COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
SEGUNDO BIMESTRE
AULA 18 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS ANOS:
SOCIEDADE E DIREITOS HUMANOS – ESTUDO DE
TEXTOS (Prof. José Antônio Brazão.)
ATIVIDADE:
1)
Leia
os dois textos com muita atenção.
2)
Circule
todos os substantivos (nomes de pessoas e de seres) contidos em ambos os
textos.
3)
Do
lado esquerdo de cada parágrafo dos textos dos pensadores, coloque um título
curto que resuma bem o conteúdo desse parágrafo.
4)
Terminado
o trabalho, cole este material no caderno para posterior verificação.
5)
Professor:
fazer uma tabela no quadro da sala de aula, comparando as duas visões
apresentadas no texto 1, de Rousseau – a visão de Hobbes e a visão de Rousseau
acerca do ser humano.
TEXTO 1, de JEAN-JACQUES ROUSSEAU:
TEXTO DE
JEAN-JACQUES ROUSSEAU (pensador iluminista do século XVIII com grande impacto
no pensamento da Sociologia.)
Lembre-se: De acordo com Hobbes, o homem é o LOBO do homem, isto é, mau por
natureza. Segundo Rousseau, no estado de natureza o homem é bom, vindo a
tornar-se mau por conta da sociedade que o corrompe.
1)
“Não vamos, principalmente
concluir com Hobbes que, por não ter nenhuma ideia de bondade, o homem seja
naturalmente mau; que seja vicioso, porque não conhece a virtude; que recuse
sempre aos seus semelhantes serviços que não acredita serem do seu dever; ou
que, em virtude do direito que se atribui com razão às coisas de que tem
necessidade, imagine loucamente ser o único proprietário de todo o universo.
2)
Hobbes
viu muito bem o defeito de todas as definições modernas do direito natural:
mas, as consequências que tira da sua mostram que a toma em um sentido que não
é menos falso. Raciocinando sobre os princípios que estabelece, esse autor
deveria dizer que, sendo o estado de natureza aquele em que o cuidado de nossa
conservação é menos prejudicial à dos outros, esse estado era, por conseguinte,
o mais próprio à paz e o mais conveniente ao gênero humano. Diz precisamente o
contrário, por ter feito entrar, fora de propósito, no cuidado da conservação
do homem selvagem, a necessidade de satisfazer uma multidão de paixões que são
obra da sociedade e que tornaram necessárias as leis.
3)
O mau, diz ele [Hobbes], é uma criança robusta. Resta saber se o
selvagem é uma criança robusta. Quando se concordasse com ele, que se
concluiria? Que, se esse homem, sendo robusto, era tão dependente dos outros
como quando fraco, não há excessos [de raiva, por exemplo] aos quais não se
entregasse (...).
4)
Mas,
são duas suposições contraditórias no estado de natureza: ser robusto e
dependente. O homem é fraco quando dependente, e emancipado antes de ser
robusto. Hobbes não viu que a mesma causa que impede os selvagens de usar a
razão, como o pretendem os nossos jurisconsultos, impede-os também de abusar
das suas faculdades, como ele próprio o pretende; de sorte que se poderia dizer
que os selvagens não são maus, precisamente porque não sabem o que é ser bom.
Com efeito, não é nem o desenvolvimento das luzes, nem o freio da lei, mas a
calma das paixões e a ignorância do vício que os impedem de fazer mal (...).” (ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a desigualdade entre os
homens. Disponível em < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000053.pdf > Acesso em 17 de maio de 2025. Parte 1, página 24.)
Obs.: No número 3, o que está entre colchetes [ ] é do professor, a
título de esclarecimento.
TEXTO 2, de NICOLAU MAQUIAVEL:
LEIA
ATENTAMENTE O TEXTO A SEGUIR:
CAPÍTULO XVII DA CRUELDADE E DA PIEDADE; SE É
MELHOR SER AMADO QUE TEMIDO, OU ANTES TEMIDO QUE AMADO (Nicolau Maquiavel):
1) (...)Um príncipe não deve, pois, temer a má fama de cruel, desde que
por ela mantenha seus súditos unidos e leais, pois que, com mui poucos
exemplos, ele será mais piedoso do que aqueles que, por excessiva piedade,
deixam acontecer as desordens das quais resultam assassínios ou rapinagens:
porque estes costumam prejudicar a comunidade inteira, enquanto aquelas
execuções que emanam do príncipe atingem apenas um indivíduo. (...)O príncipe,
contudo, deve ser lento no crer e no agir, não se alarmar por si mesmo e
proceder por forma equilibrada, com prudência e humanidade, buscando evitar que
a excessiva confiança o torne incauto e a demasiada desconfiança o faça
intolerável.
2) Nasce daí uma questão: se é melhor ser amado
que temido ou o contrário. A resposta é de que seria necessário ser uma coisa e
outra; mas, como é difícil reuni-las, em tendo que faltar uma das duas é muito
mais seguro ser temido do que amado. Isso porque dos homens pode-se dizer,
geralmente, que são ingratos, volúveis, simuladores, tementes do perigo,
ambiciosos de ganho; e, enquanto lhes fizeres bem, são todos teus, oferecem-te
o próprio sangue, os bens, a vida, os filhos, desde que, como se disse acima, a
necessidade esteja longe de ti; quando esta se avizinha, porém, revoltam-se.
3) E o
príncipe que confiou inteiramente em suas palavras, encontrando-se destituído
de outros meios de defesa, está perdido: as amizades que se adquirem por
dinheiro, e não pela grandeza e nobreza de alma, são compradas mas com elas não
se pode contar e, no momento oportuno, não se torna possível utilizá-las. E os
homens têm menos escrúpulo em ofender a alguém que se faça amar do que a quem
se faça temer, posto que a amizade é mantida por um vínculo de obrigação que,
por serem os homens maus, é quebrado em cada oportunidade que a eles convenha;
mas o temor é mantido pelo receio de castigo que jamais se abandona.
4) Deve o príncipe, não obstante, fazer-se temer
de forma que, se não conquistar o amor, fuja ao ódio, mesmo porque podem muito
bem coexistir o ser temido e o não ser odiado: isso conseguirá sempre que se
abstenha de tomar os bens e as mulheres de seus cidadãos e de seus súditos e,
em se lhe tornando necessário derramar o sangue de alguém, faça-o quando
existir conveniente justificativa e causa manifesta. Deve, sobretudo, abster-se
dos bens alheios, posto que os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do
que a perda do patrimônio. Além disso, nunca faltam motivos para justificar as
expropriações, e aquele que começa a viver de rapinagem sempre encontra razões
para apossar-se dos bens alheios, ao passo que as razões para o derramamento de
sangue são mais raras e esgotam-se mais depressa. (MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Disponível em http://www.portalabel.org.br/images/pdfs/o-principe.pdf Acesso em
17/05/2025.)
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