domingo, 17 de agosto de 2025

TERCEIRO BIMESTRE - AULA 25 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS ANOS. KARL MARX E FRIEDRICH ENGELS em poesia (Prof. José Antônio Brazão.)

 

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

TERCEIRO BIMESTRE

AULA 25 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS ANOS:

O TRABALHO EM MARX, DURKHEIM E WEBER:

KARL MARX E FRIEDRICH ENGELS (Prof. José Antônio Brazão.)

 

Dezenove e vinte os séculos

Do neocolonialismo grande expansão,

Do capitalismo e seus tentáculos

E de humana grande exploração.

 

Séculos de científicas

Ainda maiores descobertas

Químicas, biológicas e físicas:

Um mundo novo de portas abertas.

 

Séculos de filosóficas reflexões,

Ideias novas e novas temáticas

Capazes de levar a revoluções

Na história e até nas matemáticas.

 

Na Alemanha, um menino nasceu,

Karl Marx, de família judia,

Ao luteranismo, por trabalho, convertida,

Que em Tréveris se estabeleceu.

 

Da herança judaica

Imenso desejo pelo conhecimento,

Desde muito jovem, da teoria à prática,

Alcançou com bom entendimento.

 

Na Faculdade de Direito

Os caminhos do pai advogado

Marx deveria seguir o empreito,

Mas seria pela História e a Filosofia entusiasmado.

 

À Filosofia e à História pôs o interesse a verter,

À Economia, desejando seus fundamentos,

Com muita dedicação, entender,

E nelas fez grandes empreendimentos.

 

Marx, de Jenny enamorado,

Com ela veio a ser casado.

Pais de sete filhos e filhas,

Ampliou-se a família.

 

Karl Marx, o alemão,

Por meio de ideias, ações e textos críticos,

Viria a chamar muita atenção

De governos e grupos contrários.

 

Perseguições sofreu com ferina sanha,

Bem com exílios:

Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha,

Indo de um lugar a outro com esposa e filhos.

 

Na Bélgica amizade fez com Engels,

Ambos agora do Partido Comunista.

Juntos escreveram várias obras,

Adentrando nas bases do sistema capitalista.

 

Marx estudou com presteza

De Hegel o pensar dialético,

A economia política inglesa

E o socialismo utópico.

 

Investigando a humana história,

Modos de produção Marx descobriu

E neles a luta de classes via

Como um condutor fio.

 

No Manifesto do Partido Comunista,

De modo claro essa luta aparece

De forma tão bem descrita

Que a leitores facilmente esclarece.

 

Senhores versus escravos,

Patrícios versus plebeus,

Seres pela exploração marcados

Contra os cruéis exploradores seus.

 

Marx e Engels a hegeliana dialética

No entendimento da história aplicaram

Para além da visão idealística

A realidade humana concreta apresentaram.

 

Não é a consciência, diz Marx,

Da vida material a determinante,

Mas a vida material que é capaz

De determinar o mundo consciente.

 

A história não é guiada pelo hegeliano Espírito,

Mas pelo de classes aberto conflito,

Em diferentes modos de produção,

Fruto da natureza, pelo trabalho, a transformação.

 

Influenciados pela análise feuerbachiana

A respeito da religiosa alienação,

Ambos a perceberam na geração do capital insana,

Em que o trabalhador não se vê como chave da produção.

 

Do homem e do trabalho é bem revelada,

Em “Eu, etiqueta”, da alienação a verdade,

Por escritor brasileiro, em poema, retratada:

Carlos Drummond de Andrade.

 

OBS.: Ler, discutir e analisar, com as turmas, o texto do poema EU, ETIQUETA, de Carlos Drummond de Andrade, fazendo ligação entre o estudo da Sociologia e o da Literatura – caráter interdisciplinar. Diálogo com a Língua Portuguesa.

 

POEMA EU, ETIQUETA – de Carlos Drummond de Andrade:

 

Em minha calça está grudado um nome

que não é meu de batismo ou de cartório,

um nome... estranho.

Meu blusão traz lembrete de bebida

que jamais pus na boca, nesta vida.

Em minha camiseta, a marca de cigarro

que não fumo, até hoje não fumei.

Minhas meias falam de produto

que nunca experimentei

mas são comunicados a meus pés.

Meu tênis é proclama colorido

de alguma coisa não provada

por este provador de longa idade.

Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,

minha gravata e cinto e escova e pente,

meu copo, minha xícara,

minha toalha de banho e sabonete,

meu isso, meu aquilo,

desde a cabeça ao bico dos sapatos,

são mensagens,

letras falantes,

gritos visuais,

ordens de uso, abuso, reincidência,

costume, hábito, premência,

indispensabilidade,

e fazem de mim homem-anúncio itinerante,

escravo da matéria anunciada.

Estou, estou na moda.

É duro andar na moda, ainda que a moda

seja negar minha identidade,

trocá-la por mil, açambarcando

todas as marcas registradas,

todos os logotipos do mercado.

Com que inocência demito-me de ser

eu que antes era e me sabia

tão diverso de outros, tão mim mesmo,

ser pensante, sentinte e solidário

com outros seres diversos e conscientes

de sua humana, invencível condição.

 

Agora sou anúncio,

ora vulgar ora bizarro,

em língua nacional ou em qualquer língua

(qualquer, principalmente).

E nisto me comparo, tiro glória

de minha anulação.

Não sou - vê lá - anúncio contratado.

Eu é que mimosamente pago

para anunciar, para vender

em bares festas praias pérgulas piscinas,

e bem à vista exibo esta etiqueta

global no corpo que desiste

de ser veste e sandália de uma essência

tão viva, independente,

que moda ou suborno algum a compromete.

Onde terei jogado fora

meu gosto e capacidade de escolher,

minhas idiossincrasias tão pessoais,

tão minhas que no rosto se espelhavam

e cada gesto, cada olhar

cada vinco da roupa

sou gravado de forma universal,

saio da estamparia, não de casa,

da vitrine me tiram, recolocam,

objeto pulsante mas objeto

que se oferece como signo de outros

objetos estáticos, tarifados.

Por me ostentar assim, tão orgulhoso

de ser não eu, mas artigo industrial,

peço que meu nome retifiquem.

Já não me convém o título de homem.

Meu nome novo é coisa.

Eu sou a coisa, coisamente.

 

REFERÊNCIAS:

RODRIGUES, Stefany. Maré de Livros. Disponível em: < https://maredelivross.wordpress.com/2016/11/06/poema-eu-etiqueta-por-carlos-drummond-de-andrade/ > Acesso em 15/08/2025.

ROMEIRO, Julieta et alii. Diálogo: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São Paulo, Moderna, 2020. (Seis volumes.) [Conjunto de livros didáticos.]

Nenhum comentário: