obras foram elas, a ponto de mexerem com a devoção? Cite dois tipos.

OBS.: Resposta possível: esculturas, pinturas, desenhos, quadros, estatuetas... [Obs.: Na Igreja da Boa Morte, na Cidade de Goiás, há várias estátuas de anjos e santos da devoção popular goiana.

BOA PROVA!

 

 

 

 

 

 

TERCEIRO BIMESTRE – AULA 9 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS: O SISTEMA ASTRONÔMICO ARISTOTÉLICO-PTOLOMAICO EM OS LUSÍADAS, DE CAMÕES (Contin.) (Prof. José Antônio Brazão.):

  

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

 

TERCEIRO BIMESTRE – AULA 9 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS

O SISTEMA ASTRONÔMICO ARISTOTÉLICO-PTOLOMAICO EM OS LUSÍADAS, DE CAMÕES (Contin.):

Obs.: Passar desenhos complementares no quadro branco também. Ajudam na compreensão. Vale lembrar que serão necessárias outras aulas para concluir.

O SISTEMA GEOCÊNTRICO EM “OS LUSÍADAS” DE CAMÕES:

(Prof. José Antônio Brazão.)

Diálogo interdisciplinar: FILOSOFIA - LÍNGUA PORTUGUESA – TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS. 

Os Lusíadas, grande poema de Luís Vaz de Camões (1524 – 1580) que conta, poeticamente, a história da viagem de Vasco da Gama, com sua frota, até as Índias, contornando os mares que ficam ao Sul da África até chegar àquela região, onde fariam negócios e trocas, na busca de riquezas e glória. Lusíadas ou lusitanos são os portugueses. O poema faz uma mescla entre fatos históricos e mitologia – ação de deuses e deusas greco-romanos, muito comum na era do Renascimento artístico-cultural europeu. O texto a seguir faz parte do CANTO X, que trata do retorno dos portugueses, com Vasco da Gama, para Portugal. Para descansarem, param na Ilha da deusa grega Tétis, uma divindade dos mares. Vejamos o momento em que ela convida Vasco da Gama e alguns com ele para subirem a um monte, em cujo cume viriam a ter uma verdadeira aula a respeito da composição do universo (cosmos) tal como se cria em muitas partes da Europa: o universo geocêntrico e fechado. O vocabulário é o daquele tempo (séc. XVI).

Eis o texto (os números correspondem a estrofes do canto X de Os Lusíadas, de Camões):

 

“(75)Despois que a corporal necessidade

Se satisfez do mantimento nobre,

E na harmonia e doce suavidade

Viram os altos feitos que descobre,

Téthis, de graça ornada e gravidade,

Pera que com mais alta glória dobre.

As festas deste alegre e claro dia,

Pera o Felice Gama assi[m] dizia:”

Explicação do Prof. José Antônio: Depois de terem se alimentado e festejado, após tantas façanhas (feitos e relatos de viagem e outros), Tétis, uma das deusas dos mares, que havia recebido os navegantes portugueses em sua ilha, dirige-se a Vasco da Gama (o capitão-mor da esquadra), no que viria a ser um convite à subida ao monte, como se verá a seguir. Tétis estava muito bem ornada e arrumada, com certa seriedade (gravidade).

 

 

“(76) – Faz-te mercê, barão, a Sapiência

Suprema de, cos olhos corporais,

Veres o que não pode a vã ciência

Dos errados e míseros mortais.

Sigue-me firme e forte, com prudência,

Por este monte espesso, tu cos mais.

Assi[m] lhe diz e o guia por um mato

Árduo, difícil, duro a humano trato.”

Explicação do Prof. José Antônio: Mercê é um favor, um benefício. No caso, um benefício dado pela Sapiência Suprema, isto é, DEUS. Qual benefício ou prêmio? De ver, com os olhos corporais (os olhos do corpo) o que a ciência fraca e passageira (vã) dos seres humanos, seres errados, imperfeitos, miseráveis (míseros) e mortais, não pode oferecer (a visão do que viriam a ver no alto do monte). Tétis pede que Vasco da Gama e os que com ele estavam a sigam, firme e forte, com prudência (com cuidado), na subida de um monte certamente pedregoso e espesso (grosso) por conta do mato que o rodeava. E assim foram subindo, guiados por Tétis, por um mato (um matagal) árduo (cansativo...), difícil de atravessar, duro ao modo humano de tratar, de lidar. Uma subida exigente e difícil. (Para aprender e descobrir algo novo é preciso subir montes de difícil trato! Aprender não é uma tarefa fácil, como se vê nessa subida, mas a recompensa é certa, como se verá a seguir.)

 

“(77) Não andam muito que no erguido cume

Se acharam, onde um campo se esmaltava

De esmeraldas, rubis, tais que presume

A vista que divino chão pisava.

Aqui um globo vêm no ar, que o lume

Claríssimo por ele penetrava,

De modo que o seu centro está evidente,

Como a sua superfície, claramente.”

Explicação do Prof. José Antônio: Depois de terem enfrentado uma subida difícil e atravessado um mato de difícil trato, guiados por Tétis, os convidados chegam ao cume (alto) do monte, vendo aí um campo muito bonito, cheio de pedras preciosas, tão bonito que parecia chão divino (vale lembrar: Moisés, ao ver a sarça ardente, num monte, pisou em solo sagrado também, divino, lá no livro bíblico do Êxodo). O lugar era bonito para valer! Valeu tanto esforço! A seguir, a deusa Tétis projeta um globo luminoso no ar (semelhante, hoje, ao holograma), atravessado por uma luz (lume) claríssima, de tal modo que se podia ver (está evidente) tanto o centro quanto a superfície do globo. João Manuel Mimoso diz: “Tétis guia Vasco da Gama por um caminho árduo que talvez simbolize a ignorância que há a vencer para atingir o Saber.” (Em: https://www.inverso.pt/lusiadas/m%E1quina.htm ) Mais adiante faremos, também uma comparação com a saída do prisioneiro livre da caverna, na Alegoria da Caverna, de Platão (República, livro VII).

 

“(78) Qual a matéria seja não se enxerga,

Mas enxerga-se bem que está composto

De vários orbes, que a Divina verga

Compôs, e um centro a todos só tem posto.

Volvendo, ora se abaixe, agora se erga,

Nunca s’ergue ou se abaixa, e um mesmo rosto

Por toda a parte tem; e em toda a parte

Começa e acaba, enfim, por divina arte,”

Explicação do Prof. José Antônio: A matéria de que era composto o globo não se enxergava (não se podia exatamente saber). Porém, os visitantes viram, para além da transparência, que o globo era composto por orbes (globos menores representando os astros), sustentados pela verga (sustentação... [ao pé da letra, “pau apoiado ao mastro” que segura cada vela do barco – Wikipédia, verbete Verga ]) composta por Deus (Divina verga). Em resumo: Camões fala da sustentação do universo que é feita por algo a que ele compara com cada verga presa ao mastro de um navio . A matéria não visível quer dizer que o globo é transparente, permitindo ver dentro dele, com os orbes (astros celestiais). Camões compara com um rosto. O rosto do universo é o mesmo: é redondo, dispõe de movimento (o movimento dos astros ao redor da Terra, no caso). Feito por divina arte – pelo trabalho de Deus (o universo maior) e por Tétis (a projeção que estavam vendo). Olhando para os céus pode-se ver que cada orbe se move sempre seguindo o seu curso, regularmente, sempre o mesmo, em círculos e epiciclos (mais adiante serão explicados), em torno do mesmo centro (a Terra), não se erguendo nem se abaixando como ocorre com as velas de um navio.

 

“(79) Uniforme, perfeito, em si sustido,

Qual, enfim, o Arquetipo que o criou.

Vendo o Gama este globo, comovido

De espanto e de desejo ali ficou.

Diz-lhe a Deusa: - «O transunto, reduzido

Em pequeno volume, aqui te dou

Do Mundo aos olhos teus, pera que vejas

Por onde vás e irás e o que desejas.”

Explicação do Prof. José Antônio: Eis como João Manuel Mimoso comenta: “em si sustido- funcionando por si só, sem intervenção externa (mas talvez se refira simplesmente ao facto do globo estar suspenso no ar, sem apoio externo); qual... o Arquétipo que o criou- igual à imagem mental (arquétipo) ou plano divino segundo o qual foi criado (a maiúscula é usada por de tratar de um plano de Deus); transunto- cópia, modelo.” (João M. Mimoso. Site citado.) Explico (Prof. José.): O globo luminoso, projetado no ar pela deusa Tétis, é uniforme (tem uma forma única em todos os lados – de fato, o círculo ou um globo é uniforme, não tem quebras). Tem funcionamento próprio: o universo segue leis naturais estabelecidas por Deus. O modelo (transunto, no português antigo) em tamanho pequeno (reduzido) representa o Mundo (o universo geocêntrico) que se vê quando se olha para cima. “(...)pera que vejas Por onde vás e irás e o que desejas”: curiosamente, vale lembrar que os céus noturnos (com as estrelas e constelações) e até diurno(com a posição do Sol) permitiam, de fato, a navegação (ir e vir – “vás e irás”) e era objeto da astrologia (que lida com os desejos humanos de ligação com o mundo, as previsões, etc.). [Hoje, é claro, a astrologia é uma pseudo-ciência.]

 

“(80) «Vês aqui a grande máquina do Mundo,

Etérea e elementar, que fabricada

Assim foi do Saber, alto e profundo,

Que é sem princípio e meta limitada.

Quem cerca em derredor este rotundo

Globo e sua superfície tão limada,

É Deus: mas o que é Deus, ninguém o entende,

Que a tanto o engenho humano não se estende.”

Explicação do Prof. José Antônio: João M. Mimoso comenta: “etérea e elemental- pensava-se que o Universo tinha uma parte formada dos 4 elementos (terra, ar, água e fogo) e outra não-elemental, formada de éter (etérea); limada- lisa e polida.”(MIMOSO, ver site citado). Explico (Prof. José.): De acordo com Aristóteles(filósofo grego do século IV a.C.) e Cláudio Ptolomeu (astrônomo e geógrafo do século II d.C.), os antigos e os medievais, o universo geocêntrico (que tem a Terra como centro) era composto de duas partes: o mundo sublunar (o mundo abaixo da Lua [luna]) = a Terra propriamente dita, composta por quatro elementos: terra, água, ar e fogo – caracterizando, respectivamente, o sólido, líquido, gasoso e energia (luz e calor do fogo); o mundo supralunar, isto é, acima da Lua (luna), composto pelo ÉTER, substância pura, cristalina, sem defeito. Com isto, os céus (os astros e corpos celestiais) eram considerados puros, um globo com superfície limada (lisa, parecida com uma superfície em que se passou uma lima para alisar). Vale lembrar que, no século XVII, Galileu Galilei descobrirá, com o telescópio, que não é bem assim (assunto para outro dia). O Mundo (o universo) é comparado com uma MÁQUINA, com cada peça funcionando direitinho e contribuindo para o movimento do todo, fabricada por Deus (o Saber, alto e profundo, sem princípio e sem fim [sem meta limitada], isto é, eterno – o Saber...: mais uma metonímia para se referir a Deus: usa a característica para se referir ao possuidor). Deus (o Criador verdadeiro): ninguém entende  ou pode entender o que Ele é ou como Ele é, a inteligência (o engenho humano) a Ele não consegue estender-se. [Vale lembrar a história de Santo Agostinho e o menino que queria colocar o mar em um buraquinho da praia.]

 

Ver imagem do universo geocêntrico em: https://1.bp.blogspot.com/-X9KE1ilLSRk/WWmTJb2_xhI/AAAAAAAAEK0/KXxgd_TyW6Q4nYHyi5sC0ySStsYcXLLdwCLcBGAs/s1600/000.a1.jpg

 

O PRIMEIRO E MAIS EXTERNO ORBE: O EMPÍREO.

(81) «Este orbe que, primeiro, vai cercando

Os outros mais pequenos que em si tem,

Que está com luz tão clara radiando

Que a vista cega e a mente vil também,

Empíreo se nomeia, onde logrando

Puras almas estão daquele Bem

Tamanho, que ele só se entende e alcança,

De quem não há no mundo semelhança.”

Explicação do Prof. José Antônio: João M. Mimoso comenta: “segundo o modelo ptolomaico o universo era formado por onze esferas (orbes), com a Terra por centro. A esfera externa, denominada "Empíreo" era imóvel e etérea e nela estavam as almas que tinham ascendido ao Paraíso.” (Em: Ver citação.) Explico (Prof. José.): Orbe é um pequeno globo, no caso. A explicação de Tétis aos portugueses visitantes é de fora para dentro do universo (aqui em pequena escala [um transunto, um modelo]), diferentemente de Dante Alighieri, que, em A Divina Comédia, vai das profundezas da Terra aos céus mais elevados. O círculo mais externo é o EMPÍREO, lugar onde habitam os santos (as “puras almas”, a aproveitar (lograr) do benefício de estarem diretamente com Deus (o Bem Tamanho, com quem ninguém ou nada pode se assemelhar no mundo – outra metonímia para se referir a Deus). Curiosamente, BEM é um termo que PLATÃO usa para se referir à Ideia mais elevada do Mundo Inteligível. Aplicado aqui a Deus, o criador do universo. Orbe (esfera) muito luminoso, irradiante de luz.

 

DESCRIÇÃO DO EMPÍREO, HABITAÇÃO DOS SANTOS:

(82) «Aqui, só verdadeiros, gloriosos

Divos estão, porque eu, Saturno e Jano,

Júpiter, Juno, fomos fabulosos,

Fingidos de mortal e cego engano.

Só pera fazer versos deleitosos

Servimos; e, se mais o trato humano

Nos pode dar, é só que o nome nosso

Nestas estrelas pôs o engenho vosso.”

(83) «E também, porque a santa Providência,

Que em Júpiter aqui se representa,

Por espíritos mil que têm prudência

Governa o Mundo todo que sustenta

(Ensina-lo a profética ciência,

Em muitos dos exemplos que apresenta);

Os que são bons, guiando, favorecem,

Os maus, em quanto podem, nos empecem;”

(84) «Quer logo aqui a pintura que varia

Agora deleitando, ora ensinando,

Dar-lhe nomes que a antiga Poesia

A seus Deuses já dera, fabulando;

Que os Anjos de celeste companhia

Deuses o sacro verso está chamando,

Nem nega que esse nome preeminente

Também aos maus se dá, mas falsamente.”

Explicação de João M. Mimoso à estrofe 82: “divos- almas que ascenderam ao Divino, santos; nome nosso nestas estrelas (etc...)- Tétis reconhece que os deuses do Olimpo são fabulosos e só existem nos nomes que foram dados aos planetas (aqui chamados "estrelas").” Explicação do Prof. José Antônio ao conjunto: Tétis descreve quem habita no Empíreo: os Divos (santos, santas...), os Anjos, os seres inteligentes celestiais, com a presença da “santa Providência”, outra metonímia para se referir a Deus, comparado com  Júpiter (deus romano, o Zeus grego). Só comparado, pois Júpiter e os outros deuses(as), inclusive ela, Tétis deixa claro que são invenções humanas, úteis para se fazer, por exemplo, poesia. No final fala dos Anjos bons, que fazem companhia aos santos e santas, comparados a deuses pela Bíblia (“o sacro verso está chamando”), mas que, mesmo nela são apenas servos de Deus. Aos anjos maus (demônios) se dá no nome de deuses falsamente – isto é, não merecem esse nome.

 

O PRIMEIRO MÓBIL (A PRIMEIRA ESFERA CELESTIAL A MOVER, A MAIS RÁPIDA, UMA DAS MAIS EXTERNAS, ABAIXO DO EMPÍREO):

(85) «Enfim que o Sumo Deus, que por segundas

Causas obra no Mundo, tudo manda.

E tornando a contar-te das profundas

Obras da Mão Divina veneranda,

Debaixo deste círculo onde as mundas

Almas divinas gozam, que não anda,

Outro corre, tão leve e tão ligeiro

Que não se enxerga: é o Móbile primeiro.”

Explicação de João M. Mimoso: “que não andaa 11ª esfera (Empíreo) era imóvel;

Móbil Primeiro- a 10ª esfera, denominada Móbil Primeiro, rodava rapidamente (à razão de uma rotação por dia) e arrastava todas as outras que, assim, eram por ela movidas a diferentes velocidades de rotação (ver na estância seguinte "com este ...movimento vão todos os que dentro tem no seio").” [grifo meu] (Ver citação.) Explicação do Prof. José Antônio: O Sumo Deus governa o mundo por “segundas causas”, isto é, pelas LEIS NATURAIS. Depois do EMPÍREO, parado, onde moram as “almas divinas” (santos, santas, ...) vem o “MÓBILE PRIMEIRO” ou MÓBIL PRIMEIRO. O universo geocêntrico começa a mover-se de fora para dentro, diminuindo a velocidade a cada esfera ou círculo que compõe esse universo. [Veneranda: digna de veneração, adoração – a Mão Divina, que criou o Mundo. Comparação antropológica (com o ser humano): mão humana – Mão Divina (de Deus).]

 

O CRISTALINO, A TERCEIRA ESFERA DE CIMA PARA O CENTRO DO UNIVERSO (MUNDO):

(86) «Com este rapto e grande movimento

Vão todos os que dentro tem no seio;

Por obra deste, o Sol, andando a tento,

O dia e noite faz, com curso alheio.

Debaixo deste leve, anda outro lento,

Tão lento e sojugado a duro freio,

Que enquanto Febo, de luz nunca escasso,

Duzentos cursos faz, dá ele um passo.”

Explicação de João M. Mimoso: “com curso alheio- sem movimento próprio mas arrastado pelo movimento alheio (do Móbil Primeiro); anda outro lento- referência à 9ª esfera, aquosa, chamada Cristalino, que era suposta mover-se lentamente; enquanto Febo (etc...)- enquanto o Sol [Febo] completa duzentos ciclos (isto é, em duzentos anos), o Cristalino roda apenas um grau.” [grifos meus] (Ver citação.) Explicação do Prof. José Antônio: Tétis fala da rapidez (rapto, aqui = RÁPIDO) do Móbil (Móbile) Primeiro e da lentidão da esfera abaixo dele: o CRISTALINO. O Cristalino é tão lento que o Sol [Febo, na mitologia greco-romana] o ultrapassa em velocidade, ao redor da Terra, muitas vezes (o Sol é 200 vezes mais rápido que o Cristalino).

 

A ESFERA DO FIRMAMENTO (O CÉU DAS ESTRELAS):

 

(87)«Olha estoutro debaixo, que esmaltado

De corpos lisos anda e radiantes,

Que também nele tem curso ordenado

E nos seus axes correm cintilantes.

Bem vês como se veste e faz ornado

Co largo Cinto d'ouro, que estrelantes

Animais doze traz afigurados,

Aposentos de Febo limitados.”

Explicação de João M. Mimoso: “estoutro debaixo- a 8ª esfera (Firmamento) onde existiam as estrelas (corpos lisos); co largo Cinto d'Ouro (etc...)- o Zodíaco com as doze constelações que são os Signos; aposentos de Febo limitados- o Sol está em cada um dos signos durante um mês apenas.” (Ver citação.) Explicação do Prof. José Antônio: Estoutro = Este outro. Embaixo do Cristalino fica o FIRMAMENTO, os Céus de que fala a Bíblia. Firmamento aparece muito na Bíblia, de fato, para referir-se aos Céus das estrelas e dos astros. Curiosidade, para lembrar: acreditava-se que o Firmamento seria composto por “corpos lisos (...) e radiantes”, a andar pelos céus. O Firmamento é a esfera das ESTRELAS FIXAS, onde existe o CINTO D’OURO, expressão (conjunto de palavras) que Camões usa para comparar o ZODÍACO, que tem as doze (no texto; hoje, treze) constelações, muitas das quais cujas estrelas formam imagens de animais (“estrelantes animais”: Peixes, Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, [Ophiuchus,] Sagitário, Capricórnio e Aquário – o ser humano, da Virgem e dos Gêmeos, é também um animal, um animal racional [e, de acordo com Aristóteles, também político]). Afigurados, quer dizer, mostrados como figuras – as constelações formam figuras de animais. No seu movimento anual, o Sol atravessa cada constelação que compõe o CINTO D’DOURO (o ZODÍACO) – a astrologia faz uso disto. Quem tem o signo de Touro é porque o Sol está passando, por volta de abril/maio, pela constelação. Concepção geocêntrica do universo!!! E ainda no Firmamento:

 

(88) «Olha por outras partes a pintura

Que as Estrelas fulgentes vão fazendo:

Olha a Carreta, atenta a Cinosura,

Andrômeda e seu pai, e o Drago horrendo;

Vê de Cassiopéia a formosura

E do Orionte o gesto turbulento;

Olha o Cisne morrendo que suspira,

A Lebre e os Cães, a Nau e a doce Lira.”

Explicação do Prof. José Antônio: O FIRMAMENTO parece uma pintura, em que aparecem (fulgem, brilham; “vão fazendo”: vão aparecendo, vão surgindo... – com o anoitecer, as constelações vão aparecendo progressivamente, até brilharem todas no Firmamento noturno) as Estrelas fulgentes (brilhantes), em forma de constelações. Camões cita as constelações CARRETA, CINOSURA, ANDRÔMEDA E SEU PAI, DRAGÃO, CASSIOPEIA, ORIONTE, CISNE, LEBRE, CÃES, NAU e LIRA. Camões conhecia bem os Céus e era grande admirador, como se pode ver, das constelações do Firmamento, aliás, do universo como um todo.

 

OS PLANETAS, O SOL E A LUA, ABAIXO DO FIRMAMENTO:

(89) «Debaixo deste grande Firmamento,

Vês o céu de Saturno, Deus antigo;

Júpiter logo faz o movimento,

E Marte abaixo, bélico inimigo;

O claro Olho do céu, no quarto assento,

E Vênus, que os amores traz consigo;

Mercúrio, de eloquência soberana;

Com três rostos, debaixo vai Diana.”

Explicação de João M. Mimoso: Referência às 7 últimas esferas: a do planeta Saturno; a de Júpiter, a de Marte; a do Sol (o claro Olho do Céu); a de Vénus, a de Mercúrio; e, finalmente a da Lua, cujos três rostos são as três fases (ou "faces") em que está visível.” (Ver citação.) Explicação do Prof. José Antônio: Os nomes dos planetas, inclusive da Lua, representam deuses  a mitologia greco-romana. Esses astros, com o Sol, ficam embaixo do Firmamento: Saturno (grego Cronos) é o deus da geração, filho do Céu e da Terra (Gaia ou Geia), de acordo com a Wikipédia; Júpiter (o grego Zeus) é o pai dos deuses; Marte (grego Ares), deus da guerra (“bélico inimigo”); o Sol (Hélios, deus grego da luz), comparado a um grande Olho que está no Céu; Vênus (Afrodite, entre os gregos), deusa do amor; Mercúrio (Hermes, entre os gregos), “é um mensageiro e Deus da venda, lucro e comércio, o filho de Maia, uma Plêiade, e Júpiter” (Wikipédia).; a Lua (DIANA ou, entre os gregos, Ártemis, deusa da caça, adorada, por exemplo, em Éfeso, citada nos Atos dos Apóstolos, quando Paulo estava pregando e acabou apedrejado, sem morrer, por conta dos adoradores de Diana).

 

(90) «Em todos estes orbes, diferente

Curso verás, nuns grave e noutros leve;

Ora fogem do Centro longamente,

Ora da Terra estão caminho breve,

Bem como quis o Padre onipotente,

Que o fogo fez e o ar, o vento e neve,

Os quais verás que jazem mais a dentro

E tem com Mar a Terra por seu centro.”

Explicação de João M. Mimoso: “nuns grave e noutros leve- uns lentos e os outros rápidos;ora fogem do centro (etc...)- os planetas eram supostos ter órbitas circulares (na realidade são elípticas com o Sol num dos focos), excêntricas em relação à Terra. Durante o seu curso tanto se afastam muito (fogem do centro longamente), como se aproximam da Terra (ora da Terra estão caminho breve).” (Ver citação.) (O grifo central é meu.) Explicação do Prof. José Antônio: Sabemos hoje (século XXI) que as órbitas planetárias são elípticas, isto é, em forma de elipses, não circulares. Mas, na antiguidade e no tempo de Camões, se acreditava que eram circulares, redondinhas! Aí aparecida o problema dos desvios dos planetas em certas épocas de cada ano. Para corrigir esse problema e facilitar encontrar os planetas nos céus, Cláudio Ptolomeu (astrônomo e geógrafo, seguidor de Aristóteles) inventou os EPICICLOS – círculos menores em torno dos círculos orbitais maiores. Depois de falar disto, Camões volta-se, finalmente, para a TERRA, paradinha no centro do universo, onde o Pai (Padre) Onipotente (DEUS) fez o fogo, o ar, o vento, o mar, etc., e pôs a Terra bem no centro desse universo.

 

TERRA, PARADA NO CENTRO DO UNIVERSO GEOCÊNTRICO:

(91) «Neste centro, pousada dos humanos,

Que não somente, ousados, se contentam

De sofrerem da terra firme os danos,

Mas inda o mar instável experimentam,

Verás as várias partes, que os insanos

Mares dividem, onde se aposentam

Várias nações que mandam vários Reis,

Vários costumes seus e várias leis.”

Explicação de João M. Mimoso: “várias leis- várias religiões.” (Ver citação.) Explicação do Prof. José Antônio: A Terra é a morada dos seres humanos, postos aí por Deus, desde o sexto dia da Criação (Gênesis 1,1 – 2,4). Os seres humanos são ousados (corajosos), não se contentam pelo fato de sofrerem os danos da terra firme e, portanto, buscam até o mar instável, onde experimentam sua força, sua instabilidade (o mar é feito e água e se revolta com o agitar das ondas). Na Terra há várias partes, divididas pelos mares: os continentes, as ilhas... Nela habitam povos (nações) governados por diversos (“vários”) Reis, com seus costumes e leis sagradas (religiões, como o cristianismo da Europa e da América, o islamismo da Arábia e outros povos, o hinduísmo da Índia, o Budismo de outras partes do Oriente, etc.).

 

(92)«Vês Europa Cristã, mais alta e clara

Que as outras em polícia e fortaleza.

Vês África, dos bens do mundo avara,

Inculta e toda cheia de bruteza;

Co Cabo que até aqui se vos negara,

Que assentou pera o Austro a Natureza.

Olha essa terra toda, que se habita

Dessa gente sem Lei, quase infinita.”

Explicação do Prof. José Antônio: Na Terra encontram-se a Europa Cristã, caracterizada pela altivez, a clareza, a polícia (polimento, educação) e a fortaleza; a África, caracterizada pela avareza, a falta de cultura e bruteza (característica de quem é bruto), que tem o Cabo das Tormentas ou, hoje, Cabo da Boa Esperança, ao Sul (Austro), a África fica ao Sul também (Austro) e tem uma Natureza exuberante, além da que aparece no Cabo, com muitas terras, habitada por gente sem Lei (a Lei do Deus cristão), “quase infinita”, quer dizer, gente em grande quantidade. Nas estrofes seguintes, que não serão comentadas, por não fazerem parte do estudo que aqui se interessou, aparecerão outros povos (nações) e outros personagens. Curiosamente, pode-se ver, na comparação entre Europa e África a visão dos europeus daquele tempo (século XVI) sobre a África. Uma visão um tanto preconceituosa.

 

REFERÊNCIAS:

CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000178.pdf  > Acesso em 29/09/2020.

 

CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. São Paulo, Martin Claret, 2001. (Col. A Obra-Prima de Cada Autor, 33.)

 

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo, Ática, 2017.

 

FERREIRA, João. Chave Bíblica. Sociedade Bíblica do Brasil, Brasília, 1970.

 

GOOGLE. Disponível em: < https://www.google.com/webhp?hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwityISf2o7sAhVTHLkGHbniCdIQPAgI > Acesso em 29/09/2020.

 

MIMOSO, João Manuel. Os Lusíadas de Luís de Camões. Disponível em: < https://www.inverso.pt/lusiadas/m%E1quina.htm > Acesso em 29/09/2020.

 

WIKIPÉDIA. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal > Acesso em 29/09/2020.