terça-feira, 28 de outubro de 2025

QUARTO BIMESTRE - AULA 35B DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS. A CIÊNCIA HELENÍSTICA (Prof. José Antônio Brazão.)

  

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Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

QUARTO BIMESTRE

AULA 35B DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS

A CIÊNCIA HELENÍSTICA (Prof. José Antônio Brazão.)

A ciência grega é de grande destaque, teve grande influência posterior e a tem ainda hoje, com certeza. A ciência helenística é aquela que se desenvolveu no período helenístico (cerca dos séculos IV a.C. ou A.E.C. [Antes da Era Comum] e V d.C. ou E.C. [da Era Comum]). Portanto, um período de mil anos ou um pouco mais.

A ciência helenística desenvolveu-se nos Impérios Macedônico e Romano. Uma ciência que carrega profundas marcas do pensamento e da cultura da Grécia Antiga. No entanto, suas raízes são mais antigas. Pode-se recuar até o período pré-socrático (séculos VII – V a.C. [ou A.E.C.]) na busca de suas raízes.

Os filósofos pré-socráticos ou físicos (naturalistas – estudiosos da natureza) ou fisiólogos (estudiosos da natureza) fugiram da crença milenar da religião embasada nos mitos e nos cultos e explicações divinas para tudo que existe. Claro que, mesmo assim, carregaram traços da mentalidade mítica, aqui e ali – a água de Tales de Mileto, por exemplo, aparece em muitos mitos antigos, tanto gregos quanto de outros povos. Contudo, a maneira de encarar a origem dos seres a partir da água é diferente em Tales. Este filósofo parte de um entendimento mais racionalizado.

Leucipo e Demócrito de Abdera deram um passo fundamental para o entendimento da realidade: criam que tudo é feito de ÁTOMOS, partículas minúsculas, invisíveis diretamente aos olhos, indivisíveis, em grande número e que compõem todos os seres, e com eles o VAZIO, crença retomada, posteriormente, por EPICURO DE SAMOS e pelos epicuristas, seus seguidores – tudo é feito de átomos e vazio. Os átomos formam encaixes, aderindo-se uns aos outros, formando diferentes seres, de diversificados modos e composições.

Não se pode esquecer de Anaxágoras de Clazômena, segundo o qual tudo é feito de partículas minúsculas e inúmeras, chamadas homeomerias. Um nome diferente para o que Leucipo e Demócrito também viriam a pensar, mas dispondo da mesma realidade microscópica.

Pitágoras de Samos diria que em tudo que existe os números e as formas matemáticas estão presentes. Os números são o componente essencial do cosmos (universo). Pitágoras é aquele mesmo que fez demonstração racional daquele teorema que, mesmo não sendo originalmente dele, viria a carregar consigo seu nome (Teorema de Pitágoras).

Dos antigos gregos, antecedentes do período helenístico propriamente dito, não se pode esquecer de engenheiros, artesãos, inventores e outros, que foram capazes de levantar prédios magníficos (templos, tribunais, residências, entre outros), matemática e precisamente elaborados, definidos, admiráveis ainda hoje por conta de sua beleza e exatidão.

Do século IV a.C. (A.E.C.), o filósofo Aristóteles de Estagira merece e deve ser apresentado. Escreveu livros como Física, Dos Céus, História dos Animais e outros que marcaram imensamente o pensamento ocidental, no transcurso dos séculos e milênios que se seguiriam. A História dos Animais é um admirável livro de Biologia (estudo da vida) e vale a pena ser lido. O discípulo de Aristóteles, chamado Teofrasto, por sua vez escreveu História da Plantas, tecendo considerações diversas sobre as plantas, como Aristóteles fez com os animais.

E, partindo do século IV a.C./A.E.C., o século de Aristóteles (e de Platão), as conquistas macedônicas estenderiam a cultura grega a outros povos do império, acompanhadas, na sequência, pelas conquistas romanas, em séculos posteriores.  

No campo da Medicina, HIPÓCRATES (O MÉDICO) (c. 460-370 a.C.). Segundo a Max Altman:

“A medicina era exercida inicialmente pelos sacerdotes. Se tornou ciência médica quando passou a adotar métodos específicos para a pesquisa dos males humanos.

Assim como a filosofia se distanciou dos mitos, a medicina também se afastou dos sacerdotes em busca de soluções que eles não conseguiam dar. Por meio de métodos filosóficos de conhecimento, a medicina grega formou sua própria identidade.” (FIOCRUZ. Hoje na História: 370 a.C. – Morre Hipócrates, considerado o “pai da Medicina”. Disponível em: < https://revistahcsm.coc.fiocruz.br/hoje-na-historia-370-a-c-morre-hipocrates-considerado-o-pai-da-medicina/ > Acesso em 27/10/2025.)

E Altman continua:

“Um dos seus conceitos terapêuticos foi a distinção entre sintomas e doenças. Os sintomas eram apenas manifestações exteriores de algo que estava ocorrendo no organismo. O procedimento tinha por objetivo descobrir como funcionava o corpo humano, levando sempre em conta a ação do ambiente e da alimentação. Elaborou e cumpriu um rigoroso código de ética, cujos preceitos estão contidos no juramento que até hoje todo médico faz ao se formar.” (Idem.)

No campo da Astronomia: ARISTARCO DE SAMOS (c. 310-230) e HIPARCO DE NICEIA (c. 190-120). Aristarco e Hiparco foram grandes observadores dos céus, tanto noturna quanto diuturnamente. Elaboraram catálogos de constelações e levantamentos de posições estelares. Aristarco acreditava que a Terra gira ao redor do Sol, não o contrário, divergindo de uma visão antiga acerca dos céus. Hiparco, por sua vez, não aceitou a posição de Aristarco e manteve o geocentrismo.

Hiparco e outro cientista e matemático antigo, chamado Arquimedes, foram grandes interessados por máquinas. Destaque especial para o Mecanismo de Anticítera, um antigo computador analógico que, talvez, possa ter sido desenvolvido por um desses dois matemáticos e astrônomos.

De ARQUIMEDES DE SIRACUSA (c. 287-212 a.C.) há histórias impressionantes de como ajudou a defender a cidade de Siracusa, na Sicília, contra as investidas dos romanos. Uma das armas, a alavanca capaz de levantar navios de ataque e de os levar ao afundamento. Outra, uma espécie de raio laser, a partir de espelhos ou escudos polidos muito bem posicionados, capazes de concentrar a luz solar em um ponto muito quente, o que propiciou a queima de velas de embarcações romanas.

De Arquimedes, igualmente, a história da coroa do rei, comprovada por Arquimedes como contendo, de fato, uma mistura de ouro e prata, fruto do roubo de ouro pelo ourives que a fez. Arquimedes também foi matemático, um geômetra e grande calculador. Sabia unir a matemática às invenções que criou. Dele, ainda que seja mais antigo, a versão de um parafuso de madeira ou metal capaz de erguer água de baixo para cima, chamado parafuso de Arquimedes.

O Mecanismo de Anticítera, de poucos séculos antes de Cristo (ou A.E.C.), é um aparelho fantástico, analógico, que funcionava com engrenagens, dentro de uma caixa, que permitia, por meio de uma pequena maçaneta, movimentar peças em uma estrutura do céu geocêntrico (com a Terra no centro do universo), dando a posição precisa de planetas, eclipses lunares, do Sol e de outros astros celestiais, com uma precisão que ainda hoje impressiona. Ainda útil, inclusive, mas tornado peça de museu (em Atenas), reconstituído por cientistas dos séculos XX e XXI que o estudaram. Deve ter sido útil em termos astronômicos e também astrológicos!

Do período helenístico não pode passar em branco a existência da famosa BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA. Uma biblioteca imensa, na cidade de Alexandria, no norte do Egito, um grande centro de estudos no qual trabalharam filósofos, matemáticos, historiadores, gramáticos e linguistas, astrônomos e outros mais, além de Hipácia, uma filósofa do século IV d.C. (E.C.).

Fundada antes da era cristã ou Era Comum, segundo se segue hoje, a Biblioteca de Alexandria abrigou o bibliotecário, matemático e cientista ERATÓSTENES DE CIRENE (c. 276-194 a.C. [A.E.C.]). Eratóstenes teve o mérito de calcular o tamanho da Terra em estádios (uma medida que se usava, na época, no Império Romano). Sua medida foi extremamente precisa, com pequena margem de erro para os padrões atuais, fruto de leitura de pergaminho da biblioteca, de observações e cálculos geométrico-matemáticos precisos.

HIPATIA (HIPÁCIA) DE ALEXANDRIA (séc. IV-início do séc. V d.C.), foi filósofa, matemática e cientista. Também membro da Biblioteca de Alexandria. Mulher independente, por ter sido considerada inimiga do cristianismo, infelizmente, veio a ser morta por radicais cristãos que não a aceitavam, fruto da intolerância religiosa. Foi professora.

Um pouco antes de Hipácia (Hipatia), igualmente presente no grupo de Alexandria, CLÁUDIO PTOLOMEU (século II d.C. [E.C.]). Ele condensou, no livro ALMAGESTO (nome dado pelos árabes), muitas observações de posições estelares e de constelações, um verdadeiro mapeamento dos céus. Ptolomeu pesquisou babilônios, mesopotâmios, gregos e outros que estudaram os céus. Fez muitas observações e cálculos. Usou e aprimorou aparelhos antigos de observação astronômica, por ele mesmo citados no Almagesto.

No caso de Ptolomeu, a criação dos epiciclos, isto é, círculos menores em cima (epi-, em grego) dos círculos orbitais de planetas, na busca de corrigir e explicar os desvios dos planetas, em suas órbitas, de tempos em tempos. Ora, desde a antiguidade, a crença de que os planetas e demais atros (Lua, Sol e estrelas fixas) giravam ao redor da Terra em círculos concêntricos (de mesmo centro – no caso, a Terra como centro). Hoje se sabe que os planetas giram em órbitas elípticas, porém, naquela época, não. Então, os epiciclos foram uma criação que, por muito tempo, explicou bem os desvios orbitais dos planetas.

A astronomia geocêntrica ptolomaica perdurou até o século XVII, ou seja, poucos séculos atrás. Derrubada por Copérnico, Galileu, Kepler e Isaac Newton. Sem dúvida, os estudos de Ptolomeu foram muito valiosos e precisos por terem durado tanto tempo.

Os cientistas e filósofos citados são alguns exemplos da ciência helenística que, com plena certeza, é ainda muito mais rica e vale a pena ser estudada e conhecida.

REFERÊNCIAS:

ENCICLOPEDIA DE LA HISTORIA DEL MUNDO. Claudio Ptolomeo, Hiparco de Nicea, Hipatia de Alexandria e outros. Disponível em: < https://www.worldhistory.org/trans/es/?gad_source=1&gad_campaignid=16526759953&gbraid=0AAAAAoULJ02V4AU-CVLPquWTurKcjmHtM&gclid=EAIaIQobChMI1KuJg-XHkAMVdk9IAB0JDzeREAAYASAAEgJ6jvD_BwE > Acesso em 27/10/2025.

FIOCRUZ. Hoje na História: 370 a.C. – Morre Hipócrates, considerado o “pai da Medicina”. Disponível em: < https://revistahcsm.coc.fiocruz.br/hoje-na-historia-370-a-c-morre-hipocrates-considerado-o-pai-da-medicina/ > Acesso em 27/10/2025.

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