domingo, 14 de setembro de 2025

TERCEIRO BIMESTRE - AULA 29 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS. A CIDADE-ESTADO (PÓLIS) IDEAL DE PLATÃO E SUA INFLUÊNCIA EM PENSADORES POSTERIORES (Prof. José Antônio Brazão.)

 

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

TERCEIRO BIMESTRE

AULA 29 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS

A CIDADE-ESTADO (PÓLIS) IDEAL DE PLATÃO E SUA INFLUÊNCIA EM PENSADORES POSTERIORES (Prof. José Antônio Brazão.)

OBS.: PROFESSOR: FAZER UM ESQUEMA-RESUMO NO QUADRO.

O filósofo Platão imaginou uma pólis (cidade-estado) ideal, justa, onde não haveria corrupção e na qual cada um faria sua parte para o bem coletivo, o bem de toda a cidade.  A justiça, segundo Platão, está justamente em que cada um(a) faça sua parte e a faça bem feito.

Eis o que diz Platão sobre a justiça:

“Então amigo, continuei, pode muito bem dar-se que nisso, precisamente, consiste a justiça: cuidar cada um do que lhe diz respeito. Sabes de onde tiro essa conclusão? A meu parecer, lhe disse, a restante virtude da cidade por nós planejada, afora as três mencionadas acima: temperança, coragem e sabedoria, 11 tem de ser a que empresta força para que as outras surjam e, uma vez existentes, pelo simples feito de sua presença, subsistam por quanto tempo ela dura”. (PLATÃO. A República. 9.ed. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1949, 433 a, p. 185.) (Grifos do Prof. José Antônio.)

Aos governantes da cidade proposta (filósofos e filósofas), portanto, cabe governarem de forma correta e sábia, sem qualquer interesse escuso (sujo, errado) nem corrupção. Aos guerreiros (guardiões e guardiãs) cabe a proteção da cidade e de seus habitantes. Aos produtores (comerciantes, artesãos e agricultores) cabe o cuidado de manter a vida material da cidade, inclusive cuidando da manutenção de governantes e guardiões(ãs). Cada qual com sua função.

Os governantes são tirados dos melhores guardiões(ãs), que passam a receber um preparo intelectual mais aprimorado, por vários anos. Então, o governante carrega consigo um preparo militar e intelectual apurado! Uma aristocracia (governo dos melhores) intelectual.

Mas por que a cidade (pólis) seria governada por filósofos e filósofas? Aqui vale lembrar do mito da caverna e da realidade à qual ele remete: o suprassensível, o mundo das Ideias (formas perfeitas e plenas de tudo que existe, sendo imutáveis). Assim como o prisioneiro liberto se dirigiu para fora e lá conseguiu ver toda a beleza existente fora da caverna, as pessoas devem se elevar, pelo pensamento, pelos estudos e pelo aprendizado, até o mundo das Ideias.

Aprender é, segundo Platão, lembrar daquilo que a alma, outrora, contemplou no mundo das Ideias (mundo Inteligível, isto é, mundo a que se alcança pelo pensamento – bastando lembrar de Parmênides: “Pensar e ser são o mesmo”). Ora, as pessoas mais bem preparadas e que conseguiram elevar-se, via contemplação e reminiscência (lembrança, recordação) até o Inteligível (mundo das Ideias) são os filósofos e as filósofas. Portanto, tendo contemplado o BEM (a Ideia ou Forma mais plena), têm condições de melhor governar.

Os guardiões e as guardiãs, por sua vez, têm uma preparação, por anos, tanto física, quanto estratégica, quanto intelectual, unindo o conhecimento militar ao conhecimento intelectual – posteriormente, aprimorado para quem se tornará governante.

Ao tratar do preparo intelectual medieval, Gordon Leff apresenta suas raízes na antiguidade, destacando PLATÃO, que aqui nos interessa, e Aristóteles, que será estudado no tempo oportuno. Leff diz:

“As universidades medievais deram forma institucional a uma noção hierárquica de conhecimento herdada da Antiguidade. Tanto Platão ( República II, III, VII) quanto Aristóteles ( Política VII, VIII) descreveram uma educação básica que compreendia uma base em gramática elementar, literatura, música e aritmética, e que preparava o caminho para o estudo avançado da matemática e, finalmente, da filosofia, cujo objeto era a sabedoria, o fim supremo do conhecimento. (...) As artes, portanto, distinguiam-se das disciplinas superiores de várias maneiras importantes. Em primeiro lugar, constituíam um agrupamento heterogêneo, sem qualquer unidade além de sua função introdutória comum. Desde a antiguidade, dividiam-se entre as três disciplinas verbais: gramática, retórica e lógica (o trivium ou tríplice caminho para a sabedoria), e as quatro disciplinas matemáticas: aritmética, geometria, astronomia e música (o quadrivium ou quádruplo caminho).” (LEFF, Gordon. O Trivium e as Três Filosofias. In: CAMBRIDGE UNIVERSITY PRESS. Livros. Disponível em: < https://www.cambridge.org/core/books/abs/history-of-the-university-in-europe/trivium-and-the-three-philosophies/80BCDA76F32815379CB356DB45FC20E4 > Acesso em 12/09/2025.) (Grifo do Prof. José Antônio. Tradução feita pelo Google.)

As sete disciplinas aparecem claramente no LIVRO VII de A República, de Platão. Platão, inclusive, enfatiza a DIALÉTICA, que pode contribuir ainda mais para a elevação da alma até o Inteligível, às Formas (Ideias) perfeitas e eternas, ao BEM, a Ideia mais elevada, comparada ao Sol do Mito da Caverna e indo muito além dele, sem dúvida.

O grupo dos produtores (comerciantes, artesãos e agricultores) tem tudo de que precisa para poder produzir bem, vender e cuidar da manutenção da cidade.

Platão, inclusive, diz que em cada alma, de cada cidadão e cidadã, há um elemento que define seu lugar na hierarquia e até sua possível elevação de uma classe para outra: OURO, PRATA, BRONZE. Os filósofos e as filósofas têm na alma ouro. Os guardiões e as guardiãs, prata. Os produtores, bronze.

Mas pode haver que haja o filho ou a filha de um dos produtores que tenha ouro em sua alma, ou seja, uma grande capacidade intelectual, uma grande facilidade para aprender e, portanto, deve ser elevado(a) a uma posição maior. E dos guardiões, das guardiãs, para os filósofos e as filósofas, os que tiverem ouro (capacidades intelectuais, além de guerreiras, elevadas), passarão para o preparo seguinte para o governo. Caso algum(a) filho(a), de classe elevada, tenha bronze em sua composição (menores habilidades intelectuais e de preparo militar), deve ser rebaixado(a) para a classe dos produtores.

Portanto, a passagem de uma classe a outra ou o rebaixamento, ainda que haja rigor, é possível! Caberá aos magistrados da cidade ficarem atentos para que realizem tal elevação ou tal rebaixamento.

A cidade (pólis) é justa, pois não haveria fome, miséria ou pobreza – uma cidade em que todos fazem sua parte para o bem comum.

Essa SOCIEDADE IDEAL (a pólis [cidade-estado] ideal) de Platão teve repercussões no pensamento posterior, em pensadores como:

1)    Santo Agostinho, no seu livro A Cidade de Deus.

2)    Tomaso Campanella, em seu A Cidade do Sol.

3)    Thomas More, em seu livro Utopia.

4)    Até mesmo entre os ideais socialistas posteriores!

Cada qual com seu ideal de Estado!

Como veremos em uma aula posterior, Aristóteles criticará esse modelo ideal de cidade de Platão. No seu devido tempo.

REFERÊNCIAS:

LEFF, Gordon. O Trivium e as Três Filosofias. In: CAMBRIDGE UNIVERSITY PRESS. Livros. Disponível em: < https://www.cambridge.org/core/books/abs/history-of-the-university-in-europe/trivium-and-the-three-philosophies/80BCDA76F32815379CB356DB45FC20E4 > Acesso em 12/09/2025.

PLATÃO. A República. 9.ed. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1949.

 

 

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